A Vida (caótica) De Uma Adolescente Em Crise. escrita por Helena


Capítulo 32
Capítulo 32: De tempo ao tempo, mané!


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeey, voltei o mais rápido que consegui. Espero que gostem desse capítulo... Ah, quem estou enganando? Acho que vocês vão é A-M-A-R!
Aproveitem!



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Ah, caso você esteja se perguntando. Sim. Laila telefonou para suas amigas depois daquela noite. Claro. De primeiro momento, foi alvejada por inúmeros insultos de Fernanda, que criticou Laila em todos os termos no quesito “esquecer das amigas”. Mas após muitos gritos, ela se acalmou e as duas puderam conversar tranquilamente, transformando a noite de Laila em uma madrugada extensa e cheia de risos ao telefone. Laila agradeceu mentalmente que estava tão disperça falando ao telefone que, quando finalmente pegou no sono ás quatro da manhã, estava tão exausta que nem teve tempo de ter qualquer pesadelo com seus pais ou o que quer que fosse.

Sobre seus pesadelos, a propósito. Bom, eles iam e vinham e isso incomodava Laila de um jeito indescritível. Ela temia dormir e sonhar, e depois acordar assustada feito uma criancinha que acredita ter visto um monstro em seu armário. Esse era o problema de Laila. Seus pesadelos eram seu tipo pessoal de monstro e, o pior era que ela sabia que eles seguiriam com ela para todo o sempre sem nunca a abandonar. Isso era a única coisa que Laila acreditava veemente que nunca a deixaria não importando o que quer que acontecesse.

Naquela noite, Laila cogitou telefonar a Nico antes de dormir, mas logo desistiu da ideia por dois motivos. Primeiro, ela tinha seu orgulho inchado e estupidamente grande para engolir. Nico se transformou em tremendo babaca da água pro vinho com ela e isso ela não engoliria tão facilmente. Não sem algum tipo de explicação da parte dele. Segundo. Como foi dito, eram quatro da manhã e a única coisa que Laila conseguia mentalizar era Cama. Cama. Preciso de você. , então, ela acabou por sucumbir a esse pedido tão persuasivo. Não podia negar a sua adorável cama o conforto de seu corpo aninhado a ela, podia?

Uma única coisa explicava perfeitamente os dias que vieram após aquela noite: com certeza, poderiam ter sido muito melhores. Por que? Bom, digamos que tudo ao redor daquele grupo de sete garotos e sete garotas deu um giro de 360º na velocidade da luz. Comecemos pela loirinha. Cloe continuou a se “rebelar” contra seu antigo eu e não parou com as festinhas. Sua frequência 100% na escola decaiu como um foguete por suas faltas excessivas, expulsões de sala de aula e dias matando aula. Isso tudo em tempo recorde de quatro dias. Ela ainda não dirigia mas do que um olhar fulzilativo à Alison, e o efeito que causava em Ally era mais do que notável a quilômetros.

Com Cloe em sua fase “foda-se você e o seu mundo”, Laila tinha que tomar as rédeas estilo mãezona. Nesses quatro dias, cansou de ter que parar o que estava fazendo para ir cuidar de Cloe quando estava bêbada e zanzando pelas ruas de madrugada. Ela ficou de leva e trás quase que em tempo integral.

Quanto à Alison, ela não estava bem. A barreira criada por Cloe para mantê-la afastada já estava dando resultado. Alison quase sempre estava com uma expressão vazia olhando para o nada. Ela já tentou abordar Cloe quase aos gritos exigindo saber o que ela tinha feito para a loira, mas Cloe se negava veemente a lhe dirigir a palavra. Alison aparentava sempre estar prestes a cair em prantos, mas era uma garota forte e não faria isso. Não em público.

Quanto ao assunto Nico. Digamos que o que ele e Laila enfrentavam, se fossem um casal consagrado, o que chamariamos de “DR”, tanto que nem voltaram a se encontrar no tempo que geralmente reservavam para o trabalho de história. Não, Laila não estava o evitando. Eram as circustancias. Além de Laila estar com raiva dele, ela cuidava de uma amiga bêbada em tempo integral, por isso, teve que cancelar com ele.

Tudo bem. Ela não estava ligando para isso (ou não queria estar ligando, ou estava se obrigando a não ligar. Algo assim). Nico também parecia ignorá-la, então não era problema (mais uma vez. Ela queria que não fosse um problema ou se obrigava a pensar que não havia problema). Tudo bem. Ele tentou contato com ela na manhã seguinte à noite em que discutiram, mas Laila foi e sempre será uma enorme cabeça dura orgulhosa. Ele tentou várias vezes naquele dia, mas em todas suas vãs tentativas, ela o desprezou.

– Laila! Da pra me escutar pelo menos uma vez? Que droga! - ele berrou correndo até ela no corredor e interceptando sua passagem para as escadas rumo as salas de aula. Ela quase se tensionou ao seu toque de imediato em sua cintura, mas a parte mais lúcida e sensata de si a mandou ignorar as ondas que passavam das mãos de Nico para o corpo dela.

Ela o empurrou.

– O que você quer, hein? - foi o que disse.

– Só quero entender. Só isso – ele levantou as mãos espalmaldas.

– Entender o quê?– ela grunhiu segurando mais firme a alça da bolsa no ombro.

– O que foi que aconteceu, oras! Por que está me evitando? Por que parece que, de repente, eu contraí algum tipo de doença degenerativa ultra contagiosa? O porquê, é só o que eu quero saber e entender, Laila!

As feições de Nico se suavizaram e ele ainda estava ofegante pela corrida. Sua expressão levemente preocupada irritava Laila de uma tal maneira que ela não sabia se queria chutá-lo, espancá-lo ou matá-lo por se preocupar tanto com ela e ficar tão... lindo ao fazer isso ou...

Beijá-lo, é claro!, riu uma voz marota em sua mente. O quê?, gritou aquela parte ranzinza e sensata de Laila. Beijá-lo, bobinha. Eu sei que é esse outro “ou” que você quer...

– Laila? - Nico chamou-a acordando Laila de sua discussão mental. Ele deu um passo a frente ainda com as mãos erguidas – Vai conversar comigo ou prefere continuar fugindo?

Ei! Eu não estou fugin... Ah, cala essa mente, Laila!

– Não vou poder ir à sua casa hoje. Me desculpe. Preciso ficar de olho em Cloe – Laila babulciou friamente.

– O quê? Mas...

– Agora, se me der licença, eu tenho aula. Até mais ver – e ela se virou abruptamente para as escadas sem esperar ouvir se Nico tinha algo a complementar à discussão dos dois.

Aquela foi a única vez que realmente se falaram na semana. Das outras vezes, ou ele se afastava dela de cara emburrada ou ela contornava o que quer que estivesse ao seu caminho para evitar passar a seu lado. Sim, eles estavam agindo feito crianças imaturas e infantis, mas ninguém ligava para isso.

A semana se passara e já alcançara seu ápice numa manhã comum de sexta-feira. Laila arrumava o material na mochila de frente para seu armário. Perdeu Carly de vista assim que elas e Derick chegaram na escola a pé e a garota disse que ia fazer qualquer coisa e sumiu. Derick. Puff. Virou fumaça. Sobraram apenas Laila e ela mesma juntas a sua mochila em frente ao próprio armário. Por sua visão periférica, viu quando Nico chegou acompanhado (como sempre) por Leo e Chase. Laila sabia que Daniel, talvez, viria com o carro de Cloe mais tarde, depois de ajudar a irmã a se recuperar de outra ressaca. Típico.

Olhares de Laila e Nico se encontraram por meros trinta segundos e ambos desviaram para um ponto qualquer. Quando Nico começou a se aproximar, Laila apressou-se com seus afazeres em frente ao armário. Jogou os livros apressadamente na mochila e chutou a porta do armário. Tudo para não olhar para Nico e se sentir uma completa idiota.

Sim, ela havia percebido tarde demais a criancice que fizera em ignorar Nico e seus pedidos de desculpas, mas nem que lhe pagassem ela se humilharia para pedir perdão. Não mesmo!

Quando Nico e sua trupe já havia alcançado a metade do corredor, Laila já estava com a alça da mochila no ombro e se preparava para girar nos calcanhares e seguir para sua sala, quando algo, ou melhor, alguém ,parado ao lado da porta chamou sua atenção.Logo que seus olhos focaram na pessoa e Laila a identificou, sua bolsa escorregou do ombro e caiu com um baque surdo no chão. Não. Aquela não era... Não podia ser...

Os olhos azuis de Cloe focalizaram Laila e ela acenou. Depois, como se tivesse programado essa entrada triunfal, deu seus primeiros passos em direção ao corredor tendo seus cabelos loiros uniformente encaracolados açoitados por uma rajada sensual de vento.

– Ah meu Deus! - Laila sussurrou enquanto Cloe se aproximava em passos confiantes.

Sim, aquela era sim sua amiga Cloe Marie Aster, mas não era ela inteiramente. As roupas estavam mais despojadas, surradas e sensuais que o comum e ela usava os cabelos esvoaçantes totalmente soltos, coisa que nunca fazia. Laila não podia acreditar. Claro, nem em outra galáxia se negava o fato: Cloe estava ARRASANDO.

Usava uma calça jeans preta justa ao seu corpo definido, botas de cano baixo pretas de salto e uma regata branca soltinha e simples. Da parte da coxa ao joelho de sua calça, alguns cortes deixavam amostra minimamente a pele alvadas pernas de Cloe. Os cabelos loiros estavam jogados para um lado e os cachos largos deciam graciosamente por parte suas costas. Usava maquiagem, mas nada exagerado. Rímel e delineador preto. Só, mas não deixava de estar linda.

Chegou caminhando firmemente até parar ao lado de uma Laila boquiaberta. Todos (no exception, baby) no corredor pareciam ter sua atenção presa na loira. Todos, inclusive um certo Valdez. Este parecia o mais abobalhado e surpreso de todos no corredor. Media a garota da cabeça aos pés sem parar com os olhos castanhos brilhando e logo um sorriso idiota crescia no canto de seu rosto.

Laila piscou algumas vezes e mediu a amiga mais uma vez, sorrindo.

– Oi – Cloe disse sinfônicamente com um sorriso fanfarrão nos lábios.

– Meu Deus! - Laila exclamou – Você está... linda, Cloe. Está ótima.

Cloe, mesmo aparentando ser uma pessoa totalmente diferente, deu aquele seu sorriso meio tímido de sempre.

– Obrigada.

– Se recuperou da ressaca rapidinho, hein? - Laila riu.

Os olhos azuis matreiros de Cloe se reviraram e ela sorriu. Depois , como se pressentisse algo atrás de si, ficou ereta e fez uma careta.

– O quê? - Laila indagou e olhou por cima do ombro de Cloe. Logo achou o problema que se aproximava a passadas astutas.

– Cloe? - a voz de Leo retumbou nos ouvidos de Laila. Ao lado dele, estava Nico. Laila baixou os olhos e depois os ergueu, redirecionando-os para outro lugar além dali.

Cloe deu um suspiro impaciente e se virou. Estalou a língua no céu da boca e cruzou os braços.

– Sim? - ela perguntou de modo falsamente inocente.

Ele sorriu e abriu os braços.

– Tenho que admitir, loirinha. Você está uma gata.

– Me poupe dos seus elogios baratos, Valdez. Encontro coisa melhor na rua – ela disse com um sorriso maldoso brincando nos lábios.

– Ui. A gatinha está brava! - ele riu aproximando-se.

– Sério, Valdez – ela também se aproximou ficando a apenas uma lufada de ar de distancia de Leo. Com seu salto, ela ganhava alguns preciosos centímetros que deixavam sua boca meio centímetro abaixo da dele – Me erra.

Ela disse entredentes e deu um pisão no pé esquerdo de Leo, fincando a parte do salto da bota em seu tênis. O garoto fez uma careta e soltou um gasnido de dor. Cloe se afastou, puxou Laila pelo braço e a arrastou para as escadas em direção a primeira aula delas.

Logo após o período de aula, elas foram dispensadas. Cloe acabou por levar à Laila, Carly, Sam e Claire de carro de volta para casa de Laila. De Alison elas não sabiam muito. A garota só deu as caras na hora do intervalo e depois sumiu. Cloe aparentou não se importar nem um pouco, mas Laila sentiu que a garota tentava mentir para si mesma iludindo-se dizendo que não ligava.

Quando o relógio marcou lá pelas 17hs e pouco, já estavam elas acomodadas na sala de estar jogando conversa fora.

– Ei, garotas! - exclamou Cloe quando os ponteiros do relógio já se aproximavam de marcar 19:00hs – Eu tenho que ir.

– Ué, por que? - Claire, que adentrava a sala de estar com um pacote de pipocas na mão indagou.

– Digamos que eu tenha um lugar pra ir – Cloe sorriu marota.

– Sério? Outra festa? Sério mesmo? - Laila perguntou entediada.

– É, Cloe. Você não cansa de beber? - Sam perguntou.

– Na verdade, agora que comecei... Não, não canso.

– Sua alcoolatra – Sam resmungou jogando algumas pipocas de Claire em Cloe.

– Espere, não estaria se referindo a festa do Valdez por acaso, estaria? - Laila perguntou juntando as sobrancelhas.

– Talvez, por que? - a voz de Cloe soou desafiadora.

– A festa do meu irmão? - Claire se meteu – É sério que é nessa festa?

Por que, Laila? Você ainda não disse – Cloe insistiu ignorando Claire.

– Bom – Laila pareceu instantaneamente mais desconfortável, mas não muito o que esconder. Suspirou fundo e soltou a bomba – Marquei de me encontrar com Tyler nessa festa.

Todas ficaram literalmente boquiabertas. Laila logo sentiu as bochechas corarem e encolheu no lugar onde estava sentada.

Cloe foi a primeira a reagir, com um sorriso a lá “Ei, olhem meus trinta e dois perfeitos dentes brancos!”.

– Um esncontro?

– Não diria que a palavra “encontro” se aplica nesse caso, quero dizer, um encontro é totalmente diferente, correto? - Laila desembestou-se a falar.

O sorriso de Cloe, se é que era possível, ampliou-se mais e ela acrescentou.

– Nico já sabe disso?

Aquilo fez Laila perder a tímidez. Uma queimação tomou a boca de seu estômago subindo pelo esôfago e deixando o fundo da garganta de Laila amargo. Oh sim. Aquilo era mais conhecido como raiva.

– Nico? - Ela sibilou, totalmente incrédula – O que Nico tem haver com isso?

– Sei lá – Cloe deu de ombros, mas sem deixar o sorriso murchar – Ele não ficou chateado quando soube? Magoado, irritado... Nada?

– Bom – Laila baixou a cabeça pois já sentia novas labaredas dançando por suas bochechas – Ele... ele não sabe.

O sorriso de Cloe só se desmanchou por um segundo, para formar um senhor “Oh” e depois voltou.

– Ah Laila... Tsc tsc tsc...

– O quê? - ela não sabia o que dizer. Precisava contornar essa situação e dar o fora dali. Para bem longe, de preferência – Olhem, eu me lembrei que preciso sair... Só levará no máximo uma hora, okay? Quando eu voltar, nós vamos à festa do Valdez.

Ela se antecipou à reação das amigas e já foi apanhando a bolsa, o casaco e o celular.

– Espere, onde você... - Carly tentou, mas Laila já alcançára a porta.

– Volto logo – e saiu.

Laila andava a passos acelerados e impacientes atravessando aquelas mesmas sete quadras até a casa de Nico. Não estava pensando direito. Apenas sabia de uma coisa: foda-se seu orgulho. Ela precisava falar com ele. Precisava saber o que tinha havido a quatro dias que ele tratou ligeiramente mal. Seria algum tipo de rancor guardado a sete chaves dele por ela ou o primeiro palpite de Laila: o ciúmes? Ela preferiu apenas andar e deixar para descobrir o quer que fosse quando chegasse a residencia dos Parker.

O portão alto e de ferro desenhado estava surpreendemente destrancado quando Laila chegou. Ela o empurrou para trás lentamente e passou pela brecha. Caminhou a passos firmes até a porta de entrada e tocou a campainha. Levou um ligeiro susto ao perceber que quem abrira a porta não fora a governanta da casa, Nora, mas sim uma figura mais atlética, alta e masculina de cabelos negros despenteados.

Os olhos dele se arregalaram por um momento. Sua boca só não se abriu em uma expressão de surpresa porque, entre os dentes, ele segurava uma rosquinha.

– Pois não? - ele tentou dizer com o máximo cuidado para não derrubar o alimento no chão. Consequentemente, sua voz saiu falha e embolada.

Laila arfou internamente ao descer os olhos por Nico. Ele não usava nada além de uma calça larga cinza, deixando todo o peitoral definido nu.

Seus pensamentos se embolaram em um nó por um segundo e Laila até se esqueceu do que fazia ali. Um calor descomunal baixou sobre ela. Já começava a sentir as gotinhas de suor na nuca e escorrendo ao longo da coluna até a base das costas. Sua boca secou e ela esqueceu de como se pronunciava as palavras.

Por fim, sua mente lhe deu tampa mandando-a parar de ser tão gay e ir logo ao assunto. Laila pigarreou e encarou as sobrancelhas arqueadas de Nico.

– Acho... que precisamos conversar – ela conseguiu murmurar.

Nico a mediu com os olhos e assentiu, dando-lhe passagem para dentro do salão de entrada.

Laila notou que o cômodo não mudara nada desde sua última visita. Também, né Laila? Foi há alguns dias. Não anos. O que esperava?

– Onde está Nora? - Laila perguntou como forma de tirar a atenção de seus olhos no corpo desnudo de Nico ao seu lado.

Ele tirou a rosquinha dos lábios, dando-lhe uma mordida. Depois, a colocou no prato sobre a mesinha com um vaso de flores no meio do salão. Limpou as mãos com granulas de açúcar na calça enquanto mastigava e engolia.

– Foi fazer compras. Volta em uma hora, acho – ele respondeu - Anda. Vamos subir.

Nico subiu as escadas na frente e Laila, logo atrás. Eles traçaram o cominho que Laila já conhecia bem e entraram no quarto de Nico. Bagunçado como sempre.

Laila passou por Nico e deixou a bolsa aos pés da cama no chão. Virou-se a tempo de ver Nico encostando a porta do quarto. Ele tem lindas costas! , gritou sua mente. Laila revirou os olhos e sacudiu a cabeça, mas seus olhos acabaram por cruzar com o caminho da porta e pousaram nas costas largas e esguias de Nico. Todos os músculos estavam tensionados e retraídos.

Quando Nico se virou, Laila teve a infelicidade de ser pega o encarando. Ele sorriu de canto e ergueu as sobrancelhas. Laila logo sentiu as bochechas rosarem depois corarem furiosamente.

– Então – ele começou – Sobre o que quer falar?

– Bem – essa era uma perguta difícil. Nem Laila saberia responder o porquê de estar ali, quanto mais sobre o que ia falar primeiro – Acho que... - ela engoliu em seco junto a seu orgulho – Eu deveria pedir desculpas. Agi feito uma criança quando você quis falar comigo. Me desculpe.

Nico tinha os braços cruzados na frente do peitoral, salientando ainda mais os bíceps. Ele franziu os lábios e assentiu levemente.

– Justo – ele disse estalando a língua no céu da boca. - Mais alguma coisa?

Laila mordeu a língua. Ela cruzou os braços e mudou o peso do corpo de uma perna para outra.

– Na verdade – ela começou dando um passo na direção de Nico – Tem mais uma coisa sim.

Ela aplicou toda a sua raiva em um único olhar e lançou-o sobre Nico. Então é assim que ele vai me tratar?, sua mente sibilou, desdenhosa. Então que seja!

Depois, com um gesto rápido, desfirou um tapa certeiro na face direita de Nico. O garoto vacilou dos passos para trás com o tapa. Laila aproveitou a desorientação estampada no rosto de Nico e apanhou sua bolsa no chão e já se preparava para sair, quando ele a segurou e a puxou.

– Que merda foi essa, Wigon? – ele exclamou envolvendo Laila com os dois braços e a imobilizando num abraço sufocante de urso. Sua bolsa escorregou do ombro e pousou no chão a seus pés.

Com um chute e alguns empurrões, Laila conseguiu afastar Nico e respirava ofegante.

Isso foi por você ser um completo babaca! - ela gritou sentindo o rosto atingir o ápice da vermelhidão.

– Você quer, por favor, dizer o que eu fiz? - ele gritou.

Laila grunhiu e apanhou o primeiro objeto que viu, um pé de tênis, e o jogou em Nico.

– Você sabe o que você fez! Naquela noite, na casa de Tyler. O que foi que deu em você? - ela gritava arremessando coisas na direção de Nico e acertando apenas 10% delas nele.

Ele desviou de um travesseiro e andou a passos rápidos até Laila e a agarrou pelos braços.

Por que? - ele sibilou – Como você se sentiria se sua melhor amiga estivesse se envolvendo com o maior galinha de todos?

Laila perdeu o fio das palavras por meros segundos e focou os olhos em Nico. Ele se aproximou mais dela, afrouxando o aperto nos braços.

– Acredite. Tyler não o cara legal que aparenta ser. Ele é um idota, Laila. Um tremendo babaca.

A voz de Nico estava suave apesar da respiração acelerada . As mãos deles soltaram os braços de Laila e suas mãos pousaram sobre as dela.

– Nico. Eu quero entender. Me diga a verdade. Por que? Por que isso? - ela também mantinha a voz baixa.

– Como por que? Porque... - ele engoliu em seco – Você é minha amiga. E Tyler é um idiota mentiroso. Não vai na dele.

Laila soltou as mãos de Nico e se afastou um passo. Ela precisava saber se não estava ficando louca. Precisava ter certeza se estava ou não se iludindo.

– Você... não ficou com ciúmes, ficou? - ela murmurou quase que esperançosa.

– Não, eu... Quero dizer, sim. Um ciúmes de amigo.

Aquilo doeu o que não devia em Laila. Seu coração sufocou por um momento e ela sentiu sua esprança escorrendo de si. Iludida. Foi iludida por ela mesma.

– Então por que você se importa comigo? - ela berrou – Vá viver sua vida um pouco e me esqueça. Que tal?

Laila atirou mais um travesseiro em Nico e, nesta brecha, apanhou a bolsa, mas Ncio não deixou que ela alcançasse a porta. Com um puxão rápido e súbito demais, ele a trouxe para perto de si. Laila deixou com que a bolsa caísse mais uma vez enquanto tentava se desvencilhar de Nico, mas ele era sensualmente forte e persistente demais.

– Me solta! Eu quero ir pra casa! - ela quase suplicou, já sentindo sua voz embargar.

– Não. A gente precisa...

– NÃO PRECISAMOS NADA! - ela gritou começando a estapiar Nico nos braços e no peito e a se debater.

– Laila! Pára quieta!

– Me solta! - ela disse pausadamente.

– Você não me dá outra alternativa – ele suspirou fazendo com que Laila parasse por um segundo.

– O que você quer dizer com...

Mas ele não deixou que ela terminasse, apanhando-a pelas pernas e jogando-a de costas na cama. Laila ficou chocada demais para dizer alguma coisa, mas quando se deu conta d que agora poderia sair dali e fugir para casa, Nico já havia sentado em suas pernas.

– Mas o quê? Me deixa sair! - ela gritou batendo nas costas e na cabeça de Nico com um travesseiro.

Nico segurou seu braço e saltou por cima de Laila, imobilizando-a com facilidade. Ela tentou chutar e se sacudir, mas ele pensou em tudo, prendendo as coxas da garota com seus joelhos e segurando firmemente os pulsos de Laila com as próprias mãos (/n.a: sim, ele estava por cima de Laila, sentado nela/).

Laila tentou se libertar, mas só conseguia mexer os pés e os dedos das mãos. Por fim, cansou-se do esforço e bufou impaciente.

– Está mais calma? - ele perguntou.

– Vai pro inferno! - ela babulciou assoprando os cabelos da frente dos olhos.

– Tudo bem, então acho que vou ficar por aqui mesmo...

– Saí logo de cima de mim, Parker!

– Não – ele disse dando de ombros.

– Estou avisando... Saí logo de cima. Agora – ela disse firmemente.

Nico revirou os olhos e desceu o rosto até estar a centímetros do de Laila. Seus narizes quase se tocavam.

– E o que vai fazer? - ele sussurrou ocilando seus olhos entre a boca de Laila e os olhos da garota.

Aquilo a fez engasgar, mas não deixou transparecer. Ele estava tão perto que suas respirações já se bagunçavam em uma loucura de hortelã com camomila.

– Saía daí e vai sentir como vou te fazer pagar.

Nico ergueu a cabeça, numa gargalhada deliciosa. Depois voltou a quebrar o espaço de seu rosto com de Laila ainda mais. Agora seu nariz roçava no dela de um jeito provocante.

Ainda quero ouvir o que você vai fazer. Creio que não esteja em condições de e ameaçar, Laila.

Laila abriu a boca, mas não conseguiu elaborar uma frase decente. Seus olhos revezavam entre os olhosbrincalhões de Nico e seus lábios, que estavm realmente muito próximo aos dela.

– Se não sair, eu vou arrancar um pedaço seu com os meus dentes e depois cuspi-lo na sua cara – ela murmurou em um tom sério.

– Faça isso e eu terei o prazer de fazer algo pior – ele sorriu como uma criança levada.

Laila soltou um riso anasalado e pendeu a cabeça para o lado.

– Como o quê? - ela indagou.

Nico deu de ombros.

– Como isso.

Tudo após essa declaração foi uma cena tão rápida que foi quase impossível para Laila captá-la. Nico baixo o rosto rompendo por completo a espaço entre ele e Laila, selando seus lábios. Laila ficou sem reação de imediato. Ele a beijou? Sério? Não era nenhum truque de sua mente enganosa? Mas logo esses questionamentos foram para o espaço, pois ela retribuiu o contato dos lábios de Nico sobre os seus.

Laila estava perdida em sensações. O beijo se aprofundou quando a língua de Nico pediu passagem e ela cedeu de imediato. Seu coração falhou uma batida e depois ganhou um ritmo acelerado descompaçado. Sentiu as mãos de Nico largarem seus pulsos e descerem por seus braços e levou um susto ao notar que suas próprias mãos se deslocavam lentamente para o peito desnudo do garoto. Nico deslocou os joelhos de cima das pernas de Laila e as posicionou ao lado do corpo da garota. Laila transferia as mãos delicadamente pelo peitoral malhado de Nico enquanto ele, apoiado com uma mão ao lado da cabeça de Laila, puxava a garota para cima pela cintura.

O beijo foi interropido por um segundo pela falta excessiva de ar e eles nem se atreveram a abrir os olhos. No fundo, ambos queriam muito que isso acontecesse, mas não abririam os olhos para deixar com que a parte mais sensata do cérebro de cada um começasse a gritar. Com as testas e narizes colados e roubando o ar um do outro, suas bocas ferozes voltaram a se encontrar, mas dessa vez não se demorou muito para acabar.

– Senhor Parker, eu ouvi gritos do hall de bai... Oh meu Deus! - Nora exclamou levando as mãos aos lábios assim que a porta se abriu completamente.

Nico e Laila separaram os lábios num reflexo rápido a exclamação de Nora. Se encaram por segundos com as respirações disparadas. Nico ainda estava sobre ela.

– Oh meu Deus! Eu não quis... Me desculpem, eu não... - começou Nora com o rosto pálido atingindo um tom de vermelho quase roxo.

– Nico... - Laila murmurou de lábios vermelhos e com a voz instantaneamente rouca e falha.

A boca de Nico se abria de diversas maneiras, mas dela não saíram nada além de ganidos e meias palavras.

– … Eu devia ter batido. Me desculpem – continuava Nora.

Foi como se a voz de Nora houvesse acionado algum mecanismo de “ Ei, acorde, lesada!” na mente de Laila. Ela olhou para si mesma ali. Ficou instantaneamente vermelha e quase sucumbiu a vontade de esconder o rosto nas mãos e gritar. Depois, tomou a primeira decisão que lhe ocorreu.

– Laila, nós... - Nico finalmente falou, mas logo foi interrompido pelo joelho de Laila em sua costela.

Ele dobrou-se para o lado, cobrindo o lado esquerdo do corpo com a mão e gemendo. Laila aproveitou essa brecha e saltou da cama. Apanhou a bolsa no chão e passou correndo pela porta do quarto e por Nora.

– Não, Laila! Espera! Eu... - Nico gritou erguendo-se meio cambaleante e caminhando até a porta do quarto, mas nem chegou ao corredor e ouviu a porta de entrada bater. - Preciso te contar uma coisa.

Nico suspirou e apoiou no corrimão no topo da escada. Nora aproximou-se discretamente por suas costas e massageou o ombro de Nico.

– - De tempo a Laila, Nico – ela murmurou.

Nora deu dois tapinhas no ombro de Nico e desceu as escadas, deixando essa frase presa a Nico. Tempo. Precisou mesmo de todo esse tempo para ele notar? Mesmo? Até daquela aposta do beijo? Precisou disso tudo para que ele finalmente notasse que o que sente por Laila não era nem de longe apenas uma forte amizade? Sim. Parece que precisou de tudo isso sim.


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Notas finais do capítulo

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEENNNNNNNNNNNNNNNNTTTTTTTTTTÃAAAAAAAAOOOOOOOO??????????????? O que acharam???? Mereço reviewns?



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