Mantendo O Equilíbrio - Um Novo Amanhã escrita por Alexis terminando a história


Capítulo 26
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Eita que essa semana tá um aperreio danado! É nessas horas que Milena aproveita pra me sussurrar seus 'causos' e até Vinícius tava tagarela esses dias. E aí pensei, 'eita que deixei uma bomba em suspenso, vô lá postar'. Eis-me aqui.

E o negócio foi sério D:
Enjoy.



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Apesar de muito educado, atencioso e muito, muito gente boa, Sávio é um cara do tipo na dele, daqueles que tem uma timidez inimaginável e que, por isso, é difícil vê-lo em certas situações. Como cantando sozinho, de fone. Preciso dizer que ele tem uma voz suave, de bom tom, e mesmo que cante baixo, ele não desafina. Deve ser um cantor de chuveiro secreto.

Ao sair do Departamento de Administração, caminhei para o pátio da lanchonete, onde o encontrei sentado debruçado à uma mesa escrevendo alguma coisa, estava de costas para mim. Tranquila fui ao seu encontro. Como estávamos em horário vago, muita gente de nossa turma se dispersou pelo prédio, havia algumas mais afastadas da lanchonete, umas eu via no corredor de cima, outras turmas presas às suas sala conforme ia a aula. Isso deu paz à Sávio, aparentemente, pois não havia sequer uma periguete no seu pé. Milagre.

Foi quando fiquei exatamente no ponto atrás dele que ouvi a melodia que sua voz reproduzia, do que ouvia pelo fone de ouvido conectado ao seu celular:

Trilha citada/indicada: Breaking Benjamin – Diary Of Jane (2:23)

http://www.youtube.com/watch?v=9kIUbZITNvs

- ♫ Something's geeetting in the way... Something's just about to break… I will try to find my place, in the diary of Jane. As I buuurn another paaage, as I loooook the other way… I still try to find my place, in the diary of… Jaaane

Sávio estava tão concentrado no que fazia que não me percebeu às suas costas, assim eu toco seu ombro discretamente. Isso o assusta, ele pula e dá de encontro com o espaldar de sua cadeira, o que lhe produziu certa dor e dessa vez ele entrega os pontos com um significativo “ai” que grunhiu. Me sinto mal por isso, apesar de uma pequena crise de riso que me acomete.

- Desculpa, desculpa, desculpa.

Deixo minhas coisas na cadeira vazia ao lado, me agacho para ver seu estado:

- Doeu muito?

- Nam, tô bem. Só... tô evitando movimentos bruscos.

Responde, se ajeitando na cadeira e então engolindo todos os “ai” que poderia soltar, se fazia de forte. Ele não sabia que dava pra sacar com o fechar de olhos dele? Pois dizia tudo. Ainda agachada, passo a mão por seu rosto, que tinha seus traços de ferimento cicatrizando, do assalto da noite passada. Ainda que tenha reclamado com ele, não posso dizer que não teria feito o mesmo... de tentar se defender, digo. É tipo que minha cara uma tentativa dessas, e que já fiz. Bom, quase, se pensar que Filipe não era exatamente um ladrão. As circunstâncias eram bem diferentes afinal.

Sávio parece um tanto desconfortável pela proximidade, não me encara nos olhos, se distrai para puxar os fios do fone de seus ouvidos. Não sei por que, mas eu achava isso engraçado no seu porte, sempre me pergunto como ele pode ficar embaraçado com tanta facilidade.

Isso porque muita mulher nesse prédio se joga em cima dele, e ele as respeita sempre. Alguns diriam que isso o faria gay, no entanto, não sinto essa vibe nele. Ele só é diferente em como se expressar, não gosta de nada exagerado.

- Deixa eu adivinhar, não foi no hospital ver se quebrou alguma coisa, né?

- Na verdade, fui. Meu tio me obrigou ao ver meu estado quando cheguei em casa. Até pra eu deitar naquele aparelho de raio-X foi uma confusão.

Ok, eu ri. Essa aura dele de vítima-não-sou-vítima era bem típica dele. Quando vim do estágio com Gui, e este passou na casa de Sávio para buscá-lo, ele se fazia desse mesmo jeito, de fortão que aguenta tudo. Dispensou minha ajuda na hora de entrar no carro, não sabia que ele era assim orgulhoso – talvez estivesse acostumada demais com meu irmão que fazia drama por tudo.

- Então, o que o médico disse?

- Não quebrei nada, só foram umas contusões mesmo. Isso dói de qualquer jeito.

Depois de checá-lo que sento numa cadeira.

- Hmmm. Pelo menos deve ter ganhado uma receita para conter as dores.

- É, posso tomar outro remédio só mais tarde.

- Tem certeza que tá em condições de apresentar alguma coisa? O médico não deu nenhum atestado não?

Hoje o professor Bartolomeu iria entregar umas notas da semana passada, assim como avaliar na hora alguns alunos que não puderam apresentar seus trabalhos por falta de tempo. Sávio foi um desses poucos.

- Deu, mas hoje é o último dia antes do feriado, achei melhor não me prejudicar. Me aguento. Por enquanto até que tá tranquilo.

- Por que você não ficou logo na sala, se é difícil de se mexer? Logo isso aqui vai lotar, o intervalo vai ser daqui a pouco.

Isso devia ter sido assistência de Gui, pois eu não pude ficar para ajudá-los a sair do carro, tive que correr para a biblioteca, pois meu prazo de entrega de uns materiais iria expirar e, ficar pagando multa, por mínimo que seja, não está no meu orçamento. Qualquer gasto tô evitando. De lá segui para a sala de Djane, logo que soube por umas meninas de minha turma que a professora Silvana não iria dar aula de novo.

- Depois que você saiu, uma galera veio me ajudar. O Gui teve que ir na secretaria verificar umas coisas dele, então fiquei por aqui mesmo.

- E onde ele tá agora?

- Acho que... namorando em algum canto aí do pátio.

Bem a cara dele mesmo, aproveitar todos os minutos vagos com Flávia. Ai, se eu pudesse fazer isso com Vini, se ele fosse dessa instituição... bom, essa hora ele já teria vindo brigar comigo pela história do vídeo que postei.

- Você quer lanchar primeiro e então te levo pra sala?

- Pode ser.

Minutos depois, quando coloco a bandeja com nossos sanduíches à mesa, ele puxa a revistinha que escrevia, guarda-a na mochila. Só então reconheci que revistinha era.

- Sudoku?

- Pra treinar o cérebro, você sabe.

Por trás dele notei que alguns funcionários corriam pelo pátio, apreensivos pela chegada bem inesperada do reitor. Tirando isso, o ambiente era bem tranquilo.

- Hm. A propósito, você tem uma voz legal. Pra cantar, digo.

Sávio congela no assento, suas mãos que iam pegar o sanduíche, pararam no ar, ao passo que seus olhos meio que saltam, assim como suas sobrancelhas. Sávio não havia percebido que eu o peguei foi cantando. Engoliu a seco para sair do modo estátua. Estava a coisa mais adorável.

- V-v-você... ouviu?

- Errr.. ouvi. Se meu inglês tá correto, essa “Jane” não te merece não.

Ele riu, acanhado, desembrulhando o sanduíche, preparando-se para morder.

- É só uma música. Por enquanto não há “Janes” na minha vida. A letra é um pouco dolorida de amor, mas é bonita. Imagino que ele perdeu alguma Jane, e que só lhe sobrou o diário dela, onde ele pode vasculhar se em algum momento ele fez tão parte dela quanto ela dele e escreveu sobre isso.

- Parece uma boa história. Triste, mas esperançosa. Qual é a banda?

- Aquela do outro dia que te falei, que você pensou que a logomarca deles na minha camisa era uma flor. Breaking Benjamin.

- E é de que estilo?

- Hard rock, quase chegado pro metal, meio grunge. Alternativo, de qualquer forma. Gosto mais ou menos desse estilo. E você?

- De preferências? Gosto de uns alternativos, só que mais voltados para o pop rock acho. Tipo One Republic. Adoro a voz daquele cara, tanto que ele não sai de meu celular.

- Parece com você mesmo. Ouvi umas histórias que você já cantou, tipo, num palco com banda e tudo. Verdade ou rumor?

É tanta coisa que falam de mim nessa faculdade que Sávio passou a me questionar “verdade ou rumor?” quando ouvia algo. Ele aprendeu cedo que nem tudo o que dizem corresponde à verdade por aqui, assim, pergunta muito.

- Hãaaaa... verdade. Mas foi só uma vez, no aniversário passado de Flávia. Não pretendo voltar tão cedo para os palcos.

Desembrulho meu sanduíche, tomo um gole de meu suco. Lembro daquela noite, da emoção que bateu, do microfone, da força que Dani fez para que eu subisse ao palco com ela... A dança com Vinícius, as dúvidas que tinha, nossas brincadeiras, nossas conversas. Foi o máximo.

- Não gostou?

- Gostar, eu gostei, na hora. É só que... aquela ansiedade... não dá pra mim não.

- Nem pra mim. E eu nem canto bem.

- Mentira, que eu ouvi.

- Tá, finjo que acredito.

Logo que começamos a comer, a correria dos funcionários, tanto da secretaria quanto da recepção se fez mais presente e chama atenção. Professor Carvalho que chegava ao prédio viu uns correndo pra cá, pra lá, e foi na lanchonete. Voltou do atendimento com um pacote de cookies, os preferidos do diretor, imaginei que ele teria feito alguma coisa e iria amansar Fabiano. Eu mesma me censurei, precisava parar de desconfiar das pessoas. Com uma expressão bem perdida, ele veio a nossa mesa e soltou finalmente:

- Vocês sabem o que é essa movimentação toda, essa correria?

Termino de mastigar e lhe solto a bomba.

- O reitor está vindo.

- Putz.

Acho que se pode dizer isso quando é uma visita surpresa.

~;~

A boa ação do dia pode lhe custar mais que o lucro de uma benfeitoria.

Por causa dela, fui parar na sala de reuniões, atrás do auditório do prédio. O reitor não apenas veio sozinho, trouxe umas companhias de peso, fizeram até vídeo conferência. Não estava tão por dentro do assunto pra saber, só sei que professor Bart deu um ataque de fúria ao descobrir que esse povo tava lá e ninguém havia o avisado. Mal ele terminou de dar umas notas, ele sentiu que havia algo diferente rolando, aí perguntou para um dos auxiliares de limpeza. Quando soube do reitor, da chegada surpresa, na mesma hora recolheu suas coisas e voou da sala de aula.

Entrei na sala de reuniões porque Luciano, o carinha da recepção que já me fez uns favores, me pediu para buscar uma pasta que ele esquecera lá, e como ocupação era o que não faltava com o movimento do reitor indo pra cá e pra lá, avaliando tudo, ele não podia sair de seu lugar. Além de me prestar umas ajudas, fui de boa samaritana, já que teria uns minutinhos para esperar por Vini. Mais cedo ele me enviou uma sms dizendo que poderia chegar atrasado, mas faria de tudo para não se demorar.

Com a pasta de documentos debaixo do braço ia abrir a porta para sair quando um sujeito veio da saleta ao lado e se dirigiu a minha pessoa:

- Ora, ora, a queridinha de todos... levando documentos que não lhe pertencem.

- Nunca disse que me pertenciam. Luciano quem me pediu, ele está bastante atarefado hoje.

- Ah, sempre numa pose decente.

Professor Bart se desloca pela sala, desdenhando de mim. Próximo a um painel cheio de botões, fios e aparelhagem, que foi usado para a videoconferência, ele deixa parte do material que carregava sobre a mesa do lado.

Devolvi seu tom.

- E o senhor na arrogância, professor. Mas já que estamos aqui, poderia me esclarecer uma coisa? O senhor não gosta de mim, eu sei, e não adianta o quanto me esforce em sua disciplina, o senhor faz de tudo pra me menosprezar. Eu não merecia um 10 no último trabalho, porém, também não mereci aquele 6. Se quer mesmo me reprovar, diz logo, que eu não apareço mais em suas aulas. Assim não mais veria minha cara.

Ele se recosta sobre a mesa que detinha as aparelhagens deixadas após a reunião, um sorriso malfeitoso dança em seu rosto e quero muito tirar dele. De braços cruzados, Bart se mostra irredutível:

- Não, seria fácil demais pra você. Acha que pode se livrar disso fácil? Não se trata só de você, menina, quero atingir Djane. E você é um ponto fraco dela, a favorita.

Isso me enerva tanto que, sem perceber, aperto uma ponta da pasta que seguro. Inspiro e expiro a fim de me conter, posso fazer melhor que ele. Não treinei tanto com Murilo pra fazer feio agora, cair por suas palavras não é opção. Esse gostinho eu não dou de jeito maneira.

- Sabe o que é isso, professor? Falta do que fazer. Mas como pode ser tão confiante de que eu não reportaria sobre isso? É assédio moral se não sabe. Não sou indefesa, mas isso não deixa de ser perseguição.

- É inegável sua astúcia, garota. E muito, muito orgulhosa. Confio no seu orgulho, orgulho que não a deixa abrir a boca para ninguém, que acha que pode lidar comigo. Até porque se já falam de favoritismo com você, o caso pode piorar. Bom, tem sobrevivido, não?

É, nessa ele... ele meio que me pega. Está usando meu ponto fraco como arma de ataque. No entanto...

- Pode até se aproveitar disso, professor, mas não de minha dignidade. Vou me reprovar por falta. E não dizer nada a ninguém não me obriga a lhe aguentar por isso. Com licença.

Engulo toda a raiva que ele me causa, me disponho para a porta. Neste momento que abria a porta, ela encontrou outro que a puxou para fora, com uma força que me fez soltar. Dei de cara com um professor Carvalho muito vermelho, sua expressão era nada boa. Claro que fiquei sem ação, o que estava acontecendo?

Então vi quem estava atrás dele, observei semblantes horrorizados de membros do Conselho, que se movimentavam para adentrar a sala. Sem saber o que fazer, finquei onde estava, tão perdida do que era aquilo que achei que eu mesma teria feito alguma coisa ruim, por causa do modo que eles se comportavam. Que eu fiz? Era proibido entrar na sala de reuniões? Eu não sabia que eles iriam voltar!

Controlado, professor Carvalho quebrou aquele silêncio estranho:

- Milena, pode se retirar, por favor?

- Que eu fiz?

- Nada, querida, nada.

Djane.

Do nada ela apareceu, e então a secretária dela, que me seguraram aos ombros, me levavam para fora dali. Não sei por que estava tão resistente de sair com elas. Nisso os representantes importantes, todos de terno, sérios, entraram no local. Antes que me levassem dali, eu ouvi bem nitidamente a voz gutural de um deles:

- Professor Bartolomeu, acredito que saiba o que acontece agora.

- Como assim?

- Está suspenso. Ouvimos tudo, ouvimos todos pelo transmissor.

- O quê?

Virei o rosto a tempo que ver o espanto do professor Bart, que se ajeitou de sua antiga posição relaxada, olhou para suas costas, onde umas luzes estavam ligadas. Deviam ser do microfone. E os de gravação, pois de longe enxerguei que havia algo ali rodando.

Um dos homens de terno se volta para mim e, brando, meneia a cabeça para Djane, para que me levem. Dessa vez deixo que o façam.

~;~

Passado o susto, as pessoas geralmente se acalmam. Né?

Não sei o que deu em mim, aquilo foi tão de repente que o nervoso me bateu só depois de me sentarem numa cadeira da lanchonete, no pátio. Muitos alunos estavam indo embora naquele momento, muitos, no entanto, se demoravam para ver o que rolava por ali.

Não sabia se era vergonha o que eu sentia, algo que me sufocou ao peito, eu via tantos olhos sobre mim que talvez isso tenha contribuído para meu pânico. Senti as mãos suarem, o coração do nada pulou na caixa torácica.

A perseguição acabava ali, mas... como minha mente não processava isso?

- Mi, você tá bem?

- Me abraça, Flá, só me abraça.

Assim que minha amiga me ofereceu seu ombro amigo, a apertei contra mim conforme me joguei para o lado, ela estava sentada próxima a mim. Djane se mantinha de pé conversando com outros professores, ela era chefe do departamento, afinal. Sentia que ela queria estar ao meu lado, prestando alguma assistência e não podia. Meus amigos que trataram de fazer isso, pois não só a mão de Flávia estava nas minhas costas, sentia a de Gui no meu ombro, via Sávio de prontidão do meu outro lado para o que precisasse. Ele quem conseguiu que eu tomasse um pouco de água, insistiu até algo descer, mesmo enquanto eu dizia que não passava nada.

- Mi, acabou, tá? Ele mesmo se entregou.

- Uhum.

Foi o máximo que consegui grunhir, pra não dizer que não respondi nada. Inspirei fundo, me soltei de Flávia. Só então notei que meus olhos estavam um pouco cheios, pisquei e, com um dedo, tirei essa água excessiva. Aí ouvi uma voz que eu distinguiria muito bem naquela desordem toda.

- O que está acontecendo aqui? Lena?

O que MURILO fazia ali? Não teria como alguém tê-lo avisado tão rápido, teria?

De qualquer forma, meus olhos se encheram novamente, eu esqueci todas as minhas questões com meu irmão, corri para os braços seguros dele, que me recebeu sem problemas, mas com contínuas perguntas:

- O que foi? O que tá acontecendo? Milena, me diz alguma coisa. Te machucaram? Quem foi?

Apesar de certo burburinho, todos aqueles a quem Murilo direcionou a pergunta ficaram calados, não sei se por mim ou mesmo por meu irmão, quem podia estourar ali mesmo. Estranhando mais aquilo, ouvi a voz de Vinícius se sobrepondo àquele silêncio do grupo.

O que ele fazia ali também? Ainda não havia dado o horário. Como que...?

- Alguém, por favor, pode nos dizer o que é isso? O que houve aqui?

De repente eu não queria contar, queria que fosse pra qualquer lugar, que não tivesse de mencionar coisa alguma. Sabia, no entanto, que nenhum dos dois deixaria o lugar sem saber o que toda aquela movimentação estranha. Aí Djane se fez ouvida:

- Descobrimos que... bom, o professor Bartolomeu...

Nem ela conseguia dizer. Me apertei mais contra Murilo, que me segurava cada vez mais protetoramente. Eu estava agora em com medo de sua reação, com medo de que fosse violento ou algo assim, pois quando lhe despertam a fera, ele pode não saber quando parar. Se eu pudesse lhe tapar os ouvidos...

Gui foi quem deu a resposta exata.

- Nós ouvimos uma conversa, em que o professor confessava estar... assediando a Milena.

No mesmo segundo Murilo e Vinícius protestaram em sonoridade:

- O QUÊ?

Murilo consegue me desatar dele, vi a fúria lhe subir assim que fiquei cara-a-cara com ele. Pisquei rapidamente os olhos, que ainda insistiam em ficar cheios e... veio primeiro a raiva contida dele:

- Ele... te... tocou?

De mim saiu um fio de voz:

- Não foi assim...

- Ele... TE TOCOU?

- Não foi esse tipo de assédio que você está pensando.

- ONDE TÁ ESSE DESGRAÇADO, ONDE?

Tentei impedir, mas com a força de Murilo eu não podia muita coisa. Ele se desvencilhou de mim, que fui amparada por Vinícius, quem me abraçou, me avaliou, tão tenso quanto podia estar. Nisso meu irmão ficava de um lado para o outro, nervoso, todo mundo olhando, algumas pessoas dispersando pra não levar também. Eu só queria que alguém o parasse.

Tirando minha atenção dessa cena, Vini me puxa pelo queixo, olha direto em meus olhos para investigar melhor:

- Lena, me conta. Como assim? Esse cara te tocou mesmo? Porque se toc...

- Não foi assim, Vini. Não foi esse tipo de assédio. Ele só... só me perseguia. Ele queria prejudicar Djane. Machucar a mim seria machucar a ela. Mas me tocar, professor Bart nunca insinuou qualquer coisa, isso eu posso assegurar. E agora... Céus, todo o prédio ouviu.

Levo uma mão ao rosto. Podemos ir embora?

- Como que pôde segurar isso, Lena? E por tanto tempo? Eu te perguntei tanto, amor, eu sabia que tinha algo errado. Por que não me disse?

Vini me traz para seu corpo, sinto seu coração batendo forte ao estar contra seu peito, inspiro seu cheiro marcante. Ao fundo ouvia Gui tentando controlar meu irmão, explicar o que tinha acontecido, Djane no meio, Flávia ajudando a conter.

Aquilo não acabava.

- Acabou, Lena, esse cara não vai mais... estamos aqui.

Com um beijo ao topo de minha cabeça, braços me segurando forte, e uma falsa tranquilidade, quis acreditar que seria uma boa os dois estarem ali.


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Notas finais do capítulo

Nhaaaaainnn.



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