A Mecânica Dos Anjos escrita por Misty


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

De algum modo, sentia que estava ficando meio maluco. Mas sempre me sentia assim. De qualquer forma, a insanidade é relativa. Quem estabelece a norma?

*Charles Bukowski



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Há coisas que poucas pessoas conseguem captar, são elas uma escória especial, nesse mundo de ingênuos e cheio de idiotas. Fui dado como louco, mas isso não importa, o que importa é: Você acredita ou não? Se sim espero que sejamos amigos, e bem, você seja lá que for, consiga entender as estranhezas e mistérios perigosos que nos cercam, ao contrário...apenas feche o livro e vá arranjar algo estúpido para fazer, sou apenas um louco.

As folhas tinham um odor estranho e antigo, letras cursivas e negras enchiam o espaço em branco, com estranhos desenhos e algumas frase em latim. Contava bastante sobre O Criador e a Criatura, os Markers e como surgiram, mas isso era algo que Madame Lovalece já tinha me informado, e não havia muita novidade, então algo no meio da folha me chamou atenção, seu titulo era claro:

Markers: Os Punks, uma raça em extinção.

Markers e Punks mesmo objetivos, poderes diferentes. Enquanto Markers tem a “obrigação” de buscarem a criatura e achar o tão temível e admirável “Angelus Lacrymin" enquanto em suas veias o sangue abençoado corre branco como a neve, os Punks são algo a ser mais temido, eles podem se jogar para o lado do bem ou do mal, isso não é uma escolha e sim um fato, o destino deles é escolhido por uma força maior.

Punks foram criados entre a relação de Markers com caídos do inferno, disfarçados de seres humanos comuns, seus filhos são uma mistura de sangue branco com o negro, algo que pode matá-los, ou elevados a glória eterna.

Mas são algo a ser temidos, mesmo assim estão sendo com o tempo aniquilados.

Punks? Isso era novo e estranho, algo que Lovalece...bem nenhum deles tinham me falando ainda, e isso não me soava bom, na verdade eu tinha um péssimo pressentimento com isso.

Com uma dor latejante atrás dos olhos deixei o livro de lado, deitando mas não conseguindo dormir, apenas temendo a palavra Punk.

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Acho que ainda era madrugada, mas consegui ouvir um grito e isso me despertou por completo, me tirando de um sonho cheio de pesadelos com criaturas com botões no lugar de olhos e homens mecânicos me atacando, enquanto Ian apenas observava.

Mas o grito não era do meu sonho, era algo real.

– Charles não seja tolo! -ouvi Fiona soar alto, enquanto a porta da frente se abria com um baque. Joguei as cobertas de lado, enquanto caminhava em direção a janela e puxava as cortinas, ma não via nada ao não ser uma movimentação estranha na rua logo abaixo.

Corri em direção a sala, onde Fiona apertava nas mãos uma parte do seu delicado rob azul claro, olhando com temor algo do lado de fora, falando consigo mesmo palavras que eu jamais iria entender. A sala estava escura, apenas a grande janela jorrava uma luz esbranquiçada por todo o cômodo, deixando tudo mais assombrado, enquanto o relógio de pendulo marcava 4:50.

– Fiona, o que está acontecendo? -perguntei por fim me aproximando, ela suspirou tirando os cabelos do rosto mas não se virando em minha direção.

– Mais uma, ele atacou novamente e na frente da nossa casa! -então andou pela sala, mordiscando os lábios -Charles é um idiota.

Cheguei perto da janela, conseguindo ver um bolinho de gente se amontoando perto da nossa porta, e Charles no meio, com seu cabelo ruivo brilhando na luz fraca do lampião a sua frente. Havia algo esticado no chão, só conseguia ver a ponta de um vestido verde e uma perna branca, enquanto o sangue descia pela rua, entre as lacunas das pedras, em um dos braços havia um corte profundo, e na parede ao seu lado havia algo escrito, escrito em sangue.

Olhei para o chão, querendo afastar minha tontura.

– Porque...porque Charles é um idiota?

– Ele acha que essas mortes são um aviso, um aviso de que algo grande está se aproximando.

Estava começando a sentir o desespero, algo que misturava o medo e ansiedade, era impossível ficar calma em uma situação como essa. Fiona procurou algo perto do piano, tirando de trás dele uma caixa pequena e delicada, com desenhos estranhos e me entregou.

– O que é isso? -perguntei sem saber o que esperar, ela apenas se encaminhou até a porta, apertando seu rob em volta de si e parecendo disposta a trazer Charles para cima.

– Tempos difíceis se aproxima, quando a hora certa chegar irá saber como usar -então abriu a porta e me fez um olhar estranho -Permaneça aqui Nora.

Me sentei no sofá, encarando a caixa como se ela fosse pular na minha garganta, mas por fim quando abri deixei um pequeno suspiro sair dos meus lábios. Era uma navalha, bem se parecia com uma. Cabo todo trabalhado em madeira, com desenhos de círculos em azul claro e na ponta o desenho de um mecanismo cercado por duas asas, o abri e sua lamina brilhou em minha direção, linda e perigosa, conseguia ver meu reflexo impressionado enquanto o seu poder começava a me dar esperança de que nada iria de fato acontecer.

Mas eu sabia que não era exatamente assim.

– Precisamos falar com o professor! -ergui meus olhos para a porta, fechando a navalha e a colocando em sua caixa, esperando Fiona e Charles aparecer. Ela suspirou, enquanto trancava a porta atrás de si, e Charles se jogava em uma poltrona de couro vermelho -Ora Nora, vejo que nem você consegue mais pregar o olho.

– De fato, mas o que...bem quem está com o corpo?

– Os policiais, eles irão levá-la para o necrotério e fazer alguns estudos, e você Charles, o que tem em mãos? Vi pegando algo do chão, enquanto tentava lhe arrastar para casa.

– Sim -ele assentiu, enquanto ligava as luzes da sala e se sentava em uma pequena mesa de tomar chã -Olhem isso, estava nas mãos da defunta, são as mesmas inscrições que estavam na parede.

– Você o pegou? -perguntei com uma careta, ele apenas me deu um sorriso assustador.

– Não me ache doente, mas isso é um recado para os Markes e desconfio que existe um dedo infernal no meio disso. E peguei também, pois nenhum humano normal e curioso iria entender, até mesmo os policiais acharam que o assassino é demente.

Gelei com isso, Fiona apertou meus ombros enquanto Charles ajeitava seus óculos e tentava ler as pequenas letras, eram letras estranhas mas elegantes, cheias de ganchos e com uma coloração verde meio doentia:

Enquanto o mal sob sobre suas ruas, vocês não podem fazer nada.

Enquanto colecionamos almas, vocês não podem fazer nada.

Vocês nunca podem fazer nada, pois temos alguém secreto...é questão de tempo até subirmos e por fim a suas vidas miseráveis.


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Notas finais do capítulo

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