Mantendo O Equilíbrio - Um Novo Amanhã escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

E então a surpresa, finalmente!
Feliz aniversário, Vinícius :DD Continue esse lindo de sempre, perturbe mto a Milena e ensine juízo pra peste do teu cunhado #vaique Só veja os sinais certos.
E a Milena... bom, ela na vdd mal sabe o que lá lhe espera...

Enjoy.



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Às 18h terminei de me arrumar. Estava na suíte de Djane, para evitar qualquer contato com Vinícius e ele descobrir algo antes da hora. Faltava dar pulinhos de ansiedade, o tempo parecia nunca chegar. Preparei outra surpresa também, me arrumei com primor. Sem muitos exageros, claro, era uma festinha íntima com familiares e amigos.

No espelho do quarto de minha sogra (sou chique, ela mesma me concedeu) dou uma checada no conjunto ao terminar a maquiagem. A última vez que usei o vestido (http://bit.ly/1eAufXg) que detenho em corpo foi na festa do jornal local em que minha avó trabalha, que prepararam a homenagem a ela.

Meu estado de espírito era totalmente o contrário de agora, que tenho um sorriso que não quero desgrudar, um relacionamento mais estável, e até esperanças para com meu irmãozinho querido. O caimento rendado do vestido fica para trás quando me pego numa animação para o teatro da noite. Busquei um perfume na mochila que trouxe com meus pertences e estava então pronta. Peguei minhas coisas e saí para a sala.

Mal encostei a mochila na parede, Vinícius surgiu logo atrás, saído da cozinha, vindo pelo corredor. Um tanto social (http://migre.me/cK0ME), vestia uma camisa acinzentada por debaixo de um blazer de calça escura. Tal modo de se apresentar, adicional de uma colher que trazia na boca, era daqueles de se prender o fôlego. Só o soltei mesmo para rir por ele ter em mãos um potinho de gelatina que eu gostava muito. Mesmo parado com a diferença de uns 5 passos de distância, senti seu perfume, aquele que costuma deixar meu coraçãozinho atordoado de tão bom. Já não bastava ele ser lindo, tinha que ser cheiroso também?

Olhando-me de cima a baixo com os olhos entrecerrados, cabeça um tanto inclinada, ele soltou um assobio de conquista. Crispei um sorriso de falso desdém.

– Essa produção toda é pra mim? Preciso fazer mais aniversários. Ou festas.

– Quem disse? Sei disso não.

– Ah, não sabe, namorada? Pois vai saber.

Ô determinação essa a dele. Deixaria me “convencer” se eu não quisesse o apressar. Por isso desviei de sua investida quando chegou perto. Só permiti me abraçar, porque, bom, adorava estar entrelaçada a ele. Só que isso só pareceu combustível para ele, que queria porque queria me desarmar. Neguei com a cabeça enquanto ele pairava em expectativa de um beijo.

– Nã-ham. Acabei de me maquiar. Te segura aí, não quero borrar logo agora.

– Agora mesmo que quero roubar um beijo.

Uma vozinha me diz para resistir a tal inflexão de voz. Bem difícil. Ameaço.

– E se roubar, vai ser só o que vai conseguir essa noite.

– Namorada difícil essa minha. Não deveria ter uns privilégios? Ainda sou aniversariante.

– Não abusa da tua sorte.

Me desvencilho dele e, travessa, roubo o potinho de gelatina que ele deixara sobre a mesa quando inventou de querer me borrar. Vinícius fica indignado quando dou a primeira colherada. Era de morango, o que ele queria que eu fizesse? Roubo mesmo.

– Mas pra me roubar minha gelatina você pode borrar, né?

– Assumo os riscos por uma boa gelatina.

Vinícius finge uma facada ao peito, uma perda de equilíbrio que o leva ao sofá.

– Você adora me apunhalar o coração.

– Claro, ele é meu. Posso fazer o que bem entendo.

– Me ama mesmo.

Pra me provocar, encasquetou de dizer que estávamos atrasados porque eu estava demorando a largar as gelatinas. Que provavelmente haveria gelatina na casa de seu avô. Mas não teria, não lá na casa de seu Júlio, teria na sua festa. Que ele não sabia que iria rolar ali mesmo. Iríamos sair pra voltar. Para dar veracidade ao teatro, o ameacei mais uma vez, de que mais uma gracinha e nada de beijo por uma semana. “Até parece que você consegue”, ele duvidou. Apenas um “experimenta” foi o bastante para fazê-lo voltar atrás.

Dramas à parte, saímos de casa. Seu carro estava na porta. A um ombro eu levava uma bolsa-carteira preta de alça com algumas coisas. Estrategicamente havia deixado o celular no criado-mudo do quarto de Djane, antes de mandar uma mensagem a meu irmão para ficar a postos, de olho para nossa eminente saída e uma para Wellington, para que aparecesse na porta de sua casa.

Na verdade, eu fui a primeira a sair, vi meu irmão na casa do vizinho da esquerda, bisbilhotando nossa saída. Cheguei perto o bastante dele quando fui rodear o carro simulando que iria entrar no lado do carona. Apontei para que se afastasse mais e foi nessa hora que Vinícius apareceu do lado de fora, perguntando o que eu estava fazendo.

– Era uma abelha acho.

E lá estava Wellington quando abrimos as portas do carro. Ele nos gritou:

– Vinícius, Milena! Que bom que vi vocês. Alguém quer dar os parabéns aqui.

Fomos. Baixinho para mim Vinícius resmungou um pouco sobre nós estarmos um pouco atrasados, pois era mais 18h e “marcamos” 19h na casa de seu avô. Ainda “pegaríamos” engarrafamento, afinal, era uma terça-feira comum num horário de pique. Como eu me segurava para não rir descaradamente.

Entramos na casa de Wellington, que ainda nem havia tirado os enfeites de Natal da árvore que tinha na entrada, ainda era começo de ano mesmo. Fomos recebidos pelo próprio e a irmã, Wanessa, aquela que estava na mesma maternidade em que Alexandra foi parar quando quase deu a luz em pleno centro comercial perto da minha faculdade. Amiga de Becca, ex-falsa-namorada de Vinícius, Alexandra teve alguns problemas durante o início do parto, por isso fiz companhia à Becca que estava muito nervosa na ocasião – e eu muito injuriada com Vinícius, porque achei que ele flertava com enfermeiras de lá, quando na verdade tinha encontrado o amigo Wellington, que havia chegado na cidade só para o nascimento dos sobrinhos.

Em outras circunstâncias, quando Vinícius me falava dela, até tive pontadinhas de ciúmes, mas é uma coisa que deixei para trás. Agora a saudava com gentileza, que também me abraçou. Não cheguei a conhecer seu marido, que, como o irmão dela, era militar. Estava numa missão de recrutamento em outra cidade, por isso Wellington estava em casa. Ela brincou que Vini era um cabeça-dura que precisava de alinhamento, que eu era uma boa candidata isso. Enquanto o felicitava, Wellington piscou-me o olho, com graça.

Foi então que o celular de Vinícius tocou, logo que as crianças começaram a chorar. Wanessa sabia bem do plano, porém, teve que verificar seus filhos no quarto com a mãe antes ver o começo da ação.

– Sim, ela tá aqui. Espera um momento... é pra você, Lena, a Flávia.

Hora do show.

– A Flávia? E por que ela ligou para o seu celular?

– Não sei, atende.

Amei a carinha dele de inocente, que deu de ombros. Peguei o celular de suas mãos e senti que tanto ele quanto Wellington me observavam.

Eu estava em meu papel já.

– Oi, Flávia, que foi?

– A galera já arrumou tudo, estamos no ponto. Podem vir. Estou no viva-voz. Curte aí com a cara dele.

Ouvi risos de todos na sala, só não pude acompanhá-los. Fingi-me de intrigada.

– Mas eu não ouvi tocar. Sério. Se for aquela história da operadora de novo, eu vô amanhã reclamar. Aposto que vão alegar aquela desculpinha sobre as chuvas. Deixa eu procurar aqui na minha bolsa...

E “procuro” mesmo. Do outro lado meus amigos riam mais e davam gritinhos.

– Já sei, Flá, porque não escutei. Porque não tá comigo. Acho que deixei na casa de Djane... Não, tô na casa de Wellington. Ok, não esquece de verificar o check-list que o professor Carvalho deixou. E me manda por e-mail antes de sair de casa. Te vejo daqui a pouco, tchau.

Desligo. Eu não falei nada com nada. No entanto, para Vinícius, que mantinha uma conversa paralela com o amigo, aquilo era muito normal, coisas da faculdade.

– Temos que voltar na sua casa, devo ter deixado o celular lá.

– Ok, vamos logo.

Com uma despedida rápida, voltamos à rua, para a porta de sua casa. Antes disso Wellington me confidenciou baixo que ele e a irmã iriam só dar uma olhada nos gêmeos, trocar de roupa e aparecer na festa. Quando Vini virou a chave do portão, lhe digo para ele mesmo pegar meu celular, que devia estar ou na mesa da sala ou no criado-mudo do quarto de sua mãe, que eu o esperaria na porta, pois uma tira de minha sandália havia saído do lugar e eu iria ajeitar ali mesmo.

Então ele foi, distraído. Eu na maior expectativa de como seria, observava com cuidado da porta, contando os segundos já, quase roendo a unha. Vi quando ele subiu os degraus da varanda, quando colocou a chave na porta da sala. Virou, abriu. Nada ainda. Da porta mesmo ele busca o interruptor para ligar a luz do ambiente e BUM, uma gritaria sai de lá com um “SURPRESA” e foi lindo a maneira como ele jogou os braços ao rosto para se proteger do espanto, que foi tamanho para que ele desse um pulo para trás. Mesmo com o riso geral, ele manteve uma expressão de real surpresa, abobalhado.

Fecho a porta da rua, corro para onde estava, rindo enfim, abertamente, e sendo camuflada por cornetas que a galera tocava sem sincronia. Nem eu sabia dessas cornetas. Vinícius ainda não acreditava.

– Mas eu acabei de sair daqui. Como que...?

Foi o que ele resmungou, estupefato. Não sabia para onde olhava, pra mim, para a mãe que lhe abraçava, para a galera ao fundo na sala. Apenas sorri travessa, e dei de ombros. Quando se soltou de Djane, ele ainda processava a informação. Acho que realmente o assustamos.

Logo algumas pessoas vieram dar os parabéns, como Murilo, Flávia, Gui, Dani e Bruno, que o abraçaram e trataram de tirá-lo do estado “espantado” que ainda tinha. Quando pude chegar a ele, estava mais ciente de sua festa.

– Foi você o gênio do mal que planejou isso?

– Foi. E arrastei a galera comigo. Por quê?

– Nunca me fizeram uma festa surpresa. Tô impressionado.

– Sei que já disse isso hoje umas 5 vezes, mas... Feliz aniversário, namorado.

Me programei para ser a primeira a dar seus parabéns no dia. Porém, como não queria perturbar seu sono, mandei em forma de mensagem de texto. Só pude lhe ligar lá pelas 9h30 da manhã quando finalmente acordei. Pensei que só Djane teria o parabenizado... e não, MINHA MÃE passou na minha frente e ligou primeiro, às 8h da matina quando ele chegava ainda no trabalho. Pra compensar, eu dizia-lhe feliz aniversário toda hora. Por quê? Porque eu podia, e minha mãe não.

Vinícius me abraça de lado e... e alguém puxa um coro.

– BEIJA, BEIJA, BEIJA!

Claro que ele simplesmente ri presunçoso, porque era isso que ele queria fazer antes de sair de casa e eu não o deixei. Levei a mão à testa por ter que ceder, pois, vi que até Djane estava levantando o coro com as palmas. Tínhamos que dar à plateia o que ela queria, pensei não me aguentando com a situação. Felicidade tem essa tendência de nos deixar idiota, viu. Aí me virei pra ele e me notei mais boba ainda ao contemplá-lo de tão perto. Seu perfume mexia com meu sentido a ponto de me tirar a sintonia da sala, como se ele fosse toda a minha atenção e o resto, apenas um quadro de fundo.

Era um quadro longe bem longe quando todo animado sua mão deslizou firme de minha bochecha para minha nuca num seguro movimento de me levar a ele, para então saciar-me e saciar-se num beijo nada delicado, mas sim entusiasmado. Os assovios se seguiram e ainda assim todos pudemos ouvir a declaração de meu irmão para a cena:

– Peraí que eu não quero ver isso aí, não.

Nem precisou ver se foi ele mesmo quem quebrou. Não que isso tenha nos irritado. Murilo foi tão espirituoso em sua fala que espalhou a comicidade e fez todos rirem mais. E como gosta de atenção, dou um pouco a ele, ainda abraçada a Vini, que recebia os cumprimentos de Becca e Michelle, que também consegui convidar.

Apesar de não conhecer Michelle mais que umas vistas, foi bom ouvir sobre a Alexandra, sua irmã e como andavam o pequenino que eu e Vini ajudamos a vir ao mundo. Não, nós não fizemos o parto, eu só quase vi a luz se meu namorado não tivesse acelerado aquele carro a caminho da maternidade.

– Cadê a música, Murilo? Não roubei aquele pen-drive do Vinícius pra deixar todo mundo no silêncio.

– Tô indo, tô indo.

A sala estava bem espaçosa por a galera ter empurrado alguns móveis, como o conjunto de sofá e a mesinha central para a parede. Na copa mais atrás, umas lasanhas, salgadinhos e sobremesas estavam dispostas na mesa, onde alguns convidados já se serviam. Não eram tantos assim, só os que ele gostava. Apesar de que Iara e Filipe não serem seus preferidos (e nem os que gostava) e que Sávio era ainda um desconhecido (acabei o convidando por educação). Os balões estavam dispostos por toda a sala, nas colunas e paredes, colorindo bem o espaço. Nossos amigos foram bem prestativos para esse trabalho.

Logo uma música começou a tocar e, com a ajuda de Gui, Murilo ajeitava as caixas de som da sala para melhor animar a festa. Era uma das preferidas de Vinícius, uma música bem agitada e dançante.

Trilha indicada: Finger Eleven – Paralyzer

http://www.youtube.com/watch?v=BJk6gZuPKRE

– Você pegou meu pen-drive? Que horas foi isso? Tá virando mulher-gato agora é? Se bem que... Não me importo nem um pouco de ser seu Batman.

Minha cota de tramoias eram grandes ao que parecia, para ele ficar tão impressionado assim. Mas essa cantada dele... não, eu não ouvi isso. Não dele. Porque foi péssima.

– Não, Vinícius... Olha, vou fingir que não ouvi essa última. E tive que pegar seu pen-drive, claro, a festa é sua e tem que ter seu gosto musical. Não gostou?

– Acho que tô com a cara de mais idiota do mundo. Só eu não sabia de nada.

– Claro, era surpresa, ué. E você tem que ligar para o seu amigo Anderson... Eu roubei o número dele, mas o bendito não quis me atender. Ele foi o único que não consegui falar.

– Só você mesmo pra me deixar tão extasiado assim, ainda tô tentando formular na cabeça como vocês fizeram tudo. Pensei que seria apenas naquele esquema de vocês de matar aula...

Um grupo da galera já estava reunida no meio da sala curtindo. Vinícius queria mesmo conversar? Detalhes, meros detalhes foram o arquitetar disso tudo. Puxando-o pela mão ao centro onde os outros dançavam, eu o tirei do transe da surpresa.

– Era o que queríamos que pensasse mesmo. Os detalhes conto depois, foi uma loucura boa. E seu vizinho do lado foi muito prestativo, devo acrescentar. Agora dança comigo, que você deu um jeito de me viciar nessa música.

~;~

Mesmo com muita conversa, comida e dança, Vinícius conseguiu, dado um tempo, me arrastar para seu quarto. Eu tentava lhe entregar meu presente, que ele insistiu em deixar no montinho que fizemos no sofá com os que a galera havia levado a ele... Disse que tinha algo pra me falar. O que seria isso? Por que não falar na frente de todos?

Ah tá, porque não era bem em palavras que ele queria... hã... expressar. Quando chegamos ao seu quarto, nem precisou ligar a luz, pois nem oportunidade tivemos se ele me agarrou antes de qualquer coisa. A festa soava tão distante conforme trocávamos leves beijos amparados na porta aberta. Só a luz do corredor iluminava-nos parcialmente.

– Feliz?

– Muito mais que feliz. Tô besta até agora. Sério, não esperava por nada parecido. Era por isso que estava inquieta esses dias? Não precisava.

– Aham. Fiquei muito ansiosa. Claro que precisava, é seu aniversário. Precisava de uma festa decente, bem diferente daquela sua reuniãozinha que acabou num blackout.

– Tive o que eu queria. Você.

– E ainda me tem.

– Não sei como, mas tô te amando mais ainda agora. Obrigado. Por tudo.

Não quero mais nada para essa noite se tudo que ele me diz e me faz sentir já me encheram o peito. Se continuar, eu transbordo. Incrível como sempre sou eu quem quebra o momento, porque se depender dele...

– Vini, temos que voltar. Devem estar sentindo nossa falta.

– Deixa sentirem.

– Vini! Já agradeceu o bastante, bora.

– Só mais um...

Pior é que eu quero esse “mais um”, que joga toda a eletricidade para meu corpo. E ele tem plena consciência desse efeito.

– Assim nunca saímos daqui.

Adiantava dizer?

– Eu não me importaria.

– Mas eu sim. Não quero ser pega de novo. Ainda mais com a casa cheia.

– Ok, ok.

Ele levanta os braços em rendição enquanto vou o empurrando para fora do quarto. Ao tomar a frente do corredor, ele demora um pouco a processar que eu fiquei ao fundo e não estava o acompanhando. Tinha ficado no banheiro, que dava de frente a seu quarto. Ajeito meu cabelo no espelho, além do próprio vestido que estava fora do lugar, e ele volta com aquela pergunta muda do por que não estava indo com ele.

– Tenho que arrumar o que você bagunçou.

– Está linda.

– Tô descabelada. E você tem até batom na boca. Pega, limpa aí.

Ele aceita o pedaço de papel que lhe entrego, passa por onde aponto que passe. Resmunga para me chamar atenção:

– Não sei por que você ainda passa batom se toda vez eu tiro. Pra quê insistir?

– Você não tá perguntando por que uma mulher passa batom, está? Tá muito engraçadinho esse meu namorado. Perdendo a noção do perigo.

– Opa, opa, não vamos nos precipitar. Não me importo de tirar, de qualquer maneira.

Repreendo-o, só pra tirar o sorrisinho sacana que se desenhou em sua face.

– Vini, não tá melhorando.

– Milena, você é linda de todos os jeitos. Linda até enquanto dorme. Pra você ver, tem hora que não acredito que é minha. Fico na dúvida cruel às vezes de te admirar ou te acordar, só pra te beijar.

Ele sabe melhorar bem um discurso, como usar de seus atributos para me entrelaçar a ele. Nosso contato visual se dá pelo reflexo do espelho, pois ele me abraça por trás e apoia a cabeça em meu ombro. Se eu falar algo demais, ele vai ficar todo vaidoso. Assim, tenho cuidado com o que digo. Só não esperava que tivesse outra pessoa de plateia...

– Hum... De onde saiu essa fofura toda?

– De mim.

Wow. Filipe. Pai dele. Na porta do banheiro. Constrangedor. Me enterrem.

Primeiro foi Djane que me pegou numa situação comprometedora na cama do filho, agora Filipe. Que vergonha... Me desvencilho de Vinícius e sem cara para cumprimentar seu pai ali, rasgo qualquer besteira que vem na cabeça.

– Uma ótima cesária, hein, tio.

Nunca deixei de chamá-lo de tio. Acho que agora ele gosta. Vai entender.

Antes que Vinícius perguntasse algo, Filipe diz o motivo de sua aparição. Que não precisava ser tão repentina, meu coração indo no teto me diz.

– Seus amigos chegaram.

Vinícius me entregou o papel para que eu pudesse jogar fora e saiu do banheiro. Um pouco constrangida ainda, dei um sorrisinho amarelo e sem-graça para meu sogro, que não estava nada indiferente ao que tinha presenciado. Mas também nada falou, para meu agradecimento interno. Meu cabelo ainda estava uma zona, que trato logo de arrumar. Se chegasse lá fora do jeito que Vini tinha deixado, TODO mundo ia sacar.

Volto ao movimento da sala e Vini acena para mim perto de onde estava o sofá. Um cara bem alto, de cabelos lisos e claros, estava ao lado de uma garota que parecia uma boneca de tão delicada que era. Uma loira de sorriso afetado para os dois que conversavam animadamente com ela. Ok, acho que não era tão afetado assim.

Antes de me aproximar deles, falo com Sávio e Gui perto da mesa, que riam de alguma coisa que Flávia contava de Murilo resmungando sobre os balões. Era uma parte dos bastidores da festa que eu ainda não sabia, mas também não era a hora. Belisco uns salgadinhos e não deixo de perceber os olhares que Aline lançava a Murilo, um burro que não se tocava, só se defendia de Flávia. Para meu alívio, Sávio parecia bem mais a vontade participando da conversa, temi que ele se sentisse meio fora da festa, afinal, nos conhecíamos não fazia 24h e já estava metido na nossa bagunça. Espero que Murilo não tenha se comportado mal com ele, só espero.

– Anderson, Susana, essa é a Milena.

– Ah, a famosa Milena do colar de bonequinha, hein.

Anderson brinca ao apertar minha mão num cumprimento. Aproveito a moeda.

– Ah, o famoso Anderson que não quis me atender. Quando finalmente consegui dobrar o Vinícius pra pegar teu número, fiquei sem celular. Chego em casa e arranjo uma cara-de-pau pra te ligar quase meia-noite, teu celular só dá fora de área. Anderson, fala aí, tu num queria era ser avisado, né?

Bem descontraído ele me responde. Gostei de seu jeito.

– E não é que você acaba de me dobrar aqui?

Porque ele queria fingir ofender o Vini com a história do colar de bonequinha.

– Desculpa, meu celular quebrou faz uns dois dias. Tô com um provisório. Até pra atender a ligação de Vinícius foi uma dificuldade. Teve que ligar pra Susana.

Que é a garota que acompanhava Anderson. Eu acho. Ela aproveita a deixa para entregar a caixa embalada de presente para Vinícius, que recebe agradecido.

– Então, Vini, trouxe uma lembrança. Coisa pequena. O cabeça aqui me avisou ainda agora, só me deu tempo de ir no shopping universitário do lado da faculdade. É uma camisa, espero que seja seu tamanho.

– Valeu, Susana. Não precisava.

Não precisava era desse abraço todo meigo nele. Não foi legal de ver. Ok, me segurei. Ou pensei ter me segurado... Porque noto que Anderson me olha um pouco estranho. Fico desconfortável, procuro algum assunto para mudar o foco da situação. Só que ele faz isso primeiro que eu. E eu gelo, simplesmente gelo pelo que processo.

– Espera aí, eu lembro de você.

De todas as vezes que já ouvi isso, não me parece nada, NADA bom.


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Notas finais do capítulo

Ela maquinou tanto tudo, menos isso.
E o que seria isso? No próximo ela diz :)



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