A Fórmula De Carmen escrita por Pietro Araujo


Capítulo 3
Sangue


Notas iniciais do capítulo

Disse que ia sair Domingo, menti. Isso talvez atrase o próximo capitulo (4). Mas postarei logo que eu puder.

Bem, esse capitulo foi um pouco difícil pra eu escrever, mexe bastante com o emocional do Molko, mas espero que gostem.

Aqui eu estou basicamente revelando pra quem ele está contando a história e vai dar pra entender, mais pra frente, o que a tal fórmula significa pra ele.



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30 de Janeiro de 2006.

Estavam todos tristes e eu entendia, pela primeira vez, o porquê. Eu não queria entender, eu queria tirar aquilo da minha cabeça. Parece que toda a amizade que eu construí com o meu avô ao longo dos anos, se quebrou. Parece como um dia de chuva, sabe? Quando todo mundo esta pra baixo e não esta afim de fazer nada... É como se o mundo tivesse sem o herói que ela precisava no momento.

Eu estava ali sentado, observando todos que eu amo chorando. Me sentindo péssimo por não conseguir chorar ou pelo simples fato de achar que era forte o bastante para aguentar, segurar a tristeza por dentro, sem deixa-la escorrer como lágrimas pelos meus olhos. Joseph estava arrasado, mal falava. Minha avó tremia e chorava. Minha mãe chorava demais. Minhas tias também. Eu e meu primo estávamos intactos ás lágrimas. Não chorávamos ou mostrávamos emoção alguma. Acho que éramos muito criança pra entender que aquilo ali iria mudar a família inteira dali pra frente. Aliás, se caiu uma lágrima naquele dia, era de sono.

-Molko, Josh, vocês estão bem? -Balançamos a cabeça em forma positiva. -Vamos lá nos despedir de seu avô. -Joseph deu um tapinha em nossas costas.

Encostei no rosto do meu avô, ele parecia tão tranquilo, em paz consigo mesmo. Ali não era meu avô, era só o seu corpo. Sua alma já estava longe dali, ou pelo menos eu deduzi isso na hora.

-Ele ta geladinho. -Eu disse á minha mãe e ao meu pai. Eles riram, todos riram. Eu me senti um verdadeiro herói, por alguns minutos ao menos.

Eu me sentia andando sobre um rio coberto por uma fina camada de gelo. Eu não acreditava que estava fazendo aquilo, mas eu sentia que estava. Meus pés estavam gélidos e eu temia cair. Essa era a sensação. E era tudo tão delicado quanto... Você sabe? Camadas finas de gelo sobre um rio. Alguns me disseram que meu avô foi pra um lugar melhor, outros diziam que ele não foi a lugar nenhum, que ele ainda estava conosco. Eu não acreditei em ambos, pra mim meu avô estava morto, só isso.

Parecia que um bombardeio ia cair ali em alguns minutos, pois, todos se despediam como se nunca fossem se ver novamente e todos choravam. Mas, eu e meu primo ficamos ali, parados, vendo as coisas acabarem. Quando chegou a hora do enterro, a bomba caiu. E tudo explodiu, as lágrimas caíram e brotaram pé de tristeza nas ruas. Mas, mesmo assim, eu ainda não chorava, nem meu primo. Todos cantavam a mesma música: "Chalana", que era uma música que meu avô sempre tocava.

Tinha tudo ali, lágrimas, preto e rostos tristes. Mas faltava algo, eu sabia que faltava algo ali. As pessoas, os rostos, as canções, estava tudo triste. Estava tudo cinza e num momento de loucura eu poderia rir, mas não tive isso no momento certo. Tudo desmoronava em cima de minha própria cabeça. Anos, anos para nada, castelos de areia, pilares de vidro. Eu não sei se aguentaria mais alguma perda, não. Faltava sangue.

Lembra quando eu disse que queria algo que eu já tinha? Agora mudou, eu quero algo que eu tinha e não tenho mais. Mal sabia eu que isso iria acontecer muito em minha vida. E irá. E se repetirá. É como as estrelas, sabe? Uma pode cair, mais milhões nascerão. É tudo tão perfeito e tão cruel ao mesmo tempo. O mundo, a vida, os sonhos e eu nem ao menos sei expressar o que eu sinto. Não agora, não.

Chegamos em casa e eu me tranquei em meu quarto. Deitei-me e dormi. Nada de choro naquele dia. Não era o dia para chorar. Eu só queria compreender.

Sinceramente. Eu quero resolver essa tal fórmula. Eu quero isso mais que tudo.

Eu não sei se vou aguentar, Carmen.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e, daqui pra frente, vocês vão ouvir falar bastante da Carmen. E vão saber mais sobre a fórmula.

Bem, só tem mais duas datas especiais pra serem contadas (capitulo 4 e 5) até que vá para a vida atual do Molko, na qual eu ainda estou pensando bastante.

Se gostou, comente, favorite, recomende, acompanhe, etc. Criticas construtivas sempre serão bem-vindas e dicas também.



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