Os Sobreviventes escrita por Beta23


Capítulo 29
Tentativas falhas


Notas iniciais do capítulo

Oie amores, demorei? Foi mal, esse deu trabalho. Boa leitura.
* Olha a Hot Scene, coisa básica, mas, avisando assim mesmo.



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POV Jamie.

Acordei lentamente, ainda não queria acordar, estava bom demais para deixar passar. Apertei um pouco mais o corpo da Bonnie contra o meu, ela dormia tranquilamente, linda como um anjo. Dei um beijo leve em sua testa, ela sorriu e abriu os olhos, retribui seu sorriso, contente por vê-la sorrindo para mim.

– bom dia, minha linda – falei.

– bom dia – respondeu, ai, aquela voz...

Beijei sua testa, ela sorriu e beijou meu peito. Acariciei sua cintura, minha namorada suspirou e ficou me arranhando carinhosamente. Suspirei, ela beijou meu peito outra vez. Beijei sua testa, virando de lado, para que pudesse ver seu rosto lindo. Bonnie sorriu para mim, aqueles olhos negros e vividos esquadrilharam meu rosto.

– você é lindo – falou, com calma e carinho.

– você é que é linda – falei, sorrindo para agradecer o elogio.

Ela mordeu o lábio e pegou um impulso para cima, encostando nossos narizes, roçando nossas bocas.

– eu amo você – falei

– eu também amo você – respondeu – meu Jamie.

Sorri, Bonnie me beijou. O beijo começo calmo, lento, carinhoso, mas logo ficou mais ardente, já vi que ela acordou com vontade.

Hora da confissão, eu não aguentava mais me segurar, eu não suportava mais tocar em Bonnie de forma superficial. Eu queria namorar ela, namorar de verdade, como um casal de verdade. Ela não sabe o que provoca em mim, um simples olhar enviesado que ela me manda, já é o suficiente para me fazer ficar excitado. Eu queria senti-la contra meu peito, aperta-la como se deve, fazê-la ser minha, de todas as formas possíveis.

Ela cravou as unhas nas minhas costas, teria doido, se não tivesse me deixado excitado. Mordi seu lábio e puxei-a para cima de mim, ela sentou no meu colo e sorriu para mim, um sorriso maroto brincava em seus lábios. Mordi o lábio e puxei sua boca para a minha usando seu queixo, ela soltou um risadinha enquanto me beijava ardentemente. Apertei sua cintura com minhas mãos, ela puxava carinhosamente meus cabelos, puxando minha boca para a dela, assim como eu queria.

– porcaria de quarto compartilhado – resmungou alguém.

Bonnie puxou sua boca da minha, nós dois viramos á tempo de ver Jake virando de costas para não ver a cena, Heather dormia na mesma posição que o primo. Bonnie e eu trocamos um olhar, ela riu, eu também. Beijei-a novamente, sem ligar para a presença de outras pessoas no quarto, Bonnie era minha, e eu queria que Jake visse. Bonnie separou nossos lábios, mordeu o lábio de forma travessa e levantou a blusa, exibindo sua barriga sarada e sexy. Não resisti, puxei-a para mim, beijei toda a extensão de sua barriga, mordendo levemente em certos pontos. Bonnie arfou, seu sorriso indicava que ela estava gostando tanto quanto eu. Joguei-a na cama, deitando por cima dela e beijando sua boca. Ela arrancou minha camisa, cerrou os dentes de desejo e ofegou quando eu beijei seu pescoço. Minhas mãos passeavam em seu corpo escultural, apertei suas pernas com meus dedos, sentindo a perfeição nas formas da minha namorada. Procurei o fecho de seu sutiã, abri-o assim que achei. Tirei a peça e mordi o lábio ao ver os seios da minha Bonnie, eram esferas perfeitas e volumosas, eu ainda não conseguia entender como uma garotinha desengonçada virara aquela mulher incrível, mas eu estava disposto á descobrir. Beijei seus seios, um de cada vez, roçando os dentes nas pontas de seus mamilos. Bonnie deixou escapar um gemido, calei-a com um beijo longo e cheio de amor. Eu amava demais aquela garota, e tê-la assim tão perto, assim tão rendida á mim, isso era incrível. Eu não pensava em outra coisa á não ser isso, eu queria, precisava fazer Bonnie ser minha. Lancei um olhar rápido na direção de Jake e Heather, ambos dormiam de costas para nós, era minha chance. Segurei os quadris da Bonnie, o único obstáculo era sua calcinha e meu short, mas eu não ia parar por isso. Desci a calcinha dela bem devagar, ela sorria, encorajando-me á despi-la. Parei de descer a peça no meio de suas cochas, contemplei a perfeição da minha namorada como ela veio ao mundo, minha Bonnie sorria e mordia o lábio. Eu já ia tirar meu short quando Heather virou em nossa direção, ela dormia, mas poderia acordar á qualquer momento. Encarei minha namorada, ela bufou de frustração, fazendo-me rir em silencio, eu soube que ela também queria muito aquele momento comigo. Vesti sua calcinha de volta, dei um beijinho em sua virilha antes de vestir novamente seu short, fazendo-a ofegar e morder o lábio. Ela vestiu seu sutiã e sua camisa enquanto eu vestia a minha, terminei de me vestir e deitei ao seu lado. Bonnie deitou em meu peito, fechou os olhos e soltou um suspiro.

– eu amo a Heather, mas preferia que ela não estivesse aqui agora – sussurrou.

Ri, ela também, beijei-a carinhosamente, para que ela sentisse meu carinho por ela e visse o quanto eu a amava. Separei nossos lábios e sorria para ela, Bonnie retribuiu meu sorriso e enfiou a cara em meu peito, fazendo com que eu sentisse sua respiração quente contra minha pele.

– eu sinto muito por não poder terminar o serviço – falei

Ela riu, beijei sua testa.

– tudo bem – falou – se me prometer que vai completar assim que podermos.

Apertei-a contra mim com força, Bonnie soltou um gemidinho engraçado e mordeu o lábio.

– mal posso esperar – falei.

Ela sorriu, puxei seu lábio inferior com os dentes enquanto acariciava sua cintura.

– não se preocupe amor – falei – eu vou fazer você ser minha.

– não demore muito – sussurrou de forma sedutora – não sabe o que está perdendo.

Puxei-a para cima de mim, ela mordeu o lábio.

– eu vou fazer você se arrepender de ter me provocado, Bonnie Clark – falei.

– vocês não conseguem calar a boca? – perguntou Jake, virando e fuzilando Bonnie e eu com os olhos – não podem esperar até estarem sozinhos para falar certas coisas?

– desculpe Jake – disse Bonnie, fazendo um biquinho fofo.

Ele revirou os olhos e virou novamente as costas para nós, Bonnie balançou as sobrancelhas para mim, rimos em silencio.

– vamos levantar ou ficar aqui mais um tempinho? – perguntou Bonnie

– levantar – respondi – você precisa ver o Daniel.

O sorriso dela murchou, droga, eu sou muito burro.

– desculpe – falei

– tudo bem, eu teria que encarar isso de um jeito ou de outro, não é? – perguntou, forçando um sorriso.

Soltei um suspiro pesado, ela me deu um selinho e levantou.

– só espero que eu consiga, te vejo na área de banho – falou consigo mesma, saindo do quarto sem nem mesmo me esperar, ela estava distraída.

Pisquei, tentando raciocinar o que tinha acontecido á pouco. Eu quase fizera amor com a Bonnie, e ela queria assim como eu. Ela gostara de nosso momento, eu pude ver isso em seus olhos. Eu quase não me controlei, acabei esquecendo completamente de Jake e Heather. Eu preciso achar um lugar privado, e rápido, não posso deixar minha Bonnie na mão.

POV Bonnie.

– negocio é o seguinte – falei, puxando a cadeira e virando-a ao contrario do convencional – comigo é diferente. Sempre assistimos filmes de policial, Jamie é o policial bom e eu o policial mau, entendeu bem?

Daniel assentiu, ou seu corpo assentiu, eu ainda não conseguia assimilar o fato de que meu irmão não estava mais ali.

– que bom que eu não embaralhei sua mente – falei, usando o sarcasmo ao meu favor – vamos começar.

Sentei na cadeira, encostando o peito onde deveríamos encostar as costas, eu sempre fazia isso, e Daniel sempre me repreendia.

– eu vou fazer uma serie de perguntas, afim de testar você, se o Daniel estiver ai, ninguém vai me enganar – falei, sorrindo falsamente – mas, se ele não estiver... Eu serei a responsável pelo corpo, como o Jered foi para a Melanie, e poderei fazer o que eu quiser.

– ta dizendo que pode decidir meu destino? – perguntou Daniel, ou seu corpo, eu estava confusa.

Sorri como uma maníaca, ele ficou alerta.

– essa é a beleza da coisa, é uma simples equação onde um dos lados sai zerado – respondi – vou tentar achar o x, mas se eu não conseguir, se essa equação me der um y...

Levantei e joguei a cadeira no chão, Daniel arregalou os olhos de medo, isso me inspirou. Apoiei minhas duas mãos na mesa com um estrondo, chamando atenção de todos os presentes, aproximei meu rosto do de Daniel e encarei bem aquelas esferas prateadas, coloquei toda minha repulsa e nojo no olhar, fiquei parecendo a Narcisa Malfoy.

– é muito simples, se eu não ter o que eu quero, eu vou ficar bem zangada, e você não quer me ver zangada – falei

– escute o que ela está dizendo – disse Jake – essa menina é fogo.

Virei meu rosto para olha-lo, Jake estava escorado na parede da caverna onde estávamos, o armazém. Sorri para ele, Jake retribuiu meu sorriso, virei lentamente a cabeça para encarar Daniel, como uma entidade de filmes de terror.

– acho bom fazer o que eu mandar – falei – agora, as perguntas.

Fiz movimentos delicados ao me retirar de cima da mesa, peguei a cadeira e coloquei-a ao contrario, sentei e sorri com falso carinho para Daniel, que continuava com certo medo de mim.

– então, Daniel – comecei – quero dizer, corpo do Daniel com algo nojento em sua nuca. Por onde andou?

Ele me encarou, sustentei seu olhar com firmeza, queria deixar bem claro quem era que mandava aqui.

– fui implantado em Detroit, eu seria um curandeiro lá, algo que faria esse corpo ficar á vontade – respondeu.

Sorri sem querer, Daniel sempre quis ser medico.

– certo, você estava vivendo sua vida muito bem, e do nada resolveu vir atrás de nós? – perguntei, erguendo uma sobrancelha.

– não, não foi assim – respondeu – vieram flashes na minha memória, eu vi pessoas, lugares, eu vi você.

Recebi a ultima parte com a expressão endurecida, Jamie se aproximou de mim, senti sua mão tocar meu ombro.

– certo – fingi estar bem – você me viu, e...

– sua imagem estava bloqueada para mim, era como se tivesse um muro muito alto e muito forte, tapando a visão do seu rosto – falou – mas eu tinha certeza de que você tinha posição de destaque nesse coração.

Minha boca tremeu, todos perceberam. Meus olhos estavam começando á arder, essa alma era esperta, devia saber meu ponto fraco, algo que só uma pessoa sabia, e era Daniel.

– eu só consegui ver seu rosto á três dias atrás – falou

– no dia que achamos ele vagando no deserto – disse Ian

Assenti em sua direção, o armazém estava cheio de gente.

– eu nunca vi garota tão bonita – disse Daniel

Meu estomago revirou-se, era uma alma, no corpo do meu irmão, me cantando. Daniel fez uma careta, como se estivesse ouvindo algo ruim, isso despertou meu interesse.

– isso foi muito sinistro, que me dizer seu nome? – perguntei, ainda um pouco enjoada.

Ele me olhou nos olhos, não reconheci aquela expressão no rosto do meu irmão, era quase como se ele estivesse tentando ser sexy.

– meu nome é Floco de Neve – respondeu

– Floco de Neve? – guinchei – você tirou meu irmão de mim para colocar o nome dele de Floco de Neve? Geb, esqueça o que eu disse sobre tentar conversar, eu vou matar esse cretino.

– calma filha – disse Geb – tente.

– você prometeu – disse Jamie, segurando em meu queixo – você prometeu, meu amor.

Olhei para ele e deu um mini sorriso, Jamie sempre me alegrava, mesmo em um momento como esse.

– eu sei, amor – falei – me desculpem, mas é muito difícil.

Floco de Neve me encarou, parecia curioso. Eu tinha feito uma careta, deixaram minha mascara quase cair, isso não podia acontecer. Sacudi a cabeça e refiz minha expressão dura e firme, Geb assentiu, aprovando.

– continuando, Floco de Neve...

– Floquinho – interrompeu-me – pode me chamar de Floquinho.

Dei uma risadinha debochada, me senti a própria Belatriz Lestrange.

– Floquinho? Isso só piora – resmunguei, sorrindo com escárnio e deboche – então, Floquinho – cuspi o nome como se fosse um palavrão – por que, depois de todo esse tempo, você só foi ver meu rosto agora?

Ele pareceu pensar, esperei, minha paciência já estava no limite.

– eu não sei, o muro ruiu, por um segundo, e eu pude ver – respondeu, parecia sincero – eu não entendo o motivo.

Respirei fundo, encarei a mesa, pensando em outro truque.

– bom, por que você resolveu vir? – perguntei

– eu já disse, eu vi alguns flashes... – começou

– não, não e não, você não vai jogar isso em mim, eu não sou burra, Floco de Neve – cuspi as palavras para ele, fazendo-o de encolher – acho melhor você conversar com a Peg, antes de tentar me fazer de idiota.

Levantei da cadeira e encarei a garota, que estava tão calada que podia passar despercebida pela multidão de gente ali reunida.

– todo seu – falei.

Ela assentiu, fui para o lado de Jake, Jamie em meus calcanhares. Encostei-me á parede, assistindo Peg sentando na cadeira, como uma pessoa normal, não como eu sentei.

– olá Floquinho – disse, calma e gentil – sou Peregrina, você já deve saber disso.

– sim, eu já sei – respondeu Daniel, sorrindo de forma tão pacifica que me deu náuseas.

– bem, que bom – disse Peg – Bonnie, o que quer que eu diga?

– conte sua historia – falei – junto com a Melanie.

Mel assentiu, encarei o chão, não consegui mais olhar para a cara de Daniel.

– certo, olá Floquinho – disse Melanie – vamos te contar nossa historia.

– você pode pedir para pararmos á qualquer minuto, se quiser – disse Peg.

– mas, preferimos que você escute – completou Mel, era muito legal o modo como uma completava a outra, como irmãs.

– entendi – disse Floquinho.

As duas se entreolharam, Melanie encarou Daniel.

– eu estava em um hotel abandonado, com Jamie, quando os buscadores chegaram – contou – mandei-o ficar escondido enquanto eu despistava os buscadores, mas acabei encurralada. Eu preferia morrer á entregar meu corpo á outro, então, tentei me matar.

Mel deu uma pausa para que ele absorvesse a historia, eu mesma estava digerindo a informação.

– eu fui levada e curada, implantaram a Peg no meu corpo – disse Melanie.

Daniel parecia surpreso, fiquei satisfeita, Mel e Peg estavam fazendo um ótimo trabalho.

– eu acordei no corpo da Mel, fiquei uns dias sozinha, mas ela não suprimiu – disse Peg – acabamos, depois de muita coisa, virando amigas.

– muita coisa aconteceu, coisas pessoais, isso não vem ao caso – disse Melanie, curta e grossa, do jeitinho que eu gostava – o que importa é que ninguém tentou nos fazer mal.

Kyle se encolheu, sorri para ele, ele sorriu para mim. Daniel não precisava daquele detalhe.

– os humanos me acolheram, me fizeram uma deles – disse Peg, sorrindo – Ian e eu encontramos o amor no seio um do outro, eu vivo aqui, com eles, somos uma família.

Melanie assentiu, encarei diretamente meu irmão, e ele se encolheu um pouco sob meu olhar.

– não precisa ter medo, ninguém aqui vai te machucar – disse Peg, sorrindo de maneira pacifica e apaziguadora – você estará seguro, somos amigos.

– eu não prometo nada – murmurei, encarando o chão.

Todos me olharam, dei de ombros.

– eu não consigo fingir por muito tempo, foi mal – falei – continuem, eu vou me calar.

Jamie me lançou um olhar reprovador, revirei os olhos, ele beijou minha testa.

– eu sei que é difícil, mas tente se controlar – sussurrou na minha orelha – se quiser seu irmão de volta.

– eu sei, mas não tenho sangue de barata – falei – não consigo, eu não consigo parar de pensar no quanto seria bom arranca-lo dali de dentro.

Jamie soltou um suspiro pesado, olhamos para Daniel, ele olhava para nós, um misto de desapontamento e tristeza passou em seu olhar. Eureca, é isso!

– Jay, me beija – pedi.

Jamie me olhou, assenti, ele deu um sorriso mínimo, mas me beijou. Seu beijo era delicado e doce, mas isso não era o suficiente para causar uma crise em Daniel. Segurei sua nuca e aprofundei o beijo, tornando-o mais intenso e quente. Jamie puxou-me pela cintura, que pegada.

– er... Floquinho? – disse Peg.

Separei minha boca da de Jamie, encarei o corpo de Daniel com um sorriso enorme. Ele estava em pé, seus punhos estavam fechados, sua expressão era dura e seu olhar era frio. Jamie ofegou, percebendo minhas intenções, sorri para ele, que sorriu para mim.

– minha namorada é um gênio – comentou, baixinho.

Sorri e beijei-o ainda mais intensamente, ouvi pigarros, mas não encerrei o beijo. Jamie me abraçou pela cintura, puxando-me para ele, colando nossos corpos. Abracei-o pelo pescoço, Jamie me encostou na parede e continuou me beijando daquela forma intensa e quente. Arfei, o ar faltou, separei minha boca da de Jamie. Meu namorado sorria para mim, mordi o lábio e sorri para ele.

– a gente termina isso em outro lugar – falei, bem alto – de preferência, um lugar que tenha uma cama.

Jamie riu, olhei para os outros. Jake prendia um sorriso, pisquei para ele. Geb estava inexpressivo, Melanie sorria de forma maliciosa, Peg estava vermelha, Ian ria, assim como Kyle e Jered. Encarei quem eu mais queria encarar, meu irmão parecia querer matar alguém, e era um sentimento compartilhado, como se ele e a alma quisessem a mesma coisa. Pisquei para ele, provocando.

– continuando – falei, feliz da vida – agora que já ouvimos Mel e Peg, já podemos ser sinceros.

Aproximei-me de Daniel, ele sentou na cadeira. Sentei na mesa, ficando de frente para ele, cruzei os braços e piquei bem os olhos.

– por que você veio? – perguntei – e não me diga que foram apenas flashes.

Silencio, todos esperavam a resposta. Daniel parecia hesitar, estreitei os olhos, pressentindo minha vitoria.

– eu vi coisas, senti coisas. Esse corpo ama você, e eu senti isso – respondeu, encarando a mesa – eu nunca tinha sentido nada, esse é o meu primeiro hospedeiro. Me alertaram que os humanos era difíceis, mas eu não liguei, queria começar aqui. Fui pego de surpresa por suas emoções, são tão intensas e profundas que eu não consegui o controle.

Respirei fundo, não precisava de todo aquele discurso, só queria ouvir um sim á minha pergunta.

– esses sentimentos me trouxeram até aqui, esse corpo sentia a necessidade de estar com você, proteger você – falou, olhando em meus olhos – a garota mais linda que eu já vi, eu ainda não consigo digerir seu rosto, é como se á cada segundo, você ficasse mais linda.

Continuei encarando aquela alma, me sentia horrível por dentro, Daniel estava sendo torturado dentro de si mesmo.

– Daniel ama você – falou – e passou esse amor para mim, eu me sinto seu irmão, mesmo que você não me aceite como isso.

Eu estava congelada, não conseguia expressar nenhum sentimento alem da frieza, frieza que eu usava para encarar aquela alma, mesmo ouvindo-a dizer aquelas coisas para mim. Eu só focava no amor do meu irmão por mim, eu não me importo com o que o parasita pensa, eu não ligo para ele, só quero meu irmão.

– eu vou te contar uma historia – falei – escutem bem, todos aqui.

Olhei em volta, percebi que tinha a atenção de todos os presentes. Eu não queria derrubar minha mascara, mas precisava, e confiava minha vida aos presentes. Fechei os olhos, perdida em lembranças antigas e felizes.

– tem uma menina, ela está brincando com seu irmão – comecei – ela é doce e meiga, ele é divertido e inteligente, sabe exatamente tudo sobre tudo.

Encarei meu irmão, aquela esfera prateada fazia meus olhos arderem de raiva.

– a mãe deles entrou em casa, correndo e chorando, tinha sangue nas mãos e medo nos olhos – falei, devagar e com calma – ela disse á seus filhos que corressem, corressem para longe, o mais rápido que podiam.

Senti o olhar de todos em mim, engoli com dificuldade, pensar nisso sempre me deixava emotiva.

– a menina tinha medo, não entendia nada, não sabia o que estava acontecendo – contei, tentando evitar as lagrimas teimosas – ela perguntava para o irmão o que estava havendo, ele não sabia, mas dizia que tudo ficaria bem, eles ficariam juntos, nada aconteceria á ela, ele a protegeria.

Um única lagrima saiu de meus olhos, Jamie deu um passo em minha direção, mas Melanie segurou seu braço. Ela sabia que eu precisava ficar sozinha, com meu irmão.

– a mãe deles os levou para um galpão abandonado, escondeu os dois e saiu para buscar comida – continuei, um bolo em minha garganta quase não me deixava falar – ele ficaram quietinhos, mas chamaram atenção.

Encarei o chão, nunca tinha falado sobre isso com ninguém.

– a menina matou, tirou uma vida, ela teve medo, sentiu raiva de si mesma – falei – mas, ela não podia mudar nada, já tinha feito. Tinha sangue em suas mãos, sangue que ela tentou limpar na camisa, manchando-a toda. Mas sangue não sai assim, as mãos delas estavam manchadas, sujas, impuras. A menina chorava, com medo de si mesma. Ela se sentiu sozinha, sentiu como se nunca mais pudesse ser a mesma. Ela era um monstro, e devia ser isolada.

Jamie sabia isso, eu já havia falado para ele, mas não com tantos detalhes. Meu namorado estava com os olhos vermelhos, assim como Mel e Peg. Olhei para Jake, ele respirava fundo, tentando não ceder a emoção. Pedi motivação com um simples olhar, ele assentiu, respirei fundo e continuei encarando o chão.

– o irmão pegou a menina e a levou para outro lugar, um lugar seguro dessa vez. Tentou fazê-la comer, mas ela não conseguia, não parava de chorar – comentei, respirei fundo – o irmão disse que estava tudo bem, ele a acalmou, fez ela parar de chorar, consolou e apagou o incêndio no coração da menina. Ele abraçou a irmã, disse que tudo estaria bem, beijou sua testa e disse que estaria com ela sempre. A menina dormiu no colo do irmão, se sentindo segura, se sentindo calma.

Continuei sem encarar Daniel, não queria olhar para ele, ou perderia a coragem.

– a mãe chegou horas depois, abraçou os filhos e os levou para longe – falei – mas fez muito barulho, chamou muita atenção.

Deixei algumas lagrimas caírem, pensar na minha mãe sempre me deixava assim.

– ela gritava para os filhos fugirem, gritava para que eles fossem embora, que fugissem – falei, minha voz já estava embargada – mas a menina não podia deixar a mãe, não podia. O irmão pegou ela no colo e correu, obedecendo a mãe, deixando-a sozinha, cercada.

Passei a mão no rosto, limpando as sucessivas lagrimas que caiam em meu rosto.

– Estrelas, esse é o nome da alma que pegou a mãe, que usou suas memórias e entregou os filhos – falei – os irmãos estavam dormindo, não ouviram a chegada dos buscadores, não conseguiram fugir a tempo. A menina matou outra vez, sentiu-se horrível, mas não tanto, já havia se acostumado. Ela estava revoltada, sentia raiva e ódio, matou mais de um, sem ligar para o sangue que sujava suas roupas. Ela perdeu a mãe por culpa deles, não podia deixar barato.

Engoli em seco, senti que todos me olhavam.

– o irmão mandou ela fugir, disse que os atrasaria – contei – mas ela não ia deixar seu irmão sozinho, ela ficou, até o fim, ficou até eles conseguirem fugir, juntos. Eles pularam a janela, o irmão pulou na frente, chamou a menina. Ela estava tão desesperada que nem viu aquele prego, não até ele rasgar sua pele.

Levantei minha camisa, mostrando minhas costas para todos. Jamie ofegou, senti seus dedos tocarem a cicatriz que rasgava boa parte das minhas costas. Cobri minhas costas, sentindo aquele bolo na garganta crescer, eu nunca tinha mostrado minha cicatriz para ninguém.

– ele cuidou dela, conseguiu o remédio, curou sua ferida – contei – mas remédio algum podia curar a dor de perder a mãe, aquilo ele não podia curar.

Funguei, senti a mão de Daniel sobre a minha, mas eu não liguei, continuei sem encara-lo.

– a menina odeia as estrelas desde então, ela chora todas as noites, ela sente falta da família que perdeu – falei, chorando, sem ligar para nada – mas o irmão sempre abraça ela, ele diz que vai ficar tudo bem, eles estão juntos.

Silencio, apenas as fungadas de Peg e Melanie eram ouvidas, assim como minha respiração pesada.

– foi assim por dois anos, eles estiveram juntos, seguros, um com o outro – falei, respirando fundo – a menina mudou, virou fria e amarga. Mas a única pessoa que a conhecia de verdade era o irmão, ele sabia que no fundo daquela alma, no fundo daquele coração frio, tem uma garotinha assustada gritando de medo. E ele a protegia, cuidava dela. Ele era o único que podia quebrar aquelas barreira, o único que conseguia tocar aquele coração, o único.

Funguei, sequei as lagrimas e encarei o chão.

– eles encontraram um lugar seguro, um lugar só deles – falei – e foi naquela noite que a menina disse pela primeira vez que amava o irmão. Ela abraçou ele e se sentiu segura, sentiu que era protegida, sentiu que era amada.

Evitei olhar para Daniel, mas já imaginava como estava sua cara.

– vieram outros dois, eles ficaram amigos – contei – a menina saiu com o novo amigo, estavam longe, e ela nem pensou no irmão enquanto estava com o garoto bonito.

Jamie olhou para Jake, que só conseguia me encarar. Olhei para Geb, ele assentiu, para eu continuar.

– quando eles voltaram, a menina viu buscadores – contei – eles conseguiram se esconder, mais amigos chegaram, amigos antigos, que não se viam á muito tempo. A menina estava feliz, realmente feliz, tinha reencontrado o amor.

Olhei para Jamie, ele sorriu um pouco, ainda comovido pelos meus relatos.

– mais buscadores vieram, eles fugiram para o deserto – contei – os irmão se separaram, a menina nunca sentiu tanta dor na vida, e ela ainda sente essa dor, todos os dias, todos as horas, nesse exato momento, ela sente essa dor.

Funguei, engoli em seco, puxei o ar, mas não consegui me acalmar.

– ela ficou muito tempo sem saber do irmão, e todo novo dia era uma tormenta – contei – ela chorava antes de dormir, chorava quando via as estrelas, mas não tinha seu irmão para consola-la, para dizer que estava tudo bem.

Olhei para o rosto de Daniel, meu irmão chorava de forma discreta, e eu sabia que era ele.

– ai ela soube que ele estava morto, que ele fora capturado – contei, fechando os olhos bem apertados – nada nesse mundo descreve a dor que ela sentiu, a dor que ela ainda sente, porque ela o vê, mas sabe que não é ele.

Encarei Daniel, ele me olhou nos olhos, ainda sem dizer uma palavra.

– essa menina sou eu, e eu ainda sinto muita dor – falei – eu te amo Daniel, e eu sei que você está ai, fale comigo, por favor, eu preciso do meu irmão, eu preciso de você.

Ele pegou minhas duas mãos, parei de respirar. Olhei bem no fundo de seus olhos, eles mostravam um misto de sentimentos, culpa, medo, tudo, menos o que eu queria.

– sinto muito – falou – sinto muito.

Silencio absoluto, nem pensei nada, apenas pulei em Daniel. Em questão de segundos, eu estava sendo arrastada para longe de Daniel, gritando de ódio. Eu expus meu intimo, contei meus segredos mais profundos, chorei na frente de todos, e ele ainda se recusava á voltar.

– mais que droga! – gritei, lutando contra os braços de Jake ao meu redor, prendendo-me como uma camisa de força – me solta para eu poder esganar esse infeliz!

– Bonnie, você precisa ficar calma – disse Jamie – você prometeu...

– prometi merda nenhuma, droga Jamie! Droga! – gritei – eu estou ficando louca, me tira daqui!

– Bonnie, se acalma – disse Jake, ainda me prendendo em seus braços.

– não, mais que merda! – gritei – seu maldito parasita, eu odeio você!

Chutei as pernas de Jake, ele ofegou, fiz força e consegui soltar-me dele. Desviei de Jamie e plantei minha mão na cara de Daniel, fazendo um estalo alto o suficiente para ecoar na caverna por vários segundos.

– me ama? Sente o que Daniel sentia? – perguntei, gritando e fuzilando Floco de Neve com o olhar – se considera meu irmão, eu tenho uma noticia para você.

Curvei-me sobre a mesa outra vez, encarei aqueles olhos com ódio.

– eu nunca vou amar você, parasita nojento – rosnei – eu te odeio, você nunca vai ser o meu irmão.

Cuspi em seu rosto, virei as costas para todos os presentes e corri para fora dali, não podia, não suportava mais ficar ali. Corri sem ligar para a direção que eu estava tomando, apenas deixei meus pés me guiarem até eu tropeçar e cair no chão, ferindo minhas mãos e meus joelhos.

– droga! – praguejei, fungando, não consegui conter o choro.

Levantei, minha cabeça girava, mas eu não liguei. Funguei e me escorei na parede, não conseguia parar de chorar. Que droga! Ele estava lá, eu sei, por que não voltou? Tanto medo assim de perder aquele parasita?

– Bonnie? – chamou uma voz fina.

Olhei em volta, dei de cara com Heather. Ela estava confusa e preocupada, não é todo dia que a gente vê Bonnie Clark chorando, mesmo isso sendo rotina ultimamente.

– você tentou? – perguntou

– tentei – respondi.

– e...? – perguntou, nervosa.

Encarei seu rosto, ela ofegou, apenas com meu olhar.

– ele não vai voltar para a gente – falei – ele não vai voltar.

– não, não – falou, começando á chorar.

Heather caiu ao meu lado, abracei-a, e juntas, choramos por Daniel.

– eu sei, eu sei – falei – eu também amo ele.

– Bon – falou

Continuamos chorando, Heather no meu ombro, eu com a cabeça encostada na parede.

– que droga, ele mentiu para mim – falei – ele estava lá, eu sei.

– então por que ele não voltou? – perguntou Heather, desesperada.

– eu não sei – respondi, sentindo uma dor enorme no peito – eu não sei.

Heather fungou, mal acompanhei seus movimentos, quando vi, ela já estava de pé.

– eu vou falar com ele – anunciou – eu vou fazer ele voltar.

Não consegui falar nada, ela disparou pelo corredor, deixando-me confusa e sozinha.

O que ela faria que eu não tentei? Heather é muito gentil, jamais bateria em Daniel, assim como eu. Como ela tentaria?

– merda, eu não acredito que isso está acontecendo – resmunguei.

Dei um impulso para cima, corri de volta para o armazém, entrei com tudo e dei de cara com a cena. Daniel e Heather estavam abraçados, se beijando.


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Notas finais do capítulo

Pronto, um beijo.



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