POV’ Clary

Passaram-se seis tortuosos meses.

A mansão Lightwood parecia a mansão Fairchild, em cinzas e os escombros. Não havia mais vida na mansão Lightwood, todos nós andávamos de um lado para o outro sem nos falar.

Mandamos Will morar com Jocelyn e Luke, lá ele estaria mais seguro do que aqui, Simon voltou para o Brooklyn junto com Magnus, Alec e Isabelle voltaram para o Instituto de Nova York, eu e Jace ficamos em Idris, a Clave precisava de nós, e agora com os assassinatos que estão ocorrendo, precisam de mim mais ainda com a minha runa da ressurreição.

Jace estava de guarda nas barreiras de Idris e eu estou em cima do telhado da Mansão, eu não podia fazer nada, de novo.

Eu estava observando o sol se pôr e lembrando-se de como fora esses seis meses...

O natal foi o pior de todos, comemoramos na casa de Jocelyn, havíamos preparado várias coisas para Annabeth, mas aquilo tudo era insignificante, sabíamos que ela não iria voltar, todas as noites que fiquei no telhado do Instituto vendo o fluxo desorganizado de Nova York percebi que nada iria trazer ela de volta.

Jace tentou me animar, mas não deu certo. Na minha perna esquerda eu via a cicatriz da lamina de Sebastian e me lembrava de Annabeth recuando dele como se fosse um leão sem presas, amordaçado.

Jace não podia fazer nada no momento, Sebastian me tinha nos braços e Annabeth estava nos braços de Henry. Um passo em falso nós duas morríamos.

Toda vez que ela ficava com medo, seus olhos passavam do mel e iam para um ouro liquido, suas veias pulsavam feito alarmes, e vi que ele a batia todas as horas.

Depois de dois meses, voltamos para Idris e em uma noite ela apareceu em casa.

Não havia palavras com o que sentimos quando a vimos.

Suas roupas estavam em farrapos, ela estava toda arranhada, com vários hematomas pretos pelo corpo, e estava muito magra, não se aguentava em pé de fraqueza.

Só passei para ver vocês pela ultima vez, eu estava com saudades.

Ela não deixou nós cuidarmos dela, ela nos abraçou e falou as únicas possíveis duas opções para sua vida:

A primeira ela se matava, pois não aguentava mais e a segunda opção era Jonathan a transformaria em uma Caçadora Sombria.

Ela relatou algumas coisas que aconteceram com ela nesses três meses que haviam se passado, ela havia sido parte de alguns experimentos com demônios por causa do seu sangue celestial, foi entregue a um grupo de anjos caídos, que fizeram o que bem entenderam com ela, mas toda vez que nós perguntávamos de Sebastian, ela se congelava e começava a gaguejar.

Aslan se materializou na frente dela, o que foi a gota d’água, ela não aguentou ficar conosco, e nos deu um abraço fraco e voltou para a escuridão de onde um dia ela havia se sentido confortável.

Aslan nos contou o que Sebastian fez com ela, Jace quase morreu de raiva e se não fosse por Aslan, ele teria seguido Annabeth e morrido nas mãos de Sebastian.

Tudo o que eu não fiz com sua mãe, agora vou fazer com você.

Ele havia falado isso para ela, e me lembrei do acontecido que foi há anos, estávamos em um bolso dimensional de Valentim e ele tentou me estrupar, mas eu consegui sair a tempo

“Está na Bíblia” Sebastian falou “O cântico de Salomão ‘Tu violentaste meu coração minha irmã, minha esposa; violentastes meu coração com um de teus olhos’.” Os dedos de Sebastian esfregaram minha garganta, se enrolando no cordão ali, o cordão do qual se pendurava o anel Morgenstern. Fiquei imaginando se ele me enforcaria. “ ‘Eu durmo mas meu coração desperta: é a voz da minha amada que bate, dizendo, abra pra mim, minha irmã, meu amor’.’’ O sangue de Sebastian pingou em meu rosto. Mantive a face imóvel, meu corpo chiando com o esforço, enquanto a mão de Sebastian escorregava pela garganta, pela lateral até a cintura. Deslizou os dedos para dentro da cintura da calça. Ele tinha a pele quente, ardente; eu podia sentir que ele me queria.

“Você não me ama” eu disse, minha voz soou fraca, ele estava forçando para fora o ar de meus pulmões.

Lembrei-me do que minha mãe havia dito, de que todas as emoções demonstradas por Sebastian eram forjadas. Meus pensamentos estavam claros como cristais; agradeci silenciosamente pela euforia da batalha por fazer o que tinha que ser feito e manter-me concentrada enquanto Sebastian me enojava com seu toque.

“E você não liga para o fato de eu ser seu irmão” declarou “Sei como se sentia em relação a Jace, mesmo quando achou que ele fosse seu irmão. Não pode mentir para mim.

“Jace é melhor do que você”

“Ninguém é melhor que eu” Sebastian sorriu, todo dentes brancos e sangue “ ‘Um jardim anexo é minha irmã’ Mas não mais, certo? Jace cuidou disso.” Ele mexeu no botão da minha calça jeans, e eu me aproveitei da distração para pegar um pedaço grande de vidro e enfiar na ponta do ombro dele.

“Perdemos ela para sempre, ela não se lembra de nós...”

A voz oca de Aslan me tirou do flash back que tinha acontecido a muitos anos atrás, e me virei para vê-lo.

Ele estava uma toga branca e uma calça branca, estava descalço, sua barba estava pequena, pareciam pontinhos negros em seu rosto claro, seus olhos verdes estavam em conflito e seus cabelos estavam carregados de eletricidade.

Eu não acreditei no que eu havia escutado. COMO ASSIM ELA NÃO SE LEMBRA DE NÓS.

“O QUE!?” soou mais como um grito do que com uma pergunta, as asas dele estavam encolhidas atrás de suas costas largas e seus dedos estavam brincando com alguns raios perdidos.

“Ela é uma Nephilim Obscura... Ela não se lembra de quem somos...” ele falou e lagrimas correram de seus olhos verdes e acabavam em sua barba curta.

Tudo dentro de mim parecia de vido, e estava tudo estilhaçado.

Comecei a chorar feito criança e apoiei minha cabeça na gárgula de cimento que tinha, e chorei, por ter perdido minha filha, mesmo eu não a conhecendo direito, eu a amava mais que tudo, perdi a minha menininha....

“Por que você não a protegeu?” perguntei entre o choro, uma raiva surgiu em meu peito, ele podia ter protegido ela.

“Eu tenho limitações, Clary! Você acha que eu não tentei?” ele falou desesperado, e seus cabelos começaram a ficar de pé, por conta da descarga elétrica que caiu em cima dele. “Se eu continuasse, eu iria cair!”

Quando ele falou isso uma onda de raiva me atingiu, ele estava mais preocupado com ele do que com a garota que ele ama? Que tipo de amor é esse?

“FODA-SE! VOCÊ NÃO A PROTEGEU POR QUE NÃO QUERIA CAIR?” falei furiosa e me levantei, ficando de cara para ele, continuei a berrar. “EU PERDI MINHA FILHA POR QUE VOCÊ NÃO QUERIA CAIR! AGORA VOCÊ VAI CAIR SIM E VAI AJUDAR ELA, FILHO DA...” Eu gritei e fui para cima dele e comecei a esmurra-lo, até que braços fortes me seguram e me detém, minha visão fica embasada por causa das lagrimas, eu não sabia se sentia raiva ou um ódio profundo contra Aslan.

“VOCÊ É UM MERDA! SOME DA MINHA FRENTE! VÁ PARA O SEU LINDO PARAISO, MELHOR ANNABETH COM SEBASTIAN DO QUE COM UM MERDA COMO VOCÊ!” eu berrava coisas assim descontroladamente, ele estava mais preocupado com a santidade dele quando a Sebastian estava comendo Annabeth e quando ela tomou do cálice, isso era coisa demais para uma pessoa só.

“ME SOLTA, PORRA!” gritei e vi que era um anjo me segurando, ele tinha cabelos loiros, olhos azuis e um porte bem grande e forte para ser um simples anjo.

Me soltei depois quase fazer o anjo cair do telhado e empurrei Aslan para a gárgula, eu estava tremendo de raiva, acho que eu vou ter um infarto aqui.

“Me desculpa Clary, eu não vi deste jeito. Eu amo sua filha e faria qualquer...”

“NÃO, VOCÊ NÃO AMA ELA! POR QUE QUEM AMA CUIDA, IDEPENDENTE SE VAI PERDER ALGO OU SE MATAR! VOCÊ PENSA EM SI MESMO! EU PERDI A MINHA FILHA, A COISA QUE EU MAIS AMAVA POR CAUSA DA SUA PALHAÇADA DE SE COLOCAR EM PRIMEIRO LUGAR! SEBASTIAN COMEU ANNABETH, E VOCÊ NÃO FEZ NADA! ELE FORÇOU O SANGUE DE LILITH PARA DENTRO DA GUELA DA MINHA FILHA E VOCÊ NÃO FEZ NADA! ISSO QUE É AMOR?” eu recuperei o ar, eu deveria estar mais vermelha do que tudo, Aslan não demonstrava reação, estava parado no mesmo lugar, seus olhos estavam estranhamente vidrados, como nunca antes e percebi que todas as vezes que ele veio falar conosco, estava com os olhos vidrados, nunca piscava nem nada.

Ele começou a piscar feito louco, sua postura ficou mais relaxada, e ele respirou fundo e desta vez seu olhar transmitia alguma reação.

“O QUE EU FIZ!? CADÊ ANNABETH!? CLARY O QUE ESTA ACONTECENDO!? EU ESTAVA POSSUIDO? FODA-SE O CÉU, NÃO SIGO MAIS AS BOSTAS DAS REGRAS!” ele gritou furioso, suas asas começaram a ficar negras, os anjos que estavam no telhado pegaram suas armas, e depararam com um Aslan maníaco.

“Quem vai ser o primeiro a se declarar?” ele estava com postura de ataque, uma aura negra o envolvia e um verdadeiro medo me envolveu.

“Eu quero saber quem foi o filho da puta que me possuiu, vou dar uma morte dolorosa a esse viado. Acho bom vocês começarem a confessar logo, eu fiquei possuído por seis meses e perdi minha namorada por culpa da viadagem de vocês. Eu estou bem nervoso, e ninguém vai sair daqui com vida.”