Minha mão já não doía mais, já em compensação meu corpo ia se quebrando a cada movimentação minha. Glenn me proibiu de fazer qualquer tipo de ronda ou obrigação, eu tinha que ficar em repouso absoluto, como ele disse. Fiz uma higiene bem rápida e voltei para cama. Em melhores das dúvidas, minha cama era a melhor.

 - Maggie ?. - Rick abriu à cortina da minha cela. - Pode conversa ?. 

Assenti com a cabeça e sentei na cama.

- Sabe... Lize está mudada. Ela já não me trata como antes, ela me trata diferente. Ela está fria, ela vem sendo fria comigo e com Carl.. e eu já nãos sei o que falar. - Rick encostou o corpo na parede.

- Ela fez uma escolha. Todos um dia irão fazer alguém sofre. Só cabe à cada um decidi por quem chorar. - respondi.

- Mas ela não pode tratar ninguém assim, ela precisa ser feliz. - Rick contrariou.

- Você já imaginou quantas vezes machucaram ela e ela teve que sorrir, fingir que tudo estava bem ?. - retruquei.

Rick ficou em silêncio.

- Não é ela que precisa mudar e sim você. Deixa esse teu medo para trás, mostre à ela o quanto você quer ela. Mude. - continuei. - Mude por Carl ou por Judith. Só mude.

Rick continuou em silêncio. Seus olhos estavam pensativos. Rick assentiu com a cabeça e logo após saiu bloco à fora. 

Eu não queria ficar lá, na cama, mesmo sendo a melhor solução, eu não consigo ver pessoas fazendo tudo e eu aqui, deitada reclamando de uma mera dorzinha.

Fui ate o pátio principal, Brian, Dilan e Kath já tinham voltado da sua ronda, só Daryl e Glenn que não. O conselho ia se reunir hoje a tarde para discutir sobre a gripe que atacou o bloco D. Minha dor tardou a voltar, mas não pelo corpo todo, só na minha barriga.  Eu não queira que ninguém visse o quanto eu estava ruim e fui para uma das pontes menos visitadas, a ponte B.

Respirei fundo várias vezes, eu não sabia o real motivo dessa dor. deve passar, vai ter que passar. Olhando assim, a paisagem era realmente bonita, não tinha nenhum zumbi ou qualquer coisa. Só árvores e pássaros, Azar de quem nunca riu ao ver um pássaro cantar. 

- É ruim né ?. - Uma voz com desprezo surgiu logo atrás de mim. Era Emily, uma das mulheres que sempre fazia questão de incomodar. - É ruim ficar ai, sentindo dor, sem fazer nada ou falar alguma coisa. 

- Só que é pior quando você tenta dar uma opinião no grupo e ninguém te esculta ou tenta ser alguém mas não passa de uma mera mulherzinha médica.- retruquei.

Emily não respondeu nada, saiu bufando e murmurando coisas ofensivas. ninguém consegue me atingir. Não aqui.

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Eu já não aguentava mais de dor. Cada passo que eu dava meu corpo insistia em me destruir um pouquinho. Eu não queria que ninguém se preocupa-se comigo ou com o que eu estou sentindo, nem mesmo Glenn. Deitei na minha cama e esperei a dor passar, só que nada. Eu me contorcia em cima da cama, meu corpo suava à todo instante, a dor nunca saiu do lugar, sempre foi ali, na minha barriga. Eu já não aguentava mais de frio e de angustia.

- Maggie ?. - Lauren entrou na cela. - Você está bem ?.

- Tá doendo... muito. - falei pausadamente.

- Eu vou chamar o Doutor 'S'. - Lauren saiu correndo.

Em poucos minutos o Doutor 'S' chegou. Como Lauren sempre foi desesperada ela já tinha contado a Glenn, que não saia do meu lado e não parava de me pergunta como eu estou, ah meu amor, tirando a dor insuportável da minha barriga, eu estou com uma felicidade que só.

- Pedras nos rins. - Doutor S concluiu. - É grava mas tem cura. Ela só precisa de chá e repouso, muito repouso. 

Respirei um pouco mais aliviada.

- Quais foram os motivos ?. - Glenn perguntou à Doutor 'S'.

- Medicamentos demais. - ele respondeu. - Você sabe que medicamentos ela toma ?.

- Todos estão na primeira gaveta da cômoda. - Glenn apontava para a pequena cômoda que nós tinha-mos na cela.

- Ela não pode tomar esses medicamentos por um bom tempo. Nó máximo um ou dois meses. - Doutor S afirmou. 

- Mas.. eu... não... posso. - retruquei.

- Pode e deve. - ele me contrariou. - Só não tome.

Eu não retruquei mais nada, apenas continuei a me contorce na cama. Glenn também não falou nada, só olhava para mim preocupado. Lauren decidiu fazer um chá, Doutor S à seguiu, afim de lhe contar todas as metidas que ela precisava ter comigo. Glenn ficou lá, sentado em uma poltrona de coro preto. Aguentar a dor que sempre voltava na minha barriga não era fácil, mas também não era impossível. Dores vem e vão, ou  você se acostuma com ela ou você sofre.

- Você.. ainda transforma nossa vida em um pequeno hospital. - Glenn brincou.

- O que posso fazer ?. Esse é meu jeito de falar que te amo. - respondi com ironia.

Glenn levantou e deitou ao meu lado. A dor já tinha passado, em poucos minutos ela ia voltar. Eu deitei minha cabeça sobre o peito de Glenn e segurei a mão dele. Glenn levantou nossas mãos entrelaçadas e começou a admirar meu anel. O anel brilhava cada vez que se encontrava com a luz da lua. 

- Sabe... Eu fiquei pensando, antes disso tudo acontecer... Tenho certeza que havia uma dúzia de homens esperando ter uma chance sua para convidá-la para sair. - Glenn beijou meu anel.

- E foi um apocalipse zumbi acontecer para eu descobrir que só precisei de um riacho. - respondi, sorrindo.

Glenn selou nossos lábios. Eu era o oposto de Glenn naquela noite, eu estava cansada e ele animado, eu estava doente e ele super curado, eu precisa de carinho e ele de mim. 

- Vocês não podem fazer isso. - Lauren entrou novamente na cela. - Sem pílulas vocês sabem. 

Glenn começou à rir e logo em seguida saiu, deixando eu e Lauren sozinhas. Era horrível, o cheiro do chá era de mato seco e ruim, eu nem queria imaginar o gosto, mas eu precisava, precisava muito.

- E como será agora ?. - Lauren perguntou.

- Viverei de chá por toda à eternidade. - respondi, tomando um gole do maldito chá.

Finalmente era o último gole do chá, entreguei minha xícara para Lauren e virei para o lado. Eu precisava dormi, dormi para não sentir toda aquela dor, dormi só para fugir mesmo.