A Espera Da Morte escrita por By Thay gc


Capítulo 4
Últimos avisos.


Notas iniciais do capítulo

Bom, espero que estejam gostando de tudo aqui, e infelizmente este é o penultimo cap. =/

Pois é. sinto muito por isso, mas fazer o que :P

Obrigada a todos pelos comentarios e forças que vocês vêm me dando esse tempo. E darei duas musicas para vocês ouvirem neste cap.

Ouçam na ordem que quiser, quando uma ficar chata coloquem a outra. Até pq são musicas de um jogo e estao extendidas, por isso pode ficar meio chato

A primeira. http://www.youtube.com/watch?v=t7CzrOPhIrs

A segunda. http://www.youtube.com/watch?v=AOjO97XIupA



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/419310/chapter/4

Cássia Foster

12/07/20012

Neste exato momento eu estou escrevendo na sala, sentada ao pé do sofá com as janelas fechadas mesmo estando este calor infernal. Estou trancada em casa e lagrimas e mais lagrimas caem de meus olhos. Estou aqui porque em meu quarto esta impossível minha presença lá. Deixa eu lhe contar o que houve para eu estar tão assustada, sendo que já havia me acostumada com isso. Lembrando que tenho 24 anos e isto não deveria ser comum.

Eu havia acabado de acordar e como sempre deixei o encosto pesado na porta para que ela não batesse, mesmo sem vento vivia batendo. Agora não mais. Fui até meu banheiro e fiz minhas atividades matinais, assim que voltei andei diretamente para a cozinha tomar meu café da manhã, estava quase tudo pronto quando ouço meu celular tocar. Voltando para o quarto eis que vejo a porta entreaberta. Até aí nada que fosse muito de chamar minha atenção, se quer olhei para ver se haveria algo atrás da porta ou coisa parecida. Apenas chutei o encosto na porta, e a mesma bateu contra a parede. Peguei meu celular jogado sobre a cama e no retrovisor mesmo aceso, não dizia nada sobre alguma ligação perdida.

Deixei-o no mesmo lugar e voltei à cozinha. Foi eu me sentar na cadeira que o toque do celular ressoou pela casa novamente. Franzi o cenho já achando algo estranho. Voltei andando devagar para o quarto e encontrei a porta entreaberta como antes. Arregalei os olhos e virei à cabeça de forma desconfiada, o celular continuava tocando. Empurrei a porta e arrastei mais lentamente o pesinho na mesma. Andei até o celular e quando o peguei parou de tocar, eu estava de costas para a saída e achei melhor voltar para a cozinha com ele na mão.

Assim que me virei dei de cara com o pesinho da porta sendo arrastado para longe. Saí rapidamente ficando no corredor ainda com o telefone na mão tremendo. A porta se abriu de novo. E suspirei fundo, senti um calafrio percorrer minha espinha e então eu senti aquela sensação estranha. Talvez fosse algo tentando me assustar, lembrei-me daquela sombra na sala certa vez dizendo para não ter medo, se não os fortalecia. Engoli o pavor e me arrisquei a enfrentar o que quer que estivesse atrás da porta.

Entrei de costas no quarto ficado do mesmo jeito para a porta e então tomei coragem e me virei de frente para ela. Meus olhos captaram uma garota de capuz e roupa preta. Seu rosto estava escuro e assim não pude ver o que estava por baixo do tecido, ela tinha as mãos para fora dos bolsos da calça e suas unhas pintadas de branco bem curtinhas, sua pele bronzeada parecia suja nas costas de suas mãos. Eu mesma não sou uma pessoa alta, mas ela ficava mais ou menos na minha cintura, sua visão estava exatamente daquela altura e quando ela começou a levantar a cabeça eu tive o vislumbre do brilho de seus olhos, era um branco ofuscante e ao mesmo tempo tenebroso. Parecia-me tão familiar.

Não sei exatamente o porquê, mas eu murmurei um nome e foi este nome que chamou atenção da garotinha.

"Angelina?"

Ouvi o som de uma risada, era a mesma que eu me lembrava quando criança, porém desta vez estava macabra e divertida. Recordo-me dela agora. Angelina era a garotinha que conversava comigo quando eu era bem pequena, foi à mesma que vi morta no chão do meu quarto. Este pensamento parecia ter saído em voz alta quando ela falou.

"Parece que não morri pelo jeito."

Sua voz era tão estranha, um pequeno fio de alegria percorreu minha alma por saber que Angelina estava "viva", e ao mesmo tempo um medo estranho acompanhou aquele resquício de felicidade. Virei minha cabeça de lado ainda desconfiada de tudo aquilo.

"Mas eu a vi morta"

Ela balançou a cabeça devagar e eu vi pela pouca luz da janela do meu quarto seu sorriso grande, onde se via seus dentes que um dia foram brancos, agora pareciam ter marcas de sangue e pedaços de alguma coisa escura.

Lembro-me de certa vez quando criança ela me contar o que realmente era. Uma vez Angelina havia sido humana, era uma pessoa tão boa mesmo com pouca idade, seu nome significava anjo, e era exatamente isso o que ela era. Mas então Angelina foi morta por um monstro, um monstro que estuprava crianças, ele nunca foi pego pela polícia, mas a alma de Angel continuou intacta, ela jamais se tornou algo mau, e foi por isso que sua missão depois de morta era proteger as crianças de sua idade. Foi o que ela fez por algum tempo...

"Eu encontrei com aquele monstro de novo por sua causa Cás" O jeito como ela respirava fazia um barulho tão estranho, como se fosse algum tipo de rangido, um barulho que talvez eu tenha escutado alguma vez. Foi por esse grunhido que me fez dar um passo para trás. Ela percebendo me assustar amenizou sua respiração e sorriu de novo.

"Não se preocupe. Não vim matar você. Não tenho essa autorização infelizmente."

Engoli em seco quanto aquilo, por que ela estava sendo tão má? Vi seu sorriso desaparecer e então um som de garras atrás de mim me fez virar rapidamente para ver o que seria, mas nada encontrei. Virei novamente para frente e dei de cara com Angelina, ela estava praticamente da minha altura agora, parecia que tinha crescido, minha cabeça continuava imóvel, mas meus olhos ainda se mexiam, olhei para baixo e parecia que ela pairava, só que de uma forma como se estivesse ficando invisível.

Seu rosto estava fixo no meu, agora eu conseguia ver direitinho cada detalhe dele. Seus olhos que antes eram azuis estavam todos brancos com pontinhos minúsculos pretos, estavam grandes e fundos como olheiras, um cinza avermelhado em volta deles, seus cílios pareciam não existir mais, seu nariz era a única coisa normal por ali, enquanto que sua boca pálida parecia um pouco azulada como se houvesse sido afogada, estavam ressecados também. A pele bronzeada que ela possuía antes estava suja como as mãos. Pelo que parecia, Angelina não tinha mais cabelo. E o pouco de pescoço que eu podia ver atrás do pano que acabou caindo para baixo, estava muito vermelho, me lembrei quando vi sua garganta cortada.

Agora sim eu podia entender o que havia ocorrido com ela. Sua alma tinha sido "morta", destroçada, nesse momento não era mais a Angelina que eu conhecia, a minha frente estava um alguém sem coração, sem emoção para com o próximo, frio e sem remorso.  

Respirei fundo e a encarei da mesma forma que ela, não poderia deixar meu medo vencer. Cuidado com o que sente. Era isso que rodeava minha mente. Tomei fôlego e perguntei com a voz mais firme que podia.

"O que veio fazer aqui exatamente então?" Notei pelo seu olhar que ela havia falhado quando a sua postura de má, e hesitou antes de dar um pequeno e quase impercebível passo para trás.

"Um aviso. Você deve estar cheia deles. Mas este é pra valer." Ela não esperou uma resposta e por isso foi logo dizendo. Agora o sorriso voltou para seu rosto. "Prepare o funeral da sua mãe"

Arregalei meus olhos e senti meu corpo gelar completamente. E sem avisar eu senti algo arder minhas pupilas, por isso tive que piscar algumas vezes. E quando abri para valer, Angelina havia desaparecido.

Caí no chão de joelhos, eu sabia que não havia nada a fazer quando a minha mãe. Oh céus!

Agora entende o motivo de estar aqui na sala chorando enquanto escrevo este relato? Minha mãe não é a mulher mais jovem que conheço, mas ainda sim não deve ser sua hora. Lembro-me daquele senhor que vi no túnel de volta da escola, mesmo ele tendo aparência de certa idade avançada, acho que o melhor seria pelo menos morrer dormindo, ou de um ataque cardíaco. É o normal para alguém tão velho assim. Mas ao invés disso ele foi assassinado. E quem dita às regras? Quem disse que as pessoas têm que morrer? 

Eu não posso entender isso, não consigo entender isto Deus.

-------*

Cássia acabou tendo uma briga feio entre ela e suas duas amigas no dia seguinte, o motivo foi que ela andava esquecida dos compromissos e que não se animava para mais nada. Cássia acabou tomando aquilo como inveja já que era a única morando sozinha em quanto elas ainda estavam com os pais sendo maiores de idade. Cás trabalhava para uma revista e agora ganhava melhor que elas. Lógico que ela estava totalmente enganada sobre isso, uma pena ela ter tomado para algo de verdade. Cássia ficou pior depois da noticia da suposta morte de sua mãe.

Com um medo que achou não ter ela ligou para Paloma, um dia apenas entre mãe e filha. Foi um dia realmente muito bom, deixaria várias lembranças para trás assim que o aviso se cumprisse. Ela sentia que mesmo alertando sua mãe do que sabia, jamais iria mudar o destino. Agora ela teria apenas que rezar e torcer que sua mãe não tivesse uma morte lenta e dolorosa.

No final do passeio Cássia deu um longo abraço em sua mãe, desejou que ela fosse feliz e nunca poderia desejar mãe melhor do que ela. As duas ficaram emocionadas, e mesmo sua mãe achando um tanto estranha aquela atitude, resolver deixar a filha sem perguntas para não lhe encher mais a cabeça. Ela sempre soube de seu dom, só que não tocava no assunto já que sua filha jamais gostou daquilo que foi lhe presenteada. Ela sempre dizia ter sido dado a ela uma maldição. Uma pena ela pensar de tal forma.

O dia seguinte se passou como um borrão e Cássia não entendeu como absolutamente nada lhe assustou ou apareceu para ela naquele dia. Para ela algo estava errado, e tinha certeza que não iria demorar a entender. Dito e feito.

Exatamente às 22 da noite o som de seu celular ecoou pela casa vindo de seu quarto. Por um momento ela pensou que fosse mais um truque e que talvez veria Angelina novamente. Mas como sempre ela conhecia muito bem como eles eram, e um aviso era dado somente uma vez. Com esse pensamento ela foi em direção de seu quarto e ao pegar no celular viu que o número era desconhecido.

-Aló? atendeu ela com uma pontada de receio.

-Srta. Foster? - a voz de um homem ressoou do outro lado da linha, ela respondeu que sim e esperou o moço terminar de falar. -Aqui é o doutor Jonathan do hospital...

Ela não precisou ouvir o nome do hospital ou se quer o restante da noticia, algo soprou em seu ouvido o que ela já sabia. Largou o celular no chão e correu até seu armário pegar bolsa e dinheiro. Ela conhecia o doutor Jonathan, ele era o médico de sua mãe, e jamais ligava, na verdade ele tinha a fama de apenas ligar quando notícias más deveriam ser dadas a família do paciente a qual ele cuidava.

Durante aquele dia onde nada aconteceu de sobrenatural, naquele maldito momento em que fechou a porta de sua casa e correu chamar um táxi que passava por perto de sua rua. Cássia passou a sentir tudo de uma só vez. Pessoas estavam rodeando-a, mas não eram simples pessoas, gente que possuía uma fratura exposta, gente que tinha alguma parte do corpo amputada, rostos deformados. Ela não estava se importando com ninguém, mas não pode deixar de notar no momento em que adentrou no táxi, de ouvir choros vindos do seu lado.

Ela movimentou a cabeça e viu uma mulher acorrentada no banco com um olhar suplicante, lábios inchados e roxeados, ela vestia não vestia nada da parte de baixo da cintura, e em cima apenas um top surrado rosa. Sua pele mesmo que não pudesse ver toda, estava suja e ensanguentada.

Cássia olhou com um misto de pena e agonia para ela, e lhe perguntou. Sua voz saiu entrecortada e embargada.

-Estuprada? - a mulher ao seu lado assentiu de forma rápida e receosa. Cássia sentiu os olhos marejados, ela não devia passar dos 19 anos. -Sinto muito.

Ela piscou algumas vezes e olhou para frente, as lágrimas ainda teimavam escapar de seus olhos. Só depois Cás percebeu que o taxista a olhava desconfiada e sem entender. Ela lhe disso logo o destino e assim o carro partiu.

Parecia que nunca chegava, os minutos eram horas e as coisas que ela via a sua volta estava piorando cada vez mais. Ela começou a ter uma dor de cabeça insuportável, ouvia seu nome sendo chamado, ouvia pedidos de ajuda, e os choros de espíritos perdidos. Ela queria ajuda-los, mas estava com tanto medo, não sabia como começar, e se quer podia resolver os próprios problemas.

Finalmente ela chegou ao hospital e noticia que recebeu já era esperada, mas nem em um milhão de anos poderia estar preparada totalmente para as palavras que escutou do médico naquele dia.

-Sua mãe morreu dormindo Srta. Foster. Foi uma vizinha que a encontrou. Ela morreu de parada cardíaca.

Agora Cássia estava sentada em uma cadeira da recepção decidindo se iria ou não ver o corpo de sua mãe. Ela estava de cabeça baixa, a bolsa de couro dada por uma de suas amigas, agora estava jogada no chão. Ela mantinha as mãos segurando o rosto como se o mesmo pudesse cair. Além de ser por causa da decisão ir ou não ver sua mãe morta, ainda tinha outro problema. Ela odiava entrar em hospitais por um motivo bastante convincente. Lá era pior do que um cemitério, as almas que caminhavam por ali, não tinha paz, estavam sofrendo por verem seus familiares chorando por eles, estavam sofrendo por não poderem serem vistos por ninguém, por serem ignorados. Cássia odiava ouvir as suplicas de espíritos que não faziam ideia de estarem mortos. Ela tinha contado nos dedos as vezes que foi a um hospital, e contando com essa foram três.

Sua cabeça estava a um milhão, tinha certeza que se entrasse no necrotério iria sair completamente louca dali de dentro. Mas algo lhe vinha à mente, poderia ver sua mãe talvez. Só que ela preferia manter a lembrança de sua mãe na ultima que a viu sorridente e com as bochechas rosa do que a ver no estado que se encontrava agora ou até como alma. Com este pensamento ela pegou a bolsa do chão e saio em disparado em direção da rua. Ela não iria entrar lá de maneira nenhuma.

Naquela mesma semana ela recebeu a visita de suas amigas, Brenda e Danielii, que decidiram que a amiga passava por uma péssima fase, mas que mais do que nunca precisava delas. Cássia recusou, disse que estava bem sozinha. A verdade é que ela não gostaria de ter avisos sobre a morte de suas amigas e não poder fazer nada, assim como com sua mãe.

As garotas tentaram dizer que na verdade era apenas a tristeza falando mais alto, porém Cássia tentou dizendo que queria distancia de todos por um tempo, mas Brenda que já estava cheia daquele comportamento da amiga já fazia tempos, gritou.

-Nós não iremos sair até que diga exatamente que droga você tem!

Nos olhos se Cás as lagrimas começaram a sair desesperadamente e então com o acesso de raiva que explodiu dentro dela, ela falou finalmente o segredo a qual apenas sua mãe sabia.

-Eu posso ver os mortos. Posso sentir, posso ouvi-los, e posso até tocá-los. Está feliz? Era isso o que você queria saber?

As duas garotas na sala ficaram de boca aberta e sem reação aparente. Cássia continuou após se levantar e ficar encarando elas.

-A própria Morte veio em minha casa no dia em que aquela mulher morreu a Karol. -falou ela fazendo suas amigas se lembrarem do dia. - A Morte veio aqui bater em minha porta e disse você iria morrer. -ela gritou e aprontou para Brenda que colocou a mão na boca de espanto. -E eu a salvei não foi? Mas para isso matei outra pessoa. Foi por isso que fiquei assim. E então dias atrás alguém que eu achei jamais ver veio até mim me dizendo para preparar o funeral da minha mãe.

Danielle tinha algumas lágrimas deslizando por sobre sua bochecha, ela sentia suas pernas dormentes e um frio na espinha a atingiu. Enquanto que Brenda parecia incrédula, mas ao mesmo tempo morrendo de medo da amiga estar realmente certa.

-E agora quero que vocês vão embora. Eu não irei suportar ter o aviso da morte de vocês no meu encalço o resto da vida.

Assim ela ficou de costas, pois sabia que elas nunca iriam acreditar e provavelmente sentiriam-se ofendidas pela amiga preferir inventar alguma desculpa e não lhes dizer a verdade. Ela torcia para que isto estivesse certo, e elas realmente fossem embora.

Brenda se levantou do chão acompanhada de Danielle e as duas abraçaram Cássia fortemente. A mesma se sentia tão cansada com aquilo tudo que não podia evitar se virar e abraçá-las de volta.

Depois daquele breve momento ela pediu as amigas encarecidamente que, por favor, saíssem de sua casa e a deixasse sozinha para assim preparar o velório de sua mãe em paz. E então elas se foram. Mesmo deixando claro que voltariam, Cássia não tinha intenção de concordar com elas. Faria de tudo para que não voltassem mais a vê-la. Assim seria melhor para todos. Esse dia havia sido como uma despedida para o que estava por vir.

Enquanto Cássia arrumava algumas coisas e planejava sobre o velório. As almas que estavam por perto a observando de longe para que a mesma não ouvisse, comentaram entre si, na verdade foi algo que elas não poderiam dizer diretamente para ela. Mas que ao mesmo tempo Cássia precisava saber, precisava manter tudo limpo quando chegasse. Sua consciencia deveria estar intacta, e ela não poderia ter arrependimentos quando o dia chegasse.

O vento soprou e uma voz de menina disse baixo entre ela e outros ao redor.

Logo a Morte chegará para ela. E chegará antes que Cássia perceba!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hey, comentem, e obrigada de novo por tudo ^^. Adoro vocês, beijossss