Pra Sonhar escrita por KatherineKissMe


Capítulo 14
Capítulo 14




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Bia - 3 anos e 5 meses

No dia seguinte à cerimônia de casamento, como era de se esperar, os recém-casados demoraram a deixar a cama.

–Moreno. -Fatinha disse chamando a atenção do marido. -Eu estou morrendo de fome.

–Eu também. -Ele comentou rindo.

–Será que sobrou alguma coisa de ontem?

–Acho que não. Pelo visto nós vamos ter que ir pra cozinha.

–Ou não. -Ela disse com um sorrisinho. -Quantas horas são?

–São quatro e vinte e cinco. -Bruno disse depois de olhar no relógio.

–Ótimo, então vamos para a casa da sua mãe. Ela convidou e eu aposto que tem comida lá. -Ela disse fazendo o rapaz rir. -Mas primeiro eu preciso de um banho.

A loira se levantou e andou até o banheiro, onde parou.

–Você vai ficar aí? -Ela perguntou para o marido. -Porque eu estava pensando em usar a banheira.

Bruno deu um sorriso safado, já se levantando.

–E você vai precisar da minha ajuda? -Ele perguntou.

–É que eu nunca consigo ensaboar as minhas costas direito. -Ela contou fazendo biquinho. -Você bem que podia me ajudar, né?!

–Com o maior prazer. -Ele disse indo até ela.

(...)

A campainha do 202 tocou, e uma moreninha saiu correndo para atender.

–Quem é? -Ela perguntou através da porta, já que não tinha altura para ver pelo olho mágico.

–É o lobo mau. -Bruno disse disfarçando a voz e controlando para não rir.

A menina deu um gritinho e saiu correndo da porta. Os avós observavam a cena sem conseguir conter o sorriso.

–É a mamãe, Bia! -Fatinha disse ainda rindo. -E esse lobo mau que está aqui comigo se parece muito com o seu pai.

–Mamãe! -Ela disse. -Vovó, abre!

Marta obedeceu a neta, que não conseguia conter a empolgação. Naquele dia ela estava extremamente agitada, falando sobre todos os acontecimentos do casamento.

–Boa tarde família linda! -A loira disse assim que a porta foi aberta.

Bia pulou no colo da mãe, que a pegou imediatamente.

–Estava com saudades de mim, minha morena? -Ela perguntou.

–Tava! -A menina respondeu dando um beijo estalado na bochecha da loira.

–Ah, mas desse jeito eu fico com ciúmes. -Bruno disse abraçando as duas.

Mãe e filha trocaram um olhar de cumplicidade e depois se voltaram para o moreno, enchendo ele de beijos.

–Dá gosto de ver essa cena, não é Adolfo? -Vilma comentou com o marido.

–É verdade. Já tinha perdido as esperanças de ver a Maria de Fátima casada. -Ele disse chamando a atenção de todos.

–Nossa pai, estava tão preocupado assim? -A filha perguntou rindo.

–Bom, a Bia já está com três anos, né?! -Adolfo disse tentando conter a risada.

–Demoramos, mas casamos. -Bruno disse rindo.

–Vocês, jovens, adoram fazer as coisas na ordem errada. -Vilma disse. -Não estou reclamando, pelo contrário, estou satisfeita com o rumo que tudo tomou.

–Eu também estou muito feliz, muito satisfeita e com muita fome! -Fatinha disse mudando de assunto. -E o café que você prometeu, sogrinha?

–Maria de Fátima! -Vilma estava escandalizada. -Essa não foi a educação que nós te demos.

–Ai mãezinha, não seja tão implicante. -A loira disse abraçado a mãe. -Agora vamos pra cozinha, porque eu não estou brincando quando digo que estou com fome.

–Não se preocupe, Vilma. Conheço bem a nora que tenho. -Marta disse provocando a risada de todos.

As três foram para a cozinha, sendo seguidas por Bia, que contava para a mãe do bolo de chocolate delicioso que havia feito com as avós.

Marta já havia deixado as coisas prontas, então foi só levá-las para a sala.

–Então, eu pedi pra que vocês viessem aqui, porque nós queríamos dar a vocês o nosso presente de casamento. -A sogrinha disse quando os recém-casados terminaram de comer.

–Presente? Qual a necessidade? Vocês nos ajudaram e muito nesses últimos meses, não podemos aceitar mais nada. -Bruno protestou.

–Bom, esse presente é irrecusável. -Adolfo disse.

–Espera, vocês estão todos juntos nessa? -Fatinha perguntou curiosa.

–Estamos. -Olavo respondeu sorrindo. -Nós estávamos conversando há alguns meses e percebemos que queríamos dar um presente especial para vocês.

–Meses? O que vocês compraram? -O moreno perguntou assustado.

–Digamos que um casamento sem lua de mel, não pode ser considerado casamento. -Marta disse. -Eu sei que vocês optaram por não viajar para economizar, mas…

–Calma aí, vocês vão nos dar uma viagem? -Fatinha estava estupefata.

–Uhuuul, viajar! -Bia comemorou.

–Bia, nessa viagem você não vai poder ir. -Olavo contou para a neta. -Essa é uma viagem só para o papai e para a mamãe.

–E eu? -Ela perguntou fazendo biquinho.

–Você vai ficar aqui em casa, que tal?! -Marta disse.

–Ou se você quiser, pode passar uns dias com a gente em Carambolas. -Vilma sugeriu.

–Eu não estou entendendo mais nada. -Bruno disse confuso.

Olavo deixou a sala e voltou rapidamente com um envelope nas mãos, que foi entregue para o casal.

–Espero que vocês gostem da nossa escolha. Eu e a Marta adoramos a viagem que nós fizemos para lá. -O advogado disse.

Fatinha abriu o envelope e de dentro tirou duas passagens.

–Fernando de Noronha? Uau! -Foi tudo o que ela conseguiu dizer.

–Eu e seu pai comemoramos o nosso aniversário de 15 anos de casamento lá, você lembra?

–Oh se lembro. Estava louca pra ir e no final só vi fotos. -A loira comentou.

–Bom, agora você pode ir. -Adolfo disse.

Bruno pegou as passagens da mão da esposa.

–Espera, mas isso é pra depois de amanhã. Mesmo que nós aceitássemos o presente, não teríamos como nos organizar à tempo. -Ele disse.

–Isso não é um problema, nós planejamos tudo. Já entramos em contato com a Débora e o Michel, e ambos liberaram vocês. -Marta contou.

–E a sua faculdade, Fatinha? -Ele perguntou, pensando em aceitar o presente dos pais.

–Bom, não vai ser bom perder tantos dias de aula… -Ela disse pensativa.

–Mas você vai dar um jeito, tenho certeza! -Adolfo garantiu. -Vocês não vão fazer a desfeita de recusar o nosso presente, não é?!

O casal trocou olhares e a loira se pronunciou.

–Já que vocês insistem…

Os pais comemoraram.

–Marta e Olavo, nós queríamos fazer um convite à vocês. -Vilma disse. -Nós gostaríamos que vocês passassem essa semana conosco em Carambolas, vocês e a Bia. Queremos retribuir a hospitalidade e, além do mais, uns dias para descansar é sempre bom.

–Eu adorei a ideia! -Marta disse. -Você pode, Olavo?

–Bom, eu vou dar uma alterada na minha agenda. Vai ser ótimo conhecer a cidade onde minha norinha cresceu. -O advogado disse.

–Ih sogrinho, nada de criar expectativas. Carambolas é quase uma roça. -Fatinha disse.

–Também não é assim, Maria de Fátima. Não menospreze a sua cidade. -Vilma repreendeu a filha. -Olavo, a cidade é pequena, mas é muito agradável.

Eles passaram o fim de tarde fazendo planos para as viagens. Bia não estava entendendo muito bem o que estava acontecendo, mas estava empolgada.

(...)

–Meu Deus, eu sou uma mãe horrível. -Fatinha disse terminando de fechar a mala da filha.

–Por que você está falando isso? -Ju perguntou confusa.

A design tinha ido até a casa do irmão e da cunhada para buscar a afilhada. O casal viajaria no dia seguinte de manhã cedo, e a filha já ficaria na casa dos avós.

–Porque eu vou deixar a minha filha sozinha por uma semana! -A loira disse exasperada. -Não sei como vou fazer para aguentar uma semana sem o meu bebê.

–Para Fat! A Bia não vai ficar sozinha, ela vai ficar com os meus pais. E além do mais, daqui à dois dias eles vão pra Carambolas, o que não vai faltar é quem cuide dela.

–Mas e se acontecer alguma coisa? E se ela cair e se machucar? E se ela ficar doente?

–Vamos parar de surto, por favor! -Lia pediu entrando no quarto. -A Bia não vai cair, não vai ficar doente e nem nada do tipo. E você, dona Maria de Fátima, seja um pouco mais irresponsável e vai curtir a sua lua de mel. Se eu estivesse no seu lugar, garanto que estaria mais preocupada com outras coisas.

A loira atirou uma das bonecas de Beatriz no rosto da amiga.

–Já te avisei para parar de tarar o meu homem! -Ela esbravejou. -Ninguém merece ter uma amiga fura olho!

–Ih Fat, para de drama. Enquanto vocês só namoravam você até podia se preocupar, mas eu respeito essa coisa toda de casamento. -A jornalista provocou.

–Você é uma amiga terrível, Lia Martins! Não sei como o anjo te aguenta.

–Eu não sou uma namorada terrível, pelo contrário, sou excelente. -Ela disse com um sorriso maravilhoso.

–Cara, a Lia está falando como você há quatro anos, Fatinha. -Ju disse rindo.

–Enquanto uns amadurecem, outros regridem. -A loira disse.

–Eu vou te mostrar quem está regredindo aqui. -Lia disse empurrando a amiga na cama.

–Opa, nada de violência aqui. -Bruno disse entrando no quarto com a filha no colo.

O moreno tinha ido dar um banho em Bia, que tinha se sujado toda durante o jantar. Ele a colocou na cama ao lado da mãe e a pequena foi se arrastando até deitar a cabeça no peito de Fatinha.

–To com sono, mamãe. -Ela disse.

–Já passou da sua hora de dormir, princesa. -A mãe disse passando os dedos nos caixinhos escuros.

–É hora de ir pra casa do vovô e da vovó. -Ju disse dando a mala para Lia.

–Amor, você está se lembrando de que amanhã eu e o papai vamos viajar, certo? -Fatinha perguntou.

–To. -Ela respondeu coçando o olhinho.

–Então, nós vamos ficar alguns dias fora, mas vamos te ligar todos os dias, tá?

–Tá.

–Eu vou morrer de saudades de você. -A loira disse abraçando a filha e sentindo os olhos marejarem.

Antes que Beatriz percebesse que a mãe chorava e começasse a chorar também, Bruno entrou em cena. O moreno sentia o coração despedaçar, mas se fez de forte. Aquela seria a primeira vez que eles ficariam fora por tanto tempo.

–Eu quero um abraço bem forte. -Ele pediu e a menina obedeceu, sorrindo. -Eu te amo, minha princesa.

–Te amo também. -Ela respondeu dando um beijo estalado na bochecha do pai.

Fatinha e Bruno acompanharam as amigas até a porta, levando os pertences da filha.

–Ju, pelo amor de Deus, qualquer coisa me liguem! -A loira se repetiu.

–Ligo sim. Agora façam o favor de relaxar e curtir a lua de mel, ok?! -Ela ordenou.

–Isso mesmo, senão você já sabe o que acontece, não é Fat? -Lia provocou. -Tchau e boa viagem!

–Você é terrível, Lia. -Fatinha comentou rindo. -Tchau!

Eles se despediram e os pais entraram na casa.

–Acho que estou tendo a síndrome do ninho vazio. -A loira comentou se jogando no sofá.

–Síndrome do ninho vazio? O que é isso? -Bruno perguntou confuso.

–É o que acontece com os pais quando os filhotes deixam o ninho para explorarem o mundo. -Ela explicou.

–Exagerada, hein?! -O moreno riu. -Eu sei que parece uma tortura, mas são só cinco dias.

–Nós nunca passamos tanto tempo longe da Bia. -Fatinha comentou.

–É verdade. -Ele concordou pensativo. -Cinco dias de repente parece muito tempo.

Os dois suspiraram.

–Acho que o melhor que nós fazemos é ir dormir. Temos que chegar no aeroporto que horas? -A loira perguntou.

–Seis horas.

–Só de pensar em acordar tão cedo já me dá sono. Cama, moreno. -Ela disse se levantando e puxando o marido pelo braço.

(...)

Um voo de aproximadamente três horas, seguido de duas horas e cinquenta minutos de espera em Recife, mais duas horas de voo.

Todo o cansaço da viagem foi deixado de lado quando eles chegaram à Fernando de Noronha. O arquipélago fazia jus a fama que tinha.

Os dois pagaram a taxa de preservação e em seguida pegaram um táxi para chegarem a pousada.

–Boa tarde! Meu nome é Camilo, para onde vocês vão? -O senhor perguntou com um sorriso simpático.

–Pousada Maravilha. -A loira respondeu retribuindo o sorriso.

–Pela cara de felicidade, acho que vocês estão em lua de mel, certo? -O homem chutou.

–Certíssimo. -Bruno respondeu com um sorriso orgulhoso.

–Parabéns então! Espero que vocês sejam tão felizes, quanto eu fui nesses 45 anos de casamento. -Camilo disse genuínamente.

Os recém-casados foram conversando com o taxísta durante o percurso e se atentando a todas as observações que ele fazia sobre o arquipélago. Nos cinco dias em que eles ficariam em Fernando de Noronha, daria para conhecer boa parte da ilha.

Quando eles chegaram na pousada, se despediram de Camilo pegando o telefone dele para uma eventual necessidade.

Um carregador veio recebê-los, pegou as malas e os acompanhou até a recepção.

–Eu já estou amando. -Fatinha sussurrou para o marido.

–A nossa recepção está sendo excelente. -Ele concordou. -Estou entendendo o motivo desse lugar ser tão cobiçado.

A recepcionista pediu que eles preenchesse alguns papeis, deu algumas recomendações sobre o lugar e depois um rapaz os acompanhou até o quarto.

–Hn, acho que temos um engano. -Fatinha comentou quando eles chegaram ao quarto, que na verdade era o bangalô.

–Algum problema, senhora? -O rapaz perguntou.

–Tem certeza que a nossa reserva é essa? -Ela perguntou espantada com a acomodação.

–Reserva para o senhor Bruno Menezes e senhora Maria de Fátima Menezes. Cinco dias de estadia. -O rapaz leu a ficha em voz alta. -Feita pela senhora Vilma dos Prazeres há três meses.

–Uau! -Fatinha só conseguiu dizer isso.

–Bom, espero que vocês estejam bem acomodados. Caso precisem de algo é só ligar para a recepção, ramal 01.

O funcionário saiu e deixou que o casal se acomodasse. Eles estavam mais do que impressionado.

–Nós precisamos agradecer aos nossos pais. -Bruno finalmente se pronunciou.

A loira começou a explorar o bangalô.

–Moreno, olha isso! -Ela disse chamando a atenção do marido. -Tem um ofurô com hidromassagem na varanda!

–E você viu o tamanho da cama? -Ele comentou com um sorriso safado.

–Pelo visto a última coisa que faremos nessa viagem é descansar. -Ela disse correspondendo o sorriso.

–Você sinceramente esperava algum descanso nessa viagem?

–Não. -Ela gargalhou e o marido a carregou no colo. -Por onde nós vamos começar? Cama ou ofurô?

–Bom, de acordo com as suas últimas predileções… Ofurô. -Ele disse indo para a varanda.

Bruno colocou a esposa de pé ao lado da hidromassagem.

–Olha essa vista, moreno. -Ela comentou maravilhada. -Perfeita.

–Não mais perfeita do que você. -Ele disse beijando o pescoço dela.

Fatinha olhou para o marido sabendo que os seus olhos brilhavam.

–Eu te amo, sabia? -Ele disse abaixando as alças do vestido da esposa.

–Não mais do que eu amo você. -Ela retribuiu as palavras passando os braços pelo pescoço dele. -Meu moreno. Só meu!

–Todo seu! -Ele disse beijando-a.

(...)

O casal só deixou o bangalô para apreciar o pôr-do-sol. A vista da piscina era de tirar o fôlego.

–Moreno. -Fatinha chamou a atenção do marido. -Será que está tudo bem com a Bia? Já estou com saudades da minha princesa.

–Eu também. -Bruno concordou com um sorriso coruja. -Mas isso nós podemos descobrir agora.

O rapaz deixou a área da piscina e depois de alguns minutos voltou com o notebook em mãos.

–Será que vai ter alguém online? -Ela perguntou.

–Espero que sim.

Logo a tela estava ligada e Bruno abriu o skype.

–Olha só quem está online: Juliana Menezes. -Ele disse.

Logo a imagem da irmã apareceu na tela.

–Bia, vem ver quem está aqui. -Ju chamou a afilhada.

–Quem? Quem? -A pequena perguntou correndo. -Mamãe! Papai!

–Oi princesa! Que bagunça é essa que vocês estavam aprontando? -Fatinha perguntou.

A bagunça a qual a loira se referia era a filha estar com as mãos brilhando em cores diferente e a cunhada estar com uma maquiagem borrada no rosto.

–Dicas da Bia! -A pequena disse mostrando os dedos coloridos. -Olha o meu batom, mamãe! É vemelho.

–O que você está fazendo com a minha filha, Juliana? -Bruno perguntou com cara de poucos amigos.

A morena gargalhou.

–Nós estávamos gravando um Dicas da Ju, com a participação da Bia. E o batom foi ela que escolheu.

–E qual a dica que vocês estão dando? Maquiagem para festa fantasia? -Fatinha provocou.

–Continua insuportável. Eu e a Bia estamos nos divertindo, o vídeo não vai ser postado no blog como uma dica e sim como uma extra.

–Não gosto dessa exposição toda. -O moreno reclamou.

–Bruno, não seja tão chato. É só um vídeo! -Ju disse.

–Só um vídeo... -O moreno resmungou.

Antes que ele pudesse continuar com a reclamação, Marta entrou no quarto.

–Vocês estão com fome? Meu Deus! Que bagunça é essa? -A mulher perguntou espantada.

–Eu perguntei a mesma coisa, sogrinha! -A loira disse.

–Fatinha? -A mulher foi até o computador.

–Oi sogrinha! Olha só essa vista! -A garota mostrou o ambiente ao redor.

–Oi mãe, tudo bem por aí? -Bruno perguntou.

–Nossa, que saudade dessa paisagem. Noronha é um paraíso mesmo. -Ela comentou. -Está tudo bem por aqui sim, filho. Nada se novo acontecendo.

–Opa! Temos novidades sim. -Ju interrompeu. -Eu e o Gil decidimos que vamos nos casar no final no ano que vem.

–Sério?! Já marcaram a data? Decidiram o local? -A loira perguntou.

–Estou com uma data em mente, mas ainda não olhei a disponibilidade da igreja. Vamos fazer um casamento tradicional, digno de uma princesa, ok?!

–Ih, já estou imaginando. Casamento da Barbie? -Bruno provocou.

–Nossa, mas vocês formam o casal perfeito. Dois insuportáveis! -Ju bufou.

–Como está tudo aí? -Marta perguntou. -Fizeram uma boa viagem?

–Sim, a viagem foi bem tranquila. As paradas foram mais longas do que nós gostaríamos, mas valeu a pena. -Ele resposdeu.

–Oh se valeu. Sogrinha, esse lugar é perfeito! Muito obrigada por esse presente maravilhoso. -Fatinha disse. -E cadê o sogrinho?

–Ainda trabalhando. Fico feliz que estejam gostando da viagem. -Disse ela. -E espero que tragam o meu presente.

–Ah é claro! Vamos levar presentes para todos. -A garota disse.

–O presente que eu quero é algo bem específico.

–Ih, lá vem bomba. -Ju comentou.

–E qual seria o presente, mãe?

–Mais um netinho! -Ela perdiu e viu a nora engasgar. -Bom, pelo menos pensem na ideia. A Bia logo vai estar na escolinha, vocês já estão mais estáveis financeiramente, e aquela casa é muito grande só pra vocês.

Bruno abanou a esposa, que parecia prestes a desmaiar.

–O que você acha de ter um irmãozinho, Bia? -Ju perguntou para a afilhada.

–Irmãozinho?

–É, um amiguinho ou amiguinha pra brincar com você.

–Amiguinha pode. -Ela disse focada em maquiar a boneca.

–Aí, a Bia quer uma irmãzinha. -Ju disse com um sorriso vitorioso.

Antes que Fatinha surtasse, Bruno a interrompeu.

–Nós vamos pensar no assunto, mãe. Agora precisamos desligar. -Ele disse. -Tchau, beijos! Te amo, Bia!

Os dois só voltaram a respirar quando fecharam a tela do notebook.

Antes que eles pudessem se pronunciar, uma risada tomou conta da área. Eles olharam na direção do som e encontaram um casal por volta dos 50 anos.

–Peço desculpas, mas foi impossível não escutar a conversa de vocês. -O senhor se desculpou.

–Tudo bem, perucão. -Fatinha disse ainda aérea e recebeu um cutucão do marido.

–Ela te chamou de perucão. -A mulher comentou rindo. -Eu disse que essa peruca não estava boa, querido.

–Uma jovem espirituosa, pelo que eu vejo. Meu nome é Thales, e essa é a minha esposa, Brenda. -Ele disse se aproximando. -Novamente peço desculpas pela minha indiscrição, mas é que a situação me trouxe boas memórias.

–Não tem problema. -O moreno disse aceitando a mão que o homem estendia. -Meu nome é Bruno, e essa é a Fatinha, minha esposa.

–É um prazer conhecê-los. -Ele disse.

–Vocês são casados há muito tempo? -Brenda perguntou.

–Três dias. -Fatinha respondeu sorrindo.

–Ah, um casal em lua-de-mel! Que delícia. -Ela disse.

–Nós também estamos em lua-de-mel. -O perucão disse. -A nossa quinta lua-de-mel.

–Estamos comemorando as nossas bodas de prata. -A mulher compartilhou.

–Nossa, parabéns! -Fatinha abraçou os dois. -Moreno, nós vamos ser assim no futuro, ok?!

Bruno também abraçou o casal e concordou com a esposa rindo.

–Vocês já conheciam Noronha? -Thales perguntou convidando os dois para se sentarem com eles.

–Não, chegamos ontem. -Fatinha contou adorando conhecer o casal. -Ganhamos a viagem de presente dos meus pais e dos sogrinhos queridos.

–Nossa, e que presente! De todos os lugares que eu já conheci, Fernando de Noronha é um dos melhores. -Thales disse.

–Verdade, eu digo sem medo que no Brasil é o melhor lugar para viajar. -Brenda acrescentou. -São tantas coisa para fazer aqui, que toda vez é sempre uma surpresa.

–Eu dei uma olhada nos pontos turísticos e estou louca para ver o Projeto Tamar. -A loira disse.

–A palestra é ótima, todo o trabalho deles é espetacular, vale a pena conferir. -O perucão contou. -Eu e a Brenda temos uma empresa de turismo, então se precisarem de dicas é só pedir. Além de conhecimento profissional da região, nós já viemos aqui algumas vezes.

–Sério?! Eu estou me formando em Turismo! -Fatinha contou empolgada. -Trabalho em um Hostel já faz alguns anos, e acabei escolhendo essa área. Agora o Michel, meu chefinho, me promoveu. Estou fazendo alguns passeios turísticos com os hóspedes e eles estão adorando!

–Vocês são de onde? -Brenda perguntou curiosa.

–Rio de Janeiro. -Ela respondeu.

–Nós moramos no Rio por um bom tempo, nossa filha mora lá. -O perucão disse. -A Viviane é advogada, trabalha na área do direito tributário.

–E hoje vocês moram aonde? -Bruno perguntou.

–Estamos morando em Angra, mas já faz um mês que estamos fora de casa. Decidimos comemorar os vinte e cinco anos de casamento em grande estilo! -Brenda contou. -Já estivemos em Manaus, São Luís e Fortaleza. Agora vamos passar duas semanas aqui.

–Vocês estão fazendo um tour pelo Brasil, então?! -Fatinha perguntou.

–Estamos sim. Daqui nós vamos pra Minas Gerais, de lá vamos explorar o sul e depois voltamos pra Angra. De acordo com o nosso planejamento, temos mais dois meses de viagem.

–Ai que delícia! Eu quero! -A loira disse.

–Como se nós fossemos aguentar ficar tanto tempo longe da Bia… -Bruno disse. -Vamos esperar as nossas bodas de prata, que tal?!

–Quem é Bia? -Thales perguntou.

–É a Beatriz, nossa filhota. -Fatinha disse com um sorriso orgulhoso. -Ela é a coisa mais linda desse mundo! Moreno, mostra uma foto pra eles.

Bruno pegou o celular e mostrou algumas fotos pro casal.

–Ela tem três anos. -Contou a mãe.

–Que gracinha! -Brenda disse encantada. -Me dá uma saudade da época que a Vivi estava desse tamanho.

–Ela é a única filha de vocês?

–É, e é por isso que nós estávamos rindo da sua conversa. Depois que a Viviane completou dois anos, a cobrança por um segundo filho foi enorme por parte da família. Nós preferimos adiar e focar no trabalho, aí quando estávamos decididos a ter mais um a Vivi já estava com dez anos. -Thales contou. -A Brenda até chegou a engravidar, mas perdeu o bebê antes de completar dois meses.

–Nossa, sinto muito. -Fatinha disse segurando a mão da mulher.

–Na época nós ficamos arrasados. Eu tive complicações por causa do aborto, e por fim, foi preciso fazer a retirada do útero. -Ela contou. -Bom, mas a Viviane deu tanto trabalho que valeu por dois filhos.

O casal riu.

–É verdade, a menina arrumava briga na escola sempre! Ela batia nos meninos e nas meninas, sem preconceito. Foi uma luta pra controlar o gênio difícil dela, mas conseguimos. -Thales disse. -E hoje aqui estamos: vinte e cinco anos de casado, uma filha formada e de casamento marcado, sem grandes preocupações.

–Ter um outro filho agora me parece uma ideia tão assustadora. -A loira disse. -Talvez seja porque a gravidez da Bia não tenha sido planejada, nós eramos muito novos e acabou sendo muita coisa ao mesmo tempo.

–Bom, posso dar um conselho? -Brenda perguntou e Fatinha assentiu. -Pensem sobre a possibilidade com calma. Se vocês querem mais um filho no momento e se vocês tem condição para isso. Mas não foquem só na vida profissional, dá pra crescer e ter uma família ao mesmo tempo, e hoje eu vejo isso.

–Que tal nós continuarmos essa conversa amanhã? -Thales sugeriu. -Vocês devem ter outros planos pra hoje e nós não queremos atrapalhar. Mas antes eu gostaria de fazer um convite.

–Claro. -Disse Bruno.

–Eu e a Brenda alugamos um barco para um passeio até a praia de Sancho, e eu gostaria muito que vocês fossem. -Ele convidou.

–É um passeio excelente, vocês não podem ir embora de Noronha antes disso. -Brenda reafirmou.

–Passeio de barco? ADORO! -Fatinha disse empolgada.

–Nós não queremos incomodar vocês. -Bruno disse preocupado.

–Não será incomodo nenhum e eu não vou aceitar um “não” como resposta. -Disse o perucão.

–Bom, se é assim, vai ser um prazer. -O moreno cedeu.

–Ótimo, amanhã às oito nos encontramos no café-da-manhã, pode ser?

–Claro.

Bruno e Fatinha voltaram para o bangalô para tomarem um banho antes de jantar.

(...)

Os dias da viagem passaram voando. Thales e Brenda eram companhias muito agradáveis, e faziam questão de apresentar os melhores lugares da ilha. Eles mergulharam com snorkel e cilindro, visitaram o projeto Tamar, foram no festival gastronômico da região, exploraram as várias praias, fizeram trilhas, além de curtir a vida noturna do lugar.

Uma viagem inesquecível.

Mas o mais importante de toda a viagem foi uma conversa que aconteceu no último dia.

–Eu pensei bastante nos últimos dias, moreno. -Fatinha disse fechando a mala.

–Pensou em quê? -Ele perguntou.

–Em encarar outra gravidez. -Ela disse se sentando na cama.

–Eu também pensei no assunto.

–Bom, eu admito que tenho um pouco de medo. A Bia parece tomar todo o tempo do mundo, e mais um filho me parecia impossível. -Disse ela. -Mas eu pensei, pensei e pensei. Nós temos saúde, uma casa, muito amor, trabalhamos e pagamos nossas contas em dia: por que não?

Bruno ficou calado, olhando pro nada.

–Moreno, esse é o momento de você dar a sua opinião, sabe?! Se você achar que não é o momento, nós podemos esperar mais. E também não é pra ficar grávida amanhã, eu teria que ir à ginecologista, fazer alguns exames e principalmente me formar. Nisso a gente ganha uns seis mes-

A fala descontrolada da garota foi interrompida por um beijo de tirar o fôlego. Quando eles se separaram, Bruno a olhou nos olhos com um sorriso enorme no rosto.

–Estou louco pra ter outra mini-Fatinha correndo pela casa, minha loira. -Ele disse.

–Não, mas agora vai ser um menino. Um menino todo politicamente correto pra ficar brigando com a Bia. -Ela disse discordando.

–Pois eu acho que vai ser outra menina.

–Sua opinião está errada. -Ela disse fazendo biquinho. -Eu é que vou carregar essa criança por nove meses e já decidi que vai ser um menino.

–Mas quem define o sexo é o homem e não a mulher. -Ele provocou.

–Foda-se a biologia, Bruno! Vai ser um menino, não adianta discutir.

–Isso é o que nós vamos ver. -Ele disse deitando a esposa. -Mas antes vamos praticar um pouco?

–Moreno, nós vamos nos atrasar pro nosso jantar de despedida. -Ela disse sentindo a racionalidade se perder com os chupões que o marido distribuía pelo pescoço dela. -O perucão e a Brenda vão ficar chateados.

–Eles vão entender. -Bruno disse a calando.

E eles entenderam.


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Notas finais do capítulo

Voltei dos mortos o/

Eita capítulo que não saía de jeito nenhum! Nunca garrei tanto pra escrever, KKKKKK.

Desculpa a demora, mas não foi proposital.
Beijos e COMENTEM, por favor?