A Mecânica Dos Anjos escrita por Misty


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

As ondas do tempo não podem apagar aquilo que foi escrito, ou lhe foi roubado...
Rezas e flores não irão trazer de volta o que me foi tirado...
Apenas espero que entendam minha escrita, minhas únicas lembranças.

*Geroge Pirip



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Algumas histórias que me contaram nem um pouco me animam, diziam que meu pai era um Punk, e quando pequena minha mãe fugiu comigo, me deixando sob a guarda de Madame Lovalece. De fato eles nunca falaram seu nome nem mesmo de minha mãe, mas acho que agora Lovalece e seus “órfãos” são minha nova família.

Eu gosto deles, principalmente os irmãos Morgan e a garota Rocks, de fato acho que ainda passaremos por muitas coisas, e fico feliz com isso.

Lovalace me disse outro dia que seria bom se eu esquecesse meu passado, acho impossível, mas ela me deu uma dica; ao agora em diante serei apenas Sophie Iscked, talvez isso seja um começo.

- Nora, o que está lendo? -Abaixei o livro, olhando em direção a Charles, que sentava sobre um banco estofado de couro gosto, do dirigível público que demoramos mais ou menos uma hora para conseguir pegar. Charles parecia cansada, abrindo bocejo a cada cinco segundos.

- Nada demais -argumentei deixando o livro sobre meu colo e mordendo a língua para não perguntar quem afinal era Sophie e se ela estaria junto aos outros Markers hoje, resolvi deixar isso em segredo por um tempo -Então, acho que ir visitar George foi uma perda de tempo.

Mas Charlie apenas abriu um meio sorriso.

- Nem tanto Nora...nem tanto -ele apenas me mostrou um pequeno livro de capa roxa, olhando-o como se ali estivesse escrito o segredo do universo-Antes que pergunte o que tem aqui, é um dos livros...proibidos de George.

Lhe fiz uma careta, tentando não arcar minha sobrancelha.

- Você o roubou? Tio...

- Não chamo isso de roubo, chamo de empréstimo secreto.

Apenas balanço a cabeça, o vendo arregalar os olhos enquanto as letras pareciam pular para cima, o dirigível chacoalhou de forma bruta, fazendo as outras pessoas resmungarem, eu apenas voltei minha atenção ao diário da garota Iscked.

Hoje aprendemos a usar facas, acho que adorei o sentimento de poder que ela me traz, mas sem querer acabei machucando Susan, mas de qualquer forma ela não pareceu se importar, isso me deixa mais feliz e tranquila. Mas toda essa paz se foi, quando Lovalece começou a especular sobre a família de meu pai, me sinto estranha quando a isso, que culpa tenho se ele foi um maldito Punk!

Susan, Sophie teria conhecido Susan? Uma idéia aos poucos fora se formando em minha mente, os irmãos Morgan seria Ian e bem, seu irmão? De qualquer forma o diário de Sophie estava me trazendo algumas descobertas, de fato não muito importante, mas mesmo assim...

Essa noite eu sonhei, aquela mesma música estranha que parece me chamar, me fez levantar e ficar encarando o grande relógio pela janela, tenho medo de enlouquecer, Lovalece está muito ocupada caçando algum louco que lhe manda mensagens subliminares, os Morgan parecem estar lidando com seus próprios demônios e Susan está distante novamente, me sinto sozinha... gostaria que minha mãe estivesse aqui, porque ela me deixou aqui!

Havia uma foto grudada com uma pequeno adesivo em forma de estrela, era uma foto holográfica que parecia se mexer. Nela estava uma garota de traços familiar, que tentava não sorrir, mas era impossível, e ali estava seus dentes. Ao seu lado estava Ian, sim era ele mesmo, mas diferente de Sophie tinha um sorriso brilhante, e segurava a mão enluvada da garota, em um canto distante estava Susan brigando de forma engraçada com um outro garoto, esse extremamente parecido com Ian.

Logo abaixo, havia uma pequena legenda:

Noite do encontro dos Markers, de fato não faço idéia de onde Lovalece está, certamente se embebedando com George. Ian essa noite estava maravilhoso, um verdadeiro cavalheiro que faz meu coração dar saltos irregulares....e claro, Susan e Phill em mais uma de suas brigas...acho que há algo ali.

Senti minha garganta inchar enquanto tentava imaginar o que havia entre Ian e Sophie, e se ele a tinha porque estava me entregando rosas? De fato não conseguia entender mais nada, e Phill...isso me lembrou aquele valho lunático, tudo estava bagunçado, uma grande bolha de confusão. Acho que não deveria ter mexido nessas coisas.

Mas não conseguia mais parar.

Acho que há algum mal se alastrando pelas ruas, e sinto que está chegando perto, está em busca de algo... a mim. Será que minhas linhagens punks está finalmente começando a se aflorar, isso me deixa com medo...

Phill está estranho, assim como todos a minha volta. Estou tentando me isolar, de fato essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura, Ian me olha estranho, não sei o que está havendo, Lovalece sabe de algo? Certamente, mas jamais irá me contar....acho que isso tem haver com meu pai...ele ainda está vivo? Minha mãe ainda está por ai, e quem é a outra garota que ouvi Lovalece cochichar com Fiona?

Eu sentia um pouco de pena dessa garota que nem mesmo conheço, sua história me parece trágica, e talvez Fiona pudesse me contar algo. Conforme as folhas iam passando, sua letra ficava mais estranha...sua escrita mais desesperada.

Eu acho que vou morrer....sim, prefiro morrer do que ir para aquele lugar. Deus porque isso tudo está acontecendo! Estava tudo tão perfeito, então como uma avalanche, as coisas simplesmente desabaram...todos estão condenados...eu estou....os Markers estão....

Eu sempre soube, Punks e Markers nunca se dão bem, eu sou uma farsa completa, uma aberração...minha família é uma aberração a família que nem mesmo conheço mas já amaldiçoo!

Todos os Markers tem o mesmo destino; a loucura ou a morte, acho que alguns tem salvação, mas minha linhagem não...todos que pertencem a minha família estão condenados...tenho pena de minha irmã...ou até mesmo minha mãe...me sinto culpada por trazer tanta destruição aos meus amigos que sempre me fizeram bem.

Sou uma negação, já escolhi meu caminho...

O dirigível deu um outro solavanco, fazendo Charles resmungar e os outros passageiros falarem alto. Eu apenas me encolhi, fechando o diário de Sophie com força, e sentindo uma terrível energia a minha volta, havia muito mais para ser descoberto, algo maligno...algo que tinha haver com a criatura e todo as mortes que estavam acontecendo, algo haver com os Ian e seus amigos, comigo e Charles, Lovalece e todo os Markers....

Temo a verdade, mesmo assim seria covardia não terminar sua história, por mais trágica e familiar que me pareça.


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Notas finais do capítulo

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