Dona Distância - 1ª Versão (HIATOS) escrita por Capitã Sparrow


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

UHUUUUUUUUUUUUULL O/ Chegamos ao décimo cap!! *u* Vamos brindar juntos, marujos e pudins!! :3
Muito obrigado a todos os meus fiéis leitores que ainda acompanham essa fic, aos que estão chegando agora e aos fantasminhas também!! ~ eu sei que vcs estão ai, venham me conhecer o/ huhuh
Dedico esse cap especialmente à Ame chan que me deu uma ajuda e recomendou a fic *u* À Sweet Girl, Kaito Felipe, MiniEscritora e Blondie, meus pudins que recomendaram a fic *U* TO MORRENDO DE FELICIDADE!! AMO VCS SEUS DELICIAS :3



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Solidão estava inquieta.

Tentava seguir Láchesis, que andava depressa apesar de mancar com a perna direita e respirar pesadamente, como se sentisse uma dor angustiante. O Sentimento se perguntava o que Destino teria feito com a moira, para estar daquela maneira, fraca, pálida e machucada.

As pedras e ruínas começaram a ficar para trás, dando lugar a um jardim com árvores de todos os tipos. Uma delas se destacava, com seus mais de cinquenta metros, possuía o tronco acinzentado e alguns galhos secos, um tanto retorcidos. Nela estava fincada uma flecha rústica com a ponta de ferro, com cerca de um metro e meio de comprimento. Era uma das flechas do Destino. Ele costumava usá-las para manter a ordem no universo, mas agora restavam apenas três, que estavam escondidas em algum lugar desconhecido. Dizem que se as elas forem encontradas e disparadas, o universo mergulhará em caos, fazendo com que o tempo voltasse e tudo começasse do zero.

Por um momento, Solidão imaginou que fosse esse o plano de Láchesis, mas a moira passou pela árvore sem ao menos olhá-la. Ela parecia pensativa e perdida em algum lugar em sua mente. As chamas brilhavam em seus olhos de forma ardente, como se fossem os últimos resquícios de seu passado glorioso. Láchesis havia sido conhecida por vários nomes, Décima, Sorte, Azar e até como a vontade dos deuses, pelos humanos em certa época. Foi a mais desejada e cobiçada de suas irmãs, mas, quando o tempo passou, Destino tomou seu lugar tornando-a esquecida e desacreditada. Estava presa naquele lugar, pois não tinha a quem visitar.

Solidão havia lhe trazido sua liberdade. Mas acima de tudo, lhe trouxe sua vingança.

***

O Tempo é misterioso, poderoso... E quando alguém interfere pode tornar-se perigoso.

Essa foi uma frase que Morte ouviu certa vez no mundo humano. Eles estavam quase certos.

Mal sabem eles que o Tempo não precisa de ninguém para ter poder. Pensou.

Seus lábios carregavam um pouco de malícia e se abriam em um sorriso irônico. Ela não poderia estar mais satisfeita, sentia que agora Tempo era um forte aliado. O único problema era que ele acabara de fazer o que ela fazia, recolheu a vida de alguém. E isso era o trabalho dela.

Ninguém passa a perna na Morte. Ninguém.

***

Solidão sentia seus pés descalços formigando, como se quisessem alertá-la para que saísse dali. Tal lugar causava uma sensação que o Sentimento não sabia explicar. Era como se pudesse sentir toda sua essência dentro de si, como se, de certa forma, sentisse o que aconteceria a seguir. Como se conhecesse toda sua história, do início ao fim. Aquilo era, de certa forma, angustiante.

Sacudiu a cabeça, tentando manter o foco em sua mente. Sua amiga, Distância. Sentia saudades, queria estar com ela, rindo de suas palhaçadas ingênuas e infantis. Solidão sabia que Distância era uma alma pura entre todos esses seres inundados de trevas e podridão, lutando por poder como o resto do universo, e tudo que queria era protegê-la. Distancia era seu tesouro, e não a entregaria a ninguém. Muito menos ao inconveniente e sádico Tempo. Só de pensar em seu nome, Solidão começava a ficar vermelha de raiva. Olhou para a moira à sua frente e se perdeu em pensamentos esperançosos e incertezas.

Caos. O que ele poderia fazer por elas? Solidão ainda não tinha entendido e mesmo que tivesse, não saberia o porquê ele ajudaria. Provavelmente iria recusar, assim como Destino. Esperava que Láchesis tivesse uma carta na manga.

***

Tempo olhou para suas mãos. Sentia-se mais forte, mais poderoso, como se nada pudesse pará-lo. Ainda era capaz de sentir os últimos minutos daquela garota em seus dedos, como se ela estivesse com ele.

Fechou os olhos e ficou relembrando repetidas vezes o que havia acontecido, agarrando-se a tudo que restava em sua mente. Sentiu o cheiro adocicado das flores, as brisas acariciando seus cabelos grisalhos revoltosos, o sorriso ingênuo da garota...

Tempo sempre teve uma memória invejável, nunca se esquecia da mais simples lembrança, porém algo parecia diferente agora. Era como se ele pudesse tocar o passado, como se ele estivesse a sua frente e pudesse alcançá-lo, senti-lo de forma singular, única. Quando abriu seus olhos viu-se assistindo a si mesmo arrancando o tempo daquela garota. Não era sonho, ou delírio, ele estava lá. Não havia atravessado nenhum portal e mesmo assim, estava em seu passado! Nunca antes outro Conceito havia estado no mesmo lugar em duas formas, ainda assim, ali estava ele se observando, como se o espelho tivesse ganhado vida! Todos sabiam que não poderiam existir dois do mesmo, em um único lugar, e ali estava ele, um paradoxo vivo, existindo ao lado de seu outro eu.

Cerrou os punhos com força sentindo uma avalanche de adrenalina atravessar todo seu corpo, era uma espécie de força crescendo dentro de si e agora estava mais certo que nunca do que deveria fazer, sabia como conseguir mais poder. E agora seria fácil.

Antes que pudesse tentar algum tipo de experiência naquele cenário, um toque em seu ombro direito arrancou-o dali e o fez voltar para onde estava inicialmente. O reino da Morte.

Sentiu a Fúria fazer seu maxilar tremer, mas antes que dissesse alguma coisa, algo o impediu. Um forte e adocicado sabor em seus lábios, algo molhado, quente e áspero, impedia-lhe de pronunciar uma sílaba sequer. Os lábios dela estavam ásperos, em carne viva e deixavam um rastro rubro por onde passavam. Seus braços o envolviam, e Tempo adorava aquela sensação, de ser abraçado pela Morte. Era algo que só quem já havia sentido entenderia, era acolhedor e ao mesmo tempo ameaçador. Como algo doce e proibido.

Quando a mulher se distanciou, tentou novamente dizer algo e dessa vez foi interrompido com um soco em seu queixo.

— SEU IDIOTA! O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?! — gritou Morte perdendo a compostura.

— O q...?

Outro soco veio em sua direção, mas Tempo parou sua mão antes que ela atingisse seu nariz.

— AQUELA ALMA ERA MINHA PARA COLHER!

Morte franziu o cenho e lançou um olhar ameaçador para ele. As sombras que formavam seu vestido começaram a ficar inquietas com a súbita mudança de humor da mulher que os vestia, começaram a soltar gemidos agonizantes e se mover. O vestido que antes era longo, agora começara a mudar de forma, deixando boa parte de sua pele de porcelana a mostra. As sombras envolveram o corpo de Morte em tiras horizontais disformes que partiam de suas coxas até o seu braço direito, onde surgiu uma grossa corrente enrolada várias vezes. De sua ponta se formou uma foice imensa, que arrastava no chão.

— Espero que não se repita. — disse de forma mais calma, tocando o nariz de Tempo com seu indicador. Em seguida abraçou Tempo e beijou-o de forma suave. – Estou orgulhosa de você.

Tempo apenas sorriu.

Seria fácil demais.

***

Sob uma árvore frondosa, repousava um coelho branco de gravata amarela e colete azul. Um relógio de bolso dourado, com aparência antiga, se equilibrava em sua barriga gorda que subia e descia lentamente com sua calma respiração. O vidro estava quebrado e os ponteiros paralisados, assim o coelho que sempre estava atrasado podia descansar o quanto quisesse. Láchesis parou na frente dele, atraindo sua atenção.

— Olá, senhor coelho. Como está? — perguntou a moira de forma educada.

— Em paz. Finalmente posso relaxar sem me preocupar com o tempo. — respondeu de forma preguiçosa, alongando seus bigodes.

— Usarei seu caminho, se não se importar.

O coelho apenas acenou com a cabeça, fechando os olhos e ignorando a presença das duas.

Foram até o outro lado da árvore, onde tinha um imenso buraco. Solidão poderia jurar que viu lá dentro algumas constelações desaparecidas há tempos.

— Te guiarei até o Caos, mas devo alertá-la que será um longo e árduo caminho. Seu reino nunca permanece em algum lugar fixo, está em constante mudança, não será fácil ou simples encontra-lo, mas a escolha é sua. — Láchesis encarou o Sentimento, buscando uma resposta que veio rápida e decidida:

— Eu faço o que for preciso, leve-me até ele.

A moira sorriu satisfeita, pegando a mão de Solidão e, sem aviso algum, puxou-a para dentro do buraco.

Solidão sentiu seu corpo atravessar o buraco e flutuar, mas não teve coragem de abrir os olhos até que Láchesis falasse com ela:

— Vamos encontrar nosso Destino! — disse rindo.


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Notas finais do capítulo

Morte está andando muito com a Arlequina kkkkk

Desculpem o cap meio parado, mas no próximo teremos altas aventuras com Láchesis e Solidão o/ Espero que tenham gostado *w*

**** Sobre o Conceito que alguns tiveram dúvidas: Foi a forma que eu usei para me referir aos personagens que não não Sentimentos ^^


Muitos bjinhoooooos ;*