Pra Sonhar escrita por KatherineKissMe


Capítulo 4
Capítulo 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/418169/chapter/4

Beatriz – 10 meses

Era uma quarta-feira atarefada. Fatinha havia chegado mais tarde em casa, por causa de problemas no Hostel. Ela tomou um banho rápido antes de ir até a casa da sogra, buscar a filha.

–Boa noite sogrinha. –A loira cumprimentou a mulher que abriu a porta. –Demorei mais que o normal hoje.

–Boa noite Fatinha. –A sogra a abraçou e a convidou para entrar. –O Olavo adorou o seu atraso. Só assim pra que ele possa curtir a neta.

Fatinha viu a cena na sala e logo começou a rir. Olavo estava semideitado no sofá enquanto a neta o escalava. Com o auxilio da gravata vermelha eu ele usava, Bia conseguiu alcançar a barba do advogado. Antes que ela começasse a puxar os pelos grisalhos, ele a segurou, se levantando, e passou a barba na bochecha rosada da menina, coisa que Bruno fazia com frequência. Logo a sala foi invadida pela risada gostosa de Beatriz.

–Olha quem chegou! –Marta disse, chamando a atenção para a presença da nora.

Bia foi atraída pela voz e olhou na direção da avó. Quando ela viu a mãe, imediatamente estendeu os bracinhos para que ela a pegasse.

–Ah, acabou a minha graça. –Olavo resmungou brincando. –Oi Fatinha.

–Oi Olavo, tudo bem? –Ela o cumprimentou, indo até a filha que ainda a esperava. –E você, cheirosa? Sentiu falta da mamãe?

A loira carregou a filha, cheirando o seu pescoço, o que fez Bia rir.

–A mamãe estava com saudades de você.

–E aí, Fatinha? Como foi na faculdade? –Olavo perguntou.

–Foi tranquilo. Tenho alguns trabalhos para fazer, mas até domingo eu consigo organizar tudo. –Ela contou, sentindo a filha apoiar a cabeça no seu colo. –O que me desgastou mesmo foi o Hostel. O Pilha vai atualizar o sistema todo e o Michel pediu que eu organizasse as fichas antigas.

–Nossa, atualizações de sistema são trabalhosas. –Olavo disse.

–Nem me fale. –A loira suspirou, e depois olhou para a filha. –A minha pequena está com sono? Não dormiu a tarde não?

–Ih Fatinha, isso é preguiça mesmo. A Bia cochilou depois do almoço, e agora no final da tarde enquanto nós assistíamos a um filme do Ursinho. –Marta contou.

–Que vida boa, hein Beatriz?! –Fatinha brincou fazendo cócegas na barriga da menina. –Agora vamos, porque daqui a pouco o papai chega e não vai encontrar ninguém em casa.

Bia deu um gritinho, como se dissesse que concordava.

A loira se despediu dos sogros e foi para casa carregando a filha. Assim que ela chegou ao 801, o telefone apitou indicando uma mensagem.

–É o moreno. –Ela disse em voz alta abrindo a mensagem.

Minha loira, vou chegar em casa lá pelas oito e meia. Um dos estagiários se atrapalhou com o programa e apagou a planta de situação de um projeto importante. Eu e o Caio precisamos corrigir isso ainda hoje. Assim que terminar vou correndo para casa. Estou com saudade das mulheres da minha vida! Beijos. –Era o que dizia a mensagem.

Que barra. Boa sorte moreno, eu e a Bia estamos torcendo por vocês. E morrendo de saudades também. Beijos! –Ela respondeu.

–É Bia, o papai vai demorar, então o jantar pode esperar alguns minutos. –Fatinha disse para a filha. –Isso significa que é hora da gente se divertir!

A loira foi com a filha até o quarto para pegar alguns dos brinquedos da menina, e as duas se sentaram no chão da sala para brincar.

Depois de algum tempo Fatinha decidiu dar um banho na menina, pois logo ela estaria reclamando de fome, e aproveitou para tomar o seu também. Depois de devidamente limpas, Bia foi secada, vestida e então colocada no chiqueirinho que havia no quarto dos pais para que a mãe se vestisse.

A menina começou a resmungar, então a loira a pegou e levou para a cozinha.

–Vamos papar, Bia? –Ela disse sentando a pequena na cadeirinha.

A pequena respondeu com os seus gritinhos e resmungos usuais. Fatinha foi rapidamente à cozinha para pegar a papinha e os utensílios necessários.

–Pronta para atacar? –A mãe perguntou a filha colocando o pratinho na cadeirinha, o que provocou risadas na menina.

Beatriz já estava naquela fase de querer fazer as coisas sozinha, para o desespero da loira. No inicio era só bagunça, mas aos poucos a menina foi melhorando a sua coordenação motora e Fatinha aprendendo a maneira certa de ajudar a filha, sem que ela ficasse irritada.

A campainha tocou chamando a atenção das duas.

–Quem será? –A loira perguntou para a filha. –Será que o papai esqueceu a chave?

A mulher foi até o olho mágico, onde viu a cunhada.

–Ih Bia, é a sua dindinha. –Ela disse para a menina abrindo a porta.

–Oi Fat! –Ju cumprimentou a amiga com um abraço. –Tudo bem?

–Eu estou ótima cunhadinha. A que devo a honra da sua visita? –Ela perguntou convidando a amiga a entrar.

–Chata. Sabe que eu tenho vindo pouco por causa da faculdade. Enfim, meu maninho me mandou uma mensagem falando que vocês estavam sozinhas e provavelmente precisando de ajuda, então a super Ju veio pra te salvar. –Ela explicou.

Bia deu um gritinho, chamando a atenção para ela.

–Oi minha pequena! Eu estava morrendo de saudades de você. –Ela disse indo até a afilhada.

–Ju, não tira a Bia da cadeirinha porque ela não terminou o jantar. –A loira pediu.

–Ok. –A it-girl concordou. –Que lambança é essa dona Beatriz?

A menina estava com a boca e a mão direita toda suja de comida. Felizmente a roupa estava limpa, graças ao babador.

–A sua afilhada ainda não aprendeu os modos à mesa. –Fatinha contou para a amiga. –Bom, já que você está aqui, termina de dar a papinha pra ela que eu vou preparar o jantar pra gente.

O relógio já marcava sete e meia da noite e a loira estava com fome.

As duas realizavam as suas tarefas enquanto conversavam. O fato de a cozinha ser conjugada à sala facilitava o diálogo.

–A Bia já comeu tudo e está toda lambuzada, o que fazer? –A it-girl perguntou.

–Pega os lencinhos umedecidos que estão na parte debaixo da cadeirinha para limpá-la. –A loira explicou. –E certifique-se de que ela está limpinha, porque eu já dei banho nela.

–Pronto, ela está limpinha. –Ju disse mostrando a menina para a mãe.

O telefone da garota começou a tocar, interrompendo a conversa.

–Quem é vivo sempre aparece, hein?! –Juliana disse na linha.

Quem ligava era Lia, que estava em uma viagem há duas semanas. O professor havia convidado-a para participar de uma pesquisa que ele faria por uma tribo indígena no Amazonas.

–Ei, você sabe que eu não te liguei antes porque estava em um lugar sem sinal telefônico. –A roqueira se justificou.

–Hn, e quando você volta dessa exploração? –A it-girl perguntou.

–É justamente por isso que estou ligando. Volto para o Rio depois de amanhã. –A garota contou.

Bia deu um grito irritado por não estar recebendo a atenção devida e por não conseguir pegar o telefone na mão da madrinha.

–É a Bia, aí?

–É, a bonita está impaciente querendo o telefone.

Skype. Agora! –Lia ordenou desligando o telefone.

–Que grossa. –Ju disse guardando o telefone. –Fat, me empresta o seu notebook?

–Claro Ju, tá no meu quarto. –A loira respondeu.

Juliana foi até o quarto da loira - com Bia no colo - e pegou o notebook, voltando para a sala.

–Que demora. –Lia reclamou quando a chamada de vídeo finalmente carregou.

–Para de reclamar. –Ju disse se ajeitando no chão, com Beatriz sentada no seu colo.

Oi Bia! A tia Lia tá morrendo de saudades de você.

A menina soltou algumas palavras no seu idioma próprio.

–É impressão minha ou estou ouvindo a voz da Lia? –Fatinha perguntou indo até a sala.

–Não é impressão sua não. Alguém finalmente lembrou dos amigos. –Ju respondeu apontando para o notebook.

–Oi Lia! Você ainda existe? –Fatinha perguntou a amiga.

Parem de implicar comigo. Até hoje à tarde eu estava em uma tribo isolada no meio da floresta Amazônica, ok?! Internet e sinal de telefone não existiram pra mim nesses últimos dias. –Ela contou. –Mas como eu estava dizendo na ligação, eu volto pro Rio depois de amanhã.

–Onde você está agora? –Ju perguntou.

–Em um hotel em Manaus. Amanhã nós vamos passar o dia recolhendo alguns dados oficiais na prefeitura para a conclusão do trabalho. –Lia explicou.

–E não encontrou nenhum índio gatinho por aí? –Fatinha provocou.

–Meu Deus mulher! Quieta essa periquita aí. Eu estou muito bem com o meu motoqueiro lindo, e não preciso de nenhum índio sarado, ok?! –A roqueira repreendeu a amiga. –Falando no Vitor, vocês ficaram de olho nele? Ele não aprontou nenhuma comigo, né?!

–Ah, ele não fez nada demais, né Ju? Só ficou com umas três garotas por noite, mas ele me garantiu que tem usado camisinha. –Fatinha contou.

–É verdade, nós perguntamos todos os detalhes pra ele. –Ju confirmou.

–Há há, engraçadas vocês. –Lia estava com cara de poucos amigos.

–Demais baby. Agora licença, porque o meu moreno deve estar chegando, eu estou com fome, e a comida está no fogo. –Fatinha disse voltando para a cozinha.

Vai comer as gororobas da Fatinha, Ju? –Lia perguntou.

–Eu escutei dona Lia! Vou me lembrar disso na próxima vez que fizer aquele bobó de camarão que você tanto gosta. –A loira gritou da cozinha.

É brincadeira Fatinha! Estou morrendo de saudade da sua comida. –A roqueira se desculpou.

–Hn, sei. –A mulher resmungou na cozinha.

–Então dona Lia, conte-me mais sobre essa tribo. Eles eram índios de verdade ou daqueles que andam vestido com roupas comuns e assistem Silvio Santos? –Ju perguntou a amiga.

–Índios de verdade Ju. Daqueles que andam com umas roupas de palha e não tem energia elétrica.

–Como é que você aguentou ficar todo esse tempo sem eletricidade?

–Ficando. Não tinha outra opção. Mas não foi tão ruim assim, eu só não consegui me acostumar com os banhos de rio, isso sim foi complicado. –Ela contou.

–Banho de rio? Nem uma ducha tinha?

Nops, era eu, os peixes e os outros índios no rio.

–Calma aí, você tomava banho com os outros índios? –A it-girl estava escandalizada.

Claro Juliana. Eu precisava de ajuda para ensaboar as costas. –Lia brincou, começando a rir em seguida.

–Isso, brinca com a ignorância da amiga. –Ju bancou a chateada.

As duas continuaram conversando, o que estava entretendo Beatriz. Ela achava mágica a imagem da tia na tela.

–Olha, alguém chegou. –Ju disse para a afilhada e para a amiga quando ouviu um barulho na porta.

Fatinha estava pondo os pratos na mesa, Lia ainda estava conversando com Ju via skype, e Bia estava em pé, contando com o apoio da madrinha. A menina estava aprendendo a andar, mas ainda tinha medo. O engraçado era que ela se recusava a receber o apoio de alguém que segurasse as suas duas mãos, era só uma mão ou nada feito.

–O papai chegou Bia. –Fatinha disse para a alegria da filha.

A porta foi aberta, revelando um moreno cansado.

–Oi amores da minha vida. –Ele disse fechando a porta atrás de si.

Tudo aconteceu muito rápido. Bia que já estava de pé, se soltou das mãos de Ju e andou na direção do pai com os bracinhos estendidos. Isso mesmo: ELA ANDOU! Foi bambeando no primeiro passo, no segundo, no terceiro e no quarto caiu sentada no tapete.

Todos estavam estáticos, surpresos com a pequena.

–Ela andou? –Lia perguntou quebrando o silêncio.

Beatriz começou a chorar. A queda não havia sido forte, mas a surpresa a havia assustado.

O primeiro a agir foi Bruno, que imediatamente pegou a filha no colo.

–Ela andou! –Ju deu um gritinho histérico. –Ela andou!!!

Fatinha colocou os pratos que carregava na mesa e foi até o namorado e a filha.

–Bia, meu amor, você andou! –Ela disse pegando a filha e a enchendo de beijos.

Ai meu Deus, tem como salvar esse vídeo??? –Lia perguntava do outro lado da tela.

–Você viu tudo direitinho Lia, ela andando até cair? –Ju perguntou.

Sim! Deu pra ver tudo. Esse notebook está numa posição abençoada. –A roqueira contou. –Agora só falta descobrir como salvar o vídeo. Liga pro Orelha agora, Juliana.

–Já estou ligando. –A it-girl disse pegando o celular.

Enquanto as duas tentavam descobrir um jeito de registrar o momento, o casal BruTinha paparicava a pequena. A menina já tinha parado de chorar e estava mais do que contente com a atenção que estava recebendo dos pais.

–Você está crescendo tão rápido, Bia. –Fatinha dizia com os olhos lacrimejando.

–É verdade. Consigo me lembrar como se fosse ontem do seu surto no hospital e agora a nossa pequena já está andando. –Bruno concordou.

–Sabe o que nós estamos parecendo, moreno? Um casal velho e cheio de nostalgia. –A loira disse abraçando o namorado pela cintura.

Bia gargalhou como se compreendesse o que os pais diziam.

–Pronto! Salvei. –Ju disse chamando a atenção para ela.

–Eu salvei daqui também. Agora nós só precisamos passar pro Orelha pra que ele corte o nosso diálogo e só fique salvo o que interessa. –Lia disse.

–Beleza. –A ir-girl concordou. –Hn, que cheiro estranho...

–Eu não estou sentindo cheiro nenhum.

–Palhaça. –A morena mostrou a língua pra amiga. –Bruno e Fat, vocês estão sentindo um cheiro estranho?

–É... to sentindo um cheiro de queimado. –Bruno disse.

–Ai meu Deus: O JANTAR! –Fatinha disse passando a filha para o colo do moreno.

–Ih, já vi que vamos ficar com fome. –Ju comentou.

Fatinha voltou a sala com uma forma nas mãos.

–E isso era uma lasanha. –A loira contou. –Vamos pedir uma pizza?

Bruno e Ju começaram a rir da cara de tristeza da garota.

–Metade portuguesa e metade margherita, pode ser? –O moreno sugeriu e as duas concordaram.

–Só espero que não demore, eu estou morrendo de fome. –Fatinha disse se jogando no sofá.

A gargalhada de Lia chamou a atenção de todos. Eles até tinham se esquecido da “presença” da amiga.

Gente, eu juro que não foi de propósito. –Ela disse com a boca cheia de macarrão. –O professor que mandou pra mim, então fiquem na inveja.

–Tchau Lia. –Ju disse fechando o notebook.

Fatinha e Bruno olhavam para a it-girl sem entender.

–O que foi? –Ela perguntou. –Eu também estou com fome, ok?! Ficar vendo a Lia comer não ajuda em nada.

(...)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Galerinha linda, tudo bem?
Dessa vez a demora foi por culpa do nyah que estava em manutenção e ontem fora do ar '--'
Capítulo postado :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pra Sonhar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.