A Maldição De Scarabas escrita por Angie Ellyon


Capítulo 12
Viajante


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora amores! Revelações alert! kkkk



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Combinamos de dormir juntos aquela noite. Claire e Sara dormiram em uma beliche num quarto ao lado de Lila, enquanto dormi ao lado de Steve.

Alice não deu as caras novamente. Fiquei pensando no que teria acontecido, assim como em Scarabas. Se eu não tivesse pisado lá, isso estaria acontecendo agora?

Quando acordamos, Lila nos chamou na sala. Estávamos ainda tentando entender por que eu virava uma espécie de zumbi à noite.

– Tenho uma hipótese - disse ela. - Valerie, você é uma Viajante.

Franzi o cenho.

– Eu sou uma o quê?!

– Vou explicar melhor - ela se sentou de frente pra mim e continuou. - Existem pessoas que têm a capacidade de projetar seu espírito pelo mundo dos mortos. Esses são os Viajantes. Para eles, parece apenas um sono profundo. O problema é que os demais espíritos sabem disso. E tentam tomar posse do seu corpo.

– Por isso aji daquele jeito?

– Sim - e acrescentou rápido. - Por sorte, você consegue voltar. E é muito perigoso.

Arquejei.

– Então...é por isso que esse espírito...

– Sim - disse ela. - Olhe... - ela me entregou umas fotos de quando era criança. Lá no fundo, sempre aparecia uma presença. Deduzi que isso me seguia há muito tempo. - No começo, eu achei que era um defeito na câmera, mas se repetiu.

– E o que a gente pode fazer?

Ela suspirou.

– Você vai ter que se arriscar. Tem que saber até onde pode chegar. O Além, o limbo escuro e sombrio onde estão as almas torturadas, pode ser a chave para acabar com tudo isso.

– Mas...agora?

– Vou ajudá-la - Lila estava séria. - Feche os olhos agora.

Steve me olhou, preocupado. Eu sabia o que passava na sua cabeça: minha morte.

– Vou buscá-la se for preciso - Lila continuou. - Escute apenas o som da minha voz...projete sua alma...

"Era uma sensação parecida de cair em um sono profundo. Entrei num lugar sombrio e amedrontador. Os outros espírito tentavam se aproximar de mim, sorrindo. As almas perdidas avançavam mais. Logo se deram conta de que meu corpo estava vazio.

– Valerie! Foge daqui! - era a voz da Alice.

– Valerie? - era Mark, totalmente perplexo. - O que...como chegou aqui? Você...morreu?!

– Não! - gritei. As almas se aproximavam como zumbis espectrais e corri. Sabia que não era a primeira vez que vinha ali - eu tinha que saber como sair.

"Valerie!", a voz de Lila me chamava, "Valerie, querida? Volte!

Observei em horror as almas se aproximarem ao redor do meu corpo adormecido. Corri com todas as forças enquanto Lila me chacoalhava.

"Se afastem! Não cheguem perto!", ela berrava para as almas, "Saiam daqui agora!"

Quando finalmente consegui voltar e todos aqueles espíritos condenados sumiram, Lila chorou:

– Por favor, deixe a minha filha em paz!

Todos arquejamos, e Lila me abraçou, me balançando de um lado para o outro, como uma criança.

– Shh...está tudo bem. Sinto muito, filha. - Lila segurou meu rosto.

Eu a encarei, chocada.

– Como assim...filha? Por que me chamou de filha, Lila?

Ela fungou e suspirou.

– É uma história tão longa...isso tudo é culpa minha.

Engoli em seco.

– Você é...minha mãe? Como assim...e os meus pais?

– Você foi adotada - explicou. - Eu...fiz algo horrível no passado. Eu dei você a Sammantha ainda bebê. Ela não podia ter filhos.

Choque.

Diante da minha mudez e a dos meus amigos, ela emendou:

– Vou lhe contar a história. Eu era jovem, cheia de alegria e uma boa garota. Tinha um namorado, Jim, quem eu amava muito. Queríamos ficar juntos pra sempre. Um dia, Jim saiu com os amigos e recebi uma notícia terrível: ele tinha morrido em um acidente de carro. A partir daí, entrei em choque e passei a desacreditar em tudo. Até na fé.

"Briguei com minha família e fugi. Passei a ser uma garota rebelde e sem limites. Não me conformava com a morte de Jim, e fiquei obcecada em trazê-lo de volta. Ser médium iria ajudar, só que...caí num caminho sem volta.

Comecei a pesquisar sobre comunicação com os mortos e conheci a necromancia. Lia vários livros, faminta em descobrir algo definitivo. Descobri então sobre uma seita em que os mortos ocupavam o controle de uma pessoa. E aquilo me deu esperança.

Eu já não tinha mais amigos e não era mais a mesma. Era solitária, fria e sozinha. As pessoas me achavam esquisita. Até que, um dia, tudo mudou.

Eu ia pra mais uma aula e me sentei sozinha no fundo. Senti um estranho arrepio e me virei. Então, vi o rapaz mais lindo de toda a minha vida. Ele carregava um mistério incrível. Sentou-se ao meu lado e sorriu. Seu nome era Mavis. Logo viramos amigos. Eu lhe contei sobre ser médium e o que queria fazer. Ele disse que me ajudaria. Nós nos envolvemos; passávamos muito tempo juntos, e nos apaixonamos. Eu estava feliz novamente. Então, tarde demais, descobri que ele também tinha um segredo.

Queria saber como ele iria me ajudar. Só que ele não apareceu mais. Eu sabia onde ele morava, e fui até lá pra dizer que...eu estava grávida.

Era uma casa estranha. Quando entrei, parecia que ele estava me esperando. Ele estava mais sombrio. Haviam outras pessoas lá, só que não pareciam...vivas. E aquilo me assustou. Perguntei o que estava acontecendo. Ele só sorriu e disse que eu estava "pronta", e que o bebê que eu carregava seria de grande ajuda.

Eu lhe disse que não faria parte daquilo. Ele apontou um desenho no chão e pediu que eu pedisse o que mais queria. Chorando, pedi pra ver Jim uma última vez e lhe pedir perdão. O espírito dele tremeluziu, mas ele estava sofrendo. Me arrependi de tudo o que fiz. Mavis tentou me impedir de sair, mas fugi. Dias depois, voltei até lá, mas a casa estava vazia."

– Mavis havia desaparecido. Fiquei desesperada - Lila sorriu. - Então, você nasceu, Valerie. Conheci Sammantha, e ela me contou que aceitaria você, mas eu não podia e não queria abandoná-la. Ela me ofereceu a chance de cuidar de você. Desde então, eu vigio você de longe, temendo que algo fosse acontecer. E...estamos aqui agora.

Eu estava muda, em choque. Os demais me olhavam sem acreditar, principalmente Steve.

– Então, eu...herdei isso de você? - sussurrei.

– E dele também - disse ela. - Sinto muito. Eu também sou Viajante. Me desculpe...

– Então...meu pai biológico é líder de uma seita que se alia a almas penadas? Por isso a mãe da Tessa conhece você?

– Ela levou a filha pra isso - falou. - Mas você não.

Aquele espírito me quer pra viver de novo... - suspirei. - Por que nunca me contou? Esse tempo todo...em Scarabas...!

Lila voltou a chorar.

– Eu comecei a perceber quando soube que estava lidando com a fantasma em Scarabas. Aí, fui atrás de você. Isso...fez despertar esse lado em você. Eles já estavam caçando você desde lá.

– E o mural com fotos nossas também? - murmurou Sara.

– Só pode significar uma coisa - Lila limpou as lágrimas e olhou pra todos nós muito séria. - Algo grande está vindo. E vocês não vão conseguir detê-los sozinhos.


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Notas finais do capítulo

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