Recomeçar escrita por mybdns
Duas semanas depois, o pai de Melanie recebeu alta e foi para casa. Melanie estava conversando com Savanah sobre os remédios e a dieta do pai, quando percebeu que outra médica, de cabelos ruivos e cacheados estava olhando para Savanah.
- O que está acontecendo aqui? – ela perguntou.
- Nada. – mentiu.
- Aquela ruiva estava te paquerando? Ai meu Deus! E a Bonnie?
- Ela terminou comigo. Disse que era difícil manter um relacionamento à distância e que toda a vida dela estava em Londres. Tudo bem. – ela parecia chateada.
- Eu sinto muito, Savanah. Porque não me contou?
- Você estava tão preocupada com seu pai que eu resolvi te contar outra hora.
- E essa ai? Vocês estão...
- Estamos nos conhecendo, ela é obstetra e foi contratada a pouco tempo. Essa é a única mulher totalmente lésbica com quem me relacionei. As outras eram todas bissexuais. Acho que pode dar certo, pelo menos não vou precisar me preocupar com o pênis toda hora.
Melanie riu do comentário.
- Sabe o que eu quero?
- O quê?
- Tomar uma cerveja com a minha melhor amiga. Que tal?
- Acho essa ideia excelente. Que horas?
- Meu expediente termina às onze.
- Okay. No mesmo bar?
- Sim, o mesmo bar.
- Então, até mais tarde. – disse dando um beijo no rosto da amiga.
- Até mais tarde, Mel.
Melanie caminhou até a recepção e esperou o pai sair do consultório do nutricionista. Ele saiu e eles pegaram um táxi para a casa dele.
- Eu vou comprar seus remédios e trate de tomá-los direito, está me ouvindo? – ela disse.
- Estou, Melanie. Como você é chata!
- E você é teimoso. Quer morrer?
- Não, eu não quero.
- Então tome os remédios na hora certa e faça a dieta que o nutricionista lhe recomendou. – ela disse indo para a cozinha.
- O que você vai fazer?
- Ver o que tem na sua geladeira. –ela disse abrindo a geladeira. – só porcaria! Não tem uma fruta, um legume nem uma verdura! Pai!
- Eu vou comprar, eu prometo. Vou pegar o carro e ir ao supermercado.
- Eu vou confiscar, okay?
- Tá. Bom trabalho pra você.
- Obrigada. – ela saiu e pegou outro táxi para o laboratório. Saiu do elevador e viu uma mulher de cabelo preto conversando com Mac em sua sala.
- Quem será? – perguntou Adam aparecendo ao seu lado.
- Boa pergunta.
- E o seu pai?
- Está melhor. Obrigada por perguntar.
Mac e a outra mulher saíram da sala e caminharam na direção de Adam e Melanie.
- Oi, esta aqui é Josephine Danville, é a nova supervisora assistente. Esses são Melanie Lewis e Adam Ross, os que faltavam você conhecer. – Mac apresentou.
- Prazer. E por favor, me chamem de Jo. – ela disse.
- O prazer é nosso. – disseram.
Eles investigaram uma cena de crime, depois cada um foi para sua casa. Melanie seguiu para o bar que ela e Savanah sempre frequentavam e a amiga já estava lá a esperando.
- Eu estou atrasada? – disse se sentando.
- Não, eu acabei de chegar. Garçom! Duas cervejas aqui, por favor. – Savanah pediu. – e ai? Muito trabalho?
- Bastante. Nova York não para.
- Isso é verdade. Obrigada. – disse quando o garçom trouxe as cervejas. – e ai? E o detetive?
- O que você quer saber?
- Como vocês estão?
- Estamos bem. Ele é um cara sensacional.
- Combina com você, que é uma garota sensacional.
- Está me deixando sem graça.
- É verdade, Mel. Olha, eu queria encontrar uma garota legal como você.
- Está flertando comigo, Savanah?
- Eu não consigo resistir a sua sensualidade, Mel. – brincou.
- Aha. Engraçada, você.
- Você sabe que eu estou brincando.
- Eu espero que você e a médica ruiva se deem bem.
- O sexo é ótimo e o nome dela é Abigail. –ela riu.
- Você não perde tempo!
- O que eu posso fazer? Eu sou assim.
Elas ficaram conversando por mais uma hora e foram embora. Quando Melanie chegou em casa, percebeu que a luz do corredor estava acesa.
- Eu não deixei essa luz acesa... Estranho. – ela disse tirando a arma da bolsa. Virou a chave devagar e entrou. Andou até o corredor e escutou passos.
- Calma! Sou eu! – disse Don.
- Como você faz uma coisa dessas comigo? Quer me matar?
- É bom te ver também, Mel.
- Como você entrou aqui?
- A chave debaixo do vaso de flor.
- Ah.
- Onde você estava?
- Num bar com a Savanah. E você o que faz aqui?
- Quis me certificar que você estaria segura. Está com fome? Eu trouxe comida japonesa.
- Na verdade, estou, mas eu vou tomar um banho primeiro e não ouse invadir meu box novamente.
- Tudo bem! Eu prometo. – ela subiu, tomou um banho e colocou um vestido florido e desceu.
- Hum, o cheiro está ótimo. – ela disse entrando na cozinha. Viu a mesa toda posta e se surpreendeu. – nossa!
- Gostou?
- Sim. – ele arrastou a cadeira para que ela se sentasse. – Como você está cavalheiro hoje.
- Eu sempre fui cavalheiro. – ele se sentou.
Os dois começaram o jantar.
- Olha, esse negócio de invadir a casa dos outros... – ela riu.
- Eu estou garantindo sua segurança, mocinha.
- Tudo bem. Não vou discutir.
- Eu já disse que eu me preocupo com você, Mel. Ainda mais agora com esse maluco solto por ai.
- Obrigada pela sua preocupação, Don.
- Não precisa agradecer. Sabe, quando eu te conheci, não reparei muito em você, sabe? Eu estava tão perdido que eu só pensava na Jess e nela toda ensanguentada e no médico me avisando que ela não havia resistido à cirurgia. Depois daquele dia que você me levou pra sua casa, quando me encontrou caído na rua, bêbado, sem nada, eu... A propósito, eu nunca te agradeci por isso. Obrigado. Então, ai eu acordei numa casa estranha e andei até a cozinha e vi você com aquela camisola curtíssima... Eu comecei a prestar mais atenção em você. Eu sei que você não vai gostar do que eu vou falar, mas o meu interesse por você, no começo era apenas sexual.
- Nossa. – ela se surpreendeu com a revelação.
- Está chateada?
- Um pouco.
- Eu sinto muito. Só que depois, você foi entrando na minha vida e agora eu acho que não consigo mais viver longe do seu belo par de olhos verdes. Você não tem ideia do quanto é importante pra mim, Mel. – ele se levantou e ela também. Ele a beijou calmamente.
- Você também é muito importante pra mim, Don. – os dois foram para a sala.
- Eu tomei a liberdade de vasculhar seus CDs. – ele ligou o som e começou a tocar Unchained Melody, dos Righteous Brothers. – me concede esta dança? – ele disse estendendo a mão.
- Pra te falar a verdade, eu não sei dançar. Minha mãe era uma das melhores bailarinas do Bolshoi Russo e eu não sei nenhum passo. Ela até tentou me ensinar, mas percebeu a tempo que não era minha vocação.
- Não tem importância. Coloque seus pés sobre os meus, eu te conduzo. – ela colocou seus pés sobre os dele e eles começaram a dançar pela sala. Antes de a música acabar, Melanie se desequilibrou e os dois caíram no sofá, ela por cima dele.
- Foi uma bela dança, detetive. Até a parte que eu me desequilibrei.
- Eu concordo plenamente. – disse dando-lhe um beijo.
- Está cheio de más intenções hoje, não está?
- Hoje, por incrível que pareça, não.
- É por causa do meu vestido nada atraente?
- Querida, você pode estar vestida de Barney que você vai ser atraente.
- Não exagera, Don, por favor. – ela riu e em seguida, beijou calorosamente os lábios dele, depois o pescoço. Passou as mãos pelo peito dele e desabotoou sua camisa.
- Hoje é você que está cheia de segundas intenções.
- Eu até tentei, mas não dá pra resistir aos seus olhos azuis. – ela sorriu.
- Vai ser aqui mesmo?
- Podemos ir para o meu quarto, se quiser. – num rápido movimento, ele a girou, fazendo com que ele ficasse por cima dela. Ele começou a desabotoar o vestido, deixando-a apenas com um lingerie azul. Os dois se levantaram e foram para o quarto. Depois, todos já sabem o que aconteceu.
Dois meses se passaram e nada do Robert dar as caras. Todos já haviam voltado a sua rotina normal e tinham se esquecido dele. Um dia, Melanie estava na autópsia com Sid e Sheldon quando passou mal, o que vinha acontecendo com frequência.
- Gente, desculpa mais eu tenho que... –ela saiu correndo em direção ao banheiro. Depois de algum tempo, voltou.
- Você está legal? – perguntou Sheldon.
- Sim, deve ter sido algo que eu comi.
Sid continuou a falar sobre as causas da morte e depois Melanie foi até o refeitório, pois estava com muita fome.
- Oi Sheila. Me ê um cheesburger com bastante molho, uma coca grande e duas porções de batata frita, por favor? E me vê um sundae de chocolate com bastante calda.
- Nossa! Onde vai caber tudo isso?
- Eu estou morrendo de fome.
- Já levo na sua mesa.
- Obrigada. – ela se sentou e olhou no celular. – hoje é dia... vinte e quatro. Mais... – percebeu que sua menstruação estava atrasada. – não pode ser!
Dez minutos depois, o “lanchinho” ficou pronto e ela comeu.
- Você está comendo tudo isso sozinha? – perguntou Don, aparecendo na sua frente.
- Oi Don! Eu estou com muita fome.
- Dá pra perceber. Você anda comendo muito ultimamente. Não sei onde cabe tanta comida numa coisinha tão pequena como você.
- Ai, para. – ela terminou de comer e pagou. Os dois entraram no vestiário e ela sentiu enjoo. Novamente, correu para o banheiro.
- Você tá legal?
- Sim. – ela gritou.
- Tudo bem. – ele ficou na porta a esperando.
- Esse cheesburger não me fez nada bem.
- O cheesburger, a batata ou o sundae?
- Muito engraçado. – o turno acabou e Melanie dispensou a carona de Don. Foi para o hospital procurar Savanah.
- O que você está fazendo aqui? – a amiga perguntou, surpresa.
- Podemos ir para o seu consultório?
- Claro. Você está pálida, o que aconteceu? –ela perguntou entrando no consultório.
– Eu preciso fazer um exame, Savanah.
- Você está doente?
- Não.
- Então porque quer fazer um exame?
- Porque eu acho que eu estou grávida.
- O quê? Você tá brincando, não é? – ela sorriu.
- Não, eu não estou brincando. Minha menstruação está atrasada, tudo o que eu como eu jogo fora, estou me sentindo cansada, tenho fome toda hora. Isso não é normal, Savanah.
- Calma. Vamos para a enfermaria. Vamos fazer um exame de sangue já. – as duas caminharam para a enfermaria e Savanah fez o exame. Uma hora depois, ela estava com os resultados.
- Pelo amor de Deus, Savanah o que estes exames dizem?
- Eu ainda não abri. Toma. – disse entregando-lhe o exame lacrado. Melanie teve dificuldades em abrir o envelope, pois tremia muito. Abriu o papel lentamente e leu o que estava escrito. – e ai? Diz logo, por favor.
- Deu positivo, Savanah.
- Ai meu Deus! Parabéns amiga! – disse dando um abraço em Melanie. – o que foi? Não está contente?
- Não é isso, é que eu não sei como dizer isso para o Don. Não sei como ele vai reagir!
- Ele vai adorar, eu tenho certeza.
- Não sei.
- Ele não vai te abandonar, Melanie. É disso que você tem medo?
- É.
- Vai ficar tudo bem. E se ele fizer isso, eu juro que eu corto o pênis dele com o bisturi.
- Só você pra me fazer rir numa hora dessas.
- Vai pra casa. Esfria a cabeça, relaxa. Quando estiver mais calma, você conta pra ele.
Melanie voltou para casa e tentou relaxar. Comeu um pote de sorvete, sozinha, mas a ansiedade não passou. Pegou a chave da moto e dirigiu até a casa de Don. Bateu duas vezes na porta e ele atendeu, um tanto sonolento.
- Mel? O que você está fazendo aqui?
- Oi Don. Eu sinto muito por chegar assim na sua casa a essa hora, mas nós precisamos conversar.
- O que aconteceu? – disse fechando a porta.
- Sente-se. – ele se sentou, sem entender o que se passava.
- Você está me assustando.
- Eu posso te garantir que eu estou mais assustada do que você.
- O Robert te procurou?
- Não, não.
- Então o que é?
- Don, eu estou...
- Você está...
- Grávida. Isso, grávida.
- Como? – ele arregalou os olhos.
- Se você achar que isso é um fardo muito grande para você, é sério, eu vou entender... – ele a calou com um beijo.
- Eu não acredito nisso! Você tem certeza?
- Toma. – disse entregando-lhe o exame. Ele leu atentamente.
- Eu nem sei o que dizer, Mel. Eu sou o homem mais feliz desse mundo. – disse a levantando.
- Me põe no chão, por favor.
- Desculpa. – disse a colocando no chão. – você não tem ideia do que eu estou sentido, Mel.
- Pensei que você não ia, sei lá.
- Pensou que eu iria te abandonar por isso? Eu nunca faria isso, Melanie, nunca.
- Não sabe como eu estou aliviada.
- Estamos juntos nessa. Eu te amo e nunca vou te abandonar. Você tem sido a melhor coisa que aconteceu na minha vida nestes últimos dois anos.
- Eu também te amo, Don. – ela disse, depois bocejou.
- Está cansada?
- Um pouco.
- Vamos dormir.
- Eu tenho que ir para casa.
- Durma aqui. Eu te empresto uma camisa.
- Tudo bem. – os dois foram para o quarto e se deitaram.
- Mel? Você já está dormindo?
- Ainda não, por quê?
- Você acredita em destino?
- Agora eu acredito.
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