Mantendo O Equilíbrio - Um Novo Amanhã escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Shippers shippando ♥ Vinícius & Milena ♥

Enjoy.



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Estava inquieta. Ansiosa era uma palavra melhor.

Vez e outra olhava o relógio do celular ou mesmo o checava para ver se tinha alguma mensagem, aviso, problema. Porque é sempre o que aparece de última hora e queria estar bem atenta. Queria tudo perfeito.

Só que não era na perfeição que eu conseguia esconder tais preocupações...

– Lena, me diz logo o que tem de errado.

– Nada.

– Sei.

Acabara de chegar na casa dele, era pós-almoço, Djane estava saindo quando parei na porta. Me deu sinal de positivo. No quarto de Vinícius, eu tentava não transparecer tanto, o que era difícil. Não achei mesmo que conseguiria o enganar por tanto tempo. Queria logo ver sua carinha surpresa e feliz.

Saindo da escrivaninha onde escrevia e-mails no notebook, ele pairou por perto.

– Tem alguma coisa rondando essa cabecinha faz dias.

– Como se na sua não rondasse...

– Então esquece. Eu tenho mais direitos.

Fiz o mesmo que na noite passada, deixei um “hummmm” de três segundos antes de respondê-lo com graça:

– Proposta difícil.

– Ah é? Vamos ver.

Sim, ele fez um grande requerimento de atenção. Se lançou à ponta da cama onde eu estava sentada e, de joelhos nela, me puxou para si, de onde eu não tinha intenção de sair mesmo – como gostava de dar de encontro nele!. Apesar de querer provar seu ponto com muita força de vontade, seu beijo era calmo na hora de me roubar a cena, além de abrasador e bem aprofundado. Não adiantava dizer o quanto ele tinha minha atenção, ele sempre quer a marcar bem.

Não demorei a notar os travesseiros às minhas costas, estava sendo deitada por ele. O nervosismo de outrora só mudava o foco, deixava as coisas da festa pra lá pra dar espaço ao que fazíamos. Como quase não realmente ficávamos juntos e sozinhos, nada demais acontecia. Porém, embalada por seus beijos, que se estendiam breves pela minha mandíbula indo para meu pescoço, eu sentia que ele já sabia que tinha minha total atenção e não queria parar. Bom, eu também não queria que parasse. O caso é que o caminho que seguíamos tinha um fim... e esse fim não era alguma coisa que queríamos chegar apenas por instinto. Mesmo que já tendo chegado a ele uma vez.

Ainda assim eu não estava lá muito preocupada com isso, nem bem temerosa. Por já ter nos entregado um ao outro me sentia mais assegurada. Parte de minhas questões relacionada a sexo se foram naquela outra tarde não tão longínqua, assim como outras questões também foram se esvaindo devagar conforme nosso relacionamento andava. Mas claro, claro que dava aquele leve tremor pelo corpo pelas superfícies nossas de contato, havia certo descontrole de ambas as partes.

Então ele se apoiou num cotovelo e parou, assim, simplesmente, inspirou com dificuldade no vão de meu pescoço, o que poderia ser interpretado com uma carícia. Interpretei de primeira. Não era? Estava logo bem diante de meu colo que respirava o pouco ar que ele tinha me deixado de tão perto que estava. Seu cheiro me dominava, um perfume tão a cara dele. Como um vigia, seus olhos não saíam desse trecho de meu corpo, exposto ainda mais pelas alças pendentes de meu vestido... Olhos ansiosos e bem centrados.

Eu mesma o puxei dessa vez, pela gola da camisa, porque mais um minuto com ele me olhando daquela forma... Tive que tomar atitude. Era como uma sede dele. E Vinícius não negou, foi ávido também. Mas novamente, dado um tempinho, ele foi se desvencilhando de mim, aos meus protestos, que sempre o puxava de novo. Enquanto uma hora ele parecia totalmente relaxado, por então ele aparentava meio... controlado.

Me sussurrou.

– Não assim, não... não agora.

Num movimento rápido, ele se levantou, o que lhe causou certa tontura, vi pela força que fechou os olhos e tentou se equilibrar na escrivaninha ao lado. Algo estava o desnorteando, que me era difícil dizer se era engraçado ou não. Conforme Vini se afastava da cama, perambulando o silencioso quarto, eu ia amainando. Se ele não tivesse parado, talvez... talvez eu não teria parado também.

– Desculpa. Não era bem minha intenç... é que... bom, acho que vou tomar um banho e... eu já volto.

Nem esperou minha resposta, saiu do quarto tão rápido que nem vi quando ligara o ar-condicionado. Só sabia que estava ligado pelo zumbido que passou a reproduzir. Acho que eu estava prestando mais atenção no modo que saiu puxando a gravata pelo pescoço – pois, até então, estava com as roupas de trabalho. Com a aparência cansada, ele havia me dito quando cheguei que estava com preguiça de trocar de roupa, mas que logo iria para um banho e ficou enrolando até... até o presente momento... que havia o acendido. Era ele quem estava inquieto agora.

O que isso queria dizer? Digo, por que ele disse não? Por que ele pediu desculpas? Eu não era intocável. Era? Não, não era.

Qualquer preocupação sobre sua festa ficou num plano mais que fundo enquanto eu mais deitava na cama e me fincava nessas dúvidas. Nem percebi quase quando ele voltou ao quarto, já em trajes de dormir. Era claro seu cansaço, daqueles que deixa os olhos de qualquer um pequenos e a boca não parava de bocejar. Bastou ele coçar os olhos quase fechados que preferi deixar minhas incertezas de lado e fosse cuidar desse teimoso que aposto ter ido dormir tarde sabendo que ia levantar cedo. Tinha pra mim que eventualmente ele iria falar sobre aquilo, porque era isso que fazíamos desde o incidente do vaso após o Natal, discutíamos nossas inseguranças.

Era assim que progredíamos, então, pensei, melhor não me preocupar com aquilo que só me remoeria sem propósito algum. Aproveitaria melhor aquele climinha e, acho que de tanto dar na cara seu sono, eu mesma comecei sentir minhas pálpebras pesadas. Sem muitas palavras, ele só se aconchegou, senti um pouco de sua tensão e como foi relaxando aos poucos até que saquei que o sono o tinha levado. Não demorou muito e eu quase fui logo junto. Ouvi um tremelicar na cômoda que estava ao meu lado com o abajur, era meu celular vibrando no silencioso. Quase o deixei para lá.

Não pude evitar de rir sozinha quando tentei me virar para alcançá-lo. Vinícius sempre teve uma “força inconsciente” que sabia quando eu me mexia e, em defesa, se é que posso chamar assim, ele firmava seu aperto com seu braço à minha cintura para que eu não o deixasse. Era uma coisa fofa que eu adorava nele, que, de certa forma, acalmava aquelas dúvidas que me acometiam até uns minutos atrás.

Ele me queria, fato, e nem que fosse negar, seu inconsciente me diria totalmente o contrário. Havia uma serenidade nele para demonstrar isso, mas eu esperaria... esperaria que logo sabia que iria abordar. Olhei a mensagem de Flávia e outra de Murilo. Estava tudo nos conformes.

~;~

Ainda bem que dormi. Apesar de não ter uma aparência cansada, sentia sim o peso de algumas coisas. Passei dias de planejamento, perambulava, falava com um e outro, arranjava uma coisa ali e acolá, arrumava não sei o quê... Era um aniversário simples, porém, tinha uma check list grande para cumprir. E uma ansiedade terrível!

Me sentia responsável. Algumas coisas já tinham dado errado, outras mais seria frustrante. E isso foi bater lá no meu sono, mesmo que eu não tenha dormido pensando nisso. Acordei quase num pulo de susto e por pouco não soltei sobre a surpresa. Dei um longo suspiro e me deparei com Vini me observando calado, sossegado.

Deslizou uma mão por minha bochecha enquanto eu expirava devagar.

– Um sonho ruim?

– Não... só um lembrete, acho. O tipo de coisa que você acha que esquece e de repente ela volta para você, assim mesmo, do nada. Que horas são?

– Umas 16h30. Ainda tá cedo. Sabe que por mim ficaríamos por aqui mesmo.

– E que por mim, temos que nos aprontar para o jantar. Mas temos um tempinho.

– Pode voltar a dormir se quiser...

– E quem estava morto de sono era você.

– Falou bem, “estava”. E se não for dormir, eu queria... bom, tenho uma pergunta em mente, mas quero saber primeiro se não está adormecida. É importante... e talvez meio indiscreto. E íntimo.

Ele estava desconcertado? Inquieto estava, sentia pelos seus leves movimentos que pareciam calculados. Aquilo certamente o incomodava, mas como incomodava... eu iria descobrir. Até que foi rápido para abordar o assunto. Porque ele jogava a semente daquelas minhas preocupações, não?

– Pode perguntar. Estou acordada.

Ele suspende um pouco o corpo para se recostar na cabeceira da cama. Vacilante, sua mão passa pelo rosto, pescoço e cabelos. O que o deixava assim, sem jeito?

– Eu queria saber se... hã... se aque-ela vez que... que tivemos uma relação... se foi, se foi sua primeira vez.

De fato, era importante, meio indiscreto – a ponto dele mesmo quase engasgar de tanto gaguejar – e íntimo. No entanto, uma informação crucial para um casal. Me olhava esperando a resposta e com um meneio, eu confirmei.

– Sim.

Ele dá um silvo de alívio? É isso mesmo que ouço? Que vejo?

Pra mim a coisa meio que desanda.

– Ficou tão marcado assim minha... inexperiência? Foi ruim? Porque pra mim...

– Não, foi ótimo. Não tenha dúvidas disso. Para uma primeira vez, foi muito bom. Eu só me preocupo se não fui muito gentil, se... não sei, eu não sabia que você era virgem. Foi tudo tão rápido. Vejo a razão de meu avô agora quando falou do aceleramento que tivemos... E até então eu não me importei se tivesse tido a experiência com alguém. Mas agora que pensei... e só de ter isso em mente, me deixa atordoado que alguém mais te tocara. Que outro chegou na minha frente. Não houve mesmo, houve?

Err... Na verdade...

Comprimo os lábios. Vinícius sente minha clara hesitação.

– Milena, você disse que...

– Sim, eu era virgem. Mas... houve uma vez que... bom, não aconteceu.

Confesso, já não o olhando nos olhos. Era mais que delicado, era um terreno perigoso esse assunto. Um pulo para o tópico proibido praticamente... Proibido porque prometi a mim mesma não mais o levantar se só traria desgraças. Foi uma época bem difícil e falar assim... não é tão simples. E, droga, queria um dia me livrar desse peso.

Foi um dos meus piores dias, que fui duplamente enganada. Por Eric e por Denise... que no final das contas, ela era a mente geniosa que destruíra tudo. Havia me preparado com afinco para o tal dia, estava super nervosa, seria um grande passo na relação que já se mostrava difícil com Eric, e ainda assim estávamos dispostos a ir em frente. Então, naquela noite, em sua casa, completamente sozinhos, tivemos uma briga horrível.

Ambos dissemos coisas que hoje nos arrependemos, mas lá, naquela hora, a raiva nos dominou. A intriga de Denise nos consumiu tanto que não víamos a verdade. Então veio a ruptura brusca entre nós, um tempo que quase não correu e então, a descoberta de tudo naquele maldito caderninho da Hello Kitty. Estavam ali discorridas cruéis armadilhas que envolviam boa parte de meus amigos. Era tarde demais pra consertar.

Não permito que tudo isso volte só por ter rondado o assunto. Por isso, antes que dissesse algo, eu estiquei o assunto para o seu lado.

– E você, já esteve com outras mulheres.

Não foi uma pergunta.

Ainda encaro a ponta da fronha de meu travesseiro, ver suas expressões não era algo que eu queria fixo em retinas, mesmo curiosa sobre como reagiria por saber que já quase cheguei aos finalmente com outra pessoa, e que ele mesmo já havia.

– Sim.

Quase não saiu.

Não era uma boa imagem também os pensamentos que correram desenhando Vinícius com outra. Outras, na verdade. Porque eu disse mulheres, plural, e ele não negou. Foi um chute, afinal, ele é homem. De qualquer forma, ele ainda estava preso ao pensamento sobre Eric.

– Foi com aquele cara... foi assim que ele te magoou?

Especulativo, senti uma raiva contida na sua mudança ligeira de tom. Ele sabia que o único relacionamento sério e prolongado que estive foi com Eric, uma incógnita para ele, pois, mesmo que eu comentasse, soltasse pedaços sobre o passado, não era nada muito esclarecedor. Talvez se eu acrescentasse só mais alguns fatos, ele deixaria o assunto de mão.

– Vini, você sabe que ele não me machucou.

Acho que tinha que me acostumar a sempre rondar a verdadeira história. E, principalmente, não aparentar exaltação qualquer sobre isso. Por hoje bastava, não bastava? Tentava me tranquilizar.

– Sei. Mas agora que sei que foi ele... não deixo de pensar, de ter raiva. Mesmo que não tenha acontecido... ele... ele te tinha.

O braço seu que se encontrava a meu lado se remexeu em tensão, o músculo se contraiu conforme sua mão se fechou com força. Levei então minha mão, ainda dormente por ter dormido por cima dela, a buscar a dele, de maneira a encobri-la, para que se abrisse, para que relaxasse.

Minimamente também forcei meu corpo a levantar, desfazer aquela sua perturbação que lhe trincou o rosto em furor. Olhos opacos pareciam nem mesmo me ver, lábios comprimidos tornavam-lhe mais sério do que pensei. Não era mero ciúme, era uma perturbação... Como se o fato de eu já ter tentado lhe tirasse de campo. E foi ele meu primeiro, ele não ouviu?

Como um transe, tinha que trazê-lo de volta. Por isso me sentei e o puxei para que ficasse frente a frente comigo. Relutante, ele foi, marcado ainda por aquela mesma expressão trincada. A centímetros de seu rosto, foi que ele despertou os olhos opacos para me focalizar.

– Você me tem. Isso é passado. Acha que gosto de pensar que esteve assim com outra pessoa? Outras, na verdade. Me importo sim, mas é você quem eu amo. Quem está aqui. Está comigo.

Deve ter percebido quão tolo estava sendo, pois só assim desfez a cara amarrada com um suspiro, de olhos fechados. Firmou nossas mãos entrelaçadas ao seu peito e senti o seu coração preocupado, batendo forte. Lá e cá ele tinha essas inseguranças, que era o motivo de certas apreensões minhas, que me apertavam o coração.

Porém, nesse mesmo minuto, também pude sentir alívio, pelo menos quando crispou um sorriso pequeno e levou nosso encontro de mãos aos lábios, para melhora de seu aspecto facial. Era sua forma de dizer “ok, sou um idiota, você me ama, por que estou preocupado?”.

– E eu amo você. Já te disse hoje?

Foi a minha vez de comprimir um sorriso, mas dessa vez com graça.

– Disse. Mas se quiser falar de novo, não vejo problema.

Também não vi problema quando me beijou ainda num sorriso aberto. Ou quando me abraçou o rosto com as duas mãos. Menos ainda quando me trouxe para si, e suas doces palavras sinceras me faziam rir, porque a verdade era essa e a graça delas vinha por si só.

– Te amo, te amo, te amo.

Entre beijos e mais risadas, ainda quis esclarecer uma coisa. Eu havia contado parte da minha história... Mas e o seu lado? Aquele que pareceu meio desorientado mais cedo. O que lhe perpassou?

– Vini... por que você disse “não” naquela hora?

Aquele ar pesaroso, infelizmente, voltara.

– Não queria que rolasse só por causa das circunstâncias. Nós, sozinhos, a distância eminente... Quero que seja especial. Quero ser cuidadoso, não precipitado ou impetuoso. Te amo demais pra isso. Me pergunto se a sua primeira vez foi na hora certa, se eu fui gent...

Sorrio, porque eu tinha a resposta pra aquele peso dele. E memória não me faltava pelos momentos que passamos, pelas carícias que trocamos, pelo próprio ato que resvalou felicidade.

– Você foi. Eu tive a certeza, me senti segura e estava pronta. Posso não dizer muito, mas não me arrependo, nem um pouco. Foi... certo.

– Ainda assim, não precisamos correr... Deus sabe o quanto eu te quero, não quero é ter pressa. Não precisa ser logo, não precisa ser agora. Eu gosto de ficar assim, abraçado com você. Sabe que me dá muita paz. E é com essa paz que eu quero contar, de não querer te largar mais. Minha. Só minha.

Nem parecia que outrora tinha suas dúvidas, suas inseguranças, tamanho foi o ânimo que voltou a si enquanto me distribuía leves beijos acerca da boca, provocando-me sem realmente querer me provocar. Estava bem certo do que tinha e do que queria.

– Parece um bobo falando assim, apesar de tão determinado.

– Sou um bobo sim, bobo apaixonado e determinado em te fazer feliz. Porque eu me sinto muito feliz ao seu lado. Não quero mais nada, já tenho tudo.

– Tá bom então, fica sem presente, aniversariante-feliz-da-vida.

– Presente? Comprou presente?

Como seu rosto se ilumina e meu coração fica besta!

– E eu lá sou namorada de deixar meu namorado sem presente? Tô quase deixando. Agora ande, que às 19h temos que estar na casa de seu avô.

– Só mais cinco minutinhos.

– Cinco minutinhos vezes zero, só pode. Ande, senão acabo com sua paz.

– Como me ama, essa minha namorada.

Amo tanto que ele ainda não sabe, e nem perde por esperar. É o que penso quando consigo fugir de seus braços momentaneamente antes de ele voltar a me pegar na porta de seu quarto, me rodear numa forte prisão. O contentamento era tamanho que se misturava à travessura de ele não querer me largar, às minhas ameaças sobre as possíveis desculpas dele, de que mulher só se atrasa, e à ansiedade de proporcionar mais felicidade a mim e a ele, que ainda nem sabia do plano. Também não perco por esperar sua surpresa...


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Notas finais do capítulo

E ainda assim ele fica inseguro vez e outra... trabalhar isso com calma, né?



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