Mantendo O Equilíbrio - Um Novo Amanhã escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 36
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

(Adorando a nova plataforma do Nyah!)

Alguém aí que shippa/torce por Bruno e Dani? XDD
Preciso dizer que adoro eles nessa temporada!
Mas nesse capítulo... Podem matar a criatura que eu deixo.

Enjoy!



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Mudança de planos é a primeira coisa que fazemos ante uma emergência. Ou melhor, urgência. Principalmente se você é abordada por uma amiga desesperada que agarra seu braço no saguão de um shopping e demanda com os olhos para tirá-la dali. Em segurança, Daniela se entrega ao chocolate que compramos e sei no fundo que, não importava quantas gramas ou quilos desse doce ela pudesse ter em mãos, o que o chocolate nunca vai poder fazer é dar o ombro para consolo ou calma.

Logo que eu estava indo embora com Flávia, saindo da praça da alimentação, avistei Murilo e Aline saindo do cinema. Nos cumprimentamos rapidamente em função de Gui esperando no carro que logo demos continuidade ao nosso caminho de saída. E foi então que Dani apareceu, do nada, vindo do cinema, nos pega de surpresa, intercepta a nós duas. Ficou claro que algo estava errado, assim deixei que Flávia seguisse, que eu me viraria depois, primeiro iria me certificar do que era aquilo com Dani, já que aquilo tava muito estranho.

– Finge que nos encontramos agora.

– Mas nós nos encontramos agora. O que houve?

– Apenas ria.

Ri, como pediu, pra o que quer que seja, e não foi nada verdadeiro. Se isso transparecia ou não, eu só queria saber do que aquilo se tratava. O que não demorou a se explicar, ou começar a explicar, pois logo Bruno e outras pessoas, se aproximaram de nós. Aquilo não me pareceu nada bom quando notei os olhos saltados de minha amiga.

Bruno parecia diferente. Nem sei bem como descrevê-lo. Mas mudou seu aspecto quando chegou mais próximo de mim, foi me cumprimentar.

– Milena, veio fazer compras mesmo. Cadê a Flávia?

– Hãaa... teve de ir... eu... eu fiquei com a Iara.

Graças a Deus nessa hora a Iara passou ao nosso lado e, mesmo pega de surpresa ao enlace que fiz de nossos braços, ela não hesitou e entrou no papel do improviso sem eu ter que pedir. Será que ela também notou de imediato a tensão ali?

Bruno a cumprimenta também:

– Oi, Iara, tudo bem?

– Tudo. Vieram fazer compras também?

– Não, não, távamos no cinema e.... Bom, nós vamos lanchar agora... Dani, você vem?

– Na verdade, Bruno, hãaa...

Respondi por ela, em efeito bala.

– Ela vai comigo... Iara me chamou pra uma noite de garotas, Dani aceitou. Se isso não interrompe a saída de vocês, claro.

Dani pega essa minha deixa, fica então do meu lado, se apoia ao meu ombro como se fosse a coisa mais descontraída de se fazer.

– Não, claro que não... né, Bruno? Já terminou o filme mesmo, vocês podem ir, daqui eu sigo com as meninas, sem problema.

Um dos caras que estava com o grupo ao redor de Bruno pareceu fazer piada para outro, não chegamos a ouvir, só perceber que riram em deboche. Meu amigo ficou um pouco perdido, desconcertado, até assentir e seguir o grupo para uma mesa.

– Hum. Tá, ok. Te vejo depois. Tchau, meninas.

O alívio bateu até em Iara. Mas não por muito tempo.

– Meninas, acho que não cabe três pessoas numa moto.

Aí veio a jornada de achar uma solução sobre como voltar pra casa sem ter que chamar alarde de ninguém. Não queria atrapalhar Gui, e Vini demoraria muito pra chegar, além de que ele mencionara mais cedo que Anderson iria pra sua casa, também não queria interromper. Lembrei que Murilo havia saído do cinema faz um pouco tempo, resolvi arriscar uma tentativa, ele estaria pelo menos por perto.

– Alô?

– Murilo, você já saiu do shopping?

– Tô na saída. Por quê?

– Houve... hã... uma mudança de planos. Posso ir com você?

– Na verdade, a Aline que tá de carro. O meu tá no trabalho, ela vai me deixar agora lá para mais um plantão. Aconteceu alguma coisa?

– Passa o telefone pra ela.

Depois de deixar meu maninho no trabalho, ele meio desconfiado, Dani se mantinha quieta no carro, não muito a fim de abrir o assunto. Quando mencionei a Aline que Dani ficaria comigo, que faríamos uma “noite de garotas”, ela se mostrou tão interessada que Dani mesma a chamou para ficar com a gente. Parecia mais animada que o momento da abordagem no shopping.

Combinado tudo, eu liguei pra Iara, Dani queria realmente uma “noite de garotas”, disse que precisava faz tempo e o que aconteceu no cinema pedia por isso. “O que aconteceu no cinema?” eu e Aline perguntamos juntas num impulso, Dani nem se importou, porém, só quando estivéssemos em casa ela se abriria, pois ela precisava falar. Ou nos nossos termos, “vomitar”.

– E Filipe, ele não vai ficar aí?

Acontece que demoramos um pouco para deixar meu irmão no centro meteorológico, dando tempo de Iara ter chegado ao seu apartamento. Quando liguei para convidá-la, ela ofereceu o ofereceu como espaço. Filipe iria passar a noite na casa de seu pai, já que faz de tudo para não topar com mais ninguém, principalmente Vinícius, quando vamos visitar seu Júlio aos domingos.

Então encontramos Iara no supermercado perto de seu condomínio, pra comprar todas as besteiras que uma boa noite de meninas improvisada necessitava. Se não fossem as circunstâncias que demandaram por ela, diria que o clima estaria excepcionalmente bom, pois as garotas interagiam bem e eu via como tudo se encaixava. O fato de Aline ter se aproximado nos últimos meses, assim como a personalidade extrovertida de Daniela, colhia o melhor de Iara, quem, no meio de nós, nem parecia ser aquela mulher solitária e quieta que costumava ser. E os chocolates, ah, os chocolates faziam parte do milagre.

O doce, por fim, colocou para fora a amargura daquela que precisava “vomitar”:

– Acho que nunca me senti tão mal de vergonha quanto hoje.

~;~

– Sinceramente? Não sei como vou sentar do lado dele naquele avião. Deus, como fui burra de entrar nessa... realmente pensei que poderia ser... apenas uma amiga?

Sei o feeling.

Sei como é se manter tão próxima, crer que não há chance, que há entremeios que deixam dúvidas, aproveitar pequenas deixas, me mortificar depois por elas. Mas diferente de tudo isso é que meu envolvimento com Vinícius foi certo. Não posso dizer o mesmo da relação Daniela-Bruno, até porque Vini quis consertar todos os mal-entendidos para então termos algo. Bruno está longe de fazer isso, ou parecer que o faz.

– O que aconteceu naquele cinema?

Dani abaixa sua barra de chocolate, sei que por mais que ela insista em ingerir em grandes quantidades, ela mal pode sentir o gosto, pois a amargura, a mágoa que cresce nela lhe tira o paladar. Apenas mantém o coração batendo, com a força de toda uma frustração. Assim como vejo, posso sentir isso por ela, pois todas as evidências estão visíveis em sua expressão. Me vejo ali, na minha versão que deixei para trás, nos anos que tive de arcar... nas mágoas que tive de enfrentar, sem conseguir consertar coisa alguma.

Por um momento que Dani se mantém quieta, como penso que ela está procurando as maneiras de permitir que tudo saia dela, e me sinto alheia, por trilhar pensamentos e lembranças que foram despertas por esse seu aspecto. Minha mente se cobre da decisão que Eric me pediu para tomar, que, provavelmente, se eu aceitar esse caminho de pedras, a mágoa que um dia eu enterrei, tomará conta de mim novamente e não será nem um quinto do que é para Dani. Por mais que saiba que tudo isso sempre irá pairar por mim, prefiro mantê-la nesse estado, onde eu possa ver e ter, mesmo que parcialmente, controle.

Então a conexão paralela se desfaz ao passo que Dani começa a descrever o problema, e me permito adentrar sua bolha, de um jeito que eu não entregue a minha e que um silvo de alívio me dê a garantia de que ainda detenho o controle sobre quem entra e sai dela. E saio mesmo, pois, já que não posso fazer nada pela minha senão manter o pulso firme, eu dou a chance para outros, outros que estejam preparados de compartilhar das suas.

Dessa forma, substituo um problema por outro. Apesar de o de Daniela não ser nada como o meu, ela está aberta a opções, a soluções, a ter ajuda, diferentemente de mim e minhas causas. Ela não tem noção de como invejo essa guarda baixa que consente que alguém lhe segure a mão, mesmo para um problema que supostamente parece ser trivial. Mas qualquer problema nunca é trivial. Se o dela está longe disso, imagine o meu... léguas e mais léguas.

E sinto medo. Medo por sempre enterrar isso e achar, ingenuamente, que uma hora não irá voltar. E quando voltar, todas as amarras de meu controle, se soltem e tudo que uma vez escondi, estará brilhando ao sol de um dia. Muitas noites e madrugadas, quando deito a cabeça ao travesseiro, quando tenho alguns sonhos, eu tremo de pensar que pode acontecer assim, a verdade se desprender. Que minhas mãos vacilarão, que chegarei a um ponto crítico, que não terei mais forças, que... acontecerá, se repetirá como foi com Djane.

E minha única segurança, a única que me alivia, é que essa história é minha e de muitos poucos outros, outras pessoas que se dispersaram e não intentam voltar. Provavelmente esquecida por uns, ignoradas por outros, mas vívidos ainda em mim. Em Eric. Não é como esperar pelo dia que alguém te desmascare, como Filipe fez a Djane, como os dois lutaram entre si durante anos, não. Não há quem venha a mim tirar satisfações. Esse lado bom acontece de ser justamente o lado ruim também, pois as esperanças que tenho de me livrar disso se tornam cada vez mais fios mais finos e inalcançáveis.

Então Eric terá razão?

Estarei disposta a dar fim nisso, aguentar a avalanche e...

– LENA?

As três me trazem de volta à sala.

– Hum?

Me observam com interrogações sobre as cabeças. Aline me toca no braço, preocupada.

– Você tá legal? Tá com uma cara pior que a da Dani. É algo com o Murilo? Ele anda tão estranho nos últimos dias.

E eu sei o motivo.

Devo admitir que Eric tem razão numa coisa ao menos.

Sempre haverá coisas acontecendo ao nosso redor. E nenhuma situação simplesmente vai abrir espaço para uma bomba explodir. Até porque bombas não forçam espaço, elas só explodem, caem por cima de outras coisas, sem importar em quem vai atingir, on que vai melar.

Sinto o aperto de Aline ao meu braço, como que pedindo uma explicação. Posso não fazer parte do drama de meu irmão, mas sei de seus infortúnios e não dá para simplesmente compartilhar isso com Aline – ou mesmo abrir a boca para o real problema que me atormenta. Boa hora para estar de boca cheia, mastigando umas batatinhas quaisquer que mal havia percebido que comia. São os poucos segundos que tenho para escapar dos três pares de olhos, que se direcionavam a mim, com uma desculpa.

E sei que não posso dar uma mera desculpa. Porque cada uma delas está ligada a alguma parte de minha vida que exigiria explicações demais. Aline a meu irmão, Dani a Flávia, e até Iara a Vinícius. A única coisa que é possível falar sem levantar suspeitas é falar de Djane, senão do próprio Vini. É o que faço logo que tenho a oportunidade:

– Só lembrei de uma coisa que o Vini... bom, preciso falar com ele. Mas não agora. E Murilo, estranho? Deve ser o stress dos plantões que tem feito, esse projeto tá acabando com o pouco cérebro que tem e é sério.

– Hum.

Isso é tudo que Aline se pronuncia sobre o caso, disfarça e sinto que sabe que seus instintos não estão errados. Que há algo acontecendo com Murilo sim. Evito ficar observando demais ela para não notar que também tenho minhas dúvidas, preocupações, porque se ela realmente está grávida, por que não falou nada até agora?

Mais uma vez e de novo e de novo e de novo. Sempre haverá coisas acontecendo ao nosso redor. Essa então não cabe a mim ir atrás, nem mesmo resolver. Só esperar que o mané de meu irmão dê o primeiro passo. Por isso prossigo a conversa como se nem tivesse essa pausa:

– Então, Dani, o que você dizia? Sua prima te deixou na mão na hora de entrar no cinema?

~;~

As atenções então se voltam para minha amiga para meu alívio pessoal, ela volta a mastigar o chocolate e, magoada, continua seu relato, coisa que então presto mais atenção.

– Pois num é? Na hora ela recebeu uma ligação de emergência do trabalho, disse para eu ficar, que era só gente boa de companhia e... eu devia era ter ido embora, mesmo com uma desculpa esfarrapada. Nessa hora o grupo de Bruno já tinha se fundido com o nosso, era o mesmo pessoal que tava na praia conosco... aquele do ano novo.

Então, com a permissão de Dani, contei às meninas o que foi o caso da praia, de como Bruno interferiu no beijo de entrada de ano, tomando ele as rédeas da situação, para logo depois abandonar o posto, como que depois de usar, e deixá-la.

– O Tomas, o carinha que combinei de passar a entrada de ano, tava lá também. Aí quando minha prima se despedia, eu sem saber muito o que fazer, como impedir, ela perguntou em voz alta quem poderia me levar pra casa, de brincadeira. E o Bruno e Tomas responderam ao mesmo tempo, que me levariam. E aí começou o clima estranho. Pois, como eram as pessoas que estavam conosco na praia, vieram as perguntas inconvenientes. E não somente isso.

As coisas estavam tão melhores entre os dois. Imaginava até que eles estavam amigos de novo, apesar dos apesares. Aí Bruno termina por dar rasteiras na minha amiga, que não sabe o que pensar a respeito, já que uma hora ele se mostra tão gentil, outras, tão frio e passional. Como essa agora. Ele ofereceu carona e disse, ao virar alvo de piadinhas quaisquer, que Dani não passava de uma amiga da faculdade, que não havia e NEM haveria algo entre eles.

Claro que Dani ficou mortificada. E eu quis dar um soco nele por isso. E pelo mais que fez. Não tinha ele noção do que fazia? Do quanto de dor estava implicando?

– Quer dizer, eu quero entender. Uma hora ele é tão amável, noutro, um insensível. Parece que nem o conheço. Eu não gosto quando está assim. E tampouco vou esperar pelas vezes que está de melhor humor. Nem de seus cuidados.

Aline intervém:

– Vai ver ele entendeu a situação chata, desse Tomas dando em cima demais.

– E ele queria o quê, me defender? Depois da tamanha patada que ele mesmo me deu? O que ele acha que sou, uma propriedade que só ele pode passar a faca? Que ele acha que pode se intrometer a qualquer momento? Não. Chega. Se ele não se resolve, eu me resolvo. Vou dar aquilo que merece, gelo, puro gelo. Sem me importar mais. Isso já foi vergonhoso o bastante.

Iara então questiona:

– Então é isso? Você não vai confrontá-lo?

– Não, não vale a pena, é isso que vejo. Vou deixá-lo morrer pela boca. Vou chorar minhas pitangas, comer muito chocolate e então vou aparecer na segunda-feira como se tudo isso não me afetasse. Já fui envergonhada o bastante. De mim Bruno mal terá o que tanto insiste. Minha amizade. E olhe lá, já que não consigo vê-lo mais como antigamente. Ele não vale os anos de prisão que eu poderia pegar por esconder seu corpo...

Essa era minha amiga, dando seu jeito de escapar do que é ruim, pegar um caminho alternativo para evitar aquilo que poderá machucá-la. Não há porque condená-la por isso, até porque parece o melhor a ser feito no momento. Tenho de lembrar também de manter minha promessa, de não deixar mais esses dois sozinhos. Não posso ficar do lado dele se faz tanta besteira. Essa é a lição que Daniela quer que ele aprenda por si, sem ter alguém mais que o guie.

Iara se surpreendeu bem por essa atitude. Acho que no fundo eu me surpreendi também, não tinha como esperar uma reação drástica assim. Quem diria que um dia eles chegariam a um ponto crítico desses afinal?

– Você é durona, hein.

– Deve ser o chocolate fazendo efeito... acho que vou guardar um pouco para segunda. Só para todo o caso. Enquanto isso, acho que vou chorar um pouquinho e ter raiva dele. E dos homens em geral... assim, digam-me, meninas, preciso de podres dos homens para odiá-los com dignidade. O que eles têm aprontado com vocês ultimamente?

Rimos todas, com descontração apesar do clima tenso, clima esse que começava a se dispersar. O que seria de uma noite de garotas sem falar mal de todo e qualquer homem? Ah, e não esquecemos o chocolate, nem a pipoca, nem de procurar algum filme bobo de comédia romântica para descer o braço no mocinho. Porque vez e outra é disso que uma mulher precisa pra desabafar.

Imagine o que seria então se batessem nossos ciclos menstruais...

Aí sim seria temporada para matar. Todas por uma e uma por todas.


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Notas finais do capítulo

Milena faz um mistério danado, hein? E não é de agora... Alguém arrisca um palpite? Dicas ela já deu umas várias por aí rs



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