Ponto de Vista - Meiko

Desci do carro tomando cuidado para não molhar o kimono, peguei minha sombrinha que estava encostada no banco do carro e a abri, eu não sabia se ficava com mais vergonha por usar uma roupa assim numa vila como aquela ou por ter tanta gente desconhecida nas ruas. A vila parecia medieval: as casas eram feitas de madeira e as únicas coisas novas eram a pintura, os moradores nas ruas usavam vestidos de camponeses medievais e as mulheres não passavam maquiagem alguma. As ruas eram de barro e a maior construção era o que parecia ser uma igreja, porém com um símbolo estranho. As pessoas me encaravam de forma assustadora e eu ficava olhando para o chão, cada vez mais constrangida. Minha mãe sussurrou:

-Não fique deste jeito, Meiko, estas pessoas são boas, só estão estranhando.

Me senti um pouco melhor e fui caminhando com minha mãe até ir para um lugar tão bonito que não parecia pertencer àquela vila sem cor. Havia um lago azul-esverdeado com flores em cima, uma pequena casa de madeira com várias árvores e um pequeno templo budista. Aquele lugar era lindo e fazia com que eu me sentisse em um filme ou livro, tão fora do comum. Minha mãe sorriu e me abraçou.

-Não fique triste, você estará rodeada de beleza aqui, Meiko. - ela disse.

Eu retribui o sorriso e o abraço, feliz com suas palavras. Peguei minhas malas e fui para o interior da casa, a cada cômodo eu me sentia mais perto do paraíso. Cheguei em meu quarto, provavelmente um dos melhores cômodos da casa: havia uma janela e eu podia ver vários insetos no jardim, estar rodeada pela natureza me fazia bem. Guardei minhas roupas no armário e coloquei as pequenas decorações que eu havia trazido comigo pelo quarto de forma que me agradasse, estava lindo. Fiquei alguns minutos admirando aquela beleza e então minha mãe chegou no quarto e disse:

-Vamos nos apresentar para o vilarejo.

Eu não conhecia aquele lugar em nada, ao contrário de minha mãe, já que minha tia era uma repórter fascinada pelos costumes antiquados deste lugar. Infelizmente, ela nunca pode publicar seus artigos. Minha mãe foi me levando por entre os caminhos daquela vila sem graça e eu me sentia cada vez mais deslocada. Ela parou na porta da igreja e bateu na porta, uma mulher velha com um vestido azul um pouco mais chique do que os vestidos das outras mulheres.

-No que posso ajudar? - a mulher perguntou.

-Eu sou Hirumi, e esta é minha filha Meiko. Nós somos as novas moradoras, queremos nos apresentar. - minha mãe respondeu.

-Entendo, me acompanhe. - ela respondeu, sorrindo.

Ponto de Vista - Narradora

Ela não sabia, que aquele momento seria quando ela conheceria o verdadeiro horror.