A Mecânica Dos Anjos escrita por Misty


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

" Então eles se aproximavam, de forma sorrateira e silênciosa...enquanto o mal se ergue pelas ruas...eles ainda não percebem..não percebem nada..."

George Pirip



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/418078/chapter/15

Na manhã seguinte não havia vestígios de que algo brutal tinha acontecido, eu ainda me perguntava quem havia limpado toda aquela carnificina.

- Charles, não deveríamos nos encontrar com Madame Lovalece? -perguntei a ele, enquanto abotoava as mangas do meu vestido e sentia o vento frio do início da manhã bagunçarem ainda mais meu coque mal feito.

- Agora são sete horas, Lovalece deve estar em coma ainda -ele suspirou como se não acreditando no que ia dizer -Ela tem o que chama de “sono de beleza” e acorda apenas a tarde, ou seja quem quiser falar com ela tem de ir a tarde.

- Mas...bem, não seria hoje o dia quem os outros Markers iriam chegar?

- Sim, mas como se ela se importasse realmente com isso, agora venha temos uma manhã estressante pela frente.

Eu estava nervosa, conhecer pessoas novas me deixava assim, e bem, devo relatar que no caso de Ian, Susan e companhia aquilo foi em um momento de pura agitação, então acho que me sai bem, mas agora sinto como se fosse vomitar. Fiona ainda estava dormindo quando saímos do bloco onde Charles morava, ele lhe deixou um bilhete, mas isso não iria impedir que ela gritasse conosco quando voltássemos.

Acho que Fiona teme perder mais pessoas, assim como perdeu seu marido.

- Onde estamos indo? -perguntei a ele, enquanto atravessávamos a rua parcialmente vazia.

- Preciso encontrar uma pessoa, depois uma outra que sabe o que essa nota quer dizer.

Apenas os segui, querendo saber quem era “ele”, chegamos no que parecia ser um grande galpão, de aparência solitária e pacata, com apenas um senhor idoso, limpando alguma coisa imaginaria no chão.

- Quem está ai?-sua voz era alta e clara, mesmo que sua aparência relatasse um homem extremamente velho. Ele sorriu quando nos viu, apertando os pequenos olhos puxados -Charles Darlly que surpresa, faz um bom tempo meu amigo.

- Digo o mesmo Phil, veja essa é minha sobrinha Nora.

- Prazer -sorri enquanto o homem parecia me analisar, enquanto suspirava de forma cansada.

- Uma Marker? -ele coçou a careca, com apenas alguns tufos de cabelos brancos -Tão parecida com Celestria, me diga Nora é corajosa como vossa mãe?

Fiquei em silêncio...eu uma Marker, até alguns dias atrás eu não era nada a não ser uma humana comum que queria apenas algum conforto familiar, mas me lembrando da imagem de meus pais, imponentes e fortes, empunhando espadas....eu...certamente não me parecia com minha mãe, talvez jamais fossemos iguais ao todo.

- Phil deixe-a em paz por um tempo -então pigarreou, enquanto ajeitava sua cartola que voava com o vento. O galpão ficava em uma área abandonada, quase isolada com os prédios longe, tudo que havia ao redor era árvores e mato seco -Precisamos do seu dirigível.

- Ora...ora Charles, o que pretende fazer? -sussurrou o velho, voltando atenção ao chão. Charles chutou uma pedra ao longe.

- Necessitamos ir até Altrose.

Nessa hora o chamado Phil arregalou seus olhos, e pude notar que eram quase âmbar brilhante, apesar de tudo eram jovens e isso era assustador. Ele tossiu, enquanto negava.

- É louco! Completamente louco! Não vou ajudar a se matar.

Olhei com assombro para Charles, mas o mesmo apenas balançou um pequeno frasco azul na direção de Phil, que parecia ficar em transe.

- Olha o que tenho, consegui com aquela velha do norte, se nos levar até lá é todo seu...Phil.

Ele rugiu, o homem velho parecia furioso mas se mexia de forma rápida e violenta, ele olhou para mim bufou...eu apenas rolei os olhos, o que eu posso fazer se meu tio não bate bem das idéias.

- Não acredito nisso...não acredito que irei mesmo fazer isso -novamente ele me encarou -Coloque juízo na mente desse lunático!

- O que? -eu exclamei de forma defensiva, enquanto Charles caminhava para longe, observando o galpão com interesse -Nem mesmo sei o que é Altrose, e bem o que tem naquele frasco.

Ele sorriu, me mostrando dentes brancos e retos, mas uma coisa estranha para alguém de sua idade, mas apenas suspirou.

- É algo que me pertence...mas tudo bem, se querem morrer ficarei feliz em ver isso, agora se apresse criança.

- Nora -exclamei cruzando meus braços, ele apenas olhou em minha direção com desinteresse.

- O que?

- Não sou criança, sou Nora.

Ele deu de ombros.

- É, bem tanto faz, para mim é uma criança.

Enquanto andava para longe olhei para o céu, contendo minha raiva.

- Velho maluco.

- Consigo ainda lhe ouvir!

Apenas chutei a mesma pedra que Charles e os segui, enquanto tentava imaginar o que havia naquele frasco, o que Charles e seu amigo estranho estavam planejando e o que diabos era Altrose.

Mas isso tudo ficou esquecido por tempo, quando paramos de frente para um gigante dirigível, engoli em seco enquanto apertava meu casaco ao meu redor.

- Isso...quem sabe dirigir essa coisa? -perguntei alto, sabendo que Charles não parecia muito adepto, ele apenas sorriu enquanto acenava para Phil.

- Essa coisa se chama Conser e é meu, então de qualquer forma eu irei os levar até Altrose.

- Você? Desculpe mas...o Sr. não está velho demais -desculpe pessoal, mas eu era sincera, o homem apenas rugiu enquanto subia em algumas escadas de madeira até seu...Conser, ele nem mesmo parecia enxergar direito.

- Insolente, espero que os dois se percam em Altrose! Assim eu viria mais rápido embora.

Suspirei de forma cansada e irritada, enquanto Charles apenas ria, sim, gargalhava alto como se não houvesse problemas no mundo.

- Ora Phil, pare de ser rabugento, isso não combina com você.

- Cale-se e subam e você -ele dizia apontando um dedo pálido em minha direção -Sem reclamações ou lhe jogo lá de cima.

Apenas arquei minhas sobrancelhas em surpresa, dizer que achei esse...senhor simpático seria mentira, mas de qualquer forma havia algo de muito estranho nele, eu conseguia sentir e como uma boa curiosa, estava louca para descobrir o que era....

Mesmo correndo o risco de batêramos com esse enorme dirigível nos prédios da cidade, com o velho cego nos guiando...é essa viagem não me parecia muito promissora, mesmo assim Altrose, esse lugar me soava familiar até demais, mesmo que eu nunca tenha visto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

????



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Mecânica Dos Anjos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.