Leah já não estava entendendo nada. Rick de repente deixou de ser aquele garoto razoavelmente inteligente e normal, para virar um cara totalmente... totalmente... MALUCO!

Anjos? Ele só podia estar tentando enrola-la. Levá-la para algum lugar sem ser aquele ou algo assim. Ou ele realmente estava louco e vendo anjinhos por ai.

–Richard, pare com isso! Anjos? Você está ficando louco? – disse Leah, completamente nervosa.

–Você não está entendendo. Vamos! Quando nós chegarmos à sua casa eu prometo te explicar tudo. Mas agora temos que sair daqui.

Leah querendo saber o que era tudo aquilo simplesmente seguiu Rick que saiu puxando-a por todo o caminho até sua casa.

***

Assim que chegaram à casa de Leah, ela conferiu se seu braço não havia sido arrancado com a força que Rick o segurou.

–Me desculpe – disse Rick, calmamente – acho que temos alguns minutos para eu responder suas perguntas e para pegar “as coisas”.

– O.K. – respondeu Leah – Mãaaae! Volteeei!

–Sua mãe não está – Rick falou como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

–Como assim? Para onde ela teria ido essa hora da noite? – os olhos de Leah estavam arregalados e a respiração ofegante.

–Bem, os Anjos estão atrás de você. Portanto, é evidente que o primeiro lugar que eles viriam seria a sua casa. E levaram sua mãe, para fazer você se entregar a eles.

A garota dos olhos castanho-esverdeados estava totalmente paralisada. Os cabelos já não estavam lindos como quando havia saído de casa para o restaurante; a corrida de lá até em casa deixou-os bagunçados e desgrenhados, e ela teve que prendê-los com um pompom. Porém Rick, como o atleta que é, estava totalmente normal, como se nada estivesse acontecido.

–Como? – disse Leah sem mover um músculo – você sabia que eles viriam para cá e não fez nada? Me tirou daqui e não deixou que eu ajudasse minha mãe?

–Se você tivesse ficado aqui, eles teriam matado você e a sua mãe. Pelo menos agora você duas tem uma chance de sobreviver. Bom, você mais chance do que ela. – ele da um risinho descontraído, sem nem ligar para o que está falando.

Desesperada, Leah começa a andar de um lado pro outro. Sobe as escadas, e vasculha cada cômodo da casa em busca da mãe. Resolve, então, ligar para o celular dela; fora de área.

Ela para, se senta no sofá da sala e Rick se senta ao lado dela. Transtornada ela fala algumas meias palavras, mas nada faz sentido. Rick segura a mão de Leah; está gelada e ela está tão preocupada que nem percebe o que ele está fazendo. Ele resolve soltar a mão dela assim que percebe que ela não preta atenção nele. Ele começa a falar:

–Sua mãe foi levada pelos Anjos por que ela é uma infratora das “leis do céu”. Ela era um Anjo. Ela estava em um nível muito alto na hierarquia angelical. Foi ela quem treinou Arcanjos como Uriel e Rafael. Dizem que ela viu o próprio Deus algumas vezes. Falou com ele, mas acredito que sejam apenas boatos. – ele faz uma pausa, hesitando, olha para os lados como se esperasse ver alguém nos espiando – Sua mãe era muito importante, mas há uns dois mil anos atrás ela quebrou uma regra dos Anjos. Até hoje não se sabe o que ela fez, apenas sabe-se que os Arcanjos, os próprios que ela treinou, estão atrás dela. Sob ordens do Chefe.

–Espera, espera, espera! – praticamente gritando com Rick – você realmente quer que eu acredite nisso tudo? Minha mãe tem 38 anos. E ela nunca foi tão religiosa. Olha, eu acho melhor você ir embora. Tenho que procurar minha mãe. – Em seguida ela abre a porta da frente da casa e estende o braço esquerdo, gesticulando para que Rick saia logo.

–Não posso deixar você agora. Você não entende. Sou o seu protetor. Não posso deixa-la à mercê dos Anjos – Rick parece desesperado.

–Como você quer que eu acredite nisso? Nem somos muito amigos, não confio em você, não vi ninguém nos perseguindo desde o restaurante, e você está dizendo que Anjos são maus e que a minha mãe tem mais de dois mil anos! Ah, faça-me o favor de ir embora! – Leah sentia sua pele queimar, mas agora de raiva.

–O.K. Vou fazer você acreditar em mim agora! – Rick parece calmo ainda, mas o tom de voz bem elevado – Você não me deixa escolha.

Rick pega a mão de Leah, que olha para ele sem ação alguma.

–Se os Anjos estão atrás de você – continua ele segurando firme aquela mão tão delicada – é por que você já tem no mínimo uma marca – ele hesita como se estivesse sentindo dor e logo prossegue – todos os sobrenaturais têm marcas na pele, mas elas não são visíveis sempre. A minha espécie pode revelar essas marcas quando quisermos e fazer com que apareçam nos outros também, ou elas aparecem quando há um Anjo ou demônio por perto. Como você só está sendo perseguida agora, presumo que sua marca tenha aparecido recentemente...

Ele para e de repente Leah começa a sentir bochecha queimar, da mesma maneira que naquela manhã quando estava no banheiro, com a mão q Rick não estava segurando ela apertou a bochecha e afagou-a. Em seguida tentou fazer Rick soltar sua mão, mas ele ainda a segurava firme, com olhos fechados e cenho franzido.

–Solte minha mão! Está queimando... – antes de terminar a frase, Rick a soltou.

Ela verificou se a mão estava bem e logo depois voltou a prestar atenção na bochecha. Agora em vez de azulada, a marca estava dourada, diria até que, literalmente, pegando fogo.

–O que você fez comigo? – sussurrou Leah, quase que inaudível.

–Eu não fiz nada. Só fiz com que aparecesse a prova de que tudo que estou falando é verdade – Rick logo após dizer isso, aponta para a bochecha de Leah – Isso, é a sua marca.

Leah logo corre para onde há algo que reflita sua imagem e que ela possa ver com clareza sua “marca”. Enquanto Rick levanta os braços com os punhos cerrados, marcas começam a aparecer, numerosas, por todas as partes visíveis de seu corpo, mas Leah podia perceber que por debaixo das roupas haviam mais. Marcas de todos os jeitos e formas.

–Eu sou... – Rick começa. Hesita. Seus olhos verdes encontram os de Leah – Sou um elfo.

–O.K. ... E eu sou...?

–Aí é que está o problema. Você não é humana, mas ninguém sabe o que você é – Rick estava com um olhar indiferente – os elfos sabem de tudo o que acontece em todo lugar e com todo mundo. Pelo menos com aqueles que os interessam. Foi assim que eu soube de você. Claro, eu já estudava nessa escola, só tive que alterar uns horários.

Houve um silencio de segundos. Eternos segundos.

–Eu tenho tantas perguntas... Mas e minha mãe? E esses Anjos? O que querem exatamente comigo? O que eu fiz? E por que só agora apareceu essa marca em mim? E... – Leah percebeu que estava falando sem pausas para respirar quando Rick interrompeu todas aquelas perguntas para dizer:

–Prometo responder tudo o que você quiser, mas agora temos que ir. Somos alvos fáceis para os Anjos aqui na sua casa. Já pegaram sua mãe e a única chance de salvá-la é tirando você daqui.

–E para aonde nós vamos? – A voz saiu aguda da garganta de Leah.

–Só faça o que peço! Pegue suas coisas e vamos logo!

–Mas que coisas? Roupas, livros, ou o que?

–Nãaaaao! Suas armas!