Pra Sonhar escrita por KatherineKissMe


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

SURPREEEEEEEEESA!



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Beatriz – 1 ano e 2 meses

–Bruno. –Ela fez uma pausa e respirou fundo. –Eu acho que estou grávida.

–O quê? –Bruno perguntou rindo. –Acho que eu não ouvi direito.

–Eu acho que estou grávida. –Ela repetiu olhando para o chão.

Fatinha não queria encará-lo. Ela não queria ter que encarar o olhar acusatório de Bruno. Ela tinha assumido a responsabilidade de tomar os anticoncepcionais regularmente, quando eles decidiram abrir mão da camisinha.

Parte dela sabia que Bruno nunca a acusaria de engravidar de propósito, e que muito menos colocaria a culpa sobre ela. Todavia, o lado inseguro dela falou mais alto.

–Como assim? Grávida? –Ele finalmente se pronunciou.

Fatinha criou coragem para olhá-lo. Não havia nenhuma acusação no olhar do moreno. Apenas confusão e um pouco de preocupação.

–E-eu n-não sei. –Ela gaguejou um pouco. –Eu juro que tomei todos os cuidados. Tomo o anticoncepcional regularmente, mas a minha menstruação está atrasada. E hoje eu tive uma tontura no Hostel. Na hora eu assumi que fosse apenas uma queda de pressão por causa do calor excessivo, mas agora eu já não sei. E-eu não posso estar g-grávida, Bruno. –A essa altura algumas lágrimas já escorriam pelos olhos dela. –Nós temos trabalhado tanto para que não falte nada para a Bia. Eu acabei de completar o primeiro período da faculdade. Como vou fazer pra conciliar os estudos com mais um bebê dentro de casa? Por Deus, a Bia acabou de completar um ano!

A garota estava desesperada, andando de um lado para o outro na sala.

Bruno foi até ela e a abraçou, fazendo-a parar.

–Calma, minha loira. –Ele disse beijando a cabeça dela. –Calma.

Eles ficaram assim por um tempo, apenas abraçados.

–Você já fez um teste? –Bruno perguntou finalmente.

–Não. Eu só liguei os fatos agora. –Ela disse suspirando. –Como nós vamos fazer, Bruno?

–Ei, se você estiver grávida, vai ser um presente maravilhoso. –Ele disse. –Eu te amo.

–Eu também te amo, mas é muito cedo para termos mais um filho. Não tem espaço para mais uma criança nesse apartamento.

–Nós procuramos outro apartamento. –Ela disse dando os ombros. –Mas antes nós precisamos ter certeza. Você disse ter tomado os anticoncepcionais sem falta, certo?

–Certo. –Ela respondeu mostrando a cartela vazia.

–Eu sei que a eficácia dos anticoncepcionais não é de cem por cento, mas é quase isso.

–Eu tomei antibiótico no mês passado e isso anula o meu anticoncepcional, mas nós usamos camisinha todas às vezes, não foi? –Fatinha perguntou.

–Eu acho que sim.

–Você acha?

–Bom, teve aquele dia que nós estávamos no banho. Não lembro se nós usamos camisinha. –Ele disse.

–Merda. Nós não usamos. –Ela disse desabando no sofá.

Bruno foi até ela e a pegou no colo. Fatinha então abriu os olhos.

–O que você está fazendo? –Ela perguntou.

–Levando minha namorada e o meu possível filho para o quarto. Você vai ficar toda torta deitada no sofá. –Ele respondeu simplesmente.

Fatinha se permitiu um sorriso.

–Eu te amo. –Ela sussurrou.

–Eu sei. –Ele disse a deitando na cama. –Eu também te amo, e quero que você saiba que ficarei muito feliz em ser pai novamente.

–Mas... –Ela começou a dizer mais foi interrompida por ele.

–Sem “mas”. Amanhã nós vamos ao médico e você vai fazer o exame, mas enquanto isso, nada de ficar se preocupando. Nós vamos fazer dar certo. –Ele disse.

–Você é o melhor namorado do mundo. –Ela disse o abraçando com força.

–E o mais bonito também. –Ele se gabou.

–Convencido, você quer dizer, né?! –Ela riu.

(...)

Bruno observou a namorada adormecida na cama. Já passava da meia noite, mas ele não conseguia dormir.

O dia havia sido longo. Ele trabalhou sem intervalo para o almoço, pois precisaria sair mais cedo para acompanhar Fatinha na consulta.

A ginecologista da garota havia sido direta. Ela explicou que as chances de Fatinha estar grávida existiam, mas a possibilidade de que ela não estivesse também era grande. Ela encaminhou a loira para o laboratório do hospital, onde fizeram os exames que ficariam prontos em dois dias.

Seriam dois dias de tortura.

Bruno adoraria ser pai novamente, mas sabia que era muito cedo para isso. Ele já havia se formado e já tinha um emprego estável, mas o salário não era tão bom a ponto de sustentar mais uma criança. Filhos vêm com altos custos e ele sabia muito bem disso.

A primeira grande preocupação era o tamanho do apartamento. Afinal, Bia teria quase dois anos quando o bebê – se a Fatinha estivesse grávida – nascesse. Temporariamente o bebê poderia ficar no quarto dos pais, mas e depois?

Bruno duvidava que pudesse encontrar outro apartamento, em uma localização tão boa quanto aquela, que coubesse no seu orçamento familiar.

Quando a sua cabeça começou a doer de tanta preocupação, o moreno voltou para a cama. Ele abraçou a namorada, que se aconchegou a ele. Bruno colocou a mão sobre a barriga da loira, que estava exposta.

–Filhote, eu prometo que vou fazer dar certo. –Ele sussurrou para a barriga inexistente.

(...)

–Rosinha, quando der a hora de você ir para o Misturama, deixa a Bia na casa da Marta, por favor? –Fatinha pediu. –Ela já está sabendo.

–Deixo sim, Fatinha. Vocês não vão almoçar em casa hoje? –Rosa perguntou.

–Não, eu preciso resolver um assunto com o Bruno, e nós vamos aproveitar o horário de almoço para isso. Nós devemos almoçar na rua mesmo.

O assunto que ela resolveria era buscar o resultado do exame de gravidez. O dia finalmente havia chegado e ela estava muito nervosa.

–Tudo bem. –A mulher concordou. –Ah, aproveita pra comprar o leite da Bia. Acho que o que tem aqui dá pra mais três mamadeiras.

–Certo Rosinha, você é um anjo. –A loira disse beijando a amiga. –Agora eu preciso ir, se não vou perder a primeira aula.

Fatinha deu um beijo na filha e se despediu de Rosa.

Na faculdade ela tentou se concentrar, mas estava ansiosa demais para isso. Os colegas perceberam que ela estava dispersa, mas quando perguntaram ela disse que não era nada.

Ela e Bruno preferiram manter segredo sobre a suspeita. Se ela estivesse grávida, aí sim eles contariam a todos.

Quando a última aula acabou, Fatinha foi a primeira a deixar a sala de aula, já ligando para Bruno.

–Moreno, minha aula já acabou. Onde você está?

–Estou dentro do campus já. Em menos de um minuto estarei aí. –Ele disse.

–Ok, estou esperando. –Ela disse desligando o telefone.

Como o previsto, logo Bruno chegou, e eles foram para o hospital.

(...)

–Então, onde nós vamos almoçar? –Bruno perguntou quando eles deixaram o hospital.

–Estou com muita vontade de comer um temaki de salmão grelhado com cream cheese. –Ela disse até salivando.

–Nós comemos comida japonesa não faz nem uma semana. –O rapaz protestou.

–Querido, se eu pudesse comeria todos os dias. Por favor?

–Tudo bem. –Ele cedeu entrando no carro.

Quando eles chegaram ao restaurante, logo fizeram os seus pedidos.

–Como você está se sentindo? –Bruno perguntou.

–Não sei. Me sinto estranha. –Ela disse passando a mão pela barriga. –E você?

–Eu estou um pouco decepcionado, tenho que admitir. Já estava imaginando a Bia obrigando o nosso filho a brincar de boneca com ela. –Ele confessou.

–Eu também estou decepcionada. Me acostumei com a ideia de estar grávida rápido demais, agora é desacostumar. –Fatinha disse passando a mão na barriga novamente. –Mas por outro lado eu estou um pouco aliviada. Nós não estamos preparados para mais um bebê.

–Verdade. Pelo visto a Bia não vai ganhar um irmãozinho tão cedo... –Bruno comentou com um sorriso triste.

Fatinha apertou a mão do namorado e eles compartilharam a tristeza que sentiam. O momento só foi interrompido pela chegada da comida, mas o sentimento se arrastou por toda à tarde.

O resultado do exame de gravidez havia dado negativo, no entanto o outro exame que a médica havia pedido mostrava que a anemia ferropriva que a loira tinha tido durante a gravidez estava de volta. Fatinha havia sido encaminhada para um hematologista, que prescreveu o sulfato ferroso. Além disso, o médico pediu alguns exames complementares. O fato de que aquela era a segunda anemia da garota em menos de dois anos, chamou a atenção do doutor. Agora Fatinha deveria seguir uma dieta rica em alimentos ferrosos.

(...)

Beatriz dançava em frente à televisão, com toda a alegria do mundo. A avó Marta havia encontrado um DVD da Eliana em uma loja e não havia resisto à compra.

–Meu Deus, a Ju era obcecada com a Eliana. Pelo visto a Bia vai ficar igual à madrinha. –Bruno comentou sorrindo. –Essa palavrinhas mágicas, palavras mágicas são assim. Tem um poder maior que abracadabra e sinsalabim. Assim, assim.

Fatinha olhou assustada para o namorado que cantava junto com a apresentadora.

–Você sabe as músicas da Eliana de cor? –Ela perguntou descrente.

–Claro que sei. A Ju repetia essas músicas o dia inteiro e me obrigava a assistir. –Ele contou.

–Meu namorado sabe as músicas da Eliana de cor. –Ela disse rindo.

–Isso, zoa mesmo. Aposto que o Franz te obrigava a assistir alguma coisa.

–“Caverna do Dragão”! Eu odiava aquele desenho. –Fatinha confessou.

–“Caverna do Dragão” era o melhor desenho de todos! –O moreno protestou.

–O desenho mais sem nexo, você quer dizer.

–Ah, como se “Kim Possible” fizesse algum sentido.

–Faz mais sentido que “Caverna do Dragão”.

–Me recuso a discutir com você por causa de desenhos. –Ele disse encerrando o assunto.

Bia deu um grito – como se estivesse cantando também – e chamou a atenção dos pais. A menina balançava de um lado para o outro no ritmo da música.

–Eu preciso filmar isso. A Ju vai adorar. –Bruno disse pegando o celular.

Depois de ter gravado Beatriz dançando a música “Pula Corda” – e tentando pular também – ele guardou o telefone e voltou a atenção para a namorada, que estava muito calada.

Fatinha encarava Bia com um olhar pensativo, um sorriso triste e a mão na barriga.

Bruno colocou a mão sobre a dela, chamando a sua atenção.

–Eu quero que a Bia tenha isso que nós tivemos, sabe?! Eu fui muito feliz em todos os anos que eu tive com o Franz. Desde brigas por causa de desenhos até brincadeiras na rua. –Ela disse. –Eu quero que a Bia tenha um irmão.

–Eu também quero, mas nós temos que ser racionais. Agora não é o momento. –O moreno disse.

–É tão difícil me desapegar dessa gravidez que não existe. Pode parecer loucura, mas nesses dois dias de incerteza, eu me apeguei à possibilidade de termos mais uma criança correndo por esse apartamento. –Fatinha disse com uma lágrima solitária escorrendo pelo rosto.

–Não parece loucura. Eu compreendo perfeitamente o que você está sentindo agora. Um vazio, não é?!

–Exatamente. Eu estou me sentindo incompleta. Mas isso vai passar. –Ela suspirou. –Vai ser melhor assim, moreno. No futuro nós teremos mais estabilidade financeira, para que nós possamos curtir os nossos filhos.

–Esse é um ponto extremamente positivo. –O rapaz concordou. –Se o nosso segundo filho estivesse vindo agora, eu teria que trabalhar dobrado e não teria tanto tempo assim com a minha família linda.

–Como diria Dona Vilma “Deus sabe o que faz e a hora em que faz”.

–Se a minha sogra diz isso, quem sou eu pra discordar? –Ele brincou, entrelaçando os dedos aos da namorada.

Bia – aparentemente cansada de dançar – subiu no sofá e se sentou no colo dos dois.

–Oi minha gorducha. –Fatinha cumprimentou a filha.

Beatriz entortou a cabeça e fez o biquinho de peixe que ela tinha aprendido no inicio da semana.

–Mas que menina mais gostosa! –Bruno disse puxando as duas para um abraço coletivo.

–Não tenho do que reclamar tendo uma família tão maravilhosa. –Fatinha disse com os olhos carregados de lágrimas.

Bruno soltou as duas do abraço, para poder vê-las melhor. Bia saiu do colo do pai, ficando em pé em cima das pernas da mãe.

Em um gesto que levaria qualquer pessoa com coração às lágrimas, a pequena colocou a mão no rosto de Fatinha, para limpar a lágrima que havia escorrido.

Mamãe. –Ela disse.

Não, você não leu errado. Naquele dia, Beatriz dos Prazeres Menezes disse a sua primeira palavra. Com isso, ela encheu o coração dos pais de alegria, em um dia em que eles estavam fadados à tristeza.

–Ela disse mamãe? –A loira perguntou incrédula. -ELA DISSE MAMÃE!

–Minha filha falou! –Bruno estava extasiado. –Agora diz “papai” Bia. “Papai”.

A menina olhou pra ele e começou a rir.

–Fala “mamãe” de novo, Bia. –Fatinha pediu.

Ela olhou para a mãe, como se pensasse se dizia ou não.

Mamãe. –Ela repetiu.

–Acabou a farra Fatinha. Ela já disse “mamãe” duas vezes, agora é a minha vez de escutar “papai”. –Bruno protestou.

Fatinha riu do namorado, que insistia com a filha. Bia parecia fazer de propósito. Naquela noite, ela não disse “papai”.

–Desisto. –Bruno desabou no sofá, fingindo tristeza.

–Bobo. –A loira deu um tapinha no rapaz. –MORENO!

–O que foi? –Ele se assustou com um grito.

–Essa música é perfeita pra nós dois. –Ela disse aumentando o volume. –Sentimentos são fáceis de mudar, mesmo entre quem não vê que alguém pode ser seu par.

–Depois fica me zoando porque eu sei cantar as músicas da Eliana. –Ele reclamou.

–Mas eu sou menina. –Ela disse fazendo biquinho. –Agora para de provocar e me chama pra dançar.

–“A Bela e a Fera”? –Ele perguntou incrédulo.

–Sim, “A Bela e a Fera”. –Ela disse séria.

Bruno a observou, sem acreditar no pedido. Ele não tardou a perceber que a loira não brincava.

–Você me daria à honra dessa dança, senhorita? –Ele perguntou rindo.

–É claro. –Ela aceitou, se levantando com Bia no colo.

–Sentimento assim sempre é uma surpresa. Quando ele vem, nada o detém, é uma chama acesa. –Eliana cantava, embalando o casal que dançava com a filha no colo.

Nem Beethoven, nem Mozart, nem Bach.

Às vezes, uma música da Eliana pode ser tudo o que uma família precisa.


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Notas finais do capítulo

GEEEEEEEEEEEENTE, eu sempre quis fazer isso *--*
Adoro! Morria de vontade de soltar um capítulo do nada, mas a vida nunca cooperava.
Enfim, amanhã eu viajo pra fazer a prova.
Continuem torcendo por mim e comentando!
Beijos, beijos, beijos!

Ps: não tive tempo de revisar, relevem os erros (ou apontem eles nos comentários)
Ps2: sinto muito se alguém aqui prefere a Xuxa. Sempre gostei mais da Eliana, KKKKKKKK.