A Fórmula De Carmen escrita por Pietro Araujo


Capítulo 4
Isso não é o bastante?


Notas iniciais do capítulo

Eu falei que postar o terceiro capitulo atrasaria um pouco o quarto, mas estou postando.
Espero que gostem e amanhã (02/10) postarei o próximo capitulo.



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Ainda estamos no maldito ano de 2006. Mas, já estamos em setembro, eu acho.

Eu não tenho falado como foram os últimos oito meses, pois, foram os piores. A casa ainda está num clima tenso, mas, aos poucos, tudo volta ao normal. É difícil ver minha mãe tão triste assim, mas eu até compreendo. Acho que daqui a pouco ela melhora, tudo que ela precisa é de meu pai, Joseph, ao lado dela.

20 de Setembro de 2006.

Era apenas mais um dia chato, na escola, pra variar. Eu estava sentado e prestando a atenção na aula quando a inspetora escolar bateu na porta.

-Licença, professora. -Ela disse. -Esse é o novo aluno da escola, John.

Ele entrou e sentou do outro lado da sala, ninguém falava com ele. E a professora comentou com a sala: "Pra que mudar o garoto de escola no final do ano?" e ninguém respondeu, ninguém falou nada. Só ficaram olhando pro garoto que estava ali e parecia ser inofensivo, sem ofensas. 

Chegou a hora do intervalo e ele sentou-se sozinho. Mas eu decidi ir lá falar com ele. Eu não havia prestado a atenção na inspetora, então perguntei-o seu nome.

-Meu nome é John. -Ele respondeu com muita timidez, o que desvanecera ao longo dos anos.

-Prazer, meu nome é Molko. -Eu apertei fortemente suas mãos e nós rimos.

Ele me disse algumas coisas como: "Como seu nome é diferente" ou "Sua mãe espirrou e pensaram que era o seu nome?", o que todos faziam logo que me conheciam. Mas, as crianças caçoavam de mim na maldade e eu via que John não fazia por mal, aquilo era só uma brincadeira pra nós dois.

Eu me sentia bem quando eu estava ao lado dele e eu sabia que queria que nossa amizade durasse pra sempre. Mas, quando o ano de 2006 acabou, acabamos nos 'separando', ele mudou de sala e fez novos amigos, por um tempo, ficamos afastados.

O natal chegou e foi o pior natal que eu já tive. Muitas pessoas choravam pela perda de começo de ano, mas eu não derramei uma lágrima, ainda. Os parentes chegavam e casa estava ficando lotada. Esse natal foi na casa de minha avó, que é no mesmo terreno da casa de minha tia.

Todos ficaram calados, o que não era normal, até a primeira oração. As orações foram mudando ao longo dos anos, quando eu tinha 13 anos todos me olhavam e diziam para Deus, com D maiúsculo, cuidar até dos que não acreditavam nele. Era um pouco tenso, admito, mas nada que eu não poderia superar até os 23.

O legal foi ver alguns dos durões da minha família chorando, o que não era tão legal quando eu lembrava o motivo. Mas, tudo parecia sem cor, cinza. Cinza. Cinza...

Passou-se 1 ano, um longo ano. Puro tédio. E, enfim, 2008.

O ano começou mal, não sei porquê. Eu me sentia vazio e tudo continuava ás margens do natal. No meio do ano, eu conheci duas pessoas maravilhosas. Drake e Martin, dois irmãos. Eles eram muito gentis e tinham um gosto bem parecido com o meu, ambos eram fãs do Guns N' Roses. Não vou entrar em muitos detalhes sobre os dois, eu acabara de conhecer ambos, mas seriam especiais futuramente e eu sabia disso.

No final do ano, tudo desandou.

Minha mãe descobriu que Joseph estava traindo-a com outras mulheres e então ele saiu de casa. Minha mãe ficou muito deprimida durante meses e meses. Joseph voltou a se drogar e tudo parecia estar desabando, novamente. Será que não poderia ter um ano sem uma tempestade sobre minha cabeça? Acho que não. Era difícil acreditar que estava acontecendo novamente e eu não sabia se aguentaria mais uma daquelas tempestades. Afinal, eu era apenas um copo de água.

Eu queria aprender a me controlar, controlar as lágrimas, afinal. Mas estava tudo se movendo muito rápido, muito rápido mesmo. E o mundo girava, as pessoas mudavam e eu ficava o mesmo. Eu acho que não mudei nada. Nada mesmo. E isso é meio ruim, porque me dizem que sou infantil demais para a minha idade. Não é legal.

Isso não é o bastante, Carmen? Não? Então continuarei a escrever-te, todas as noites, todos os dias, semanas, anos.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? Espero que sim.
Recomendem, critiquem-me, dê suas sugestões, etc.
Até o próximo capitulo.



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