Inimigos Coloridos escrita por Harry Jackson Everdeen


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Eu estou com um bloqueio que só os deuses entendem. Me desculpem se estivar muito ruim.
Boa leitura!



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Nico riu com escárnio.

– Estou falando sério, idiota. – disse Thalia, com fúria nos olhos. Ela o afastou com a mão. – Uma palavra e você é um homem morto.

– O.k.

A morena fez cara de nojo, confusão, um misto de emoções. Não acreditava no que tinha acabado de fazer. Agora, parecia mais um pesadelo. Ficar com Nico di Angelo era um pesadelo que se tornou realidade.

Nico estava segurando um sorriso, este que queria sair a todo custo. Ainda bem que eu vim pedir desculpas, pensou. Estava atordoado demais. Nunca pensaria que isso aconteceria. Ele queria, mas nunca achou que fosse acontecer. E o mais impressionante: foi ela que se moveu. Foi Thalia. Estava tão perdido em pensamentos que nem notou que estava sozinho.

Olhou ao redor e nenhum sinal de Thalia. Até pensou na possibilidade de tudo aquilo ter sido um sonho, mas não. Era real demais. Sentiu o seu bolso vibrar e o pegou. Havia uma mensagem. De Thalia.

– Espere um pouco ai. Não quero que alguém desconfie – T.

Nico não respondeu, apenas esperou cerca de uns cinco minutos antes de abrir a porta da escada. Quando saiu, parecia que a multidão havia se duplicado. Quanto tempo ficara na escadaria? Procurou por seus amigos e os encontrou no mesmo lugar de antes. Se aproximou por trás de Annabeth. Ela estava tão fofa com a cara de distraída, seria uma pena se...

– Buuu. – gritou Nico no ouvido dela enquanto lhe cutucava as costas.

– Ahhh. – gritou a loira, com a mão no coração e ligeiramente mais pálida. Virou-se para o moreno, este que ria tanto que lhe doía a barriga. – Desgraçado. – enquanto xingava, desferia tapas nos braços dele, mas também sorria por estar se divertindo com seu amigo. – Se você fizer isso de novo, vai se arrepender.

– Tudo bem, tudo bem. – disse, com as mãos para cima em sinal de rendição.

Silena falava animadamente e Nico não entendia nada, já que ela falava muito rápido. Para a salvação do moreno, havia um Percy Jackson ali no meio para interromper.

– Si, você sabe que eu sou meio lerdinho, então você pode repetir? – perguntou, com um sorriso amarelo.

Todos reviraram os olhos e Annabeth comentou baixinho:

– Sua cabeça está cheia de algas.

– Ei. – Percy exclamou.

Alguns riram, outros reviraram novamente os olhos. A Beauregard retomou a conversa, explicando novamente o que estava falando.

– Bom, simplificando tudo o que eu disse, vocês topam dormir em casa amanhã?

Clarisse disse que não podia porque tinha treino com o pai na academia, Chris não iria porque Clarisse não ia, Katie e Travis tinham marcado alguma coisa e Connor estava com preguiça. Thalia disse que iria dormir, e Grover tinha uma passeata onde não poderia faltar e Juníper iria com ele. Beckendorf com certeza iria. Nico iria, juntamente com Percy e Annabeth. E Luke.

– Tá bom. – disse Silena. – Amanhã, umas duas da tarde.

– Hey, Si. – chamou Nico. – Posso levar dois amigos meus? É que, normalmente nós andamos de skate essa hora.

– Quem são? – questionou Percy.

– A Zoe, que vocês conhecem, e o Will. Acho que vocês ainda não o conheceram.

Silena concordou com a cabeça e começou a conversar com Beckendorf. Cada um foi para um canto: alguns foram beber e comer, outros foram dançar em uma parte que era mais frequentada por jovens. Nico optou pela segunda opção.

Era uma porta simples, de vidro, e de dentro saia raios de luz de várias cores diferentes. Mas por dentro, o lugar era enorme, com um Dj na frente, tocando uma música eletrônica, com caixas de som superpotentes. Não havia mais nada, além da pista de dança repleta de adolescentes. De onde tanta gente surgiu?

Nico andou até a pista e começou a entrar no ritmo da música. Logo, uma roda se abriu no centro onde cada hora uma pessoa ia e dançava por algum tempo. Ele aprendeu o break, então sabia vários passos. Enquanto um garoto loiro dançava, Nico parou e olhou a roda, parando seu olhar em uma morena.

Thalia olhava admirada para o garoto, e Nico decidiu que chamaria sua atenção. Quando o loiro saiu, ele entrou no centro, com um mortal de costas e quando caiu começou a movimentar os pés de forma rápida, e fazendo outros passos que nem me atrevo a pronunciar os nomes. Se mexia tão rapidamente que duvidava muito que alguém o reconheceria. Bom, Thalia o reconheceu.

E assim que o reconheceu, saiu dali. Não deu a mínima. Mas, tinha que confessar que ele sabia dançar. Quantas coisas ele sabe, não é? Enquanto caminhava, com pensamentos longe, nem prestou atenção por onde andava, e só voltou à realidade quando sentiu o impacto contra o chão.

– Me desculpa. – disse alguém, estendendo a mão para que Thalia se levantasse.

– Ai. – respondeu, mas aceitou a mão de bom grado.

A morena focou o olhar no ser que ainda segurava sua mão, mesmo estando de pé. O garoto era forte, rosto de príncipe, apenas um cortezinho em seu lábio. Os olhos uma perdição de azul céu. Não um azul pálido igual o de Luke, mas um vivo, como em um dia de verão.

– Eu te conheço? – perguntou Thalia.

– Bom – o garoto deu um sorriso tímido. – Se você estava no meio daquela multidão, você, provavelmente, me viu dançar. Ou tentar dançar.

Thalia sorriu, embora achasse que o conhecia de outro lugar.

– Deve ser por isso. – falou.

Ela e Jason – ele falou seu nome - começaram a conversar, e acabaram por conversar sobre suas vidas. Pela primeira vez na vida, Thalia não se sentiu atraída por um loiro gostoso. Esquisito. Ela descobriu que Jason era um ano mais novo que ela, que ele tinha ido para um acampamento militar quando era menor e que a mãe tinha morrido quando ele tinha quatro anos. Ele era comprometido, pois Thalia percebeu pela aliança que o mesmo usava.

Ele nunca conheceu o pai, e queria muito conhece-lo. Thalia não sabia porque. Se fosse com ela, queria que seu pai se ferrasse, afinal. Mas Jason era muito meigo para, sequer, reclamar de alguma coisa.

Enquanto conversava com o loiro, Thalia sentiu um olhar sobre si. Olhou em volta, mas não viu ninguém a olhando. Mas o desconforto não se fora. Jason estava tão animado falando da namorada que nem reparou no jeito esquisito da morena.

– Amanhã ela vai pra minha casa. Parece que a irmã dela quer fazer alguma coisa com os amigos, então ela vai ficar o final de semana comigo.

– Você tem uma casa?

– Eu divido uma casa com um amigo meu. O nome dele é Frank e ele fez dezoito um tempo atrás. Aquele que eu te falei que estudava comigo.

Thalia concordou com a cabeça.

– Bom, foi um prazer te conhecer. Espero te ver um dia desses. – disse Jason, dando um beijo na bochecha de Thalia,

– O prazer foi meu.

Trocaram telefone para manter contato. O loiro abriu a porta que dava para o grande salão principal e sumiu de vista. Decidiu ir procurar seu pai, para pedir-lhe para ir embora. Por sorte, o grisalho também a procurava para pedir-lhe a mesma coisa, e, juntos – o que era meio raro – foram embora como pai e filha.

...

Ela só gosta de loiro. Por que ela não gosta de morenos?! Nico, emburrado, dirigia até seu prédio, junto com Bianca e Austin no banco de trás. Eram três da manhã, estava com sono e dor nas pernas. Dançar para chamar a atenção não adiantou de nada. E a dor não melhorava, por que ele tinha ficado encarregado de dirigir na volta. Quando chegaram dentro do apartamento, a primeira coisa que fez foi tomar um banho. O ideal seria um gelado, mas o frio era tão intenso que nem o deus Apolo, aquele que é quente, ousaria ficar sem camisa. Ainda mais tomar um banho gelado.

Mas até que o quente estava ótimo. Seus músculos, até então tensos, relaxaram com o contato da água. Deixou a água cair por sua cabeça, costas e peito, sem pressa alguma de sair dali. Seus pensamentos pararam um pouco de irritá-lo, e sua mente estava vazia.

Quando saiu, colocou uma calça de moletom e uma blusa de lã. Deitou-se na cama, deixando as pernas por debaixo do edredom e o tronco para fora, e depositou suas mãos atrás da cabeça. Olhando para o teto branco, reviu tudo no seu dia. Mas, logicamente, pensou no beijo com Thalia.

Ele sempre brincou com ela. Sabia que sempre iria levar um xingo ou uma patada, mas a sensação de irritá-la era prazerosa. Quando a prensou contra a parede, não pensou no que ela faria. Aquilo tinha sido um impulso. Agora ele percebia que poderia ter recebido um pisão, um tapa na cara, uma joelhada nas partes baixas. Mas não. Ela cedeu pela primeira vez.

E talvez a última.

Com pensamentos como esses, caiu nas graças de Morfeu.

...

– Por que eu estou pensando nisso?!

Nico socou a parede do seu banheiro com força desnecessária. Uma dor se instalou. Um fio de sangue.

– Além de paranoico, virou masoquista, di Angelo?

Lavou a mão com sabão, o que ardeu um pouco, pegou um pedaço de pano preto e enrolou a mão.

Nico acordara 10 horas da manhã. Por quê? Porque estava tendo um sonho com Thalia e Luke. Não sabia explicar o sonho, mas ele estava triste e Luke e Thalia se beijavam na sua frente. Acordou com raiva e tristeza, mas aí viu que era só sua imaginação fértil, e como estava muito puto com a sua bendita imaginação fértil, não dormiu mais.

Depois, passou um bom tempo deitado só pensando nisso, e quando foi ao banheiro, se estressou pra valer.

– Quer saber... – falou para si mesmo. – Vou tomar um banho.

Despiu-se e ligou o chuveiro. O banho foi morno e rápido. Assim que saiu, viu que eram 11:30 a.m. Tinham marcado na Silena por volta de umas duas horas, e como queria dar uma volta no Central Park, resolveu já arrumar as coisas e deixa-las na mochila. Mas antes, colocou uma roupa, pois seus dedos já estavam começando a ficarem dormentes. Pegou uma calça jeans preta, uma camiseta de manga comprida branca e um moletom fechado preto por cima.

Foi para a cozinha e viu que Bianca ainda não acordara. Fez um suco e pegou cereal e leite. Comeu rápido, voltou para o quarto pegar o skate e escovar os dentes, e quando estava saindo, pensou que seria melhor avisar Bianca. Deixou um bilhete em cima da mesa dizendo que iria na casa de Silena e passaria a noite por lá.

Chegando ao hall, acenou para César, que com um sorriso caloroso, acenou de volta. Foi andando de skate até o Central Park, com a mochila nas costas e a música Fade to Black ecoando em seus ouvidos através dos fones. Ao chegar, colocou o skate entre a mochila e as costas, para não ter que leva-lo na mão. As músicas iam trocando, e Nico dedilhava no ar, como se segurasse sua guitarra. Quando se cansou de andar, sentou-se em um dos bancos dispostos na calçada. Havia uma senhora dando migalhas para alguns pombos, e ela não se importou quando o moreno se sentou. Na realidade, até sorriu.

– Parece aflito, meu jovem. – disse a senhora.

Nico a olhou. Ela tinha várias rugas, mas era bonita. Tinha covinhas e os olhos castanhos eram cálidos como uma lareira. O cabelo grisalho era ondulado e curto, e suas roupas eram de lã.

– Não estou aflito. – disse.

– O seu olhar é mais sincero que suas palavras. – disse a senhora, olhando para ele.

O moreno sorriu, envergonhado e nervoso. A senhora deu uma risada gostosa.

– Oh, meu filho. Pode contar o que te aflige. – ela voltou seu olhar aos pombos. – Às vezes, um estranho pode te ajudar mais do que um amigo, pois ele é imparcial.

Nico sorriu e suspirou.

– Bom, eu – falou Nico, mas não sabia exatamente como começar. – eu não sei o que estou sentindo. – resumiu.

A mulher sorriu.

– Aposto que é uma garota.

Nico deu de ombros como se não soubesse também.

– Ela me odeia, eu a odeio, mas... – Nico respirou fundo e olhou para frente. O movimento dos carros era constante. Queria que seus batimentos cardíacos também fossem. – Mas, ontem, nos beijamos. Tinha ódio no beijo, mas também tinha outra coisa. Talvez desejo, não tenho certeza.

Nico negou com a cabeça, esta que estava confusa. Não só pelos ocorridos, mas também o porquê de ter contado a alguém. A mulher ficou em silêncio por um bom tempo, até que ela se levantou e olhou para ele.

– Bom, em qualquer outra ocasião eu diria siga seu coração. – Nico a olhou, inexpressível. – Mas eu acho que ele deve estar mais confuso que sua cabeça.

E com essas lindas palavras, porém, confusas, seguiu o caminho pelo qual Nico nunca vira.


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