A Maldição De Scarabas escrita por Angie Ellyon
– Ah, mas se não é o namoradinho humano... - zombou Mark, se aproximando dele.
– Mark, para! - pedi.
– Sempre soube que você não era boa coisa - Steve disse. - Se sumiu por tanto tempo, não devia estar fazendo algo certo...
– O fato de eu ter sumido não é da sua conta - Mark respondeu, ameaçador.
– Você disse que ia proteger a Valerie! - berrou Steve.
– E estou fazendo isso - Mark sorriu convencido. - Da minha maneira, é claro.
– Parem, vocês dois! - gritei.
– O que você precisa saber é que ela não está destinada a ficar com um vivo fraco como você. - Mark disse, dando um passo.
– E muito menos com alguém como você. - Steve rebateu.
– O que você sabe sobre mim, Mark? - falei, e ele me olhou.
– Muito mais do que você sabe.
Eu temia que os dois começassem a brigar ali - e temia mais ainda por Steve. Mark poderia machucá-lo.
Mark encarou Steve.
– Ela vai ficar comigo de qualquer maneira - ele notou a câmera e gargalhou. - Não adianta gravar ou vigiar.
– Isso não te interessa. Dá o fora daqui! - gritou Steve.
Mark se enfureceu, mas me coloquei entre os dois.
– Já chega! Mark, vai embora, por favor.
Ele dirigiu um olhar mortal para Steve.
– Você está marcado. - e desapareceu.
Steve suspirou.
– Esse cara ainda vai aprontar, Valerie. Quero ele longe de você.
– Também senti que ele está diferente - falei. - Ele não vai machucar você.
Ele deu uma risada nervosa.
– Valerie, por você aquele cara é capaz de tudo. Até...mudar por você. Ele parece mais...sei lá...dark.
Claire e Sara irromperam na porta, ofegantes e assustadas.
– O que aconteceu?
– Vocês tem que ver o que a gente descobriu - disse Claire.
– É sobre a Tessa...e a mãe dela - Sara engoliu. - Ouvimos uns barulhos estranhos...
Peguei a câmera.
– Vamos nessa.
Chegamos na casa e batemos na porta, mas ninguém apareceu. Entrei já com a câmera na mão, e me espantei ao ver os móveis cobertos com panos na sala.
– Mas o que é isso? - sussurrei. Virei a câmera e filmei os olhares espantados de meus amigos.
– Por aqui. - Sara nos guiou pelo corredor. O silêncio reinava. A casa era escura.
– Ah! - um vulto passou por nós.
– Vocês tão sentindo? - disse Claire.
A sensação de estarmos sendo observados inundou minhas costas. Passamos pelo corredor e vimos um quintal não muito limpo e com tralhas velhas.
– É melhor a gente voltar. - recomendou Steve.
Assim que virei a câmera, vi Sara parada em frente a um quarto. Andamos até lá, quando Sara se virou, mas foi empurrada com força por algo invisível. Steve foi ágil e a pegou.
– Vamos sair daqui!
– Espera. - eu disse, entregando a câmera pra Steve.
– Não entra aí, Valerie! - alertou Claire.
– Filma tudo - disse para Steve.
Nada aconteceu quando entrei. Fiquei parada um tempo na entrada. Nada. Steve entrou devagar, me filmando. A primeira coisa que vi foram grandes desenhos no chão. Steve apontou a câmera também para velas apagadas e outras coisas estranhas. Haviam também papéis amassados, sujos e rasgados.
– O que é tudo isso?! - Sara exclamou.
– Valerie?
Eu estivera de costas pra eles, parada, chocada, e em frente a uma coisa assutadora, que fez meu sangue gelar. Steve filmou aquilo também e não demorou a arquejar.
– Meu Deus!
Sara e Claire se juntaram a nós em um coro de horror.
Havia um quadro na parede; um mural de fotografias. Nele, estavam coladas centenas de fotos minhas, de Steve, Claire e Sara, e até mesmo fotos antigas minhas de criança, e dos tempos do colégio ao lado delas - e pasmei– haviam retratos nossos de nossa estadia em Scarabas.
Recuamos, chocados. Algumas delas estavam riscadas e um pouco queimadas.
– Agora é sério, vamos embora. - advertiu Sara.
– Como assim tem fotos nossas de Scarabas?! - Claire se espantou.
– Estávamos sendo vigiados... - concluiu Steve, horrorizado. - Desde quando estávamos lá!
Algo caiu perto de mim, e pulei. Me abaixando, vi uma caixa de fita.
– Vamos mostrar pra Lila - falei, já saindo do quarto. Steve me entregou a câmera e, assim que me virei, nos assustamos ao nos deparar com a figura débil e fantasmagórica da mãe de Tessa.
– Desculpa... - murmurei.
Ela olhou pra câmera.
– Ouvimos uns...barulhos - justficou Steve, rápido. - Queríamos ajudar...
– Hã...a senhora melhorou? Estava no hospital... - emendei.
– Sim, obrigada por cuidarem da Tessa - disse ela.
– Hã...é, a gente já vai então... - eu encorajei os demais a sairmos dali.
...[...]...
Chegamos correndo pra mostrar tudo à Lila.
– Onde estavam?
– Não vai acreditar...
Mostramos as imagens pra ela, que ficou chocada.
– Olha aqui...perto da Valerie - Sara apontou para uma sombra perto de mim.
– Agora, por que nos seguiam desde Scarabas? - falou Steve.
Lila me olhou preocupada.
– Tudo indica que vocês foram marcados. Parece...uma espécie de seita, não sei.
– Já pesquisei sobre pessoas que se aliam a espíritos dos mortos - contou Claire. - Em troca, eles vivem de novo.
– Tá, mas a gente não faz parte disso - Sara falou.
– E essa fita? - Lila percebeu.
– Vamos ver o que tem - eu peguei e a abri. Era um CD. Um vídeo que não demorei a reconhecer começou a rodar. Eram imagens minhas de criança. No vídeo, mostrou meu aniversário de 8 anos. Lá estavam Lila e minha falecida mãe. Em seguida, eu aparecei brincando sozinha e conversando com um amigo imaginário. Minha mãe me perguntou: "Como é o seu amigo?", e eu respondi com minha voz fina de criança: "Alto e bravo".
Ficamos mudos.
– Mas o que é isso? - exclamou Sara.
– Você tinha um amigo invisível, Valerie? - Claire disse.
– Não sei... - murmurei. Por isso ele queria saber se eu me recordava dele...
– Lila? - Steve falou.
– Às vezes, ela falava sim nesse tal amigo - Lila ficou apreensiva. - E dizia que o via.
– Temos que descobrir porquê nos seguem desde Scarabas. - alertou Steve.
...[...]...
À noite, barulhos. Tessa havia voltado para sua casa, e resolvi vigiá-la. Lila dormia. Do quintal, me agachei pra ver melhor. Com a câmera em mãos, filmei outra movimentação estranha na casa dela. Então vi Tessa na porta. Ela olhou pra casa com raiva e fechou a porta com força.
Precisava descobrir porquê ela e a mãe nos seguiam, e sobre a tal seita. Se estavam atrás de nós desde Scarabas, havia algo que eu ainda não sabia.
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