A Mecânica Dos Anjos escrita por Misty


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

"Os anjos choravam sobre a calamidade do mundo...suas lagrimas brancas como a neve mudariam destinos e condenaria almas..."

George Pirip



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Eu gritei enquanto aquela coisa se balançava de forma perigosa pelo céu ainda roxo do amanhecer, e bem também quase tive uma parada cardíaca quando o velho estranho chamado Phil nos jogou de frente a torre do relógio, então ria como uma maníaco, vendo o meu desespero.

Certo, apesar de tudo se fosse para morrer que fosse com dignidade.

- Essa garota grita tanto...como aguenta Charles! -gritou Phil por cima do vento, enquanto que vinha de uma janela redonda ao seu lado. Eu apenas fiz uma careta, tropeçando sobre alguns fios e caindo sentada em um sofá nada macio.

- Não a perturbe Phil e pare de fazer graça pelos céus.

O velho apenas rolou os olhos, enquanto se silenciava. Seu dirigível era todo de madeira e bem, também não era a coisa mais limpa que eu já tinha visto. Um grande espaço de madeira vermelha escura, com janelas redondas e um chão extremamente liso, cheio de fios assassinos e dois sofás de couro bege. Me levantei, me apoiando perto da janela enquanto a náusea fazia meu estômago rodar, a vista era linda isso devo admitir, mas não me sinto segura com Phil nos guiando, não entendo como Charles mantém a calma.

Esqueci que estávamos entre as nuvens e resolvei explorar o local, os deixei sozinhos enquanto abria uma pequena porta escondida, e bem caia escada abaixo, já que não fazia idéia que existia escadas ali. Não gritei, enquanto quicava pelos degraus empoeirados e caia em uma pequena sala mal iluminada.

Gemi me sentando e estralando meus dedos, enquanto tentava tirar a poeira escura do meu vestido. Me coloquei de pé, observando que na pequena salinha havia apenas uma janela pequena, coberta por uma cortina branca e então caixas, muitas delas, formando pilhas ao meu redor.

Como não havia muito o que fazer a não ser esperar a morte quando Phil se chocasse com algum prédio ou ficar ouvindo eles falar nada com nada, resolvi explorar um pouco mais, querendo entender o que estava se passando.

A pouca luz vinha de um lampião a gás, pendurado na extremidade da parede de madeira, mas era o suficiente já que o sol de inicio da manhã irradiava pela pequena janela. Levei a mão a cintura, querendo imaginar em que caixa começar, mas como um sinal vindo dos céus, o solavanco que o dirigível deu fez uma caixa despencar do alto e cair diretamente no meu colo, óbvio que me levando junto ao chão.

A única coisa que fiz foi olhar para o nada e xingar Phil mentalmente, enquanto minhas mãos coçavam em curiosidade. Era uma caixa pequena e normal, de papelão antigo e ainda por cima não estava fechada, eu apenas abri vendo papeis, livros e fotos.

Havia muitos livros desse tal de George Pirip, que pelo que pude notar parecia ser bem reconhecido entre o mundo dos Markers.

Mas o que me chamou atenção foram as fotos, elas...elas simplesmente não faziam sentindo algum.

Em uma delas estava Susan, sorridente e cabelos ao vento enquanto rodopiava sobre seus pés, usando um vestido azul claro e segurava uma rosa, sua jovialidade não parecia ter mudado, ela parecia linda e feliz. Em uma outra estava Ian isso mesmo pessoal, Ian olhando com desinteresse para câmera enquanto uma garota de cabelos vermelhos sangue sorria ao seu lado, ele estava sentado de forma relaxada em um tronco de árvore, enquanto a garota permanecia de pé ao seu lado, apertando suas mãos.

O que significava isso?

Então havia um garoto, seu olhar parecia selvagem enquanto admirava uma espada brilhante e cortava com um sorriso nos lábios um tipo de puma, -eu gostaria de saber quem tem coragem de tirar uma foto dessas- mas nada parecia fazer sentido, ele se parecia com Ian, cabelos claros como papel, um tento mais alto, mas mesmo assim eram quase...gêmeos.

Madame Lovalece também estava em meio as fotos, ela não sorria enquanto ao seu lado estava um grupo de pessoas, gritando em animação enquanto erguiam suas armas, ela apenas parecia poderosa e orgulhosa. Em meio a todo pessoal estavam meus pais, eles pareciam apenas adolescentes e com esperança...

Tio Charles olhava para uma pilha de papeis enquanto ao seu lado Robby parecia uma sombra monstruosa e desajeitada, Fiona de braços dados com um homem elegante e jovial, eles passeavam pelo mesmo parque onde eu e Ian fomos atacados, pareciam...apaixonados e felizes. Um pequeno grupo de crianças, entre elas eu pude reconhecer Ian, seus cabelos sapecas espigados para cima enquanto sorria para câmera, com o garoto gêmeo ao seu lado sorrindo de olhos fechados, enquanto a garota de cabelos vermelhos chamativos os olhava com admiração também participando da farra.

Eu...eu me sentia perdida no meio disso tudo...perdida e triste, sem saber o que pensar ou o que fazer, Ian...seria possível Ian ter um irmão? E a garota ruiva, quem poderia ser?

- Nora! -Charles gritou me fazendo pular para cima -Onde se meteu?

- Já vou subir! -gritei de volta, enquanto com relutância jogava as fotos dentro da caixa,e pulava para colocá-la novamente no alto. Eu estava pronta para sair, quando algo caiu, olhei para trás e percebi ser um livro, capa escura sem titulo...era...era um diário. O peguei com delicadeza, assoprando a poeira e abrindo a primeira pagina, não havia nada a não ser uma letra cursiva e bonita, escrito um nome em preto:

Sophie Iscked

Eu sabia que o que eu estava prestes a fazer era errado, mas não podia deixar isso passar, esse nome...esse nome estava cercado de mistério e dor, eu conseguia sentir isso, era como se o diário estivesse esperando alguém para ser lido e esse alguém era eu, sim eu não podia deixá-lo mofando aqui.

- Sua garotinha impertinente! O que está fazendo aqui? -berrou Phil de cima da porta, pulei para cima enquanto escondia o diário atrás de mim.

- Na...nada senhor, apenas observando, um belo lugar.

Ele me olhou com algo beirando a desconfiança, então bufou me deixando para trás.

- Saia logo daí, seu tio está lhe esperando e eu quero ir embora.

Apertei o diário contra mim e subi as escadas, prometendo a mim mesma que depois que lesse o entregaria de alguma forma para Phil, que não parecia nada contente em me ver saindo daquele...porão. Enquanto eu seguia para fora do dirigível, conseguia sentir seus olhos queimando em minhas costas, pareciam olhos selvagens como do garoto gêmeo ao Ian nas fotos, mas não, isso é loucura.

Loucura minha, totalmente impossível.


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Notas finais do capítulo

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