Desceram do carro sobre gritos e ovações. Assim como no dia em que Giane havia voltado do hospital após o acidente, todo o bairro estava ali para recepcioná-los. E não importava que a garota estivesse cansada, enjoada, e precisando de repouso... Poder afinal estar com aqueles que ela amava, era seu melhor remédio.

_ Meu Deus, mas está ainda mais bonita do que nas fotos. – Salma foi a primeira a abraçar Giane, assim que Fabinho a ajudou a descer do carro – E pensar que até outro dia você era uma garotinha jogando bola aqui na rua, e agora está casada e pra se tornar mãe... Como o tempo passou.

_ Pois é, até dá pra acreditar que ela era mesmo uma garotinha, e não um moleque né? – provocou Fabinho, recebendo um revirar de olhos de cada uma das mulheres – Mas é ótimo ver você também, viu tia Salma?

_ Eu mereço um marido tão carente assim né? – perguntou a corintiana, enquanto a mais velha abraçava o rapaz.

_ Aproveita que o bonitinho ai está sendo cumprimentado, e vem cumprimentar o resto das pessoas que está mortas de saudades de você, por favor né. – Lili se aproximou, abraçando a grávida.

A meia hora seguinte foi gasta com abraços e cumprimentos. Lucas não parou quieto por um minuto na barriga da mãe, parecendo sentir o clima de alegria que reinava no ambiente onde estavam. Fabinho não ficava mais do que meio metro longe da corintiana, sempre atento e preocupado, o que gerou várias piadas por parte dela, porém só fortaleceu a certeza dos moradores da Casa Verde de que o ex-badboy havia mesmo mudado.

Aos poucos foram se atualizando das novidades que Margot havia se esquecido de mencionar. Parabenizaram Érico e Renata pelo noivado, e Fabinho e o novo sócio puderam afinal selar a sociedade cara a cara. Descobriram que Rosemere havia se mudado para a casa de Perácio, e os dois haviam se casado uma semana antes. Também souberam do namoro de Felipinho e Xande, o que foi uma grande surpresa para ambos.

Mas acima de tudo, responderam perguntas e contaram sobre os meses que haviam estado fora, sobre Lucas e sobre o casamento de ambos.

_ E como é a Holanda? – perguntou Odila, os olhos brilhando de curiosidade.

_ É incrível, cada pedaçinho que nós conhecemos. – garantiu Giane sorrindo – E de certa maneira, lembrava aqui, a Casa Verde. Tinham tantas flores, em todos os lugares...

_ E isso aconteceu também na Bolívia. Acho que é carma, sei lá... Pra onde essa maloqueira me arrasta, tem flor. É impressionante. – zombou Fabinho, fazendo todos rirem – Acho que o Lucas vai sair daí de dentro fazendo “bem-me-quer-mal-me-quer”, porque não é possível.

_ Fraldinha reclama, mas se divertia posando para mim nos campos. – entregou Giane, fazendo o marido revirar os olhos – Tenho tantas fotos dele no computador, que qualquer modelo ficaria com inveja.

_ Falando em fotos, nós víamos as que vocês mandavam, todas as semanas. – contou Charlene – Sua barriga cresceu tão rápido.

_ E cresceu demais né. – a florista fez careta – Esse moleque é tão espaçoso quanto o pai, não se contentou em simplesmente ficar acomodadinho aqui. Quis fazer da minha barriga uma mansão.

_ Ela só tá fazendo charme, esses dois não param de babar nesse barrigão lindo. – contou Malu, abaixando e beijando a barriga da cunhada – Não é Lucas? O papai e a mamãe são dois babões.

_ Não tanto quanto a tia Malu e o tio Maurício, que estão quase me deixando louco com o falatório diário deles. – Fabinho imitou a voz de bebê, fazendo todos rirem.

_ Papai, para de ser ciumento, você sabe que eu te amo. – dessa vez quem fez a voz fininha foi Giane, e o marido lhe deu um selinho – Mas eu ainda amo mais a mamãe.

_ Voltamos a discutir isso quando você souber falar por si próprio. – o rapaz encerrou a discussão, arrancando mais risos dos presentes – Sério gente, me sinto um palhaço quando estou com vocês. Ou a vida de vocês é muito triste, ou nós somos muitos engraçados.

_ Realmente, o mundo gira e você não muda. – Santa debochou, mas estava apenas provocando.

_ Se eu perdesse meu charme, vocês não iam gostar tanto de mim. – garantiu o rapaz, levantando do lado de Giane – Agora dá o Marcos um pouco mãe... Quero estragar meu irmão antes de irmos embora.

_ Vocês vão sair do país de novo? – perguntou Jonas, e Giane negou.

_ Nós apenas vamos estar a uma distância segura de São Paulo. Assim estaremos longe da Amora, mas perto para poder vir vocês, ou nossos pais irem nos ver. – explicou a garota, que agora tinha a barriga disputada por Salma e Rosemere.

_ Eu ainda acho que vocês poderiam ficar aqui. – Malu fez bico – Todos nós estaríamos perto, o Fabinho poderia voltar para a agência, nós poderíamos arrumar o cantinho do Lucas...

_ Malu, já discutimos isso mais de cem vezes. – Fabinho bufou cansado, com o irmão mais novo aninhado nos braços – A cocotinha é mais esperta que todos nós juntos, e ela já conseguiu aprontar conosco com todos aqui... Pelo menos até o Lucas nascer, é melhor ficarmos longe.

_ E vocês acham que vai ser mais seguro depois que o Lucas nascer? – quem perguntou foi Bento, e sua expressão era de cansaço e tristeza – A verdade é que não importa se o Lucas já tiver nascido ou não, a Amora vai continuar sendo perigosa. E enquanto vocês não derem um basta e enfrentarem isso... Bom, vocês vão ter que fugir pelo resto da vida. E então ela vai ameaçar mais e mais, e não vai ser só vocês. E o dia em que a Malu e o Maurício quiserem ter um filho? Vão ter que ficar com medo dela vir atrás? Quando eu quiser ter um filho com alguém? Quando qualquer um aqui, de quem ela tenha raiva... – o rapaz afundou o rosto nas mãos – Não dá mais pra nós todos vivermos assim.

_ Eu tenho que concordar com o Bento. – disse Maurício, abraçando a noiva pelos ombros – Não que não tenha sido legal todas essas viagens, mas todos nós já estamos cansados, especialmente vocês dois. E o Lucas também.

_ Esse devia ser o momento mais feliz da vida de vocês dois, e só o que vocês estão fazendo é fugir e sofrer. E não digam que é mentira, porque se fosse, a Giane não teria ficado tão perto de entrar em trabalho de parto com 23 semanas de gestação. – Bento tornou a falar – A escolha é de vocês, sempre foi. Mas se tem uma coisa que eu sei sobre vocês dois é que vocês são corajosos, cabeças duras, e não deixam ninguém mandar em vocês, já tive provas o bastante disso... Então cadê a Giane e o Fabinho que eu conheci?

A grávida ergueu os olhos para o marido, abraçando a barriga. Fabinho a encarou, suspirando, aninhando Marcos a si.

_ Plínio... Manda trazer as nossas coisas para cá. – pediu Giane, se levantando e caminhando até o publicitário – Nós vamos ficar na Casa Verde.