O Báculo Do Poder escrita por dgpaxiel


Capítulo 11
Capítulo 11 - Morton, O Guardião da Escuridão




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A expressão de Ariadne fez com que os dois ficassem preocupados. Poderia ser só um medo comum de fantasma, mas naquele instante puderam sentir que Ariadne não estava brincando.

– Se acontecer qualquer coisa, digam que querem desistir, nenhum poder vale a vida de vocês – recomendou Ariadne.

– Eu não tenho escolha, desistir não é uma opção – disse Sakura.

A porta tinha o desenho de dois olhos fechados e todos olhavam para a porta atentamente. Sakura com delicadeza, colocou a mão na maçaneta na porta e empurrou com uma certa dificuldade, as portas não eram abertas há muito tempo. Pularam o sangue, e entraram em uma sala de paredes enegrecidas, e não dava para ver quase nada ali, exceto a continuação da poça de sangue. Apesar de tudo, não havia corpo ali.

Não precisaram caminhar muito para perceber que não havia nada li, exceto um chão liso que poderia ter uma armadilha ou um alçapão a qualquer momento. Sakura tentou ativar a carta LIGHT, mas não funcionou.

– Minha magia não funciona, o que está acontecendo?

Uma voz rouca e fria, como se o dono fosse autor de muitas mortes e não se importava em dizer qualquer coisa.

– Crianças com medo do escuro? A quanto tempo não vejo isso – A voz penetrava na mente dos dois como se fossem facas sendo lançadas.

– Viemos te derrotar, seja o que for. – disse Shaoran tentando disfarçar o pavor que sentia.

– Derrotar? Como vão fazer isso? Vocês nem sabem aonde estou.

Sakura temeu que a criatura que falava com eles pudesse ser gigante, com presas enormes.

– Aparece, você é covarde demais – disse Sakura.

Não ouviram qualquer som por mais ou menos um minuto, então a voz misteriosa voltou a falar mais perto, e mais audível do que nunca.

– Vou dar uma dica.

Naquele momento, Shaoran sentiu o mesmo braço machucado da ultima luta, ser traspassada com uma lamina de faca. Gritou com o amargor de só quem tem o braço praticamente amputado pudesse sentir.

– Senti uma lâmina no meu braço, tem alguma coisa errada com a arma desse cara, a dor é maior do que deveria ser.

– WINDY – Sakura invocou a carta e pediu para procurar o guardião. Em um instante, puderam ver a luz que a WINDY emanava e logo puderam ouvir que ela conseguiu derrubá-lo.

– Como ousam me derrubar de forma tão vergonhosa? – disse a voz.

Naquele momento a escuridão cessou e puderam enxergar que estavam em uma caverna. O chão era reto demais e perceberam que não se tratava de uma caverna comum.

– Eu sou Morton, o guardião da escuridão, e vocês estão na Caverna Escura. O breu irá tomar conta desse lugar novamente e sugiro que terminemos a luta antes disso.

Era uma figura encapuzada como se fosse um templário. As mangas da roupa eram largas e podiam ver duas lâminas, uma em cada manga. Não dava para ver o punho das armas, então não podiam descrever o quão longas poderiam ser. O rosto era apenas escuridão e não podiam ver sequer os pés de Morton, já que a sua roupa ia até o chão.

– Ótimo, duas espadas? Eu consigo acabar com qualquer um que use uma – disse Shaoran confiante.

– Eu não teria tanta certeza Shaoran, parece que ele esconde alguns segredos, com certeza ele vai tentar alguma coisa. Vamos tentar tomar uma distância dele. Precisamos pensar em alguma coisa. – disse Sakura.

Os dois correram para outro lugar daquela ampla caverna, mas logo sentiram a presença do guardião sondando-os.

– NO TETO – gritou Sakura e Shaoran lançou um ataque de raio. O lugar tremeu como se tivesse acontecendo um terremoto e alguma pedras caíram do teto. Tudo poderia desmoronar, sem contar que Morton era alguém com a habilidade de esquiva muito avançada.

Shaoran sentiu uma raiva passar pelo seu corpo todo, devido à incapacidade de fazer qualquer coisa. Não podiam enxergar direito, não estava tão claro como antes, o guardião podia desviar dos ataques e não podiam usar uma magia poderosa, pois o lugar todo poderia ruir.

– Esqueci de dizer uma coisa, eu posso anular magia também – disse Morton, e puderam ver que em meio na escuridão que era o rosto dele, apareceu um sorriso largo, mas que tinha sede de sangue.

Morton apareceu atrás de Sakura e tentou um chute, mas na hora ela ativou a carta SHIELD. Teve tempo de desviar antes que Morton pudesse anular o escudo de magia. Aproveitando o tempo em que Morton estava com as mãos ocupadas, Shaoran acertou um chute no estômago do guardião, mas seus pés atravessam como se tivesse chutado o ar.

Uma lâmina passou de raspão nos cabelos de Sakura, mas não houve qualquer dano, Sakura ativou a carta FIGHT a pedido de Shaoran. O rapaz segurou os braços de Morton para trás com grande dificuldade então Sakura acertou Morton no estômago, mas logo em seguida, Shaoran foi arremessado para o lado.

Sakura olhou para a esfera que Eriol havia dado para ela, pela primeira vez e viu que ela estava brilhando uma luz viva amarela.

– PRESTE A ATENÇÃO NA LUTA – gritou Shaoran.

Sakura sentiu uma energia estranha passar pelo seu corpo. A sensação é de que ela não tinha mais dores e que sabia o que estava fazendo. Puxou a espada Shinkage da sua bainha e fez o Segundo Movimento – TEI.

A espada emitiu uma vibração e Sakura quase não conseguiu segurar o punho. Então ela levantou a espada para o céu e a lâmina começou a chamuscar faíscas, com um movimento vertical, a espada soltou um poder de fogo surpreendente e acertou Morton no braço fazendo com que ele largasse uma das espadas.

– NÃAAAAAAAAO, PRECIPITAÇÃO DAS TREVAS – gritou o guardião – Uma magia de fogo que não conheço, o que é isso? Parece familiar, mas não tenho poder contra isso.

Uma chuva de sanguessugas começou a cair e os dois sentiram que sua magia estava esvaindo-se. A chuva de criaturas vivas atrapalhou a visão de Morton, sua própria magia. Shaoran pediu o baralho de Sakura e retirou a carta WAVE. A onda que se formou foi mais eficaz do que imaginavam. Com a força da magia, todas as criaturas foram arrastadas para longe dali em algum lugar no fundo da caverna. Shaoran conseguiu pegar uma daquelas criaturas antes que fosse levada e jogou em Morton.

– Isso deve bastar pra você – disse Shaoran rindo.

Morton levantou e o sorriso branco que carregava desapareceu.

– TIRO DAS SOMBRAS – e Morton com a mão que havia soltado a espada atirou algumas bolas de fogo negras. Pela primeira vez puderam ver a mão de Morton. Era de uma pessoa idosa, enegrecida como se estivesse podre e as unhas eram enormes.

– O que é isso? – disse Sakura.

– Seja o que for, mande um ataque para acabarmos de vez com ele – disse Shaoran.

Sakura se lembrou do medalhão da ultima batalha. Pegou o na mão e tocou no desenho. Imediatamente uma lança apareceu em suas mãos. Com toda a sua força, arremessou a lança contra o guardião e o perfurou de um lado para o outro, antes que pudessem ver, a lança havia sumido e o guardião estava semi-morto no chão. O ataque foi suficiente para que a lança o atingisse e mandasse para o monte de pedras mais próximo e destruísse um pouco do chão liso da caverna.

– Nossa, que poder. Meus Parabéns, conseguiram me ferir desse jeito, vocês estão pronto para receber isso aqui. – disse Morton.

Morton segurava nas mãos enegrecidas um medalhão tão negro quando a escuridão do seu rosto.

– Toque no símbolo e o lugar escurecerá imediatamente. Uma escuridão que só pode ser dissipada ao seu comando – disse Morton, e então desapareceu.

Sakura se lembrou da esfera que brilhara no meio da luta, sentiu um poder grandioso vindo do seu brilho, mas agora estava completamente apagada. Sem dizer ao desligado Shaoran que aquilo era o responsável pela ascensão de sua habilidade, percebeu que havia muitos segredos escondidos e ela precisava descobrir.

O lugar estava claro, estavam perto de abrir a porta quando Shaoran viu Sakura guardar a esfera novamente na pequena bolsa que carregava.

– O que você acha dele? – disse Shaoran com a expressão amarrada.

– De Morton? Foi difícil, mas esse medalhão vai ser útil agora.

– Não dele... Falo de Eriol.

Sakura exita um pouco enquanto guardava a espada e olhou para o outro lado, como se estivesse escolhendo as palavras.

– Ele é meio egocêntrico não é? Fico imaginando por que ele sempre foi assim. Acho que ele pode pensar que é incrível mesmo, afinal eu treinei com ele e vi que ele sabe de coisas que somente Clow sabia mesmo, me simpatizo muito com ele.

Shaoran ficou vermelho não podia acreditar que Sakura estava falando tão bem de Eriol, ainda mais naquela situação, a expressão fechada se tornou uma expressão de ansiedade.

– Você não está pensando que eu tenho alguma coisa com ele não é? – disse Sakura estudando-o.

O garoto ficou roxo, como ela poderia saber o que ele realmente estava pensando? Mas suas expressões o entregavam como se tivesse escrito um texto na própria testa.

– Não preciso ser Einstein pra saber que você ficou com ciúmes e está me especulando pra saber de alguma coisa. – disse Sakura finalmente guardando a esfera e fechando a bolsa.

– Desculpe, é que eu pensei que... – começou Shaoran, mas logo Sakura o interrompeu.

– Eu não sou uma pessoa que quebra sua palavra, você é um namorado maravilhoso, está certo que as vezes seu temperamento é um pouco explosivo, mas isso nunca foi motivo pra eu deixar de te amar – Sakura pegou no rosto de Shaoran com as duas mãos, o fitou com aqueles olhos verdes e o beijou. Tentou falar um “eu te amo”, mas já não tinha como, seus lábios já haviam encostado aos de Shaoran.

Shaoran pensou em várias coisas naquele momento, prometeu para si mesmo que jamais a magoaria. Iriam terminar aquela fortaleza, nem que tivesse que lutar sozinho, apenas protegendo a menina que ele mais ama nesse mundo. Dez guardiões não são nada, podiam terminar aquilo.

– Quero te dar uma coisa, abre a mão – disse Shaoran com um embrulhinho que tirou do bolso.

Sakura imaginou que pudesse ser uma aliança. Será que era? Não é o momento certo, mas um pedido de compromisso pode acontecer em qualquer lugar. Fechou os olhos e esperou Shaoran depositar o que quer que fosse na palma de sua mão.

– O que é isso? – disse Sakura surpresa com o que segurava.

Era um ursinho minúsculo de pano. Tinha um coração no peito e era todo cor-de-rosa.

– É um amuleto da sorte. Se a gente se separar no meio dessa fortaleza, olhe para esse ursinho e tenha fé de que no final a gente vá se encontrar. Wei-san, meu tutor, é muito bom em costura e pedi para ele fazer.

Sakura olhou para o ursinho e pensou que não tinha sido daquela vez.

Quando atravessaram a porta sentiram a atmosfera mudar, a pressão se expandiu e isso fez com que Shaoran se apoiasse nos joelhos, ofegante, mas Sakura caiu no chão instantaneamente. Não desmaiou, mas respirava fundo e suava demais.

– SAI DA FRENTE GAROTO – disse Ariadne empurrando Shaoran para o lado que tentava levantar Sakura.

Sakura tinha a expressão reta, havia se acostumado demais com o ar rarefeito da caverna que a nova atmosfera havia comprimido seus órgãos.

– Vou ter que usar minha magia, cadê o Teseu do martelo quando a gente precisa dele? Bom, lá vai, não é atoa que sou mestre em cura – disse Ariadne colocando os pés no chão e aproximando o seu rosto ao rosto de Sakura há uns dez centímetros de distância.

Abriu a boca da menina e abriu a sua própria. Uma névoa azulada saiu da boca de Ariadne e entrou na boca de Sakura. A garota pareceu convulsionar, deu três solavancos e depois de um tempo se sentou e começou a falar.

– Achei que fosse morrer, como isso não te atingiu Shaoran?

– Estou acostumado com a mudança de clima, já treinei luta nas montanhas mais altas.

– Chega de conversa, precisamos continuar – disse Ariadne sem paciência – Vamos subir essas escadas.

Era um labirinto praticamente, as escadas viravam, desciam, subiam novamente, subia mais ainda e em espiral. Quase no final, sentiram uma presença mágica colossal, mas não era vivo, era algo parado.

– PAREEEEEEEEEEEEEEEEEEMMMMM – gritou Ariadne e Shaoran desejou gritar mais alto para que ela parasse com aquilo – Isso é um campo de força, tenho um enigma para vocês, estão vendo aquela porta mofada? É a próxima, usem uma carta para atravessar e chegar até ela.

Ariadne encostou duas vezes o campo de força com o dedo para que pudessem ver a localização exata.

Sakura pegou a lança de Samuel e arremessou no campo de força. O estrondo foi tão grande e ensurdecedor que todos caíram para trás.

– O que pensa que está fazendo? Não parece que vai quebrar com força bruta, quase que você nos mata.

– Dá um tempo Shaoran, estou pensando... – disse Sakura enquanto puxava a carta SILENT.

– Ahhh, a carta THE SILENT, basicamente expulsa todos do ambiente quando ouve um barulho, mas eu não a usaria se fossem vocês, ela não vai nos mandar lá pra dentro, pelo contrário, vai nos mandar para fora da fortaleza. Pensaram que aquelas duas estátuas de leão ao lado da porta possa significar alguma coisa?

– Já sei, empresta a carta SHADOW Sakura? – disse Shaoran. Ariadne deu um leve sorriso.

– SHADOW, afaste aquelas duas estátuas por igual, até que esse campo de força se desfaça. – disse Shaoran com efeito.

A Shadow atravessou o campo de força, se solidificou e empurrou as estátuas. Imediatamente puderam chegar mais perto da porta.

– Como vocês desvendaram o enigma, peguem isso, vai se útil no momento certo.

Era uma ampulheta dourada e toda adornada, incrustada de pedras azuis. Shaoran pegou o objeto e já ia virar a ampulheta quando as mãos de Ariadne o parou.

– Se você der uma volta completa regressaremos dez minutos no tempo. Só usem se acharem necessário. Antes que me esqueça, se tivessem encostado-se à porta, estariam congelados agora.

Sentiram medo nas palavras de Ariadne. O fantasma soprou nas portas e limpou todo o mofo.

– Era gelo, agora...

Shaoran não esperou, abriu a porta na mesma hora e uma rajada de neve o atingiu. Com aquilo, Shaoran ficou imóvel, completamente congelado. A porta com a imagem de um floco de neve se fechou novamente antes que entrassem.

– SHAORAAAAAN!!! – gritou Sakura chorando.

– Essa não! – disse Ariadne em tom de lamento.


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