Crônicas Do Olimpo - O Último Olimpiano escrita por Laís Bohrer


Capítulo 10
Sobre Traições e Cereais! Visitamos o Tio Suquinho




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O pensamente de estar voltando ao mundo inferior não era o mais tranquilizante do que eu ter concordado com o plano de Nico. As escadas continuavam eternamente – estreitas, íngremes e escorregadias. Estava completamente escuro exceto pelo brilho da minha espada. Tentei ir devagar, mas Sra. O’Leary tinha outras ideias. Ela saltava à frente, latindo alegremente. O som ecoava pelo túnel como balas de canhão, e eu notei que nós não pegaríamos ninguém de surpresa até que chegássemos no fundo. Nico ficou para trás, o que eu achei estranho.

– Nico? - chamei. - Está tudo bem?

– Ótimo.

Era difícil decifrar a expressão no rosto dele... Hesitação? Dúvida?

– Apenas... Vamos seguindo em frente.

Bem, eu assenti já que não tinha muita opção. Segui Sra. O’Leary para dentro das profundezas. Depois de uma hora, comecei a escutar o barulho de um rio. Nós emergimos na base de um penhasco, numa planície de areia vulcânica preta. À nossa direita, o Rio Estige irrompia das pedras e rugia para baixo por uma cascata de corredeiras. À nossa esquerda, bem longe na escuridão, fogueiras queimavam nas fortalezas de Érebo, as grandes muralhas negras do reino de Hades.

Pensar em estar ali, era completamente mais aterrorizador do que realmente estar ali.

Eu tinha estado aqui pela primeira vez quando tinha doze anos, e somente a companhia de Silena, Jake e Hansel havia me dado coragem para continuar indo em frente. Nico não ajudaria tanto como o negócio da “coragem”. Ele mesmo parecia pálido e preocupado.

Apenas Sra. O’Leary estava feliz. Ela correu ao longo da praia, pegou aleatoriamente um osso de uma perna humana, e voltou em minha direção. Ela colocou o osso aos meus pés e esperou que eu jogasse.

– Hm... - eu disse examinando o osso. - Talvez depois, garota. – Olhei fixamente para as águas escuras, tentando segurar meus nervos. – Então, Nico... Como nós fazemos isso?

– Temos que entrar pelos portões primeiro.

– Mas o rio está aqui...

– Temos que fazer isso! – ele disse insistente, eu o olhei meio pasma e ele suspirou – Desculpe, é que... Tenho que pegar uma coisa, é o único jeito.

Ele saiu marchando sem esperar.

Eu franzi a testa. Nico não tinha mencionado nada de entrar pelos portões. Mas agora que estávamos aqui, eu não sabia mais o que fazer. Relutante, segui-o pela praia em direção aos grandes portões negros.

Filas de mortos estavam paradas do lado de fora esperando para entrar. Deve ter sido um dia pesado para funerais, porque até mesmo a fila MORTE FÁCIL estava lotada.
Woof!” disse Sra. O’Leary.

Antes que eu pudesse pará-la ela saltou em direção ponto de inspeção de segurança. Cérbero, o cão de guarda de Hades, surgiu da escuridão – um rottweiler de três cabeças tão grande que fazia Sra. O’Leary parecer um poodle de brinquedo. Cérbero era metade transparente, então é realmente difícil vê-lo até que ele esteja perto o bastante para matar você, mas ele agiu como se não se importasse conosco. Ele estava muito ocupado dizendo olá para Sra. O’Leary.

– Sra. O'Leary não! - eu chamei, mas já era tarde demais. - Não cheire o... Ah, cara! Isso sacanagem...

Nico riu. Então olhou para mim e sua expressão se tornou toda séria novamente, como se ele tivesse lembrado algo desagradável. (Gente eu sou até que bonitinha. então não foi a minha cara, certo?)

– Eles não vão nos dar problema algum na fila. Você está comigo. Vamos?

Eu não gostava disso, mas nós passamos pelos espíritos da segurança e entramos nos Campos dos Asfódelos. Tive que assobiar três vezes para Sra. O’Leary antes que ela deixasse Cérbero sozinho e corresse até nós.

Nós caminhamos por campos negros de grama pontuados com álamos pretos. Se eu realmente morresse em alguns dias como a profecia havia dito, eu acabaria ficando aqui para sempre, mas tentei não pensar nisso.

Nico marchou à frente, nos levando cada vez mais perto do palácio de Hades.

– Ei! Nico! – eu disse – Já entramos pelos portões, o que está...

Sra. O’Leary rosnou. Uma sombra apareceu acima de nós – algo escuro, frio e fedendo a morte. Aquilo desceu rapidamente e aterrissou no topo de um álamo. Infelizmente, eu a reconheci. Ela tinha uma cara enrugada, um chapéu de tricô azul, e um vestido de veludo amassado. Asas de morcego parecendo de couro abriam-se às suas costas. Seus pés possuíam presas afiadas, e em suas mãos com garras de bronze ela segurava um chicote flamejante e uma bolsa de lã escocesa.

Eu franzi o nariz.

– Madame Prince.

Ela pôs os caninos à mostra.

– Bem-vinda de volta, querida.

O jeito dela de dizer "querida" me lembrou Drew do acampamento. Você sendo querido ou não para ela, ela chamaria você assim.

Suas duas irmãs – as outras duas Fúrias – também desceram e se acomodaram ao lado dela nos galhos do álamo.

– Você conhece Alecto? – Nico me perguntou.

– A bruxa do meio? Sim. - eu respondi. - Ela foi a zeladora do orfanato Dixon e tentou me matar umas duas vezes na vida... Fora isso, bons tempos.

A fúria Prince mostrou suas para mim, aquilo me pareceu mais uma risada meio aterrorizadora. Ela sempre estivera ansiosa para provar minha carna de meio-sangue.

Nico concordou com minha explicação, como se isso não o surpreendesse. Ele olhou para as Fúrias e respirou fundo.

– Eu fiz o que meu pai pediu. - disse Nico. - Nos leve para o palácio.

Eu tive um mau pressentimento sobre isso.

– Espere um instante... Nico, o que quer dizer com "O que meu pai pediu"?

– Está é minha pista, Megan. - disse ele. - Meu pai me prometeu informações sobre minha família, mas ele quer ver você antes de nós usarmos o rio. Sinto muito, mesmo.

– Você... Você me enganou?

Nico não respondeu.

– Depois de tudo que Bianca te disse... Depois de tudo...

– Eu... - começou.

Mas eu estava tão irada que investi contra ele, mas as Fúrias foram velozes. Duas delas desceram rapidamente e me seguraram pelos braços. Minha espada caiu da minha mão, e antes que soubesse, eu estava balançando a quase vinte metros do chão.

– Oh, não fique se debatendo, querida – disse a fúria que um dia fora Madame Prince – eu odiaria soltar você.

Sra. O’Leary latiu furiosamente e pulou, tentando me alcançar, mas nós estávamos muito alto.

– Avise para Sra. O' Leary se acalmar. - avisou Nico, Ele estava pairando perto de mim nas garras da terceira Fúria - Eu não quero que você tenha que se machucar, Megan... Meu pai está esperando. Ele quer apenas conversar.

Eu ri secamente.

– Nico, eu só vi Hades apenas uma vez na vida e posso deduzir de que ele não é nem um pouco de reuniões amigáveis de família... - eu disse. - Não precisa tentar me enganar de novo.

Eu queria falar para Sra. O’Leary atacar Nico, mas isso não teria feito nenhum bem, e Nico estava certo sobre uma coisa: meu cachorro poderia se ferir se tentasse provocar uma briga com as Fúrias.

Eu rangi meus dentes.

– Sra. O' Leary, sentada! - eu disse e a cadela gemeu para mim. - Está tudo bem, garota.

Ela ganiu e girou em círculos, olhando para mim.

– Tudo bem, traidor – eu rosnei para Nico – Você conseguiu o que queria, agora vamos logo para aquele palácio estúpido.

Alecto me jogou como se eu fosse um saco de nabos no meio do jardim do palácio, só tive tempo de gritar:

– Ei! - e como eu estava realmente irada ainda gritei. - Não sabe o que é hospitalidade?

O resultado: Ela jogou várias pragas gregas para mim.

O jardim era bonito de uma maneira esquisita. Árvores brancas esqueléticas cresciam de vasilhas de mármore. Canteiros de flores transbordavam com plantas douradas e pedras preciosas.

Um par de tronos, um de osso e um de prata, ficava na varanda com uma vista dos Campos dos Asfódelos. Teria sido um lugar legal para passar uma manhã de sábado se não fosse o cheiro de enxofre e os gritos de almas torturadas ao longe.

Guerreiros esqueletos guardavam apenas a saída. Eles vestiam fardas esfarrapadas de combate no deserto do exército dos Estados Unidos e carregavam fuzis M16. A terceira Fúria depositou Nico ao meu lado. Então as três se acomodaram no topo do trono esquelético. Eu resisti ao impulso de estrangular Nico. Elas apenas iam me parar. Eu teria que esperar pela minha vingança.

Olhei fixamente para os tronos vazios, esperando alguma coisa acontecer. Então o ar tremeluziu. Três figuras apareceram – Hades e Perséfone em seus tronos e uma mulher mais velha em pé entre eles. Eles pareciam estar no meio de uma discussão.

–... falei para você que ele era um vagabundo – a mulher mais velha disse.

– Mãe! – replicou Perséfone.

– Nós temos visita! – bradou Hades – por favor!

Hades, um dos meus deuses menos favoritos, alisou suas vestes negras, as quais eram cobertas com as faces aterrorizadas dos condenados. Ele tinha pele pálida e os olhos intensos de um maluco.

– Megan Jackson. - anunciou com satisfação. - Enfim...

Rainha Perséfone me estudou curiosamente. Já tinha visto ela uma vez antes no inverno, mas agora no verão ela parecia uma deusa totalmente diferente. Ela tinha cabelos pretos lustrosos e cálidos olhos castanhos. Seu vestido tremeluzia com cores. Espécimes de flores no tecido mudavam e desabrochavam – rosas, tulipas, madressilvas.

A mulher em pé entre eles era obviamente a mãe de Perséfone. Ela tinha os mesmos cabelos e olhos, mas parecia mais velha e austera. Seu vestido era dourado, da cor de um campo de trigo. O cabelo dela era entrelaçado com gramas secas, então aquilo me lembrava uma cesta de vime. Imaginei que se alguém acendesse um fósforo perto dela, ela estaria com sérios problemas.

– Hum – a mulher mais velha disse. – Semideuses. Justamente o que precisamos.

Ao meu lado, Nico se ajoelhou. Queria ter minha espada para que pudesse cortar fora sua cabeça estúpida. Infelizmente, Anaklusmos ainda estava lá fora em algum lugar dos campos bem longe do meu bolso...

– Pai. - disse Nico respeitosamente. - Eu fiz o que me pediu.

– Você demorou demais... - disse Hades rudemente. - Sua irmã teria feito com mais exito.

Nico baixou a cabeça. Se eu não estivesse com tanta raiva daquele traidorzinho, eu teria sentido pena dele. Olhei fixamente para o deus dos mortos.

– Vamos lá Tio Ades... Eu não tenho toda a vida e acima de nós uma guerra está para começar, seja breve por gentileza. - eu disse de modo menos formal do que a última vez que eu visitei a casa de Hades, digamos que a "Obediência não me vem naturalmente". - O que você quer comigo?

– Conversar, claro... - disse o deus não parecendo muito enfurecido com minha ousadia, o que me deixou enfurecida. O deus torceu sua boca em um sorriso cruel Nico não falou nada para você?

– O plano era falso. - eu disse. - Nico me trouxe aqui para me matar.

– Oh, não... – disse Hades – temo que Nico tenha sido bem sincero sobre querer ajudar você. O garoto é tão honesto quanto obtuso. Eu simplesmente o convenci a pegar um pequeno desvio e trazer você aqui primeiro.

– Pai. - disse Nico. - O senhor prometeu não machucar a Megan. Você disse que se eu o trouxesse, você me contaria sobre meu passado... Sobre minha mãe.

Rainha Perséfone suspirou dramaticamente.

– Nós podemos, por favor, não falar daquela mulher na minha presença?

– Desculpe-me, minha pombinha – disse Hades – tive que prometer algo para o garoto.

A mulher mais velha pigarreou.

– Eu avisei você, filha. Esse canalha Hades não presta. Você poderia ter casado com o deus dos médicos ou o deus dos advogados, mas nããão. Você tinha que comer a romã.

– Mãe...

– E ficar presa no Mundo Inferior!

– Mãe, por favor...

Eu revirei os olhos junto com Perséfone.

– E agora já é Agosto, e você volta para casa como deveria? Você alguma vez pensa sobre sua pobre e solitária mãe?

– DEMÉTER! – gritou Hades – Já basta. Você é uma convidada em minha casa.

– Oh, isso é uma casa? – ela disse. – Você chama esse depósito de lixo de casa? Faz a minha filha viver nessa escura, úmida...

– Eu já lhe disse – disse Hades, rangendo os dentes – Há uma guerra no mundo acima. Você e Perséfone estão melhores aqui comigo.

– Ai! - eu gritei. - Será que se for me matar, pode por gentileza fazer isso rápido?

Os três deuses olharam para mim.

– Bem, essa aqui tem atitude, pelo menos... Diferente de Perseu, pelos campos de trigo... Aquele garoto era muito explosivo. – observou Deméter.

– Porém de fato. – concordou Hades – Eu adoraria mata-la igualmente.

– Pai! – Nico disse – Você prometeu.

– Querido, já falamos sobre isso. - censurou Perséfone.

– Os filhos de Poseidon me dão muita dor de cabeça. - resmungou Hades. - Lembra-se de Perseu Jackson?

– Você não pode sair por aí incinerando todos os heróis. - prosseguiu Perséfone. - Além disso, ela é corajosa. Eu gosto disso. É algo muito raro de se ver em uma guerreira.

Hades rolou os olhos.

– Você gostava daquele camarada Orfeu também. Olhe como aquilo terminou. Deixe-me matar ela, só um pouquinho.

– Por favor, deixe ele... - eu reclamei. - Ah... Só para deixar claro, estou sendo irônica, ok?

– Pai, você prometeu! – disse Nico, – Você disse que queria apenas conversar com ela. Você disse que se eu a trouxesse, você explicaria.

Hades deu um olhar ameaçador, alisando as dobras de sua roupa.

– E assim devo. Sua mãe... o que eu posso lhe dizer? Ela era uma mulher maravilhosa – ele desconfortavelmente olhou de relance para Perséfone. – Perdoe-me, minha querida. Quero dizer para uma mortal, é claro. O nome dela era Maria di Angelo. Ela era de Veneza, mas seu pai era um diplomata em Washington, D.C. Foi lá que a conheci. Quando você e sua irmã eram jovens, era um tempo ruim para os filhos de Hades. A Segunda Guerra Mundial estava ganhando forma. Algumas das minhas, ah, outras crianças estavam liderando o lado perdedor. Pensei que fosse melhor colocar vocês fora de alcance.

– Foi por isso que você nos escondeu no Cassino Lótus?

Hades deu de ombros.

– Vocês não envelheceram. Vocês não perceberam que o tempo estava passando. Esperei o tempo certo para tirar vocês de lá.

– Mas o que aconteceu com a nossa mãe? Porque eu não me lembro dela?

– Não é importante – Hades vociferou.

– Como assim "Não é importante"? É claro que é importante. E você tinha outros filhos... Porque nós fomos os únicos mandados embora? E quem era o advogado que nos tirou de lá?

Hades rangeu os dentes.

– Você faria bem em escutar mais e falar menos, menino. Quanto ao advogado...

Hades estalou os dedos. No topo de seu trono, a Fúria Alecto começou a mudar até ser um homem de meia-idade num terno risca de giz com uma maleta. Ela – ele – parecia estranha agachando-se no ombro de Hades.

– Você! – disse Nico.

A Fúria cacarejou.

– Eu sou muito boa no papel de advogados e zeladoras más...

– Espere.. - eu interrompi. - Zeladora até eu entendi que foi um disfarce, mas tem certeza de que a parte "má" era encenação?

– Eu já estrei na broadway garota, eu ficaria quieta se fosse você.

Nico estava tremendo.

– Mas porque você nos libertou do cassino?

– Você sabe por quê – disse Hades. – Não pode ser permitido que essa filha idiota de Poseidon seja a criança da profecia.

Eu catei um rubi da planta mais próxima e joguei em Hades. O objeto afundou em sua roupa sem causar danos.

– Você diz isso como se fosse uma coisa boa ter o destino do mundo nas suas mãos. - eu disse. - Você deseja isso mesmo para o seu filho? Nem mesmo Poseidon queria isso para mim. Todos os outros deuses estão lutando contra Tifão, e você está apenas sentado aqui...

– Esperando as coisas acontecerem – terminou Hades. – Sim, está correto. Quando foi a última vez que o Olimpo me ajudou, meio-sangue? Quando foi a última vez que uma criançaminhafoi bem-vinda como um herói? Bah! Porque eu deveria me apressar e ajudá-los? Vou ficar aqui com minhas forças intactas.

– Como um herói? - eu repeti. - Entendo, você não entende como é ser um herói porque tudo o que você faz durante sua imortalidade é sentar seu traseiro nessa porcaria de trono na sua porcaria de réplica do monte Olimpo e reclamar da porcaria da vida, você é pior que Dioníso. Quando Cronos vier atrás de você? O que vai fazer?

– Deixe ele tentar. Ele estará enfraquecido. E meu filho aqui, Nico... – Hades olhou para ele com desgosto – Bem, ele não é muito agora, vou lhe confirmar. Seria melhor se Bianca tivesse sobrevivido. Mas dê a ele mais quatro anos de treinamento. Nós podemos segurar até lá, certamente. Nico fará dezesseis anos, como diz a profecia, e então ele fará uma decisão que salvará o mundo. E eu serei o rei dos deuses.

– Você será o rei dos retardados, isso sim. - eu disse. - Cronos é o titã do tempo, acha que ele vai realmente esperar uma porcaria de profecia acontecer para esmagar os deuses?

Hades estava pronto para rosnar algo sobre mim, mas eu o cortei.

– O tempo não nos torna mais sábios ou mesmo fortes. - eu gritei. - Ele apenas vai torna-lo mais e mais covarde com o passar do tempo.

Hades estendeu as mãos.

– Você terá a chance de descobrir, semideusa. Porque você irá esperar essa guerra nas minhas masmorras.

– Não! – disse Nico – Pai, não foi esse nosso acordo. E você não me contou tudo!

– Eu contei tudo o que você precisa saber – disse Hades. – Quanto ao nosso acordo, eu falei com Jackson. Não fiz mal a ela. Você obteve sua informação. Se você queria um acordo melhor, deveria ter me feito jurar pelo rio Estige. Agora, vá para o seu quarto! – ele acenou com a mão, e Nico sumiu.

Isso soou estranho.

– Aquele garoto precisa comer mais – resmungou Deméter. – Ele está muito magrinho. Precisa de mais cereais.

Perséfone rolou os olhos.

– Mãe, já chega de cereais. Meu lorde Hades, tem certeza que não quer deixar essa pequena guerreira ir embora? Ela é espantosamente corajosa.

– Não, minha querida. Poupei a vida dela. Isso é o bastante.

Tinha quase certeza que Perséfone iria ficar ao meu lado. A corajosa, bela Perséfone iria me tirar disso.

Ela deu de ombros, indiferente.

– Tudo bem. O que temos para o café da manhã? Estou faminta.

– Cereais – Deméter disse.

Mãe! – as duas mulheres desapareceram num redemoinho de flores e trigo.

– Não se sinta tão mal, Megan Jackson – disse Hades. – Meus fantasmas me deixam bem informado sobre os planos de Cronos. Posso lhe garantir que você não teve chance de pará-lo a tempo. Ao fim desta noite, será tarde demais para o seu precioso Monte Olimpo. A armadilha será posta em prática.

– Não haverá deuses para você ser rei até lá. - eu esclareci, hesitei. - Espere, Armadilha? Que armadilha?! Se sabe sobre isso, porque não faz alguma coisa? Pelo menos me deixe falar para os outros deuses!

Hades sorriu.

– Você é destemida, jovem guerreira. Vou lhe dar crédito por isso. Divirta-se apodrecendo no meu calabouço. Vamos checar você novamente em... oh, cinquenta ou sessenta anos.

Eu tentei protestar, mas a última coisa que eu ouvi foi a risada tosca de Hades.


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