New York – USA

Sabe aquele sonho que você tem desde o inicio da adolescência? Aquele que vem junto com se casar com o Chuck Bass, ser amiga da Blair e da Serena, e se possível ficar com o Nate, só pra saber como é?

Bom, se você nunca assistiu Gossip Girl, é provável que nunca tenha tido esses sonhos. Mas a verdade é que todos nós temos aquele grande sonho, cultivado há anos. Por mais que você o imagine se realizando todos os dias, a sua imaginação nunca chega aos pés da realidade.

Nova Iorque. Esse é o meu sonho que agora está se tornando realidade.

–Ju, todos já desceram do avião. Nós precisamos descer. –Gil chamou a namorada, tirando-a dos seus devaneios.

–Ok. –Ela concordou se levantando.

Os dois desceram do avião e foram atingidos pelo vento frio. Felizmente, ambos já haviam vestido o casaco.

–Vira de costas Gil. –Ela pediu.

O grafiteiro obedeceu, mesmo sem entender o motivo. Ele apenas ouviu a sua mochila sendo aberta e logo depois uma toca sendo colocada na sua cabeça.

–Agora sim estamos preparados para o inverno em Nova Iorque. –Ela disse sorrindo e estendendo um par de luvas para ele.

Ju já tinha colocado as suas luvas e usava um cachecol no pescoço.

–Quando você colocou isso na minha mochila? –Ele perguntou sorrindo.

–No aeroporto.

–E eu não vi?

–Não era pra você ver, seu chato.

Os dois chegaram à esteira onde pagariam as malas.

–Eu vou pegar um carrinho. Você trouxe muita bagagem. –Gil disse.

–Acho melhor você pegar dois. –Ela disse fazendo a sua melhor carinha de criança inocente.

–Você trouxe todo o seu guarda-roupa? –Ele perguntou espantado.

–Quase. –Ela confessou. –Poxa amor, nós vamos ficar um ano aqui.

–E eu aposto que você vai comprar mais um guarda roupa inteiro aqui.

–Provavelmente. –A it-girl riu. –Aí eu peço meus pais pra levarem parte da bagagem quando vierem nos visitar.

–Você é terrível Juliana.

–E você me ama mesmo assim. –Ela disse enlaçando os braços no pescoço dele.

–Isso eu não posso negar.

O beijo não chegou a acontecer, pois uma das enormes malas da it-girl entrou em cena.

–Ju, acho mais fácil você pegar o carrinho e eu aquela mala. –Ele sugeriu observando a mala e tentando adivinhar o peso.

–Também acho. Essa é a minha mala de sapatos. –Ela concordou rindo e indo até a área onde estavam os carrinhos.

Depois de pegarem todas as malas, eles foram até os táxis. Foi preciso um carro maior, por causa das bagagens.

Como os dois estavam em Nova Iorque por um programa governamental, a residência também era gratuita. No entanto, eles não morariam juntos. Cada qual tinha um quarto em um dormitório da faculdade. Era um prédio para os rapazes e o outro para as garotas. Felizmente as regras da universidade não eram nem um pouco rígidas em relação às visitas do sexo oposto.

–Welcome to New York! Where are you going? Bem vindos à Nova Iorque! Onde vocês estão indo? –O taxista perguntou.

–Could you take us to the Columbia University, please? Você poderia nos levar a Universidade Columbia, por favor? -Perguntou Gil.

–Sure. First time in New York? Claro. Primeira vez em Nova Iorque? –O motorista perguntou colocando o carro em movimento.

–Yes, we’re from Brazil. Sim, nós somos do Brasil.

–Oh Brazil... Beautiful place and beautiful girls. Oh Brasil… Lugar bonito e garotas bonitas.

–Have you ever been there? Alguma vez você já esteve lá?

–Only in my dreams. Só nos meus sonhos. –Ele respondeu sorrindo.

Enquanto Gil conversava com o taxista, Ju observava tudo ao seu redor. Para ela, aquele era um dos momentos mais surreais pelo qual ela já tinha passado.

Depois de vários minutos passados, a it-girl avistou algo que lhe chamou atenção.

–This is the Central Park? Este é o Central Park? –Ela perguntou estupefata.

–Yes, it’s a beautiful place, especially in the summer. Sim, é um lugar bonito, especialmente no verão. –O motorista respondeu.

–Could you stop for a minute, please? Você poderia parar por um minuto, por favor? –Ela pediu.

O taxista a obedeceu, parando o carro no acostamento.

A it-girl desceu do carro andando até a lagoa. Ela estava maravilhada.

–Ju! –Gil a chamou, descendo do carro atrás dela. –Está muito frio, nós não podemos ficar aqui.

Ela apenas respirou fundo, fechando os olhos e sentindo a neve cair no seu rosto.

–Nós estamos em Nova Iorque, Gil. –Ela disse com um enorme sorriso, ainda de olhos fechados.

O grafiteiro não disse nada. Apenas parou por alguns instantes e observou a paisagem ao seu redor.

–Nova Iorque. –Ele suspirou.

–Você está feliz? –Ela perguntou observando-o com atenção.

–Eu estou feliz de um jeito que eu nem sabia ser possível.

–Eu te amo, sabia? –Ju disse o abraçando.

–Não mais do que eu te amo. –Ele respondeu, colando os lábios nos dela.

Gil aprofundou o beijo, se agarrando a felicidade que sentia. Eles só se separaram quando a falta de fôlego exigiu.

–Nosso primeiro beijo em NY. –Ela disse sorrindo.

–O primeiro de muitos. –O grafiteiro concordou. –Mas agora nós precisamos voltar pro táxi. Não estou acostumado com tanto frio assim.

Ju riu e seguiu o namorado – que a essa altura já batia o queixo – até o taxi.

(...)

Nova Iorque era tudo o que Ju sonhava e mais um pouco. Os primeiros dias foram surreais. Ela e Gil às vezes pensavam que estavam em um sonho.

Se acomodar foi a parte mais tranquila. Embora eles tivessem quartos separados, era comum eles dormirem juntos. Nenhum dos dois precisavam dividir o quarto, o que já era uma conquista e tanto.

Apesar de estarem em outro país, turismo ficou só para os finais de semana. A faculdade exigia muito dos dois, deixando pouco tempo durante a semana para o lazer.

Apesar de tudo, Juliana estava deslumbrada. O curso de moda que era ministrado em NY, por mais que na base fosse o mesmo que era ministrado no Rio, tinha grandes diferenças ligadas a cultura fashion da cidade. Aquela viagem seria um grande acréscimo ao seu currículo.

Nesse meio tempo o “Dicas da Ju” ficou em segundo plano. A garota até tentou fazer posts semanais, mas não deu muito certo. Por fim ela preferiu encerrar o seu blog, se despedindo de todas as suas leitoras, para se dedicar a sua carreira.

Já o grafiteiro estava mais do que satisfeito com o seu curso. A cada dia que passava ele tinha mais certeza de ter feito a escolha certa ao ingressar na faculdade de Design. Mesmo sabendo das dificuldades para manter a carreira no Brasil, ele prometeu a si mesmo que ia se esforçar para divulgar a profissão para que ela fosse regulamentada.

Quando Marcela, Marta e Olavo foram visitar os filhos, ficaram mais que orgulhosos com a maturidade que eles haviam adquirido. Eles ficaram quinze dias por lá, matando a saudade e passeando pela cidade.

A grande surpresa aconteceu na última semana, antes deles voltarem para o Brasil. Gil preparou tudo atento aos mínimos detalhes. Ele queria que tudo fosse perfeito.

–Aonde nós vamos hoje? –Ju perguntou quando eles deixaram o prédio. –É a nossa última semana.

–Como eu já te disse antes, senhorita curiosa, eu já fiz a nossa rota.

–E você não vai me contar por onde essa rota passa?

–Não. –Ele disse simplesmente.

–Poxa amor, você sabe o quanto eu sou curiosa e impaciente. Surpresas me deixam mais ansiosa que o normal. –Ela insistiu.

–Nem adianta Ju, não vou te contar. –Ele disse.

A estudante de moda insistiu, mas o namorado não cedeu. Ele apenas a direcionou pelas ruas da cidade até chegarem a um pequeno restaurante. Gil havia cuidado das reservas e o maitre os encaminhou até a mesa.

–Eu não conhecia esse restaurante. –Ela comentou.

–Ele é bem escondido mesmo. Se eu não tivesse conhecido a dona daqui, sequer saberia da existência desse lugar.

–De onde você conhece a dona daqui?

–Conheço. Esse restaurante é da esposa do Hugh, meu professor de Arte Contemporânea.

Ju não chegou a comentar a descoberta, pois o garçom chegou se apresentando e oferecendo a carta de vinhos.

A garota ficou surpresa ao ouvir Gil pedir um dos melhores vinhos do lugar. O garçom sorriu satisfeito e se retirou prometendo voltar com o pedido.

–Nós vamos beber vinho?

–É a nossa última semana na cidade, pensei em fazer algo diferente. Além do mais, nós finalmente temos idade legal para beber aqui.

Ju riu, concordando com o namorado. Não que eles bebessem muito, mas era bom poder finalmente ter a liberdade de escolher qualquer bebida do cardápio.

O garçom voltou com a garrafa de vinho e eles fizeram os pedidos para o jantar.

–Eu vou sentir uma falta enorme de tudo isso, mas estou com tanta saudade de todos que não vejo a hora de voltar pra casa. –Ela desabafou.

–Verdade. –Gil concordou. –O nosso coração pertence ao Rio de Janeiro. Mas como Nova Iorque vai estar sempre aqui, poderemos visitar a cidade quando quisermos.

–Eu vou adorar. Estou completamente apaixonada por essa cidade.

–E existe alguém que não ame Nova Iorque?

–Acho que não. –Ela respondeu rindo.

Logo o garçom estava de volta com as entradas.

O jantar correu tranquilamente e logo eles estavam dividindo um cheesecake de morango.

–Eu vou ao banheiro. –Gil disse.

–Eu não garanto que ainda terá sobremesa quando você voltar. –Ela brincou.

–Nossa, mas que namorada gulosa eu fui arrumar. –Ele riu se levantando.

Ju continuou dedicada ao cheesecake, que rapidamente chegou ao fim. Antes que ela pudesse estranhar a demora do namorado, uma voz muito conhecida ocupou o ambiente.

–Today I will do something special to my girlfriend, I hope you don’t mind. Hoje eu vou fazer algo especial para a minha namorada, espero que vocês não se importem. –Gil disse no microfone, atraindo o olhar de todos, inclusive da namorada. –Juliana Menezes, essa música por diversos motivos, sempre me faz lembrar de você. Desde então, ela se tornou uma das minhas favoritas.

Logo a banda começou a tocar e Ju sentiu seus olhos encherem de lágrimas.

“É, morena, tá tudo bem
Sereno é quem tem
A paz de estar em par com Deus
Pode rir agora
Que o fio da maldade se enrola

Pra nós, todo o amor do mundo
Pra eles, o outro lado
Eu digo mal me quer
Ninguém escapa o peso de viver assim
Ser assim, eu não
Prefiro assim, com você
Juntinho, sem caber de imaginar
Até o fim raiar.”

Os últimos acordes foram tocados, sendo seguidos de várias palmas. Embora os americanos não tivessem entendido uma palavra do que foi cantado, eles puderam sentir a música e estavam, em sua maioria, emocionados.

–Se você queria me fazer chorar, conseguiu. –Ju disse enxugando as lágrimas.

–Essa era a minha intenção. –Ele disse abraçando-a.

–Eu te amo, seu maluco. –Ela disse colando os lábios aos dele. –Essa foi a melhor noite da minha vida.

–E quem disse que a nossa noite terminou? –Ele perguntou com um sorriso misterioso.

Antes que ela pudesse questionar o que ele queria dizer, o rapaz fez sinal ao garçom, que não demorou a trazer a conta. Ju estendeu a mão para pegar a conta, para que eles pudessem dividir, mas Gil a impediu, colocando o dinheiro e entregando ao garçom.

–Vamos para casa? –Gil sugeriu estendendo o braço para que ela encaixasse o seu.

–Vamos.

Apesar da neve que tomava a cidade, ambos andavam confortavelmente pelas ruas da cidade. O frio já não era mais tão incomodo, principalmente com as roupas apropriadas.

–Você já comprou os presentes que vai levar? –O grafiteiro perguntou.

–Já comprei quase todos. Preciso checar a minha lista e ver quem está faltando. –Ela disse. –Ah! Você não sabe o que eu comprei pra Lia!

–Não sei mesmo. A guitarra com o autógrafo do Keith Richards é que não foi.

–É, mais aí a bonitona estava querendo demais. Enfim, voltando ao que eu comprei, encontrei uma lojinha que só vende artigos para roqueiros, e advinha? Encontrei uma palheta autografada pelo Mick Jagger! Não é o que ela queria, mas eles são da mesma banda pelo menos.

–Meu Deus, minha namorada conhece os integrantes do Rolling Stones!

–Claro que conheço. Se você não está lembrado, eu cresci com a Lia. Do mesmo jeito que eu sei algumas coisas sobre Rolling Stones e Beatles, ela também sabe sobre Bonequinha de Luxo!

–A Lia assistindo Bonequinha de Luxo é algo inimaginável. –Gil riu.

–Inimaginável nada. Se bobear ela decorou as frases do filme. –De repente Ju parou. –Ei, onde nós estamos indo?

A garota finalmente havia percebido que não estava a caminho de casa.

–Pensei em fazermos um pequeno desvio. –Ele deu os ombros.

–Para que? –Ela perguntou desconfiada.

–É a nossa última semana. –Ele inventou uma desculpa rápida.

Falar nesse tópico fez Ju voltar a conversar. O grafiteiro havia encontrado uma boa maneira de distraí-la, para que ela realmente ficasse surpresa.

Enquanto a garota falava sobre como faria para organizar as suas malas, Gil foi guiando-a até o Central Park.

–O que nós estamos fazendo no Central Park? –Ela perguntou, percebendo onde estava.

–Eu disse que a nossa noite estava só começando. Tenho uma surpresa pra você.

–Outra? Aquele restaurante maravilhoso não foi a surpresa? Ou a música que você cantou pra mim?

–Bom, essa é a minha última surpresa. –Ele disse andando e ela o seguiu. –Você lembra do nosso primeiro dia em NY? Da nossa parada aqui antes mesmo de chegarmos ao Campus?

–Lembro.

–Naquele momento eu tive uma certeza e desde então eu tenho tentado encontrar o jeito certo de me expressar. –Ele disse finamente parando e olhando pra ela.

Eles estavam na Gapstow Bridge – ponte de Gapstow – um dos mais belos cenários de Nova Iorque.

–Ju, naquele momento eu tive certeza de que o que eu sinto por você não é só um amor adolescente. Eu tive certeza de que você é a mulher da minha vida, com quem eu quero dividir minhas alegrias e minhas tristezas. Eu quero ficar com você pra sempre. Quero que você seja a mãe dos meus filhos e a minha mulher. –Naquele instante Gil se ajoelhou tirando do bolso uma caixinha azul.

–Gil, essa caixinha azul significa o que eu penso que significa? –Ela perguntou já com lágrimas descendo pelo rosto.

–Juliana Menezes, você quer se casar comigo? –Ele perguntou abrindo a caixinha e exibindo o anel dos sonhos.

–Sim! Sim! É claro que sim! –Ela respondeu com um sorriso enorme no rosto.

Gil se levantou e colocou o anel no dedo dela.

–Esse anel é realmente da Tiffany? –Ela perguntou analisando todos os detalhes do seu presente.

O anel de noivado escolhido pelo rapaz continha um solitário de tamanho considerável no centro.

–Deve ter custado uma fortuna!

–Bem, digamos que o casamento em si terá que esperar um pouco até que o meu bolso se recupere. Felizmente até mesmo a Tiffany divide em suaves prestações. –Ele contou rindo.

–Você é maluco. –Ela disse rindo antes de se jogar no pescoço dele. –EU TE AMO GILBERTO PORTO!

Ali, no inverno negativo de Nova Iorque, os dois se beijaram. Naquele momento não importava o horário, não importava o frio. Aquele era o momento deles.

Depois de um tempo eles se separaram com selinhos.

–Agora só falta uma coisa. –Gil disse.

–O que?

–Conseguir a aprovação dos nossos pais.

Ju pensou por um instante no que os seus pais pensariam sobre o noivado. “Precipitado” provavelmente seria a definição dada por eles.

–Sabe o que eu acho? –Ela perguntou balançando a cabeça para afastar as ideias ruins.

–O que?

–Eu acho que nós temos uma semana incrível pela frente. Não precisamos pensar nas feras agora. –Ju sorriu. –Nova Iorque é nossa!

–É uma ótima ideia. –Ele concordou abraçando a namorada pela cintura. –Nova Iorque é nossa!