Recife, dos Maracatus e pessoas vendendo muambas na rua, cidade de João Pedro Adalberto Vieira Junior, o primogênito da família mais polêmica, da rua mais polêmica, segundo os melhores desenvolvedores da boa fofoca, do bairro de Santo Amaro. Jotapê, como faz questão de ser chamado, é quase uma estrela, de tão conhecido por ser um boçal, evidentemente. E a sua vidinha corriqueira de péssimo estudante beirando o vestibular, com uma mãe histericamente local o educando à base de vassouradas, se transmutará num completo inferno, literalmente, com a volta da sua doce paixão de infância. Ora, palermas também se apaixonam. E as paixões causam graves efeitos colaterais. Recife, dos pombos do Pátio de São Pedro e fornecedores de mata-mosquitos, nunca mais será apenas pontes, rios, enchentes e prédios bonitos.

Clarissa Lee Lincer passou boa parte da vida planejando o futuro que ela julga perfeito: Formar-se jornalista, escrever alguns romances baratos e tomar posse de um apartamento bacana. Sendo um pensamento egoísta, ou não, viver nas entrelinhas de romances incertos nunca esteve em suas pretensões. Nunca imaginara ela, estando a mercê do aniquilamento que é se entregar ao sentimentalismo descontrolado. Tão descontrolado quanto ela, tão descontrolado quanto o seu inquieto espírito de escritor amador. Tão descontrolado quanto Jason Santi, seu amável pesadelo, destruidor de sonhos monômanos. A paixão é uma ruína independente de recompensas. Um eterno, e sofrível, cabo de guerra sem lado vitorioso.