Inimigos Coloridos escrita por Harry Jackson Everdeen


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Oi. Eu vi a Emma parindo. Foi tão emocionante. Semana que vem tem Divergente, e eu não to conseguindo me controlar ultimamente. Ah, esse foi o melhor capítulo que já escrevi na minha vida!
Assistam Capitão América essa semana. Ele é lindo demais. E a história é muito foda.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/418340/chapter/18

Você não vai mesmo? – perguntou Annabeth do outro lado do celular.

– Ah, sei lá. – Thalia estava deitada, com uma preguiça enorme. – Se eu mudar de ideia, dou uma passadinha lá, tudo bem?

Está bem. – Thalia escutou o barulho do que parecia ser uma buzina. – Vou desligar. Tchau. Já vai Percy...

E desligou, dando a entender que Percy havia chegado para buscá-la. Thalia até queria ficar na casa de Silena, assistir um filme de terror com os amigos, comer de graça, não tem coisa melhor. Mas, o di Angelo estaria lá. E ela estava sem paciência para ficar na presença daquele ser.

Por outro lado, Luke estaria lá. E isso seria interessante. Percebeu que Luke e Nico não se bicavam, e apenas a menção de um dos nomes, fazia o outro se irritar. E, ainda mais, Luke estava muito mais antencioso com ela, e isso era bom. Quem sabe, se ela fosse...

Para com isso, Thalia. Sabe de uma coisa? Está parecendo que você quer fazer cena de ciúmes para o Nico. – disse a consciência.

Thalia sacodiu a cabeça. Ela já estava em uma disputa dela consigo mesma. Não precisava da consciência se metendo também. Estava naquele dilema: vou ou não vou. Depois de uma meia hora pensando, decidiu que iria dormir, e quando acordasse decidiria.

...

A rua era lisa, então seu skate rodava com levesa. Nico estava na rua de Silena, onde casa era um termo incorreto. Estava mais para casarão. Cada casa mais linda que a outra, paredes de cores claras, e nenhuma parecida. Todas diferenciadas. A rua era deserta, praticamente, e ele sabia qual era a casa. Ele já tinha saído com Drew.

Deu um ollie e caiu na calçada, para logo depois sair de cima do skate. Foi até a porta e antes de tocar a campainha, a porta se abre bruscamente. Por ela passa uma morena furiosa, que nem o olha. Ao acompanhar o olhar para identificar quem era, alguém diz algo:

– Ela está estressadinha. – sooa debochada.

Nico se vira e encontra Silena, com um sorriso vencedor no rosto.

– O que aconteceu? – questionou Nico.

– A Tanaka ficou estressada porque queria chamar as amigas dela para vir aqui. Mas, eu sou a mais velha, e, além disso, elas não ficariam aqui nem por meia hora. Iriam procurar alguma boate, ou quem sabe um puteiro.

O moreno arregalou os olhos com a última parte, embora, parte de si concordava. Ele negou com a cabeça e entrou na casa, assim que Silena lhe deu espaço. Eram um pouco mais que três, e só Beckendorf estava lá, rindo sozinho no sofá.

– Está rindo do quê? – perguntou Nico, sorrindo, enquanto colocava sua mochila e skate no batente da porta da enorme sala de estar, esta que estava com vários colchões.

– A briga das duas. – respondeu. Silena sentou-se no lado direito dele, e Nico do esquerdo. – Foi engraçado. Eu só não queria rir na frente da Drew.

Nico riu, mas sua risada não durou nada. Não demorou muito para que a campainha tocasse. Percy e Annabeth.

– Ei, cadê seus amigos? – questionou Annabeth, colocando a cabeça no colo de Percy, e as pernas no colo de Nico.

– Estão vindo. – respondeu. – Deixei o endereço com Will, e ele vai buscar Zoe.

Annabeth começou a mexer em uma mecha loira, erolando-a no dedo. Nico, depois de muito tempo, reparou nos pés em suas pernas, e olhou sugestivamente para Percy. O moreno de olhos verdes estava do mesmo jeito. Então, por meio de telepatia – e com um sorriso de dar medo – os dois, juntos, contaram até três em silêncio e começaram a fazer cosquinhas em Annabeth. Nico em seus pés e Percy em sua barriga.

A loira ria, tentando sugar o ar até seus pulmões, mas o garotos não lhe davam trégua. Se debatia, estapeava o braço de Percy, mas ele não largava. Nico era mais difícil, já que, com um braço, segurou as pernas de Annabeth e com o outro fazia as cosquinhas. Quando conseguiu respirar, em um tom alto e bravo, gritou:

– Perseu Jackson, pare agora!

O moreno levantou as mãos, por instinto. Seus olhos estavam arregalados, e sua pele, ligeiramente pálida. Vagarosamente, virou a cabeça para olhar sua namorada, se arrependeu. O olhar dela era mortal, e ela cruzava os braços em frente ao peito, deixando seu seios mais volumosos. Mas Percy achou que não era hora de olhar lá. Com um sorriso amarelo, disse:

– O Nico também é culpado.

O di Angelo arregalou os olhos.

– Ou. A namorada é sua. Se vira aí, cara.

A campainha tocou, e Nico levantou-se para ir atender, antes que Percy falasse algo. Foi caminhando, bagunçando os cabelos da nuca, até a porta, tão lentamente, que a pessoa do outro lado a tocou novamente. Que pressa. Nico tocou a maçaneta e a girou.

Preferiu tomar uma bronca de Annabeth.

Zoe e Will estavam com sorrisos no rosto, um do lado do outro. Mas não tinha só eles ali, e o olhar do moreno foi parar além do ombro de Will. Logo atrás, Luke estava rindo de alguma coisa. Sua mochila estava em um ombro só, e seu braço direito estavam no ombro de Thalia.

...

Nico logo escondeu sua cara de raiva, e colocou um sorriso no lugar.

– Hey. Foi fácil achar? – Tomara que Zoe não tenha reparado, pensou.

– Foi muito fácil. A Thalia veio mostrando o caminho.

Pela primeira vez, Thalia olhou para frente. Antes, um sorriso estava estampado em seu rosto delicado; mas, depois de encontrar os olhos de Nico, aquele sorriso desapareceu. O moreno sorriu debochado e negou com a cabeça, tentando controlar a raiva.

– Decidiu vir, Grace? – perguntou irônico. – Não ia dormir a tarde inteira?

– Bom, eu achei melhor vir aqui e ficar importurnando você até perder a graça. – devolveu, com o mesmo sorriso.

Nico deu passagem para todos entrarem, já que estava começando a se irritar com Thalia. E aquele braço do Luke. Se ele não fosse preso depois disso, já teria arrancado o braço de Luke fora e dado para tubarões. O casal ‘chatice ambulante’ passou por Nico sem ao mesmo olha-lo.

O moreno reprimiu a vontade de mandar os dois à merda. Fechou a porta com força desnecessária, mas por sorte todos já estavam na sala e ninguém escutou. Suspirou.

– Eu percebi o seu olhar, Nicholas.

O di Angelo pulou de susto. O coração acelerado como nunca, mais pálido se possível. Zoe e seu rosto sério, com as sobrancelhas levemente arqueadas.

– De onde você surgiu?

– Você quer que eu, realmente, explique como foi minha origem?

Nico pensou um pouco. É, acho que não.

– Eu disse que eu percebi seu olhar. Disfaçou bem, mas eu ainda sou muito mais esperta para observar. – suas palvras eram calmas, e seus lábios estavam começando a cuvarem-se para cima.

– Eu não estou entendendo, Zoe. – fingiu.

– Você não é idiota, Nicholas. E nem eu. – ela deu um passo para frente. Agora, realmente sorria. – A sua reação ao ver aquele loiro com o braço no ombro dela te deixou enciumado.

– O quê? Querida amiga, você está perdendo a linha do raciocínio. – ela ia dizer algo, mas Nico a cortou: - Eu não fico com ciúmes de ninguém. Ainda mais de um traste feito a Grace. – se aproximou do rosto de Zoe para sussurar-lhe em seu ouvido. - Eu nunca senti nada por ela. Eu estava enganado.

O moreno foi andando, deixando para-a para trás. Ela tinha um sorriso. Negou com a cabeça e o seguiu.

Vai ser um final de semana difícil.

...

– Acho que podíamos assistir algum filme. – disse Silena. – Vou fazer pipoca.

Desde a chegada do resto do pessoal, todos ficaram conversando por uma hora. Ficaram sem assunto.

– Pode ser de terror, Thalia. – disse Silena, revirando os olhos enquanto se levantava e ia em direção à cozinha.

– Ra. – comemorou a morena.

– O Mistério das Duas Irmãs. – disse Nico, baixo. – Um filme com muito suspense, e partes de dar medo. Além de ter a Elizabeth Banks.

Ficou por isso mesmo. Alugaram o filme pela televisão, Silena voltou com três potões de pipoca, e Charles pegou uma garrafa de refrigerante com alguns copos. Percy e Annabeth sentaram-se no sofá, com Nico ao lado da loira. No chão foram Charles e Silena, Thalia e Luke. As pernas de Nico estavam entre Silena e Thalia. Digamos que ele se fodeu. A cada susto, Silena agarrava-se a Charles, não sem antes dar um tapa bem dado na perna de Nico. Thalia era menos eufórica, mas seus tapas eram mais fortes.

– Se continuar assim, eu vou sair daqui. – disse Nico, irritado.

– Não, por favor. – pediu Silena. – Vai ficar vazio se você fizer isso, e eu vou ficar com mais medo. – a morena se agarrava nas pernas de Nico, impedindo que ele se levantasse.

O final estava no final, um momento tenso. Ninguém esperava muita coisa. Nico roía a unha, Annabeth se escondia atrás de Percy. Thalia e Silena, cada uma agarrada a uma perna de Nico, enquanto Charles e Luke as abraçavam de lado. Todos com os olhos fixos na tela.

– Bu! – gritou alguém, da porta da sala.

– Ahhhhhhhh. – todos, berraram em uníssono.

Todos, de corações acelerados, se viraram para a entrada, e lá se encontrava uma garota. Uma garota muito bonita, com pele da cor morena, cabelos repicados, com uma pena presa a eles.

– Meu Deus. Sou tão feia assim? – perguntou a morena rindo.

– Sua louca. – Silena riu. – O que faz aqui?

– Maninha, eu sei que você queria ficar aqui só com seus amigos, mas é que... – dizia a garota, com um pouco de receio. – O Frank estava com uma garota lá na casa dele, e... Podemos nos juntar a vocês?

Era a outra irmã da Silena. Patrícia? Não. Penny? Também não. Como era mesmo o nome dela...

– Claro, Piper. – disse Silena, com sorriso sincero no rosto.

Piper sorriu agradecida.

– Ele só está comprando chocolate. É que eu quero chocolate, e ele é um príncipe comigo. – disse, com um olhar sonhador.

Annabeth se moveu, intrigada.

– Por que você não é assim comigo, Perseu?!

– Mas eu... – Percy estava surpreso. – Eu sou muito prestativo! – exclamou.

– Estou brincando, seu lerdo. – disse a loira revirando os olhos.

Piper deu risada da cena, olhou para todos e perguntou seus nomes. Quando todos foram devidamente apresentados, a campainha toca. Piper corre atender, e pelo seu tom de voz, é seu namorado.

Olha, só tinha meio amargo. – disse um garoto. Seus passos se tornavam mais altos quanto mais se aproximavam. – Nós podemos ficar?

Sim. Vem conhecer o pessoal.

Piper entrou no campo de visão, e logo atrás um loiro. Ele parecia, de fato, um príncipe. Loiro, olhos azuis, corpo atlético, apenas um cortezinho no lábio. Nico o achava familiar.

– Gente, este é Jason. – apresentou Piper.

O queixo de Thalia caiu.

– Oi. Oi... – o loiro parou em Thalia, dando um sorriso. – Thalia?

– Jason. – a morena riu e se levantou, para dar um abraço nele.

– Meu Deus, que New York pequena. – disse Jason, se separando dela.

Todos olhavam para a cena, com uma dúvida tremenda. Thalia explicou a todos como ela havia conhecido Jason, e Piper questionou:

– Devo ficar com ciúmes? – embora a pergunta, sua expressão era de despreocupada. Devia confiar muito no Jason. A morena e o loiro, ambos de olhos azuis, negaram. – Ótimo.

– E eu? Devo me preocupar? – questionou Luke.

MAS QUE PERGUNTA DESNECESSÁRIA, CASTELLAN! pensou Nico. Agora o tosco ainda vai fazer ceninha. Não, eu não precisava ouvir isso. Não precisava! Nico cerrou os punhos por um breve instante, mas logo relaxou. Respirou fundo, enquanto via Thalia levemente encabulada com a pergunta do rapaz da cicatriz.

– Que isso, Luke. Claro que não. – respondeu. Como ela conseguia ser tão indiferente, eu não sei.

Tinha onze pessoas ali. Imagina se o resto do povão fosse? A casa de Silena era grande, mas não tanto assim. A anfitriã desligou o aparelho de DVD, e voltou para a roda, onde todos conversavam animadamente sobre qualquer coisa. Quando começaram a ficar sem assunto, Annabeth disse:

– A gente podia fazer uma brincadeira. – todos olharam para ela. – O quê? Por exemplo, como está ficando escuro, podíamos brincar de... sei lá... Gato Mia.

Percy ergueu as sobrancelhas.

– Ah, qual é? Aposto que vocês iriam adorar! – exclamou a garota.

– Só porque não temos opções melhores. – disse Nico, e isso lhe rendeu um tapa no braço.

O primeiro a procurar seria o próprio moreno de olhos negros, porque Annabeth mandou. E quando Annabeth manda, é melhor obedecer. Apagaram todas as luzes da casa, e não tinha praticamente nenhuma iluminação da rua, e a sala estava um pouco iluminada. O resto estava um breu. Nico começou a contar, no meio da sala, e tudo que se ouvia eram passos apressados. Quando foi chegando aos cinquenta, o barulho de passos cessou. Terminou de contar e foi procurar.

A regra era simples, o primeiro a ser encontrado, seria o próximo a procurar. Mas lógico, como todo o Gato Mia, quem procurava tinha que descobrir quem era ‘o gato’ através do seu miado.

Nico esbarrou o ombro no batente da porta, o que doeu. Começou a passar a mão em todos os lugares (isso ficou estranho) e soube que estava na cozinha, quando percebeu a torneira e talheres ao lado da mesma. Por um momento, parou para escutar. Sua respiração sempre foi baixa, mas ele escutava uma mais pesada. Alguém estava ali.

Devagar, sem fazer nenhum barulho, foi sentindo os obstáculos a sua frente, em direção ao ser que parecia nervoso. Alguém estava embaixo da bancada, quando Nico colocou a mão na cabeça da pessoa ali, sentiu cabelos sedosos e ondulados.

– Gato mia. – disse Nico.

– Miau. – disse. Era uma mulher, sem duvida, e sua voz era doce. Mas o moreno sabia que nem sempre era tão doce.

– Sai dai, Annabeth.

– Seu chato. – reclamou a loira, e com a ajuda de Nico, saiu de baixo da bancada. – Eu vou para a sala. – ela foi andando, e Nico escutou um banc, e depois Annabeth reclamando: - Essa porta tinha que ser maior!

Nico continuou a procurar, mas agora ele se encontrava em um quarto. Sabia que alguém estava ali. Talvez, até mais de uma pessoa. Estava andando, agora sem tanta cautela, até o lado oposto do quarto, quando tropeçou em algo e caiu de cara no chão.

– Au. – disse Nico.

– É pra miar, não latir. – disse um homem, não se segurando e soltando uma risada.

O moreno se levantou, ouviu uma risada aguda, e disse rindo:

– Então mia, Beckendorf. – riu, junto com Charles e mais alguém. Quem será... – Você está ai, não é, Silena?

– Sim, Fantasminha. – ela respondeu.

– Vão para a sala. Annie está lá.

Depois foi ficando mais fácil. Encontrou Percy, depois Luke, Will, Jason, Piper, Zoe e por ultimo Thalia. Acho que como a morena era pequena, tinha mais opções de esconderijos. Como só faltava ela, ele descobriu facilmente. Todos estavam na sala, e usando os celulares como fonte de luz, já que a luz do poste não estava ajudando muito.

– Annabeth, minha loirinha, você procura agora. – disse Nico.

E assim o jogo recomeçou. Annabeth procurou, e o primeiro a ser achado foi Percy, porque ele tropeçou em uma mesa e caiu, fazendo um barulho tão grande que qualquer pessoa daquela rua escutaria. Percy procurou e achou Luke primeiro. Percy demorou muito, como é característico dele.

– Conta, Luke. – disse Silena.

Todos se dispersaram e, depois de um dado momento, só se ouvia a contagem.

Nico estava correndo em silencio, e entrou em um armário que ficava no meio do corredor. Silena havia falado que os casacos da mãe ficavam lá, porque ela tinha muitas roupas e não cabiam todas no armário comum. Era um closet grande e Nico se espremeu bem no fundo. De repente, a porta se abre.

Alguém começa a tatear, mas o escuro não deixava Nico ver quem era. Provavelmente não era Luke, pois fechou a porta logo em seguida.

– Hey. – falou Nico, em sussurro. – Já está ocupado.

A pessoa ali não respondeu. Nico ouviu a respiração pesada dele, ou dela. Estaria nervoso?

– Vai ficar aqui? – questionou. Sem resposta. – Tudo bem, então não faça barulho.

Uma resposta.

– Não recebo ordens suas. – murmurou a pessoa.

Ai meu Deus, pensou. A Sorte não está do meu lado nunca. Ele queria acertar umas coisas com ela, e poderia ser agora, quem sabe.

Um pensamento invadiu sua cabeça: um beijo da noite anterior. Achou que, quando ficasse com ela, esse desejo insano não voltaria. Mas parece que ficou mais forte. Mas o ódio ainda prevalecia.

Bom, acho que ela não se importa em repetir a dose. – disse a parte ninfomaníaca.

– Concordo. – disse a consciência.

Vamos lá, Nico. Tenha vinte segundos de coragem e aja, garoto. – disse as duas juntas.

Acho que fumei, pensou. Mas resolveu seguir esse conselho.

Como da outra vez, ele foi se aproximando de Thalia e a prensou contra a parede. Ela arfou.

– O que está fazendo? – sua voz era perigosa, mas Nico ainda estava no seis.

– Eu preciso fazer isso de novo. – disse. Dez.

– Me solta, di Angelo. – Nico não ligava. Quinze.

– Não. – Nico segurou sua cintura com firmeza. Dezessete. – Você também quer.

O moreno juntou seus lábios com fervor. Thalia não cedia, mas o moreno era persistente. Ela socava seu braço, e Nico segurou seu pulso e o prensou contra a parede. Sua outra mão ainda se mantinha na cintura dela, e a outra mão de Thalia... estava estapeando seu peito. Nico continuou persistente. Se ela continuar, eu paro, disse para si.

Mas, talvez para sua sorte, ela parou. Sua mão acalmou e agora estava apoiada no peito dele, onde antes o estapeava. O moreno soltou sua outra mão, esta que foi de encontro com sua nuca. Por um bom tempo, ficaram assim.

Ela cedeu, panaca. – disse a consciência.

O beijo era urgente. Thalia mordia o lábio inferior de Nico. Ele sabia que era de raiva, porque estava doendo um pouco, mas que se dane. Não iria parar agora. Estava tudo bem, mas como tudo que é bom, dura pouco...

– Saiam de onde estão. – gritou Luke, mas sua voz saia abafada. – Não quero mais procurar.

Thalia reuniu coragem e o empurrou para longe. Não disse nada, apenas abriu a porta e foi até um outro cômodo, à frente do closet. Acho que o banheiro.

Atordoado, Nico encostou-se na parede e escorregou até se ver sentado no chão. Estava boquiaberto, mas sorria ao mesmo tempo. Não acreditava no que tinha acabado de fazer. Desta vez, tinha plena consciência de suas consequências. Alguns roxos no braço, mas quem se importa?

Saia logo daí, seu tonto. Se ela sair do banheiro e encontrar você aqui, você não ficará com roxos só no braço. – disse a consciência.

Enquanto massageava o braço, saiu o mais rápido possível dali. Todos já estavam na sala, esperando apenas ele e Thalia. Annabeth parecia pensar, Percy parecia avoado, e Luke parecia com raiva.

– Cadê a Lia? – perguntou ríspido.

– E eu vou saber? – Nico respondeu com uma pergunta.

Sentou-se ao lado de Percy e ficou olhando para o teto. Agora, alguns abajures da casa já estavam ligados e a escuridão se fora. Depois de dois minutos, mais ou menos, Thalia chega na sala, com cara de poucos amigos.

– O que foi, Lia? – perguntou Luke, todo meloso. Argh.

– É que... eu bati meu dedinho no batente da porta. – disse Thalia, um pouco raivosa. Acho que chama-la de Lia não havia ajudado. – Olhem só, eu já estou cansada de jogar. Quero dormir.

Todos concordaram, e foram alinhando os colchões, pois tinham ficados desarrumados. Trocaram de roupa, fizeram a higiene e colocaram o pijama, além de pegarem trezentos edredons. Alguns ficaram conversando um pouco, como Will e Beckendorf, outros ficaram de melosidade, como Jason e Piper. O resto ficou ou dormindo, ou brisando – como o Percy – ou olhando para o teto. Esse era o caso de Nico. Estava no lado extremo da porta, encostado na parede, e ao seu lado Percy, que ficava fazendo barulho de avião enquanto mexia a mão no ar. Annabeth lhe deu um tapa no peito, e o Jackson se virou de lado e a abraçou. Mas Nico não prestava atenção nisso. Olhava para a cortina entreaberta, e via o poste de luz do lado de fora, fraco.

Passou-se minutos, e mais minutos, e nada do sono aparecer. Quando reparou, todas as luzes haviam sido apagadas, e só ele estava com os olhos abertos. Virou-se e fechou os olhos, na esperança que dormisse logo, mas seus pensamentos não lhe permitiam isso. Quando finalmente se permitiu um pouco de paz, escutou barulho de passos. Virou-se vagarosamente, considerando a possibilidade de ser um ladrão, mas não era. Um colchão estava vazio, um dos últimos.

Sendo o mais cuidadoso possível, levantou-se e ficou em pé sobre seu colchão. Como passar no meio desse emaranhado de gente? Um pé após o outro, mantendo o equilíbrio com os braços, foi andando sobre os demais colchões, sempre tomando o devido cuidado para não pisar na mão de ninguém. Quando estava chegando ao final, pisou na mão de alguém, e de súbito paralisou. Olhou para baixo e viu que a mão era de Luke.

– Foda-se. – disse para si.

Embora quisesse dar mais um pisão, passou por cima do corpo do loiro e foi para o corredor. O barulho agora era de água sendo despejada, vindo da cozinha. Sem fazer barulho, adentrou a cozinha e encontrou Thalia, de costas, enquanto bebia água, uma garrafa de vidro ao seu lado e a geladeira aberta. Um súbito cançaso tomou parte de seu corpo, e o moreno encostou-se na parede, olhando para cima.

– Não consegue dormir também, não é? – perguntou, alto para ela ouvir, mas não o suficiente para outras pessoas escutarem.

– Você sabia que escuto seus passos? – disse Thalia, ainda de costas. – Não foi atoa que me encontrou por ultimo na brincadeira.

Nico virou sua cabeça na direção da morena, mas nem tanto. Ela estava colocando a garrafa de volta à geladeira. Seu blusão de frio era grande demais para seu pequeno corpo, e as mangas ficavam longas. Usava uma calça legging grossa, e meias de lã. Fechou a porta da geladeira e o olhou.

– Eu quero uma explicação. – disse, cruzando os braços em frente ao peito.

– Você está calma demais. – notou Nico. Desencostou-se da parede e foi se aproximando. Quando chegou bem próximo, Thalia se afastou com um passo para trás. Ele riu.

– Uma explicação, né?

Ela assentiu. Ele suspirou.

– Grace, está bem explicito, pelo menos para mim, esse desejo que temos...

Thalia deu uma risada sarcástica.

– Nós? Não, di Angelo, você.

– Não, Grace. Nós. – Nico deu um passo para trás, seus pensamentos não paravam, e isso começou a irritá-lo. – Nos beijamos três vezes. – ele indicou com os dedos. Levantou o indicador. - A primeira foi naquela brincadeira tonta, e você me beijou. – levantou o próximo. - A segunda vez, foi na festa, e você me beijou novamente, mas desta vez foi por vontade própria. – e levantou o ultimo. – Hoje, eu te beijei. No começo você resistiu, mas cedeu no final. Eu levo em conta isso.

– Você não me deixou brecha.

– Se você continuasse a resistir, eu pararia. Mas você parou primeiro.

Um silêncio se fez, enquanto Thalia remoía o lhe fora dito. Tudo que Nico havia falado era verdade. E, além do mais, nenhum dos dois beijou sozinho. Ela ficou furiosa consigo por ter cedido. Foi no banheiro lavar o rosto, molhar a nuca e ver se estava tão evidente o que tinha ocorrido. Só não socou a parede porque todos iriam ouvir e Annabeth iria ficar lhe fazendo perguntas até não aguentar mais.

Agora, ela queria saber algumas coisas.

– Você ainda não me deu uma explicação. – disse.

Nico sorriu.

– Você não me deixou terminar. – Thalia revirou os olhos. – Está bem claro esse desejo que temos. E eu quero tirar minhas conclusões, e fiquei pensando muito nisso ainda agora. Eu quero te propor uma coisa.

Thalia o olhou, examinando sua inexpressividade, mas viu ansiedade em seus olhos negros. Ficara curiosa de repente.

– O qual é essa proposta?

– Você topa uma... inimizade colorida?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Alguém se lembra que eu comentei que escreveria uma fic sobre a Johanna Mason, de The Hunger Games? Então, eu já escrevi um pouco, mas não vou começar a postar porque me enrolo muito com isso. Eu excluí minha outra fic, mas eu ainda a tenho salva no meu computador. Quem sabe eu volte com ela. Não tenham muitas esperanças, mas pode acontecer. Até o próximo capítulo.