O Báculo Do Poder escrita por dgpaxiel


Capítulo 12
Capítulo 12 - Parvy, A Guardiã do Gelo


Notas iniciais do capítulo

Parvy faz uma leve referência ao livro "Auto da Barca do Inferno" escrito por Gil Vicente. Na história, era dito que o personagem era um Parvo e simbolizava a inocência.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/419377/chapter/12

Shaoran estava petrificado, sua expressão era completamente inerte, então Sakura percebeu que não havia sequer sinal de vida. Ariadne estava mais séria que o normal. Sakura chorava sem parar até que Ariadne se curvou na direção do bloco de gelo que guardava Shaoran dentro, derreteu uma parte para pegar a ampulheta que estava guardada entre suas coisas e virou uma vez. Sakura sentiu seus cabelos chacoalharem, e seu corpo sentiu um frio diferente. Passou as mãos no rosto e estava completamente seco, não estava mais lavado com as lágrimas e sentia como se nunca tivesse chorado.

Olhou em volta, estava a alguns passos do lugar em que estava e a porta voltara a ficar com a camada de gelo na qual Ariadne havia soprado para tirar. Olhou para Shaoran e este estava ereto, parado e olhando para todos sem entender.

– Pensei que a ampulheta não funcionasse para ressuscitar pessoas – disse Sakura.

– E não funciona mesmo, mas Shaoran ainda não estava morto, ele foi congelado e de alguma maneira, apesar da força vital dele ter chegado praticamente à zero, o gelo conservou ele com vida. Então Shaoran, nem pensar em abrir essa porta antes de eu mandar.

Shaoran concordou e mais uma vez Ariadne soprou a porta para revelar seu desenho, esperou cerca de um minuto e então ela mesma abriu a porta e empurrou os dois para dentro num relance só.

– Essa é a hora de entrar, vão com cuidado, o gelo não vai congelar vocês, exceto...

A porta se fechou e ambos não conseguiram ouvir a ultima palavra de Ariadne. Com o frio intenso, começaram a tremer muito, então Shaoran pegou o seu casaco e colocou em Sakura.

– Mas você vai congelar novamente – disse Sakura.

– Novamente... não diga besteiras, e eu já estou acostumado.

Foi então que Sakura percebeu que Shaoran não sabia que havia sido salvo pela ampulheta. A memória dele foi apagada.

– O gelo não vai congelar vocês, exceto se eu, Parvy, a guardiã do gelo baixar a temperatura e lançar um ataque que irá acabar com você no mesmo instante. A questão é, mato vocês aqui, ou deixo os dois fora de combate para que não consigam continuar.

– CALE A BOCA – disse o Shaoran na mesma hora.

– Parece que você não tem nenhuma educação, seu moleque, eu nem comecei a lutar ainda. Pessoas com nenhum respeito merecem morrer.

– Se contenha, se a deixarmos brava, vai ser muito mais difícil de acertar ela – disse Sakura cochichando.

Parvy lançou uma tempestade de neve e deixou os dois praticamente soterrados.

– Nossa, meu poder melhorou, não usei nem um por cento do meu poder e consegui derrotar esses dois. Esse é o poder do gelo? Tudo isso?

Certamente Parvy era uma pessoa convencida. Shaoran estava com a carta FIREY de Sakura no bolso e sem que a guardiã percebesse, dissipou toda a neve em volta deles.

– FIREY, use seu poder para eliminar toda a fonte desse gelo – disse Shaoran aproveitando a carta ativada.

– Poderes de CLOW REED? Como vocês conseguiram? Vou ensiná-los a não usar o poder do meu mestre como se fosse um escava-neve.

Parvy lançou outra magia e Shaoran bloqueou com a FIREY ainda.

– Nossa, você fala demais guardiã, encare a realidade, você não pode nos atingir – disse Shaoran irritado. Parvy abriu um pequeno sorriso de satisfação.

Parvy era uma mulher alta, com aparência jovial de uma moça de vinte e cinco anos de idade, um cabelo branco comprido que ia até sua cintura, usava roupas brancas, e de longe poderia se passar como uma irmã de Ariadne.

– Você tem uma boca grande, já percebi rapaz mimado, você falaria tanto assim se eu cortasse a sua língua? Vocês estão na Ilha de Gelo. A temperatura é por enquanto de menos 5 graus.

Quando Parvy terminou de falar a nevasca aumentou e a pouca sombra que podiam ver de Parvy estava desaparecendo gradativamente. Sentiram que logo não poderiam ver nada e assim ficaria muito mais difícil de lutar.

Sakura ameaçou pegar a carta LIGHT, mas Shaoran segurou sua mão.

– Não faça isso, com, todo esse gelo pra refletir essa luz, nós iríamos ficar cegos em instante, guarde a carta. Vamos pensar num plano e fique atenta, ela pode aparecer em qualquer lugar.

Em certo momento, completamente escondida, Parvy sentiu sua saúde diminuir. Algo estava errado, era como se um infarto tomasse conta de si, começou a sentir muita dor, e com isso a nevasca cessou totalmente.

Era um lugar aberto, havia há alguns metros de onde estavam, um lago congelado, um castelo de gelo e muitas arvores com galhos secos, cobertos de neve. Puderam ver Parvy sofrendo a dor e esperaram sem entender o que poderia estar acontecendo.

– Eu vou derrotá-los, fiquem aí – Arranjou alguma força e fez a nevasca voltar.

Sakura levantou uma carta no céu e começou a recitar.

– WINDY, leve essa nevasca e faça com que possamos ver o inimigo.

Shaoran olhou para Sakura e viu que a esfera brilhava dentro de sua bolsa, então entendeu que poderia ser dali o motivo da fraqueza de Parvy.

– Sakura, se aproxime dela e use a carta FIGHT – disse Shaoran pensando na possível estratégia que havia criado em sua mente.

O primeiro soco atingiu Parvy em cheio e a derrubou imediatamente mediante a fraqueza que sentia. Com grande dificuldade, Parvy se revestiu de uma camada de gelo, e agora parecia uma estatua de gelo de uma mulher que havia criado vida e se movimentava livremente agora.

– Não posso descuidar, tem algo que está tirando minha força vital – pensou Parvy. Percebeu que não sentia tanta dor com o escudo de gelo e agora, os ataques de Sakura perderam o efeito completamente.

Sakura ativou a carta POWER e os golpes ficaram mais efetivos, mas Parvy conseguiu se desviar sem grande dificuldade.

– O que faço agora? – pensou Sakura.

– RAJADA DE NEVE – gritou Parvy e atingiu Shaoran em cheio. Era tarde demais para perceber que Shaoran era apenas uma distração. Segurava a carta ERASE na mão.

– Primeiro Movimento, Shinkage – O tempo foi de apenas o suficiente para ouvir Sakura nas suas costas com a espada erguida e a carta DASH na mão.

O grito de Parvy ecoou por todos os lugares se era possível ter um limite naquela ilha.

– Quem diria que suas costas eram o ponto cego do seu escudo de gelo Parvy – disse Sakura em tom de triunfo.

Parvy olhou para Sakura que já estava um pouco longe com a expressão mais séria que nunca, tinha que descobrir uma coisa que a intrigava, qual era a fonte de toda a sua fraqueza? Correu na direção de Sakura para acertar um soco, mas levou a mão na sua bolsa e conseguiu pegar a esfera.

– Me devolve – gritou Sakura.

– Ainda bem que vocês tem isso. A Esfera do Sol. Criada por CLOW REED também. Aonde está a Esfera da Lua?

Sakura olhou para Shaoran e o menino fez a mesma coisa e então olharam para Parvy dando de ombros em sinal de que não sabiam do que ela estava falando.

– Então a Esfera da Lua ainda está aqui dentro da fortaleza. Têm o poder para me derrotar, mas não para derrotar meu irmão.

Sakura tentou assimilar tudo o que ouvia, mas era muita informação pra um dia só. Se existia outra esfera, ela deveria procurar até encontrar.

– Não, não tem jeito, se vocês não têm a esfera não tem como encontrar sem antes derrotar meu irmão. Dou a vocês o Medalhão do Gelo, que tem o poder de criar uma nevasca congelante.

– Espera, você só pode nos dar o medalhão se derrotarmos você, e estou vendo que você bem e de pé, apesar da tosse e a sua cara de que não está gostando de segurar a esfera.

– Sim, mas toda regra tem a sua exceção, e para mim é essa esfera. Não deveria estar no poder de vocês antes de me enfrentarem, a não ser que “aquele garoto” tenha pego naqueles anos e dado isso a vocês, ou talvez vocês roubaram isso dele. De qualquer forma, se estão na posse da esfera, ela é de vocês. De qualquer forma essa esfera é bem inútil sem a outra – disse Parvy suspirando e empurrando o medalhão para eles.

Shaoran fechou a cara, deu um pulo pra trás.

– Não, não podemos aceitar, definitivamente.

Nesse momento, foi a vez de Sakura fechar a cara, rapidamente pegou o medalhão e guardou.

– Se você não quer, eu quero – falou Sakura furiosamente em tom de que iria começar uma briga. Ver Shaoran decidir como se estivesse sozinho era algo que ela repugnava com todas as forças.

– Briga de namorados? Sabe que não vejo isso há muito tempo – disse Parvy fazendo com que os dois ficassem vermelhos.

– Vamos então, precisamos continuar, ainda restam sete guardiões. Senão nos apressarmos... – disse Sakura erguendo as sobrancelhas.

– Ahh, vou com vocês, como guardiã guia, tenho que ir com vocês até certo ponto.

“Certo ponto”, mais uma vez Sakura pensou nas surpresas que a esperavam e que fizeram apenas a parte fácil.

Os três saíram pela porta. Parvy fez uma camada de gelo inquebrável em volta da esfera para que não sofresse com a radiação de poder que emanava. O corte nas costas de Parvy era visível e isso fez com que Ariadne gritar quando os avistaram.

– Isso que dá querer mostrar mais do que deve, sua vadia – disse Ariadne rindo histericamente.

– Ahh é você aqui? Acho que vou começar a me arrepender de ter saído da minha sala – disse Parvy devolvendo a resposta.

– Calem a boca – esbravejou Shaoran irritado.

Começaram a seguir o caminho que claramente formava um corredor único ao longe. Viram que tinha um fantasma usando um pijama, cabelos compridos e olhar embriagado. Quando se aproximaram o fantasma brilhou um pouco e estendeu a mão num sinal de parada.

– Não podem passar, somente seres de grande poder podem atravessar esse túnel. – disse o fantasma. Olharam para trás dele, e o corredor estranhamente minava a luz do restante. Era como se existisse uma névoa negra atrás do fantasma.

– Deixe-nos passar Zephir – disse Parvy calmamente.

– Senhora Parvy? O que faz aqui?

– Estou aqui para que você não faça nenhuma injustiça. Você não sabe julgar magia Zephir, está claro o potencial desses dois, caia fora.

Imediatamente o fantasma desapareceu deixando o caminho livre.

– Garota, me empreste a sua espada.

Sakura retirou a sua espada da bainha e entregou para Parvy. Começaram a caminhar pela escuridão. Só podiam ouvir as vozes uns dos outros e a respiração de cada um.

– Fiquem Atentos! Terceira Forma – RAI, O Raio Iluminador. Depois te ensino essa garota de presilhas. Sakura entendeu que o recado era pra ela.

A luz da espada podia ser vista por todos bem como dois fantasmas gigantescos logo à frente, a boca de um se abriu e iniciou um ataque de fogo, mas antes que pudessem atacar, Parvy derrubou os dois com o ataque iluminador que já estava na Shinkage.

– Pronto, isso deve dar conta desses dois grandões – disse Parvy devolvendo a espada para Sakura e batendo a mão uma na outra com sinal de limpeza. Zephir então apareceu desesperado colocando as mãos na cabeça, sem saber o que fazer.

– Você não devia ter derrubado esses dois fantasmas. O senhor Hendric irá ficar muito zangado comigo.

– Fale pra ele que esses dois fracotes não foram páreos para mim. Espere, pensei que tinha mandado você sumir agora pouco.

– Desculpe senhora Parvy – e então, Zephir e os outros dois fantasmas desapareceram.

– Perdemos tempo demais, temos que chegar à porta logo – disse Shaoran determinado e preocupado ao mesmo.

Correram para a porta que mostrava uma tocha, Shaoran tomou a frente e pegou na maçaneta. O calor fez com que suas mãos queimassem e então retirou a mão imediatamente.

– Isso é bem a cara do meu irmão, tomem cuidado, ele é guardião do fogo, um vacilo e vocês morrerão queimados imediatamente, ele é do tipo que gosta de ver seus inimigos morrerem lentamente.

– E meu cabelo como fica? – disse Sakura.

– Tudo o que você se preocupa é com o seu cabelo? Eu estaria preocupada é com o meu baço – disse Ariadne sem paciência.

– Silêncio, e agora conheçam Hendric, um dos quatro guardiões elementais. – Parvy então colocou a mão na maçaneta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!