A Vida (caótica) De Uma Adolescente Em Crise. escrita por Helena


Capítulo 31
Capítulo 31: Wanted.


Notas iniciais do capítulo

Meu Deuuuuuuuuuuuuus!!!!!!!!!!!!! Mil perdões, galera!!!! Sério, meus little pôneis. Eu quero me desculpar por ter demorado tanto para postar. Sério, mas, poxa... Minhas ideias tinham ido pra Nárnia!!! Desculpem-me, de verdade. Enfim, voltei divando a cá com um capítulo.... Sei lá como defini-lo. Ele é... Sei lá, normal? Pode ser ~le da de ombros~
Aproveeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiteeeeeeeeeeeeemmmmmmmmm!!!!!!!!!!!!



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Sim, Cloe sumiu deixando todos preocupados com seu paradeiro. Laila recebeu a mensagem dela e tentou ligar, mas, “magicamente”, ela não atendia ninguém. Depois de tentarem ligar cerca de trinta vezes, Carly, Sam, Ally e Laila desistiram. Já deivam ter deixado uma penca de recados de voz sempre que caía na caixa postal. Cloe simplesmente não dava sinal de vida e isso já estava agonizando a vida de seus amigos.

Não podemos mentir. Assim que a notícia do sumiço de Cloe vazou de Laila para Alison, foi um efeito domino. Nico foi atrás de Laila assim que soube.

– O que ouvi é verdade? - ele perguntou parando a garota na saída. Nico correu por todo o corredor principal da escola e saltou os degraus atrás de Laila, então sua respiração entrecortava-se nas palavras.

– Sobre? - ela também corria para falar e respirar ao mesmo tempo.

– Cloe. Ela saiu mesmo? Tipo, sumiu?

– Como sabe disso?

– As notícias correm, Laila – ele sorriu marotamente enquanto eles caminhavam apressados lado a lado.

Ela ficou em dúvida se respondia algo a altura, ou se seguia o ignorando. Preferiu apertar o passo em direção a saída do colégio onde suas amigas e Daniel esperavam por ela.

– Eaí – abordou-a Alison – Cloe ligou?

– Não. Na verdade, ia perguntar o mesmo – ela disse.

– Mas que droga. O que deu nessa menina? - Daniel exclamou.

– Olha, nós precisamos procura-la. Não tenho um bom pessentimento sobre isso, quero dizer, o que pode ter havido de tão grave para Cloe ter sumido assim? - Claire indagou abraçando o próprio corpo e olhando de um rosto para outro.

– Tem razão, mas acho que devíamos chamar o resto do pessoal – disse Nico.

– Pessoal? - Laila o encarou.

– É, ué. Cloe é irmã do Daniel e Daniel é não só meu amigo, como de Derick, Leo, Patrick e Chase também. Estamos todos nessa. Aceitem isso de uma vez, garotas.

Laila não soube explicar o que lhe ocorreu naquele minuto, mas, nunca se sentiu tão feliz de ter Nico ao seu lado. Ela o encarou de modo surpreso e sorriu instantaneamente. Ele a olhou também e sorriu levemente.

– Bom, então vamos esperar por eles – Alison relaxou os ombros.

– Nem será preciso – disse Nico distraído olhando por cima da cabeça de todos na direção da escola.

Três segundos depois, um Leonard ofegando se juntou ao grupo com Derick, Chase e Patrick vindo correndo logo atrás.

– Que... história é essa que... que a Cloe sumiu? - Leo balbuciou encurvado apoiando-se nos joelhos.

– Uau! - Claire disse sorrindo abertamente – Maninho, você tem algum tipo de sexto sentido ou coisa assim?

– Ahn? - ele levantou a cabeça apenas o suficiete para encará-la – Não. Do que você está falando? O que houve com a Cloe?

– Respondendo sua pergunta, Leo. Sim, a Cloe sumiu – Alison disse.

– O quê? - ele se ergueu alguns centímetros.

– Sim, e nós precisamos encontrá-la – Nico disse.

– Como... encontrá-la? Onde ela está?

– Nós não sabemos – Laila admitiu.

– COMO ASSIM VOCÊS NÃO SABEM? - Leo ficou ereto e gritou com o máximo de força que tinha.

– Olha, Leo, estamos todos tensos, okay? Cloe só mandou uma mensagem que não dizia absolutamente nada sobre onde estava. Nós... - Alison dizia e, neste exato momento, fez uma pausa. Seus olhos encheram d'água – Precisamos encontrá-la.

Chase a encarou e deu um passo em sua direção. Laila leu em seu rosto a clara expressão de quem queria saber o que fazer, ou o que dizer. Ela pode previr seu próximo passo. Ela sentiu que Chase queria poder quebrar algum tipo de barreira entre ele e Alison, abraça-la e puxa-la para ele. Mas, por algum motivo, ele não fez isso e sua expressão murchou.

– Hum... Bem... - ele começou enfiando as mãos nos bolsos da calça – Nós... Nós vamos encontra-la, Alison. Fique tranquila.

Laila também pode ler as expressões seguintes em Ally. Primeiro surpresa, seguida por alegria. Depois algo como um tipo de ressentimento ou decepção. Depois, nada. Inexpressiva. Foi assim que ela o encarou enquanto piscava para espantar as lágrimas. Totalmente inexpressiva.

– Okay, certo – Ally disse olhando de relance para Chase e depois encarando a todos – Devíamos nos dividir e começar logo, não acham?

– Bom, como ficará a divisão? Estamos com apenas um carro já que Cloe levou o dela – perguntou Sam.

– Na verdade, dois carros – Patrick disse – Nico e eu estamos de carro. Só temos que nos dividir em dois grupos.

– Não, precisamos nos dividir mais que duas vezes – Laila sacudiu a cabeça enquanto falava – Apenas dois... Não. Levaria a noite toda. Temos que nos dividir pelo menos em duplas ou trios.

Todos se entreolharam. Alison encolheu os ombros.

– Quem se habilita a nos dividir? - Carly perguntou.

– Bom, se não se importam... - Nico deu um passo a frente – Carly e Patrick podem ir juntos no carro de Patrick. Daniel vai com Sam pelos quarteirões vizinhos dar uma olhada. Alison... vai com Chase. Claire pode ir com Derick, se Leo não se importar. Laila – ele deu um meio sorriso quase imperceptível aos outros, mas Laila notou – Vem comigo no meu carro. Se Cloe saiu assim, bem, tenho minhas suspeitas e acho que sei onde ela deve estar.

– Com licença, só uma pergunta – Carly ergueu uma das mãos – Por que nos dividiu... em casais?

– Ué. Vocês pediram para serem divididos em duplas...

– Ou trios – interpôs Alison.

– … E eu achei que assim ficaria melhor – continuou Nico como se Alison não tivesse interrompido.

– É, mas caso você não saiba contar, eu fiquei sozinho – Leo disse com cara amarrada.

– Okay – Nico soltou o ar – Escolha uma dupla.

Leo encarou a todos. Seus olhos ocilaram entre Chase e Alison e depois mudaram de direção. Eles pousaram em sua irmã, Claire, parada ao lado de Derick.

– Ei, mana! - ele exclamou com um meio sorriso.

Claire revirou os olhos e Laila percebeu, ou pensou ter visto, ela lançar um rápido olhar pesaroso de esguelha a Derick, como se tentasse se desculpar com ele ou algo assim.

– Okay, agora que já estão todos com suas duplas, vamos nos dividir e procurar. Nico, você disse que tinha suspeitas – disse Daniel.

– Bem, se eu fosse Cloe e tivesse saído assim, saberia exatamente para onde ir. Quero dizer, supondo o que quer que tenha havido para que ela tenha saído desse jeito, ela devia estar magoada e querendo respirar, mas não acredito que seja esse o caso. Se eu estivesse magoado ou irritado, iria para um lugar totalmente oposto à tranquilo e harmonioso, como uma party in house. Sei lá. Beberia até cair.

Laila, pela segunda vez no dia, encarou Nico como se ele fosse um álien. Como se não fosse ele ali. Ela ficou instantaneamente boquiaberta.

– Nico! Como você pode deduzir tudo isso? - Laila perguntou com um fio de voz.

– Bem, eu não sei – ele encolheu os ombros.

– Acho que devíamos seguir essa sua linha de raciocinio, Nico – disse Daniel.

Cada um deles caminhou para o lado de sua dupla ou trio, no caso de Derick, Leo e Claire.

– Por onde começamos então? - Carly perguntou parada ao lado de Patrick.

– Bom, Nico disse festas – começou Leo batendo com dois dos dedos nos lábios – Tem uns rumores de uma festa. É na casa do aluno novo... como é o nome dele? Simon? Taylor?

– Tyler? - Laila indagou.

– Esse mesmo. Enfim, eu recebi uma mensagem de texto falando dessa festa aí.

– Mas vamos todos pra lá procurar por Cloe? - Alison perguntou.

– Quem está a pé pode olhar na redondeza enquanto Patrick e eu, que temos carro, vamos nessas tal festas rolando por aí. Que tal?

Todos se entreolharam e assentiram. Logo as duplas e trio se separaram. Patrick e Carly entraram no carro de Patrick e partiram. Alison e Chase tomaram um ônibus. Eles procurariam pela vizinhança de Cloe. Todos os outros, exceto Laila e Nico, se dividiram e foram pelas ruelas e avenidas vizinhas da escola checarem bares e boates. Depois que todos partiram, Laila e Nico se encararam. Laila transparecia uma aurea de preocupação por Cloe tão densa que tornava-se quase palpável no ar. Nico sorriu torto e se encaminhou para ficar de frente com a garota. Ele soltou o ar e apoiou as mãos nos ombros dela.

– Vai ficar tudo bem, Laila. Nós vamos encontrá-la. Bem.

Laila conseguiu dar um meio sorriso e deixou que os ombros relaxassem. Nico e puxou por eles e , juntos, caminharam até seu carro. Eles partiram rumo a festa de Tyler, a maior suspeita de onde Cloe poderia estar.

Logo que você chegava no começo da rua da casa de Tyler, sabia-se quase imediatamente que aquele era, sem dúvidas, o endereço correto, já que a música última casa da rua ouvia-se lá da esquina.

A rua de Tyler era sem saída e sua casa era a “parede” que lacrava a outra extremidade da rua. Não podia-se negar. A casa era maravilhosamente grande. Tinha portões de ferro escuros e esculpídos, que agora encontravam-se abertos. Por trás deles, estendia-se um gramado uniformente aparado e verde e pelo meio dele, serpenteava um caminho cinza de pedras que levava à porta da frente. Já no gramado, notava-se o segundo sinal de que estavam no lugar certo. Haviam vários copos pláticos vermelhos espalhados pelo chão ao lado de rolos de papél higiênico e pacotinhos que podiam muito bem serem camisinhas abertas.

Nico parou atrás de uma fila de outros carros e saltou pela porta do motorista com os olhos pregados na casa de estilo vitoriano luxuoso. Laila repetiu a ação, contornou o carro e parou ao lado de Nico.

– Não sabia que Tyler era rico. De verdade – Laila declarou, pensativa.

Nico franziu o cenho e a encarou.

– Você já o conhecia?

– Bem, nós esbarramos uma vez no corredor da escola e temos algumas aulas juntos – Laila deu de ombros.

Nico abriu a boca levemente, pensando em dizer algo, mas logo fechou.

– Acha mesmo que Cloe pode estar aí? - Laila perguntou distraída enquanto já começava a caminhar até a casa.

Nico levou um segundo para se ligar e segui-la.

– Bem, é muito provável – ele declarou se embaralhando entre falar e andar.

Nico deu mais três passos entes de perguntar em voz alta uma coisa que já a incomodava.

– Laila, o que você acha que pode ter havido...sei lá... Para Cloe sumir assim?

Laila reduziu a caminhada, o que deu uma brecha para Nico alcança-la e andar emparelhado com ela.

Ela suspirou pesadamente.

– Eu... realmente não sei. Quero dizer, me sinto tão inútil por não conseguir pensar em nada que possa te-la magoado. Tudo bem. Nós nos conhecemos a pouco tempo, mas, eu sinto que devia saber de alguma coisa, entende?

Essa era a tristeza de Laila transplantadas perfeitamente em palavras. Ela não quis demonstrar, mas sentiu inveja da preocupação de Alison por Cloe. Alison sim conhecia Cloe a tempo suficiente para detalhar absolutamente tudo sobre a vida da loira. Ela sim tinha mais do que o direito de estar estupidamente preocupada. Cloe e ela eram melhores amigas desde sempre, e Laila sentia muita inveja dessa amizade. Não uma inveja ruim mas uma inveja nostálgica. Sentiu uma pontada de dor ao lembrar das amigas no Brasil. Fernanda e Tamiris, seus portos seguros. Elas eram as pessoas que mais conheciam Laila na vida, e Laila de repente sentiu-se um ser horrível. Lembrou-se que não falava com suas melhores amigas fazia muito tempo. Sentiu uma vontade quase incontrolável de ligar para qualquer uma delas aos prantos implorando por perdão por não ter ligado. Nem se lembrava mais se tinha contado de seus pesadelos a elas. Ela contara? Sentia-se frustrada por não se lembrar e com raiva, já que estava mais que óbvio que ela não tinha contado. Logo para as duas pessoas que sabiam como era para Laila lidar com tudo aquilo.

– Laila, você está bem? - a voz de Nico sobressaiu-se aos devaneios de Laila e ela percebeu que começara a chorar silenciosamente. Instantaneamente, virou-se dando as costas para Nico e sentiu-se envergonhada. Odiava ser vista chorando. Ainda mais por ele, que sempre parecia preocupado quando a garota desabava em lágrimas.

– Sim, eu só... - ela piscava astutamente para espantar as lágrimas e sentiu a presença de Nico atrás de si – Eu estou bem. Anda. Vamos entrar.

Ela passou por ele sem olhá-lo. Se encaminhou pelos portões escancarados da casa de Tyler, atravessou o gramado e alcançou a porta da frente. A música alta fazia com que esta tremesse e sacudisse. Laila já sentia em si as vibrações da música que tocava. Olhou de relance por cima do ombro e percebeu que Nico estava logo atrás dela. Laila suspirou fundo, agarrou a maçaneta e girou, empurrando a porta logo em seguida. A primeira coisa que houve foi a avalanche de ondas sonoras que fizeram os tímpanos de Laila apitarem. Em seguida, as luzes coloridas tipo baladinha quase a cegaram enquanto ela e Nico entravam e encostavam a porta. Logo depois foi aquela visão típica de party in house. Dezenas de seres de quatro braços e quatros pernas na pista de dança e sofás, ou, como muitos dizem, adolecentes quase se fundindo de tanta agarração.

Nico deu um passo a frente e ficou ao lado de Laila. Eles caíram numa salão de entrada amplo e quase sem móvel nenhum. Apenas algusn sofás encostados paralelos as paredes do cômodo e a bancada do DJ ao fundo e dezenas de corpos se esfregando, pulando, dançando e alguns sortudos vomitando no cantinho. À direita do DJ estava o bar com os mais diversos tipos de bebidas que Laila já vira. Sobre o bar, Laila não conseguia acreditar no que via, mas, acredite, aconteceu. Sobre o bar estava uma figura um tanto alta, esguia e loira com apenas metade das roupas no corpo e uma garrafa vazia de vodca na mão direita dançando loucamente.

– Não. Aquela não pode ser... - Nico olhava para a mesma figura sobre o balcão e estava estarrecido.

– Ligue para os outros e diga que a encontramos. Vou até lá pegá-la – Laila disse se preparando para se enfiar por entre as pessoas, mas Nico a deteve.

– Nem pensar. É melhor você ligar e eu vou tirá-la de lá.

– Nico, ela é minha amiga.

– Laila, eu não ligo.

– Por que não me deixa ir até lá sozinha e para de encher?

– Porque nós viemos buscá-la então nós vamos buscá-la.

– Isso não faz o menor sentido!- ela gritou – Olha, é só você ficar aqui que eu...

– Laila? - uma voz chamou acima do som da música.

Laila virou-se para dar de cara com aquele par de olhos cinzas. Ela olhou de esguelha para Nico e arfou por um segundo.

– Olá, Tyler – ela respondeu enquanto o loiro se aproximava deles.

Tyler sorria abertamente. Ele abraçou Laila pela cintura e a ergueu alguns centímetros do chão, demorando mais que o necessário para soltá-la. Laila não soube muito bem como reagir, já que Nico estava ao seu lado, mas não houve muito o que fazer. Tyler tinha um cheiro agradável de alguma bebida alcoolica que Laila não se lembrava de momento. Ele a soltou no chão e pressionou seus ombros.

– Como é bom te ver. Quer alguma coisa? A casa é sua – Tyler disse abrindo os braços.

– Não, obrigada – ela disse lançando um olhar de esguelha a Nico, que estava com as sobrancelhas e os lábios franzidos. Uma veia azul ficou visível em sua têmpora quando ele pigarreou levemente e Tyler o encarou.

– Eaí, cara? - ele disse estendendo a mão para bater na de Nico. Mesmo que o garoto parecesse próximo a dar um soco em um dos olhos cinzas de Tyler, ele estendeu a mão e eles deram um Hi 5 – Você é o Nicolas, né?

– Sou – ele disse seco, totalmente desconfortável.

Laila podia sentir uma tensão se propagando no ar entre eles. Não podia deixar isso continuar.

– Enfim – ela começou se afastando um passo de Tyler – Sua festa está bem legal, Tyler, mas nós só viemos buscar uma amiga, então, vamos Nico?

– Oh não. Por favor, que nossa amiga bêbada não estrague esse momento! Por que você não fica aqui conversando? - Nico a encarou com os olhos vermelhos – Eu pego a Cloe, enquanto isso. Você pode ficar aqui, se divertindo.

Nico usou tanto sarcásmo ao falar isso para Laila que ela não soube explicar como Tyler não sentiu as alfinetadas implícitas dele. Sentiu uma vontade imensa de dar um soco no queixo de Nico e depois em si própria.

Ela precisou de muito esforço para engolir essa vontade e uma penca de palavrões que viriam a seguir, por isso, só o olhou de forma feroz e soltou o ar dos pulmões.

– Não. Ela é minha amiga. Eu vou buscá-la – ela disse, mordendo a língua para não xingá-lo pelo que quer que fosse.

– Não foi a impressão que tive – ele murmurou para ela e se virou para Tyler – Sua festa tá demais, mas eu tenho que encontrar minha amiga, cara. Então... a gente se esbarra por aí – Nico disse lançando um olhar cortante à Laila, dando as costas pra garota e sumindo pela massa de corpos agarrados.

– Tudo...bem – Tyler disse, mas Nico já havia saído dali – Carinha estranho esse, não acha?

Laila sentiu uma onda de pura raiva subir pelo esofâgo. Ela queria muito ter um tijolo para quebrar na cara de Nico naquele instante. Infelizmente, ela não carregava tijolos consigo.

– Estranho não. Completamente idiota, estúpido e imbecil sim – Laila murmurou – Bom, te vejo depois, Tyler.

Laila já ia se enfiando por entre as pessoas, mas Tyler a segurou pelo pulso.

– Sabe, Laila, eu tava pensando... Conheço um lugar bem maneiro e que queria te levar lá. Na quinta. Que tal? - ele disse sorrindo torto.

Laila não soube explicar o que lhe ocorreu em seguida. Se foi a música alta, o cheiro forte de maconha que vinha de algum canto da sala ou a quantidade de informações por segundo que recebeu, mas, ficou instantaneamente zonza. Ela até piscou algumas vezes.

– Ahn... O quê? - foi o que ela conseguiu reunir com toda sua inteligencia.

– Só estou perguntando... sei lá... Quer sair comigo?

Laila ficou boquiaberta. De repente nem se lembrava mais de como era falar.

– Sair com você? - ela balbuciou.

Quero dizer, se você não estiver com ninguém... Oh meu Deus! É isso? Você já tá saindo com alguém, né? - o sorriso dele vacilou – Suponho que seja o Parker ali.

– Nico? Tá maluco? Eu não estou com ele!

– Okay, deixa pra lá. Foi só uma ideia – ele encolheu os ombros e soltou o pulso de Laila. Tyler já havia lhe dado as costas quando algo em sua mente decidiu tomar as rédeas.

– Ahn... Tyler! - ela gritou antes que ele se afastasse – Tem uma festa de um amigo meu na sexta-feira. Você gostaria... sei lá... De me acompanhar?

De onde você tirou essa ideia, Wigon?, a parte sensata de seu cérebro gritou.

Tyler não voltou a se aproximar, mas sorriu e assentiu. Depois, ergueu a mão apontando para o celular, e o colocou próximo à orelha. Ótimo, recomeçou a parte sensata. Agora ele vai te ligar!

A outra metade do cérebro entrou em uma discussão irritante que causou uma leve enxaqueca em Laila, mas logo ela mandou todos se calarem.

– Se divertindo, Wigon? – exclamou uma voz cheia de sarcásmo atrás dela.

Ela virou-se para encarar Nico, o protagonista dessa voz.

– Cala a merda dessa boca, idiota! - Laila urrou. Ela se aproximou dele, notando que segurava algo que ela classificaria estar entre ser um saco de batatas ou uma pessoa em um dos ombros – O que é isso?

– Já que a moça estava curtindo a festa, tive que me encarregar do trabalho sozinho – ele sorriu de um modo nada amigável – Isso é Cloe.

Eles deixaram a festa e caminharam até a rua. Laila acertou quando deduziu que a figura sobre o bar era a amiga loira. Cloe fedia à vodca e tinha perdido metade das roupas. Estava sem um dos tênis, sem casaco e com a regata rasgada e molhada acima do umbigo. Um dos joelhos da calça também estava rasgado. Sua maquiagem havia derretido ou escorrido até o queixo. Ela estava num estado entre o desacordado e o de ser um zumbi.

– Cloe, o que foi que aconteceu? - Laila indagou enquanto passava a mão nas costas da amiga sentada no meio fio ao lado carro de Nico.

– Esqueça essa conversa hoje, Laila. Ela está bêbada demais pra isso. - Nico disse com os olhos pousados em Cloe.

– Não venha me dizer o que fazer, seu inútil!

– Inútil? - Nico murmurou perigosamente – Me explica qual de nós dois foi tirar a Cloe de cima daquele balcão e qual ficou flertanto por aí.

– Eu não estava flertando com ninguém! Mal conheço Tyler!

– Não foi o que me pareceu quando ele veio dizer “oi” e só faltou te pegar no colo e levar pra um quarto!

– Escuta aqui, Parker! Ninguém te deu o direito de falar comigo assim, entend...

– VOCÊS QUEREM CALAR ESSAS BOCAS? - Cloe gritou com voz arrastada e soluçando. Ela parecia a beira da lágrimas – Eu é que estou tendo... tendo um dia ruim!

Nico e Laila se encaram por um instante, depois se voltaram para Cloe, que já chorava feito um bebê.

– Cloe... - Laila foi se aproximar, mas a loira ergueu uma das mãos pedindo que ela esperasse, depois virou o rosto e começou a vomitar no chão.

Nico e Laila se encaram mais uma vez, decidindo mentalmente deixar seus problemas de lado por um instante e ajudar a loira. Depois que ela vomitou, Nico lhe massageou as costas e sorriu de forma aconchegante.

– Vem, Aster – ele a ajudou a se erguer meio cambaleante – Vou te levar pra casa.

Enquanto Laila e Nico ajeitavam Cloe no banco de trás, eles trocaram vários olhares tomando decisões silenciosas.

– Quer que eu ligue para os outros? - Laila disse enquanto passava o cinto transversalmente pelo peito e afivelava.

– Acho melhor – Nico murmurou engatando a segunda marcha e partindo com o carro.

Os ponteiros se ainda aproximavam das 20hrs quando Laila e Nico chegaram com Cloe em frente a casa da menina. Na rua, estavam parados Alison e Chase, enquanto que sentados no meio fio estavam os outros. Laila e Nico saltaram do carro, logo reberam ajuda dos outros para tirarem a loira do banco de trás. Daniel pegou a irmã no colo e, com a ajuda de Sam, levou-a para dentro da casa. Alison, Laila e as outras subiram para o quarto de Cloe para ajudar a cuidar da garota, enquanto os outros esperavam na sala.

Cloe ainda estava em seu estado “desmaiada só que não”, mas não ajudava muito. Colocaram ela embaixo do chuveiro e lhe deram uma chuveirada de água fria pra cortar o efeito do álcool. Depois, Sam e Carly trouxeram um pouco d'água e algumas aspirinas e Cloe as engoliu. Em seguida, vestiu um pijama qualquer e foi deitar sob as cobertas.

– Cloe, o que foi que houve? - Alison perguntou sentando ao lado da loira na cama. A preocupação era transparente em sua voz, mas Cloe nem sequer a encarava.

– Eu estou bem, gente. Sério. Já podem me deixar sozinha – ela murmurou como se não tivesse ouvido Alison ao seu lado.

– Não quer nos contar o que acont... - começou Claire, mas os olhos azuis de Cloe a calaram.

– Eu só quero ficar sozinha, tá legal?

As amigas se entreolharam surpresas, mas assentiram. Aos poucos foram deixando o quarto, restando apenas Laila e Alison ali. Ally olhou para Cloe e sorriu com um alívio sonoro, mas Cloe fechou a cara e não retribuiu.

– Eu disse que queria ficar sozinha. Não ouviu? - ela rosnou com voz baixa.

Alison uniu as sobrancelhas numa expressão de espanto. Sua boca se abriu mas o que quer que fosse falar, Cloe interrompeu com gritos.

– EU DISSE PRA VOCÊ SAIR!

Alison se levantou e encarou Cloe totalmente perplexa. A morena olhou de Laila para Cloe e vice versa.

– Saí do meu quarto, Alison.

Alison ficou com os olhos marejados e deu as costas no exato momento em que Cloe desabava em lágrimas descontroladamente. Laila encostou a porta do quarto e se sentou ao lado de Cloe, envolvendo-a com os braços.

– Eu pedi pra sair – ela soluçou com os olhos cheios de novas lágrimas, mas dessa vez sua voz não saiu tão convincente e amendrontadora.

– Eu não vou sair até me dizer o que foi isso.

Cloe ergueu os olhos até encontrar os de Laila, depois voltou a chorar. Suas palavras estavam presas na garganta, mas aos poucos ela contou a conversa que ouviu de Chase com Leo no corredor e sobre como não conseguiria ficar perto dos dois, nem de Leo quanto de Alison, sem vomitar ou querer matá-los.

– Cloe – Laila começou – Você deve ter entendido errado... Olha, está mais do que na cara que Chase gosta da Ally e ela del...

– SE ELE GOSTA DELA, ESTÁ PERDENDO SEU TEMPO ASSIM COMO EU PERDI! - ela berrou fazendo com que as lágrimas cessassem por um segundo e voltassem com força total depois.

Laila suspirou e voltou a abraçá-la. Sabia que qualquer coisa que tentasse dizer a garota, ela ignoraria e choraria ainda mais. Por isso, optou por ficar calada e abraçá-la.

Isso a fez meditar e concluir uma de suas perguntas internas.

– Foi por isso que saiu correndo, né? - Laila deduziu e Cloe assentiu – Sabe que não vai poder fugir pra sempre, certo? Sabe que terá de encarar Alison e dizer porque a tratou daquela maneira que terá de conversar com Leo sobre... vocês dois, não sabe?

– Claro que sim. Só quero adiar ao máximo – Cloe secou o caminho das lágrimas.

– Assim espero. Só não se esqueça: Quanto mais adiar, pior.

– Eu sei – Cloe baixou a cabeça.

Laila a abraçou mais um pouco e a soltou, saindo da cama logo em seguida.

– Você vai estar com a maior enxaqueca amanhã, por isso recomendo que fique em casa – Laila disse rindo baixo enquanto ajudava Cloe a se cobrir.

– E você acha que eu quero aparecer feito um zumbi de ressaca na escola amanhã? Tá maluca?

As duas gargalharam e se despediram com mais um abraço e Laila deixou o quarto.

Quando chegou na sala a passos lentos, todos estavam parados a encarando. Laila deu a falta imediata de Alison e Chase.

– O que foi que aconteceu? - Sam indagou

– É, nós ouvimos gritos. Cloe lhe contou algo? - Carly perguntou.

Laila pensou em contar, mas sabia que se Cloe contou a ela , era apenas para ela.

Ela balançou a cabeça negativamente.

– Não. Fiquei esse tempo tentando convence-la, mas ela simplesmente começou a chorar e me expulsou.

Carly mediu Laila discretamente com os olhos e franziu a testa. Ela sabia que Laila escondia algo.

– Bom – Laila continuou – Acho melhor todo mundo ir embora. Cloe está bem mas precisa dormir. Daniel, não acho viável acorda-la pra escola amanhã. Ela estará com muita ressaca.

Daniel assentiu.

– Se acontecer alguma coisa, qualquer coisa, ligue pra mim, okay? - Sam suplicou a Daniel entregando-lhe um papel.

– Ahn... Hum... Claro, Sam – ele se engasgou com as palavras e corou levemente.

Sam sorriu de lado e se inclinou para poder beijar-lhe a bochecha. Em seguida sorriu e virou de lado na direção de Patrick e Carly.

– Patrick, pode me dar uma carona? - ela perguntou.

– Claro.

Tanto Carly quanto Daniel pareceram momentaneamente desconfortáveis.

Do lado de fora da casa, foram as despedidas. Leo e Claire iriam juntos e a pé enquanto Patrick levaria Sam, já que os dois são praticamente vizinhos graças a amizade de suas irmãs. No fim, acabaram Laila, Nico, Derick e Carly parados no meio fio ao lado do carro de Nico. Daniel já havia entrado em casa e fora ver como a irmã estava.

Derick e Carly se encararam e pigarrearam.

– Então, Parker. Rola uma carona? - disse Carly com um sorriso.

Laila não disse nada. Apenas encarava um ponto qualquer além dali, com os braços cruzados sob o peito. Nico olhou de esguelha para ela e voltou a atenção para Carly com um sorriso.

– Claro.

Derick e Carly entraram e se sentaram no banco de trás e Nico deu a volta e sentou-se no do motorista. Ele suspirou fundo, se inclinou sobre a marcha e abriu a porta do carona, que esbarrou na perna de Laila. Ela continuava de braços cruzados e cara fechada.

– Laila, você não vem? - Carly surgiu por entre os bancos.

Laila tamborilou os dedos no braço e olhou de esguelha para a prima e dela para Nico. Ele olhava fixamente para frente. Ela pensou em dizer “Não, obrigada. Prefiro a forca” , mas as palavras lhe fugiram. Ela bateu o pé no chão e deslizou pro banco do carona.

Assim que o carro de Nico encostou no meio fio de frente a casa dos Wigon, Derick e Carly saltaram jogando ao ar inúmeros “obrigados”, mas logo sumindo da vista pela porta de entrada. Laila, porém, continuou ali sentada de braços cruzados. Ainda estava irritada ( e põe irritada nisso) pelo modo desdenhoso que Nico a tratou na casa de Tyler. Porém, estava ainda mais irritada por não saber o motivo disso. Poxa, sua voz interior gritou. Eu juro que dessa vez não fiz nada!

Ele tamborilou os dedos no volante.

– Não vai descer? Preciso ir pra casa – ele disse secamente.

Laila só queria uma explicação, e nem isso ele dava. Por fim, ela estalou a língua no seu da boca e abriu a porta do carro.

– Por que você não vai pro inferno, Parker? - ela disse antes de bater a porta e dar as costas.

Ela o ouviu xingar em voz alta, mas a porta abafou as palavras. Quando alcançou a metade do caminho até a porta de casa, ouviu a porta do carro abrindo e fechando.

– Que droga, Wigon! Me desculpe se fui grosseiro, okay? - ele gritou.

Não, a voz maldosa de sua mente disse. Isso não basta!

– Morra um pouco, Parker! - ela gritou antes de empurrar a porta e sumir atrás dela.

Laila encostou-se ereta contra a porta. Pôde contar até vinte antes de ouvir a porta do carro abrir e fechar com mais força que o necessário e o carro deixar o meio fio acelerado. Só depois ela pôde respirar. O que havia dado em Nico para te-la tratado daquela maneira? O que a presença de Tyler causou no garoto? Laila tinha impressão que sabia a resposta, mas sua dedução era sinônimo para uma ilusão quase amorosa. O monstro verde mais famoso de todos. Um tal de ciúmes.


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Notas finais do capítulo

Gostaram, bocós? Esse capítulo ENORME recompensa o tempo que demorei para ter criatividade de escrevê-lo? Digam que sim, vaaaaaaaaaaaai!!!!! Não partam meu pobre coraçãozinho! Não sejam tão insensíveis! Digam, ficou legal? É melhor não terem fantasminhas, sacaram? Quero vocês aqui opinando nem que for para me xingar, okay? Okay. Good byyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyye!



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