Dark Paradise escrita por Gistar


Capítulo 13
Noite Longa


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo com muitas revelações. Boa leitura!



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“Mas você prometeu a ela

Da próxima vez você vai moderar

Você não tem outra chance

A vida não é um jogo de Nintendo...”

Violet

Quando desci, ele havia saído e o telefone tocava.

– Alô. – Atendi.

– Alô. O Sr. Tate se encontra?

– Não, ele não está no momento. Quer deixar recado?

– É da delegacia de policia. Eu sou o detetive Jack Newton e fiquei encarregado de investigar a morte da mãe dele.

– Investigar? Mas não foi um acidente?

– Tudo indicava que era, mas assim mesmo tínhamos que cumprir o protocolo e descartar todas as possibilidades. Você era parente dela?

– Sim, ela me criou. Você pode me dizer o que descobriu?

– A morte dela não foi um acidente.

Eu tive que me sentar pra ouvir o resto.

– Não? Como assim?

– Os peritos que examinaram o carro constataram que alguém cortou o freio. Ela não pôde frear e por isso bateu o carro.

– Mas quem faria isso?

– Nós estamos investigando. Vamos interrogar todos e tentar descobrir quem e por que fez isso. O Sr. Tate tem celular?

Eu dei o número para o detetive que disse que ligaria para ele e desligou.

Eu estava em choque. Quem nesse mundo faria algum mal à madrinha que era uma alma caridosa e bondosa que ajudou tantos órfãos?

Jonas chegou e percebeu minha cara de espanto. Eu contei para ele do telefonema e ele ficou tão espantado quanto eu.

– Mas quem seria capaz de fazer uma coisa dessas com a madrinha?

– Eu me pergunto o mesmo. Eles vão investigar e provavelmente seremos chamados para depor. Eu vou avisar os outros.

Peguei o telefone e liguei para Ale. Ela e os outros também ficaram surpresos com a notícia e não sabiam o que pensar.

À noite, quando Tate chegou, ele parecia preocupado. O bom humor da manhã havia sumido.

– O detetive te ligou? – perguntei assim que ele chegou e se sentou.

– Sim. Ele quer que eu vá depor semana que vem. Ele vai intimar vocês depois.

– O que você acha? Sabe de algo que possa ajudar na investigação? – Jonas começou a perguntar.

– Eu sei tanto sobre isso quanto vocês.

Ele respondeu bruscamente e subiu para o quarto.

– Não vai comer nada? – perguntei.

– Não. Estou sem fome.

Jonas e eu comemos sozinhos. Eu estava preocupada com Tate. A volta da notícia da morte da madrinha parecia ter abalado-o. Na verdade havia abalado a todos nós.

Eu também fui dormir quando terminei. Comecei a me revirar na cama, não conseguia dormir de jeito nenhum. A idéia de alguém ter feito aquilo com a madrinha não saia da minha mente.

Eu ouvi a porta do quarto se abrir. É, eu havia esquecido de trancá-la. Abri os olhos para ver quem era.

– Tate, o que faz aqui?

– Eu não estou conseguindo dormir.

Ele deitou ao meu lado na cama e encostou a cabeça em meu peito. Parecia uma criança pedindo carinho a uma mãe.

Eu comecei a afagar seu cabelo.

– Sabe Violet – ele começou a falar – quando meu pai morreu e eu fiquei só com a minha mãe, ela começou a me evitar. Eu vi o dia que ela ligou para o meu tio e perguntou se eu podia ir morar lá. Eu estava escondido e ouvi quando ela disse que não agüentava mais olhar para mim porque eu lembrava muito o meu pai. Então ela veio com aquela conversa de que havia conseguido uma bolsa em um ótimo colégio e que não podia recusar. Eu fiquei triste por ver que ela me rejeitava daquele jeito, mas aceitei. Se aquilo tornaria as coisas mais fáceis para ela, eu iria.

Eu não sabia o que dizer. Senti que aquilo que ele estava contando, estava reprimido há muito tempo. Deixei-o continuar.

– Ela prometeu que iria me visitar todos os meses e eu acreditei. Eu fui embora, o tempo foi passando e ela nunca foi me visitar. Meu tio dizia que ela precisava de um tempo e que logo superaria tudo. Mas ela não chegava. Eu estudava muito e tirava ótimas notas, queria que ela sentisse orgulho de mim. Quando ela ligava, falava somente com meu tio, se recusava a falar comigo. Eu terminei o Ensino Médio e consegui uma bolsa na Universidade. Ela foi à minha formatura e essa foi a única vez que me visitou. Ela me abraçou e me deu os parabéns, saímos para jantar e ela me deu notícias de todos vocês. Eu senti saudades e quis vir passar as férias aqui, mas ela não deixou. Eu comecei na faculdade de medicina, achei que as coisas seriam diferentes e ela me visitaria mais vezes, mas eu me enganei. Ela continuou distante.

Ele fez uma pausa. Respirou fundo. Eu senti que agora vinha a parte mais difícil.

– Eu conheci uma galera da pesada. Eles me convidaram para ir à festa deles algumas vezes e eu sempre recusava. Eu era bolsista e tinha medo de perder a bolsa por mau comportamento. No fim, eu cansei de tentar agradar a minha mãe, por mais que eu me esforçasse e tentasse impressioná-la, eu não conseguia reaproximá-la de mim. Uma noite, aceitei o convite dos caras e fui a uma festa. A bebida era liberada. Eu já tinha bebido algumas vezes, mas nunca havia exagerado. Naquela noite, eu estava muito revoltado com a minha mãe. Era meu aniversário e pela primeira vez ela havia esquecido. Eu vi que era bom tomar uns porres, fazia as coisas ficarem mais fáceis de encarar. Aquilo virou uma rotina e eu comecei a beber todas as noites.

Eu estava impressionada. Nunca desconfiamos que a madrinha tivesse um relacionamento tão difícil com Tate. E ele bebendo...

– Mas você parou não é? – Não me segurei. Tive que perguntar.

– Depois de um tempo, quando o álcool já não me satisfazia mais. Então eu comentei com um cara sobre isso. Ele falou que tinha algo muito mais eficaz do que álcool e me ofereceu um baseado.

Eu tremi. Já estava temendo o que viria seguir.

– Tate, você não aceitou né?

Por favor me diga que não....

– Eu estava curioso e aceitei. Comecei a sentir cada vez mais necessidade daquilo e as minhas notas da faculdade começaram a cair. Eu comecei a usar o dinheiro que a mãe mandava para comprar as drogas. Quando o dinheiro acabou, eu comecei a vender tudo o que tinha e quando eu não tinha mais nada, nem roupas, eu comecei a roubar. Uma vez eu fui detido na delegacia e tive que chamar meu tio para pagar a fiança. O reitor da Universidade ficou sabendo e me tirou a bolsa que já estava ameaçada por causa das minhas notas. Meu tio descobriu que eu estava usando drogas e avisou minha mãe. Ela veio me ver e tivemos uma briga feia. Ela me internou numa clínica de recuperação e nunca foi me ver. Fiquei um ano lá. Quando saí, estava curado do vício, mas ainda estava revoltado com ela.

– Eu não entendo, Tate. Por quê?

– Ela era minha mãe. Mas não agia como se fosse. Eu já não tinha mais pai e nos momentos que eu mais precisei dela, ela não esteve presente. Quando eu fui expulso da faculdade e ela foi me ver, eu pedi para ela me levar para casa e prometi que iria mudar se eu voltasse. E o que ela fez? Largou-me naquela clínica, não ficou ao meu lado quando precisei. Isso me doeu mais do que tudo, sabe. Enfim, quando saí da clínica, liguei para ela e avisei que estava indo para casa. Ela pareceu feliz e eu tive esperanças de que tudo poderia ser diferente. Ela foi me buscar na rodoviária e ficou feliz em me ver. Perguntou como eu estava e se mostrou preocupada com a minha recuperação.

– Que bom então, tudo deu certo no fim. – Eu respirei aliviada, odiava finais tristes.

– Eu ainda não terminei. Na noite da minha chegada tudo parecia bem, eu estava feliz por rever todos vocês, principalmente você, Violet. Minha mãe foi no meu quarto à noite e disse que estava feliz com a minha volta, mas que eu precisava ir embora. Disse que achava que poderia suportar a minha presença, mas que eu ainda a fazia lembrar muito o meu pai. Além de tudo isso, ainda disse que eu era uma má influência para vocês. Eu fiz de tudo para fazê-la voltar atrás, mas não adiantou. Ela me deu dois dias para ir embora. A revolta voltou. Eu havia acabado de chegar, de reencontrar você, e ela queria tirar tudo isso de mim. Já estava tarde e vocês não viram, mas eu saí. Fui procurar algo que me fizesse esquecer tudo. Acabei tendo uma recaída. Eles avisaram na clínica que isso poderia acontecer. Eu queria morrer, mas não tinha coragem pra me atirar de um lugar, cortar os pulsos ou algo parecido. Então, eu voltei pra casa. Não podia fazer isso. Mas eu tive a idéia de cortar os freios do carro e dirigir a mil por alguma rodovia. Eu sabia que isso podia funcionar...

Quando ele disse as últimas palavras, eu gelei. O que ele estava dizendo?

– Tate, do que você está falando?- Eu levantei de súbito e o olhei boquiaberta. – O que você fez?

– Eu não tive culpa. Eu estava fora de mim, cortei os freios, mas na hora não tive coragem de fazer o que pretendia. Eu voltei pra casa e quando acordei tudo estava confuso, eu não lembrava o que tinha feito. Só mais tarde, quando aconteceu que eu lembrei tudo. Eu não queria que aquilo acontecesse Violet, eu juro!

As lágrimas corriam dos meus olhos. Eu não podia acreditar naquilo, só podia ser um pesadelo. Foi Tate quem cortou os freios, ele foi o responsável pela morte da madrinha!

– Violet, me perdoa, eu não...

Ele tentou me abraçar, eu o afastei.

– Sai daqui!

Eu comecei a gritar e a empurrá-lo para fora. Com muito esforço eu consegui e tranquei a porta.

Ele começou a bater na porta e pedir pra eu abrir. Eu não queria vê-lo, não podia ser verdade. Eu comecei a quebrar tudo no quarto. As batidas na porta pararam. Eu peguei um porta-retrato que tinha uma foto minha e do Tate na cômoda e o grudei no chão. Foi aí que eu vi a câmera que estava escondida. Eu havia esquecido! Ale assistira tudo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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