Recomeçar escrita por mybdns


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Mandem reviews com sugestões ou reclamações! Beijos.



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Três meses se passaram desde o primeiro dia de Melanie no NYPD. Ela havia ganhado a confiança de todos no laboratório e isso a deixou feliz. Descobriu por meio de Adam porque Flack era um homem tão triste. Ele havia perdido sua companheira na mesma época que o Peter morreu. Ela era detetive e tomou um tiro. Adam lhe contou que desde aquele dia, Flack nunca mais foi o mesmo. Numa noite, receberam um chamado de um assassinato na Broadway. Coincidentemente, era o mesmo lugar que a mãe de Melanie havia sido assassinada, dezoito anos antes.

– Você está bem? – perguntou Danny, quando percebeu que a colega não estava muito bem.

– Na verdade, não. – ela disse olhando em volta do lugar. Um filme se passou na sua cabeça.

– Quer um tempo?

– Não precisa. Eu vou ficar legal.

– Tem certeza? Eu posso tirar as fotos, não tem problema.

– Não. Eu posso fazer isso.

– A cena te chocou? Você teve uma reação estranha.

– Não, não foi a cena. É o lugar.

– Algum problema com este lugar?

– Sim. Minha mãe foi assassinada aqui alguns anos atrás. Eu não passo por aqui desde aquele dia.

– Eu sinto muito, eu posso falar com o Mac e colocar outra pessoa no seu lugar.

– Não precisa, Danny. Obrigada, mas já passou da hora de eu enfrentar meus fantasmas.

– Tudo bem, então. O Flack disse que a vítima é Daphine Kyle. Ela era prostituta na região.

– Ninguém viu nada?

– Na verdade, as amigas disseram que ela discutiu com o cafetão dela algumas horas antes. Depois, ela começou a passar mal e caiu, já sem vida.

– Nada de bala, nada de sangue, nada de faca. Será que ela foi envenenada?

– É bem provável. – os dois analisaram a cena e recolheram todas as provas.

– Cadê o Flack? – ela perguntou.

– Sei lá. Deve ter ido para a delegacia.

– Não. O carro dele está estacionado do outro lado. – disse apontando.

– Olha ele lá. – Danny disse, olhando para Flack em um bar, bebendo cerveja com uma prostituta do lado.

– Você tá de brincadeira, não é? Estamos no meio de uma investigação importante e ele bebendo cerveja? Eu não posso acreditar. – ela disse revoltada.

– O Flack anda assim ultimamente. Desde que a Angell morreu, ele não é mais o mesmo.

– O que você vai fazer?

– Deixar ele pra lá. Ele quer se destruir, que se destrua sozinho. Nós dois temos muito trabalho pra fazer. – ele disse entrando no carro.

– Você quem sabe. – ela disse abrindo a porta do carona.

Melanie se preocupou com Flack. Sabia que estava destruindo sua vida aos poucos. E ela não podia fazer nada para ajudá-lo.

Danny e ela resolveram o caso. Quem a matou foi uma das amigas dela, que tinha inveja por ela ter muitos clientes.

Algumas noites depois, Melanie andava na rua em busca de um café aberto. Encontrou um aberto na 2ª Avenida. Quando estava saindo do estabelecimento, viu uma pessoa conhecida caída na calçada do outro lado da rua. Correu e foi ajudá-lo.

– Flack? O que você está fazendo ai? O que fizeram com você?

– O desgraçado me roubou! – ele disse com voz mole.

– Vem comigo. – ela disse tentando levantá-lo.

– Eu quero mais uma cerveja!

– Você já bebeu demais.

– E daí? Nada mais importa na minha vida mesmo. – enfim, ela conseguiu levantá-lo. Chamou um táxi e o taxista a ajudou a colocá-lo no carro.

– Seu amigo está ruim, hein moça? – comentou o taxista.

– Nem me fale. É na próxima à direita. – ela disse indicando a rua. Ele parou em frente à sua casa e ela o pagou. Ela colocou Flack na cama de quarto de hóspedes e foi tomar banho. Antes de se deitar, passou no quarto para vê-lo e ele estava dormindo pesado. Desligou as luzes e foi dormir também.

No dia seguinte, ela acordou e foi fazer o café. Esqueceu que tinha uma “visita” em casa, por isso não trocou de roupa e desceu só de camisola. Sentiu alguém parar na porta. Ele a analisava detalhadamente e se perguntou porque nunca havia prestado atenção em suas curvas e em sua beleza.

– Ai me Deus. – ela disse se virando. – eu esqueci que eu tinha visitas. – ela disse, constrangida.

– Como eu vim parar aqui, hein? – ele perguntou, ainda com sono. – nós fizemos sexo?

– Não. Você não conseguia nem pronunciar seu nome, quem dirá fazer sexo.

– O que aconteceu?

– Eu te encontrei caído na rua, sem nada e te trouxe pra cá, porque não sei onde você mora.

– Sério?

– É. E é serio também que você abandonou uma investigação importante pra beber no bar com uma prostituta. Flack, faz três dias que você não aparece para trabalhar, vai perder o emprego!

– Vai ficar me dando sermão agora? Você nem me conhece. – ele se irritou.

– Você tem razão. Eu não te conheço. Mais eu conheço quando uma pessoa está se matando aos poucos.

– Não diga coisas que você não sabe, Melanie.

– Eu sei que você perdeu sua namorada, Flack. Eu sei o quanto isso dói.

– Não, você não sabe o que é perder alguém que você ama.

– Ah, eu posso te garantir que eu sou especialista em perder quem eu amo.

– Você não entende nada.

– Olha, eu vou te contar duas histórias: quando eu tinha doze anos, minha mãe foi assassinada. Exatamente no mesmo lugar onde encontraram aquela prostituta, três noites atrás. Estávamos saindo do teatro e um cara passou num carro atirando. Ela não pensou duas vezes e pulou na minha frente para os tiros não acertarem em mim. Ela morreu na hora. Todos os dias na hora de dormir, eu me lembro desta maldita cena. E me culpo, porque se não fosse ela, quem teria morrido seria eu.

– E quem a matou?

– Um policial que trabalhava com meu pai. Ele queria destruir a vida dele, pois ele havia prendido seu irmão.

– Eu sinto muito, Melanie.

– Não sinta. A segunda história aconteceu nove meses atrás. Eu perdi o meu noivo. Ele morreu de câncer. Eu estava com ele no sua última noite. Acordei assustada de madrugada quando as enfermeiras entraram correndo no quarto onde ele estava internado, mas elas chegaram tarde demais. Eu fiquei devastada. Não saia, não comia, ficava o dia inteiro em casa, chorando. Mais ai eu decidi seguir o conselho que ele havia me dado horas antes de morrer: não torne minha morte um empecilho em sua vida. Eu quero que você seja feliz. E eu decidi seguir minha vida. Por ele. Tentar ser feliz, por ele, porque este era o seu desejo. Você acha que a Angell gostaria de te ver assim?

– Eu... Eu não vou ficar aqui escutando os seus conselhos. Eu não pedi nem a sua ajuda, nem a sua opinião. – ele disse abrindo a porta da sala.

– Tudo bem. Você é bem grandinho pra saber o que é certo e o que é errado. – ele já havia saído.

Melanie tomou banho e foi para o trabalho. Quando passou na frente da sala de Mac, ele e Flack discutiam. Flack saiu da sala de Mac aparentemente com muita raiva.

– O que está acontecendo? – perguntou uma mulher de cabelos cacheados.

– Eu não sei. – Melanie disse.

– Sou Stella Bonasera. E você?

– Melanie Lewis. Muito prazer.

– O prazer é todo meu. Vou falar com Mac. – ela disse entrando na sala dele. Melanie se virou e foi ao banheiro. Quando estava saindo de lá, viu Flack sentado no chão. Ainda estava com raiva dele, por isso não olhou para seu rosto.

– Melanie? – ele a chamou. – posso falar com você?

– Seja breve. – ela disse ríspida.

– Olha, eu sinto muito pela maneira que eu te tratei hoje de manhã na sua casa. Você estava só querendo me ajudar e eu fui tão mal educado com você. Pode me perdoar?

– Vou pensar. – ela deu de ombros.

– Eu sei que eu mereço ser tratado assim. Eu fui um idiota.

– Você foi mesmo. Mais eu não sou de guardar rancor das pessoas.

– Então você me desculpa?

– Sim.

– Legal. Quer tomar um café depois do expediente? Eu pago.

– Pode ser. – ela parecia não se importar, mas havia gostado do convite.

Quando o expediente terminou, os dois seguiram para um café na 2ª Avenida.

– Vou lá no balcão pegar nosso expresso. Já volto. – ele disse. Enquanto isso, Melanie se distraía olhando para um bebê que estava dentro de um carrinho. Foi quando ouviu uma voz bem conhecida a chamar.

– Melanie Lewis, quanto tempo! Pensei que estava morando em Jersey ainda. – disse a moça morena de olhos escuros parando do seu lado.

– Savanah? Eu não posso acreditar! Me mudei para Nova York há três meses – ela disse dando um abraço na amiga de infância. – Quando você chegou? Pensei que iria voltar só mês que vem!

– Mudanças de planos. Cansei do clima da Europa. Cheguei ontem à noite.

– Quem é essa? – perguntou olhando para a moça loira que estava junto com Savanah.

– Ah, essa é a Bonnie. Minha namorada.

– Muito prazer, Melanie. – ela disse dando um beijo no rosto da moça. – você não me contou que estava namorando.

– Eu quis fazer surpresa. A conheci em Londres.

– A Savanah fala muito de você. Eu até fiquei com ciúmes. – ela riu.

– E eu já disse que não é preciso ter ciúmes da Mel.

– Não mesmo. – Melanie concordou. Nessa hora, Flack apareceu na mesa. – ah, Savanah, esse é o Flack, meu colega de trabalho. – disse apresentando.

– Muito prazer. – ele disse apertando sua mão.

– E essa é a Bonnie, namorada dela.

– Muito prazer. – ele disse apertando a mão da outra.

– Nós precisamos ir, Mel. Eu te ligo pra gente marcar de beber uma cerveja qualquer dia. – ela disse abraçando a amiga. – ele é um gato. – Savanah disse baixo em seu ouvido.

– Engraçadinha. Tchau Bonnie, foi um prazer.

– O prazer foi todo meu.

As duas foram embora e Melanie se sentou.

– Elas são lésbicas mesmo? – Flack perguntou.

– Elas são namoradas.

– Que desperdício. Vocês são amigas há muito tempo?

– Estudamos juntas desde o jardim de infância. Ela me protegia.

– De quê?

– De tudo. Das pessoas que riam de mim porque eu era estrábica, por exemplo.

– Você é estrábica? Não dá nem pra perceber.

– Mais eu sou. É que eu fiz cirurgia. E uso lente.

– Entendi. Conte-me mais sobre sua vida, Lewis.

– Bom, eu nasci em Nova York. Tenho vinte e nove anos. Torço pelos Rangers desde sempre. Meu signo é escorpião e o meu tipo sanguíneo é A+. Sou descendente de judeus.

– Sério?

– Sim. Meus bisavós maternos eram judeus e viviam na Rússia. Com a ameaça Nazista na Europa eles decidiram vir para cá. Quando eles morreram, meus avós decidiram voltar para a Rússia. Minha mãe e meus tios nasceram lá.

– E o que a sua mãe fazia?

– Ela era bailarina. Do Bolshoi Russo. Todos a adoravam. Ela tinha uma sincronia, uma leveza que você precisava ver. Até que um dia, os meus avós viajaram para a América para visitar os parentes. Foi ai que meus pais se conheceram. E minha mãe ficou grávida e decidiu largar tudo lá na Rússia pra ficar aqui em Nova York.

– Que história bonita. Você não tem irmãos?

– Não. Minha mãe não pôde ter mais filhos. Sou a princesinha do papai. – ela riu. – e você?

– Bem, sou um fracassado que não sabe lidar com perdas.

– Não diga isto.

– Tudo bem. Minha família é toda de policiais. Tenho uma irmã alcoólatra. Perdi minha companheira há nove meses e matei seu assassino. E eu também torço pelos Rangers.

– E como ela era? A Jessica?

– Sensacional. Tinha um sorriso lindo. Estava sempre disposta a ajudar os outros. Você precisava conhecê-la. Iria se encantar.

– Eu iria mesmo.

– E o seu noivo? Como ele era?

– É meio difícil descrevê-lo. Ele era o cara mais companheiro, mais amigo, mais leal que eu já conheci. Me sentia tão segura com ele. Ele cuidava de mim como um pai cuida de um filho. Nós iríamos nos casar dia vinte deste mês.

– Eu sinto muito.

– Tudo bem. Alguns infinitos são maiores que outros. – ela sussurrou.

– O que você disse?

– Nada de importante.

– Diga novamente. – ele insistiu.

– Eu disse uma frase do nosso livro preferido. Alguns infinitos são maiores que outros. – ela repetiu.

– O cara que escreveu esta frase tem razão.

Melanie olhou no relógio e viu que estava tarde.

– Acho melhor eu ir embora. Tenho que acordar cedo amanhã.

– Eu te levo. – ele ofereceu.

– Não precisa. Minha moto está estacionada aqui perto. Obrigada.

– Então tudo bem. Até amanhã, Melanie.

– Até amanhã, Flack. – ela saiu e deixou-o sozinho. Flack não sabia por que, mas a companhia de Melanie havia deixado ele feliz.


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