Pra Sonhar escrita por KatherineKissMe


Capítulo 9
Capítulo 9




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/418169/chapter/9

Bia – 2 anos e 2 meses

–Meu Deus, esse carrinho está muito pesado. –Juliana recamou tentando empurrar o objeto.

–Por que será? Você praticamente renovou o seu guarda-roupa em Nova Iorque. –Gil disse empurrando o carrinho com um pouco de dificuldade.

–Acho que eu exagerei um pouco. –Ela comentou dando os ombros.

Ao saírem da sala de desembarque, encontraram os pais esperando.

–Minha filha! –Marta gritou correndo para abraçar a cria.

–Gil! –Marcela encheu o filho de beijos, dizendo o quanto havia sentido falta deles.

–E você pai? Não estava com saudades? –Ju perguntou a Olavo.

–É claro que estava. –Ele disse indo até ela lentamente, pois uma criança se escondia atrás das suas pernas.

Ele abraçou a filha, dizendo o quão feliz estava pela sua volta.

–Cadê a galera? Achei que fosse ter um comitê para nos dar as boas vindas. –Gil comentou.

–Então filhote, como hoje é quinta-feira e são duas horas da tarde, ninguém pode vir. –Marcela explicou.

–Mas nós trouxemos mais alguém conosco. –Marta disse.

–Quem? –Ju perguntou olhando envolta e procurando.

–A Bia! –A pequena disse saindo de trás das pernas do avô.

–Não acredito! –Ju disse pegando-a no colo e abraçando-a. –Como você cresceu! Tem certeza que nós só ficamos um ano fora, Gil?

–Eu achava que sim, mas agora já não tenho tanta certeza. –Ele respondeu.

Beatriz estava com os cabelos castanhos emoldurando o rosto em um corte chanel com franjinha. Ela usava um vestido azul rodado com estampa de passarinhos.

–Eu senti tantas saudades de você, minha pequena. –A estudante de moda abraçou a afilhada novamente.

–Vamos pra casa? –Olavo sugeriu. –Nós preparamos um lanche para vocês.

Todos apoiaram a ideia do advogado.

No caminho os dois contaram algumas coisas que aconteceram na última semana, mas nada sobre o noivado. Mas Beatriz já havia percebido o anel nem um pouco discreto que a madrinha tentava esconder e até brincou um pouco com ele. A sorte do casal foi que a menina logo cochilou, felizmente carros lhe davam sono.

Quando eles chegaram ao prédio, foram recebidos com abraços por Severino. O porteiro os ajudou a descarregar as malas e prometeu que guardaria as bagagens do Gil, para quando ele fosse para casa.

Ao entrarem no apartamento 301, eles foram recebidos com um grito de “surpresa”. À espera estavam Fatinha e Bruno, Lia e Vitor.

A primeira a recebê-los foi Lia. A garota tentava manter a marra, mas passar um ano longe da sua melhor amiga e do meio-irmão foi mais difícil do que ela imaginava.

–Nunca mais desapareçam por tanto tempo. –Ela disse brava. –Vocês não fazem ideia do quanto eu senti saudades.

Todos riram do desespero da roqueira, que não queria soltar os dois.

Depois foi a vez de Bruno e também Vitor. Fatinha teve que esperar, pois Bia havia acordado do cochilo e estava toda manhosa, grudada no seu pescoço.

–E você cunhadinha? Não estava com saudades? –Ju provocou. –Olha que eu dou o seu presente pra outra pessoa.

–É claro que eu senti saudades. –A loira disse passando a filha para o colo do pai. –Foi duro passar um ano inteiro sem você palpitando em tudo. O aniversário da Bia então...

–Não acredito que perdi o aniversário da minha princesa. –Ju disse magoada.

O aniversário de dois anos da Bia havia sido bem simples. Os pais a levaram em um parque de diversões durante o dia, e a noite eles comemoraram com um bolo no Misturama. O casal JuGil havia participado via skype, mas obviamente, não era a mesma coisa.

–Pra compensar não estar aqui no aniversário da Bia, Ju comprou Nova Iorque inteira em presentes. –Gil brincou.

–Ei, foram só alguns presentinhos. –A it-girl reclamou. –Fat, em NY tem tantas roupas maravilhosas para crianças. Sério, tem criança lá que é mais fashion que muito adulto aqui.

–Realmente, lá a cultura da moda é levada muito a sério. –O grafiteiro comentou.

–Agora vamos comer? Não sei vocês, mas eu estou morrendo de fome. –Lia disse mudando de assunto.

–Pra variar, né?! Isso porque almoçou não tem nem duas horas direito. –Vitor disse.

–É anjo, toma cuidado ou daqui a pouco você vai carregar um pneu de trator na sua garupa. –Fatinha provocou.

–Eu vou te mostrar quem é pneu de trator aqui. –Lia disse correndo atrás da amiga.

A loira rodeou o sofá, mas acabou caindo no tapete quando a roqueira pulou em suas costas.

–Que perigo, em tempo de se machucarem. –Marta disse preocupada.

–É mãe, pelo visto as coisas não mudaram muito por aqui. –Ju comentou abraçando a mãe pela cintura.

Apesar de não parecer, muita coisa havia acontecido no último ano. O C.R.A.U. havia montado uma horta comunitária em um terreno baldio e ela só havia ficado pronta oficialmente na há dois meses. Lia havia sido convidada para ser estagiária do professor com quem havia ido para o Amazonas. Vitor não mais trabalhava no Axel, pois Olavo o tinha convidado para estagiar em seu escritório. Leandro e Isabella teriam um filho, a professora de literatura estava no sétimo mês de gestação e o menino chamaria Érico. E por último e não menos importante, Bia estava fazendo aulas de balé.

Depois do lanche, foi a vez de mostrar as fotos. Gil conectou a sua máquina à televisão da sala e todos se sentaram. Bia estava deitada no colo da madrinha, que não queria soltá-la por um segundo sequer.

–Ah, nessa foto nós estávamos no Empire State Building. Enfrentamos uma fila enorme, mas a vista é espetacular. –Ju comentou. –Não podíamos voltar para o Brasil sem conhecê-lo.

–Moreno, um dia nós vamos pra Nova Iorque. Vou anotar na nossa agenda. –Fatinha disse. –Quem sabe até 2020 nós conseguimos juntar algum dinheiro.

–Nossa Fatinha, 2020 está muito longe. –Marta comentou. –Tenho certeza que vocês conseguirão viajar antes disso.

–Tomara sogrinha, tomara. –Ela disse fazendo os outros rirem.

As fotos continuaram a passar.

–Anel bonito. –Bia disse de repente, chamando a atenção de todos.

–O que você disse princesa? –Bruno perguntou.

–Anel da dinda bonito. –Ela repetiu, rodando o anel no dedo anelar da tia.

Todos os olhos se voltaram para o solitário na mão direita de Juliana. Ela e Gil estavam estáticos. O combinado seria que eles contariam a novidade para os pais primeiro, por não saberem qual seria a reação.

–É um anel de noivado? –Fatinha perguntou, mas não esperou a resposta. A loira abraçou a cunhada efusivamente, tomando cuidado com a filha. –Parabéns Ju!

A it-girl retribuiu o abraço desviando o olhar dos pais. Ela estava com medo da reação deles.

–Parabéns Gil! –Fatinha agora abraçava o grafiteiro.

–E eu que achava que a Fatinha e o Bruno seriam os primeiros a casar. –Lia disse indo até a amiga. –Parabéns Ju, fico muito feliz por você amiga!

–Vo-vocês vão ca-ca-casar? –Marcela perguntou com a voz estrangulada.

–Bom, a intenção era contar a novidade para vocês primeiro. –Ju disse.

–E pedir a permissão de vocês é claro. –Gil acrescentou para Olavo e Marta.

–Eu acho que eu vou... –A professora de educação física tentou dizer, mas desmaiou antes e completar a sentença.

Gil foi acudir a mãe, que felizmente estava sentada.

–Vou pegar um copo de água. –Fatinha disse, mas ao ver a cara dos sogros mudou de ideia. –Acho que vou trazer a jarra de água. Moreno, me ajuda com os copos?

Bruno seguiu a namorada contrariado.

–A Ju é muito nova pra casar. –Ele disse para a namorada assim que eles chegaram na cozinha.

–E eu sou muito nova pra ser mãe de uma menina de dois anos. –A loira respondeu. –Não vem bancar o irmão ciumento agora.

–Mas a nossa situação é diferente. –O rapaz tentou argumentar.

–Diferente por quê? Eu não sou nem um ano mais velha que a Ju.

–Mas... –Ele até tentou dizer, mas foi interrompido.

–Mas nada. Bruno, a sua irmã ama o Gil e ele a ama também. –Fatinha disse. –Eles estão juntos há mais de três anos.

–Ela é a minha irmãzinha. –O moreno estava obviamente contrariado.

–Legal, hein?! –A garota fez pouco caso. –Então será que dá pra você ser um bom irmão e apoiar a decisão da Ju?

Bruno ficou em silêncio por alguns segundos.

–Ok. –Ele concordou.

–Ótimo, agora pega os copos. E não se esquece de parabenizar a sua irmã e o noivo dela. –Ela disse ameaçadora.

Quando eles voltaram para a sala, Marcela já estava recobrando a consciência. Marta e Olavo estavam pensativos.

A educadora estava confusa, mas foi só bater o olho no anel da nora para que ela se lembrasse de tudo.

–Vocês... –Ela começou a dizer, mas a voz falhou. Marcela fechou os olhos e respirou fundo. –Vocês estão noivos?

–Sim mãe. –Gil respondeu. –Eu pedi a Ju em casamento há mais ou menos uma semana.

A professora se calou e por uns instantes apenas observou o filho e a sua noiva. Apesar da tensão, ambos tinham um brilho de felicidade nos olhos.

–Meu bebê vai casar. –Ela disse finalmente, sorrindo e dando vazão às lágrimas.

A aprovação de Marcela aliviou um pouco a tensão no ambiente. Um pouco.

Bruno foi até a irmã e lhe eu uma abraço forte, dizendo que estava feliz por ela. Em seguida ele foi até Gil e também o parabenizou, advertindo que se caso ele magoasse Ju, deixaria o plano terrestre.

Todos perceberam que haveria uma conversa séria entre os pais e os noivos, então eles se despediram.

No apartamento 301 sobraram somente Ju, Gil, Marcela, Marta e Olavo.

–Casamento. –Olavo começou, procurando as palavras exatas. –É um passo muito grande.

–Vocês não acham que estão apressando as coisas? –Marta disse um pouco exaltada. –Vocês sequer são empregados, como esperam sustentar uma casa?

–Eu já mandei o meu currículo para alguns ateliês aqui no Rio e tenho entrevistas marcadas para a semana que vem. –Ju disse como se já esperasse por essa pergunta.

–Eu também. –Gil completou. –E tenho o dinheiro do seguro do meu pai.

–Certo, deixemos a parte financeira de lado. –Olavo disse. –Vocês são muito jovens. Completaram vinte e um anos não tem nem seis meses.

–Pai, eu e o Gil não estamos agindo na impulsividade. Nós pensamos no assunto, fizemos planos. –Ju disse. Ela respirou fundo, se preparando para dizer o que não seria agradável de ouvir. –E como o senhor disse, nós temos vinte e um anos. Somos legalmente responsáveis, não precisamos de permissão. Eu só gostaria de contar com o apoio dos meus pais em um dos momentos mais importantes da minha vida.

O silêncio reinou. Olavo e Marta absorveram as palavras ditas pela filha.

–Vocês podem contar com o meu apoio. –Marcela quebrou o silêncio. –Se vocês acreditam que esse é o momento certo, eu não tenho o que questionar.

Gil e Ju agradeceram.

–Bem, –Marta começou. –eu confio na criação que eu te dei Ju. Não vou questionar a sua decisão.

A it-girl abraçou a mãe agradecendo.

Todos os olhares se direcionaram para Olavo. O advogado mantinha a aparência séria. Ele estava pensativo, taciturno.

–É claro que eu vou apoiar você, Ju. –Ele cedeu. –Só um conselho: façam as coisas com calma. Não precisam casar amanhã. Ninguém está com a corda no pescoço, certo?!

Juliana pulou nos braços do pai. Agora sim a felicidade era completa.

Depois da conversa séria, os recém-chegados foram descansar. A viagem foi exaustiva e o processo de desfazer as malas seria mais exaustivo ainda.

Morgana ligou querendo combinar uma festinha no Misturama, mas Ju pediu que fosse na noite seguinte.

Rapidamente a quinta-feira passou e a sexta veio com tudo. Depois de um ano, lá estava Gil com o seu violão, tocando com Nando.

Ju levou um álbum com algumas fotos que rodaram pelas mesas. A notícia do noivado já havia se espalhado, pois alguém –leia-se Marcela –contou para a cidade inteira. Afinal, o “bebezinho dela” iria se casar.

–Ju, você já contou pro seu irmão como o Gil fez o pedido? –Fatinha perguntou alto para que Bruno ouvisse.

–Sim Fatinha, ela me contou. –O moreno respondeu.

–Ótimo, agora vê se aprende. Todos aqui esperavam que nós nos casássemos primeiro. –Ela deu a indireta.

O celular de Bruno, que estava em cima da mesa, tocou. No visor apareceu o nome “Helen”. A expressão no rosto do rapaz mudou e ele pediu licença para atender ao telefone.

–Bia. –Fatinha chamou a filha, se levantando.

A menina estava brincando de aviãozinho com Fera.

–Nós estamos indo. –A loira disse.

–Mas mamãe, eu tava “bincando” com o tio Fera. –Ela disse fazendo biquinho.

–Sem mais, já passou da sua hora de dormir. Outro dia você brinca mais.

A menina não gostou muito da ideia, mas concordou. Ela se despediu de todos os tios, prometendo que voltava depois.

–Você não vai esperar o Bruno, Fat? –Ju perguntou estranhando.

A loira observou o namorado que ria ao telefone na pracinha.

–Ele sabe o caminho de casa. –Ela respondeu sem conter a irritação. –Qualquer coisa é só ele pedir ajuda a “Helen”.

Fatinha saiu do Misturama de mãos dada com a filha, ignorando os olhares que a seguia.

–Quem é “Helen”? –Lia perguntou imitando o tom debochado da loira pronunciar o nome.

–Não sei. –Ju respondeu. –Só sei que o Bruno está encrencado.

CONTINUA...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Galerinha, eu queria pedir um favor. Como eu tinha dito anteriormente estou com um teclado novo. Mesmo tendo escrito no word é provável que haja erros, me avisem quando ver algum, por favor?

E aí, crise BruTinha? É isso mesmo?

COMENTEM!