S.O.S Me Apaixonei Por Um Assassino Suicida escrita por Anthonieta


Capítulo 3
O perigo está instalado no andar de cima


Notas iniciais do capítulo

Demorei um século para postar, eu sei, eu sei..



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O cara mirou o olhar suspeito em mim, a coisa toda durou uns cinco segundos. Se tivesse umas velas aromáticas, vinho tinto, chocolates, uma música ambiente e duas décadas a menos, seria uma perfeita cena Hollyoodiana. Mas era dois mil de doze, não havia mais que um aglomerado de curiosos, e era Clarissa Lee Licer e um cara estranho. Sem possibilidades.

— Boa noite, senhor Santi.

— Não, Frederich, não me chame de senhor. Não me envelheça assim.

— Como quiser.

Frederich empilhava umas pastas amarelas numa mesinha minúscula, bem no centro da saleta, onde todos a cercavam. Formou-se um silêncio insólito que não cessava, nunca fora assim. Os moradores do Tude não são nem um pouco calmos, aquilo me incomodava. Frederich coçou a barba rala e apoiou-se no balcão de granito.

— Bem, este é Jason Santi, certo?! o novo morador do Tude E. Por favor, sejam gentis com ele.

Algumas pessoas assentiram com a cabeça. Jason sorriu torto, passando os olhos escuros pelos canos mais fora do campo de visão possíveis. Parou os olhos em mim e comprimiu os lábios num sorrisinho parcialmente socializável. Estávamos mais próximos agora, tanto que pude perceber o seu deboche. Eu bufei, alto demais, talvez.

— Sinto muito, senhorita Lee. – Frederich murmurou.

— Sem problemas. – menti.

No mesmo instante, virei-me para ir embora, mas fui surpreendida por um puxão no braço esquerdo. Gabriela cravava as unhas vermelhas em mim.

— Você já vai?

— Estou com fome e não tenho mais nada para fazer aqui.

— Hum, bonito rapaz. – ela sorria, maliciosamente, olhando para alguma parede, algum horizonte abstrato, ou, simplesmente, para o sujeito.

— Não achei grande coisa. — rebati.

— Mentira, eu vi a sua cara.

— Sim, todos viram. Cara de quem perdeu a tranquilidade.

— Ele já te deixou perturbada? Hum...

— Fala sério, você entendeu.

Todos davam falsas boas-vindas a Jason, ora, ninguém gosta de vizinhos novos. Virei-me novamente para sair daquele ambiente poluído, mas Gabriela tronou a me puxar pelo braço.

— O que quer, agora?

Ela chamou o elevador e arreganhou um sorriso exagerado.

— Vou subir com você e pedir uma pizza para discutirmos sobre o nosso novo vizinho.

— Aham, você gostou muito dele, hein?

— Não mais que você.

— Tem algo de errado nesse cara.

— Não há nada errado, por Deus, está tudo certo. Isso é coisa da sua cabeça, ou do seu estômago.

Eu dei de ombros e entrei no elevador com Gabriela ao meu lado, e, um segundo antes das portas cerrarem, pude jurar que vi, mais uma vez, o olhar seco de Jason Santi sobre mim. Uma sensação de alma invadida, de falta de privacidade, minha respiração estava contida. No entanto, não era como um cara se sentindo atraído por uma garota, e sim como um animal caçando, ou sendo caçado. Esse era o problema, eu não sabia dizer se ele era a ameaça ou o ameaçado. Bem, eu nunca soube dizer.


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