Os Sobreviventes escrita por Beta23


Capítulo 30
Daniel, o retorno


Notas iniciais do capítulo

Oie amores, demorei, eu sei, mas não foi culpa minha, e sim do meu notebook, que resolveu dar defeito agora, depois de três anos de vida.
Espero que gostem, até as notas finais.



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POV Bonnie.

– mais o que? – gritei.

O casal maravilha separou-se, todos me encararam, e eu não conseguia fechar a boca, a surpresa e a confusão não deixavam.

– que droga eu usei? – perguntei – eu to doida, ou isso realmente aconteceu?

Eu ainda estava boquiaberta, todos me olhavam de maneira estranha, como se sentissem meus ciúmes saindo pelas minhas orelhas.

– Bonnie! – disse Floquinho, com os olhos arregalados para minha expressão irritada.

Dei uma risada, Jamie ergueu uma sobrancelha.

– que diabos estava acontecendo aqui? – perguntei

– eu... Eu estava tentando trazer Daniel de volta – disse Heather, desconcertada – ficou chateada?

– chateada? Eu? – perguntei, ultrajada – é claro que não, por que eu ficaria chateada?

– sei lá, porque Daniel não voltou por você? – perguntou Heather.

Olhei para ela com uma expressão debochada e irritada, a garota se encolheu um pouco, esse era um lado dela que eu nunca tinha visto.

– e então, deu certo? – perguntei.

Todos encararam Daniel, revirei os olhos. Desviei de quem estava na minha frente, puxei a cabeça de Daniel pelos cabelos e brinquei de “toc, toc”.

– olá, tem alguém ai? – cantarolei – meu irmãozinho voltou?

– está me machucando – disse Floquinho – e não, ele não está aqui.

Dei uma risada, abracei-o ainda de pé, a cabeça dele enterrou-se em minha barriga.

– está me sufocando – disse, com a voz abafada.

– dane-se, eu sei que o Daniel está ai – falei, sorrindo – anda, me deixa falar com ele.

Soltei-o, Floquinho me encarou, parecia assustado, até mesmo, com medo de mim.

– sinto muito – falou – sou só eu aqui.

Revirei os olhos, ele continuou me encarando.

– não minta, não para mim – falei – anda, sai.

Ele continuava na mesma, gesticulei com as mãos, mandando-o ir logo.

– vamos, eu não tenho o dia todo – mandei, com os olhos arregalados – eu quero falar com o Daniel.

– Bonnie, você está bem? – perguntou Jake

Dei uma risada aguda, todos me encaravam.

– claro que eu estou bem – falei – estou com meu irmão, não estão vendo?

Abracei os ombros de Daniel, ele tentou se afastar de mim, e isso me irritou.

– vai ficar de não me toque, falou – falei, com certa irritação – contanto que eu fale com o meu Daniel.

Destaquei bem a palavra “meu”, só para a Heather saber quem é que manda.

Sim, eu morro de ciúmes do Daniel, e quase não me aguento em pé quando o vejo com alguma menina. É como se eu começasse á passar mal, sei lá. Vai ver é lance de família, esse negócio de ser tão possessivo, mas, quem liga? Ele é meu irmão, é minha obrigação ter ciúmes dele.

– sinto muito, o seu Daniel não está aqui – disse Floquinho.

Reparei que ele gostou de pronunciar a palavra “seu”, foi quase como se ele gostasse de me ver com ciúmes. Dei um sorriso carregado de malicia, ele ficou me olhando.

– sei – falei, ironicamente – sabe o que Jamie e eu fazemos no escurinho?

Sabe, as vezes eu fico muito contente com minha própria mente maligna. Daniel fechou a cara, Jamie ficou vermelho, acho que foi porque todos os presentes olharam para ele, que deu um sorrisinho sem graça e veio para o meu lado.

– o que você tá fazendo? – perguntou, por entre os dentes, na minha orelha.

– ora, estou usando o melhor método de persuasão conhecido pelo homem, ou pela mulher, no meu caso – falei, sorrindo como se não fosse nada de mais – ciúmes.

Todos me olharam, entendendo. Sorri de presunção, até mesmo Jamie parecia impressionado.

– brilhante, mas, nós não já usamos isso? – perguntou Jake.

Olhei para ele, é a primeira vez que eu vejo meu amigo mostrar tanto ciúmes na frente de tanta gente, e todos perceberam isso, é claro.

– pelo visto, tá funcionando – disse Ian.

Daniel tentou disfarçar a expressão, mas deu para reparar que ele estava com raiva. Sorri de forma ainda mais maliciosa, encarei todos os presentes.

– será que podem nos deixar á sós? – perguntei – eu quero dar uma palavrinha com meu irmão querido.

Eles assentiram, pude ver Ian, Jered e Kyle rirem ao saírem da sala. Jake me lançou um olhar duro, pisquei para ele, e ele saiu. Geb foi o ultimo, me deu um sorriso, mostrando que eu estava indo bem. Jamie ia sair, segurei-o pelo pulso.

– você fica – falei, firme.

– okay – respondeu, ligeiramente alerta – sim senhora.

Sorri, ele piscou para mim. Encarei Daniel, meu irmão fugiu de meu olhar, apenas encarou a mesa, me ignorando por completo.

– sabe Jamie, eu acho que essa minha blusa de botões está muito fechada – falei, passando a mão pelo peito do meu namorado – você pode abri-la pra mim?

– Bonnie... – começou, confuso.

– entra no clima – falei, lançando um olhar sugestivo para Daniel.

Ele entendeu, Jamie deu um sorriso travesso e desabotoou os dois primeiros botões da minha blusa. Puxei um pouquinho as golas, exibindo o vale entre meus seios e a renda delicada do meu sutiã vermelho.

– e aí, Daniel? – perguntei, olhando para baixo – vai falar comigo, ou eu vou precisar continuar?

Ele não respondeu, nem me olhou, apenas continuou nos ignorando. Dei de ombros, Jamie revirou os olhos.

– se você quer assim, lá vai – falei.

Peguei uma pedrinha do chão e coloquei no meio dos meus seios, dentro do meu sutiã.

– Jamie, você pode tirar ela para mim? – perguntei, piscando os olhos e fazendo um biquinho.

– claro, amor – respondeu

Sorri, Jamie sorriu e enfiou dois dedos dentro do meu sutiã, retirou a pedra, mas voltou á tocar meus seios com os dedos. Mordi o lábio, Jamie sorriu de forma maliciosa e me comprimiu contra a parede. Rocei nossos lábios, fazendo meu namorado ficar arfante. Lancei um olhar de esguelha para Daniel, que continuava na mesma posição, sem olhar para nós. Notei que seu maxilar estava cerrado, raiva.

– ciúmes Daniel? – perguntei

Ele não respondeu, apenas respirou fundo, tentando se controlar.

– beleza – falei, voltei meu olhar para o rosto do meu namorado – Jay, tem algo na minha boca, você poderia usar sua língua e acha-la?

– com prazer – respondeu.

Jamie me puxou pela cintura, colando nossos corpos, fazendo-me arfar. Nossos lábios se encontraram, sua língua fez um bom trabalho vasculhando minha boca, formando um beijo intenso e quente. Eu gemi em meio ao beijo, Jamie me apertou contra a parede, sua mão subiu minha perna, enrolando-a em seu quadril. Ele fez o mesmo com a outra, acabei ficando sem apoio algum, apenas o corpo de Jamie me segurava, impedindo-me de cair. O ar faltou, separei nossas bocas. Jamie sorria de forma maliciosa, como eu nunca o vi sorrir antes. O desejo estava estampado em seu rosto, sua expressão estava quase feroz. Fiquei com um pouquinho de medo, eu nunca tinha o visto assim, com tanta malicia e ferocidade no olhar, era quase como se ele quisesse me jogar em uma cama e adeus virgindade. É, acho que exagerei. Olhei para Daniel, ele estava de olhos fechados, respirava fundo varias vezes, eu quase podia sentir sua respiração furiosa em meu rosto. Percebi que era só Jamie, e ele me encarava de uma forma tão desejosa e intensa que me fez ficar ofegante, sua excitação me pegou, literalmente, nossos corpos estavam colados, pude sentir sua excitação, era tanta, que quase rasgava sua calça. Eu fiz isso com apenas um beijo? Minha nossa.

– não está dando certo – murmurei, baixinho para que Daniel não ouvisse – ele nem mesmo está olhando para nós.

– eu resolvo isso – disse Jamie.

– como... – comecei.

Jamie me calou com um beijo, senti que estava sendo carregada por ele, e fiquei confusa, eu tinha gostado do gesto. Senti algo frio colidindo contra minhas costas, Jamie pressionou seu corpo contra o meu, enfiando-se entre minhas pernas. Ele me deitara na mesa, na frente de Daniel. Era impossível que ele não estivesse vendo, estávamos bem na frente dele.

– Jamie – falei, com os olhos arregalados.

Meu namorado mordeu o lábio, como se não pudesse mais esperar para me ter por completo, pude ver isso em seu olhar.

– aposto que ele vai ver isso – falou.

Caramba, sua voz saiu carregada de desejo, era como se eu estivesse assistindo um filme, e o galã da historia estava prestes á fazer coisas impróprias pro horário com a mocinha.

– vai com calma – pedi – eu não quero que meu irmão veja isso.

– a calma não leva á nada – disse Jamie, seus olhos brilhavam demais – relaxa, deixa que eu te guio.

Sua boca encontrou-se com a minha, sua língua invadiu minha boca, antes mesmo que eu pudesse evitar. Suas mãos apertavam cada curva minha, arfei, ele não relaxou. Fui abraçada com muita força, Jamie estava me reduzindo á gemidos e ofegos. Nem mesmo pensei em Daniel, só lembrei de sua presença quando ele socou a mesa com tanta força que quase me deixou surda com o barulho.

– já chega! – gritou.

Jamie me soltou, encarei meu irmão e quase tive um infarto. Seus olhos prateadas brilhavam de fúria, suas bochechas estavam vermelhas, seus punhos estavam fechados, seu maxilar estava cerrado e ele rosnava de fúria.

– Daniel... – falei, um pouco tomada pela emoção.

Meu irmão não me ouviu, seu olhar estava fixo em Jamie, com tanto ódio que eu pensei que ele ia matar meu namorado apenas com um olhar. Mal acompanhei a cena, quando meu cérebro processou a imagem, já era muito tarde. Daniel pressionava a cabeça de Jamie contra a parede, sua mão direita acompanhava o contorno do pescoço do meu namorado. Jamie ofegou, não conseguia respirar, e Daniel não parou de enforca-lo nem mesmo quando eu gritei.

– nunca mais toque nela dessa forma! – mandou Daniel, sua voz tremia de fúria – ou eu te mato, eu juro que eu te mato!

– Daniel, solta ele! – pedi, desesperada.

– vai ficar longe da minha irmã – disse Daniel, apertando ainda mais o pescoço de Jamie – eu vou garantir isso.

– Daniel! – gritei – solta o meu namorado, AGORA!

– o que está acontecendo aqui? – perguntou uma voz dura e cheia de autoridade, era Geb.

– Daniel! – disse Ian.

Ele e Jered tiraram meu irmão de cima do meu namorado, que caiu de joelhos, arfando e massageando a garganta. Corri e me joguei no chão, ralando meus joelhos, cara, aquilo já estava virando rotina.

– você está bem? – perguntei, desesperada – fala comigo.

– eu estou bem – respondeu, um pouco esganado, foi mal, trocadilho ruim.

Olhei para Daniel, minha cara formou uma expressão tão furiosa que até mesmo a expressão dura de Geb vacilou. Dei um impulso para cima e avancei em Daniel, rosnando de raiva.

– você é louco? – perguntei – não tem noção?

– sim, eu tenho noção sim – respondeu – pensar que eu ia deixar ele fazer aquilo com você?

Ignorei a interrogação de todos os presentes, olhei Daniel de cima á baixo, não pensei duas vezes ao abraça-lo com tanta força que meus braços arderam.

– seu louco, você já volta fazendo merda – falei, com a voz embargada – é um idiota mesmo.

Daniel me abraçou, suspirei de alivio, um alivio tão grande que encheu o ambiente, e contagiou todos ao meu redor. Fechei os olhos, ainda registrando o fato de estar agarrando com todas as minhas forças um completo idiota que fingiu não estar lá por todo esse tempo.

Soltei-me de Daniel ao ter esse pensamento, ele ficou confuso, mas logo sua expressão revelou dor. Deveras, eu dei um chute nele.

– sua louca, por que fez isso? – perguntou, massageando a canela.

– seu imbecil, otário, burro, idiota, incompetente, mentecapto, purgante, filho da mãe, retardado, cabeça de bagre! – rosnei, dando um soco novo em Daniel á cada xingamento adicionado – achou mesmo que conseguiria me enganar?

– para, não me bate, desculpa! – pediu, aos gemidos – me desculpa.

Parei de bater nele, todos me encaravam, como se percebessem naquele momento a louca em potencial que eu era. Encarei meu irmão, ele estava emburrado, esfregava os lugares onde eu o socara de cara fachada. Comecei á gargalhar, Jamie e Melanie trocaram um olhar, como se decidissem se me mandavam ou não á um manicômio. Ofeguei de tanto rir, nem sei porque estava rindo, acho que era apenas alivio por ver Daniel outra vez, e saber que realmente era ele. Parei de rir, todos ainda me encaravam com aquela cara cômica.

– não, eu não fiquei doida – falei, suspirando – só estou feliz.

Aproximei-me de Daniel, ele ficou em alerta, como se esperasse por novos socos. Sorri e revirei os olhos enquanto entrava no meio de seus braços, fechei os olhos e suspirei. Senti seus braços envolvendo-me, sorri ainda mais, meu irmão estava comigo. Pude sentir seu carinho no abraço, procurei vestígios estranhos, qualquer coisa que me diria se era ou não ele, mas não achei. De fato, aquele era meu Daniel.

– nunca mais faça isso – falei, baixo – por que não voltou antes?

– desculpe Bon – falou – eu estava preocupado.

– com o que? – perguntei, confusa.

Daniel hesitou, soltei-o, desconfiada.

– com o Floquinho – respondeu – ele vive aqui, comigo.

Pisquei, Daniel e os outros me encararam, esperando minha reação.

– preocupado por que? – perguntei

– porque eu sabia que você iria querer mata-lo – respondeu.

Silencio, as peças do quebra cabeça iam encaixando-se em minha mente. Soltei uma risada, Daniel piscou, confuso.

– não pensou nem por um segundo que eu só estava com ódio da sua alma porque ele tirou você de mim? – perguntei, ainda rindo – como acha que eu reagiria se você me contasse logo? Acha que eu iria machucar você? Claro que não, sabendo que você ta ai dentro, eu nunca te machucaria.

– e se eu não tivesse? – perguntou

Dei de ombros, ele esperou.

– eu mataria o Floquinho – respondi, com um sorriso inocente.

– viu só, era disso que eu estava tentando protegê-lo – indagou Daniel.

Pisquei, afastando-me um passo de Daniel, indo em direção á Jamie.

– espera ai, você iria me deixar sofrer á toa só para proteger essa sua alma? – perguntei.

– bom... visto por esse modo – começou.

Encarei Jamie, meu namorado estava tão confuso quanto eu.

– me tira daqui – pedi – ou eu detono uma bomba na cueca de Daniel.

Jamie entendeu o recado, eu estava á beira de outro surto de raiva, e qualquer um que estivesse perto sofreria com isso. Nem mesmo olhei na cara de Daniel ao sair, ignorando seus chamados, apenas peguei a mão de Jamie e segui pelo corredor, em direção á nosso quarto. Entramos e eu desabei na cama, abracei minhas pernas, botando o rosto nos joelhos. Jamie sentou ao meu lado, sua mão estava em minha costa, como se tentasse me consolar.

– meu irmão me trocou por uma alma – falei, com o olhar parado, encarando a parede – ele prefere um parasita á sua própria irmã.

– não é isso, Bonnie – disse Jamie – ele deve ter um bom motivo.

– não importa – cortei – já está feito, eu já estou furiosa demais.

Jamie calou-se, engoli em seco, tentando fazer minha mente parar de gritar.

Meu irmão estava de volta, mas não por mim. Ele estava de volta para proteger aquela alma, proteger aquele parasita de mim.


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Notas finais do capítulo

Pronto, espero que tenham gostado, to sem criatividade esses dias. Bjs



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