Recomeçar escrita por mybdns


Capítulo 9
Capítulo 9




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Ela acordou por volta das oito. Era sexta e os dois haviam tirado o dia de folga. Ela levantou, fez sua higiene, tomou um banho rápido e colocou um short e uma regata e desceu para fazer o café. Ligou o rádio bem baixinho na única estação que ela ouvia e ficou cantarolando I Can’t Fight This Feeling, do REO Speedwagon, enquanto terminava de por a mesa. Virou-se para a pia e sentiu Don abraçá-la por trás e beijar seu ombro. Ela se virou e lhe deu um beijo.

– Bom dia.

– Bom dia. – ele respondeu. – está romântica hoje, hein?

– Eu adoro essa música.

– Ela é bem bonita. Te lembra alguém especial? – ele riu.

– A letra é bem sugestiva, não acha?

– Acho.

– Toma sua xícara. – ela disse lhe entregando a louça.

– Obrigado.

Os dois tomaram café e depois foram para a sala assistir o jornal das nove. Depois de um tempo, alguém bateu na porta.

– Está esperando alguém?

– Não. – ela disse se levantando e indo até a porta. Abriu- a devagar e teve uma surpresa.

– Senhora Casey?

– Oi Mel. Como você está?

– Bem, e a senhora? Que surpresa! Entre!

– Não, filha, eu estou com um pouco de pressa. Sabe, hoje o Peter completaria trinta e dois anos.

– É verdade.

– Nós iremos fazer uma festa na nossa nova casa em NY, só para as pessoas íntimas pra comemorar o aniversário dele, se quiser aparecer.

– Se mudaram para NY quando?

– Mês passado.

– Quem é, Mel? – perguntou Don, aparecendo atrás dela.

– Ah, essa é a senhora Casey, mãe o Peter.

– Eu não quero atrapalhar.

– Não está atrapalhando.

– Fico feliz que tenha seguido o conselho de Peter. Você merece ser feliz. – ela sorriu.

– Eu vou aparecer lá. Só me dê o endereço.

– Ah! Que cabeça a minha! Tem um papel e uma caneta?

– Pode deixar que eu pego. – disse Don indo até a estante da sala.

– Seu marido? – ela perguntou.

– Não... Nós estamos... Namorando, se é que eu posso usar essa palavra.

– Ele é um homem bonito.

– Aqui o papel e a caneta. – disse Don, entregando-lhe os objetos.

– Minha casa fica na Perry Street, nº 85. A festa vai começar umas oito da noite.

– Estarei lá. – ela sorriu.

– Obrigada, querida. Tchau.

– Tchau, senhora Casey.

– Tchau meu rapaz. – ela disse olhando para Flack.

– Tchau senhora. Pode me chamar de Don.

– Então, tchau Don. – ela se virou e foi embora. Melanie fechou a porta e sentou-se no sofá.

– Está tudo bem?

– Sim.

– Você ainda o ama?

– Eu sempre vou amá-lo. Mais agora é de uma forma diferente. É um amor fraternal, não sei te explicar.

– Aquela caixa ali, são as coisas dele?

– Sim. Juntei essas coisas há dias e não tenho coragem de me desfazer delas.

– Não precisa se desfazer das suas lembranças, Mel.

– As melhores lembranças que eu tenho do Peter estão na minha mente, Don.

– O que pretende fazer com tudo isso?

– Não sei. Mais uma vez, uns dias antes do Peter morrer, ele me disse alguma coisa em relação a enterrar o passado. Acho que era isso que ele queria que eu fizesse.

– Enterrar essas coisas?

– É.

– Isso é estranho.

– Eu sei.

– Guarde essas coisas. Depois você vê o que faz.

– Tudo bem.

– Eu vou embora.

– Não precisa ir se não quiser.

– Eu preciso resolver uns assuntos.

– Que tipos de assuntos?

– Envolvendo minha irmã.

– Ela se meteu em encrenca mais uma vez?

– Não sei. Isso que eu vou ver.

– Tudo bem, então. Boa sorte.

– Obrigado. Pra você também. – ele disse a beijando. – nos vemos amanhã?

– Claro. Até amanhã. – ela abriu a porta e ele foi embora. Ela foi para o seu quarto, colocou outra roupa e saiu. Pegou sua moto e dirigiu até o cemitério. Antes de entrar, comprou flores. Encontrou facilmente o túmulo de Peter, que ficava ao lado do túmulo do pai dele. Abaixou e colocou carinhosamente as flores encostadas na lápide de concreto. Nela estava escrito:

Peter Casey

1981-2012

Descanse em Paz

Alguns Infinitos São Maiores Que Outros.

Ela ficou lá por algum tempo olhando para a lápide. Não sabia porque, mas sentia que Peter estava ao seu lado. Ela nunca acreditou em espíritos e essas coisas, mas naquele momento, a presença dele era muito forte.

– Tchau, Peter.

Ela se virou e foi embora. Naquela noite, se arrumou para ir à casa dos Casey, que não via desde o funeral de Peter. Deu partida na moto e saiu. Quando chegou, estacionou a moto e desceu. Bateu uma vez na porta.

– Melanie, querida, eu pensei que não viria. Entre por favor. – disse a Sra. Casey.

– Eu não perderia por nada. – ela sorriu e entrou. Os convidados estavam espalhados pela casa. Alguns estavam na sala, outros na cozinha.

– Mel! Você está ótima! – disse Paul, irmão mais novo de Peter.

– Você também está ótimo, Paul.

– Ah, essa é a minha noiva, Olivia. – disse apresentando a bela mulher morena de olhos cor de ocre a Melanie.

– Prazer, Melanie.

– O prazer é todo meu. – ela sorriu.

Ela se socializou com as pessoas que não via desde o funeral de Peter. Umas onze horas, foi embora.

– Obrigada por ter vindo, Mel. – a mulher sorriu. – sabe desde que ele se foi eu... perdi a vontade de viver. Eu daria tudo para poder ter trocado de lugar com ele. Mais hoje, eu me diverti tanto! Fazia um bom tempo que eu não ria daquele jeito.

– Edith... Não diga uma bobagem dessas! O Peter odiaria ver a senhora falando isso. O desejo dele era que todos nós continuássemos nossas vidas. Sabe, eu convivo com a morte todos os dias da minha vida. É difícil quando acontece com alguém próximo da gente. Eu penso nele todos os dias. Eu sempre vou amá-lo. Sempre estará no meu coração.

– Obrigada, querida. Eu quero que você seja feliz ao lado daquele rapaz.

– E eu quero que a senhora seja feliz. Tchau. – ela subiu na moto e foi embora.

– Tchau Mel.

Melanie chegou em casa, abriu uma garrafa de vinho e só foi dormir quando percebeu que estava bêbada. Acordou no outro dia com uma dor de cabeça insuportável.

– Eu não devia ter bebido. – ela murmurou para si mesa, enquanto tomava café. Foi para o laboratório e todos estavam reunidos na sala de Mac. O supervisor a chamou e ela entrou.

– Oi gente. O que está acontecendo?

– O Robert saiu da cadeia. – Flack disse, um pouco exaltado.

– Quando isso?

– Agora a pouco. – disse Danny.

– Vamos colocar um policial na porta da sua casa, okay? – disse Flack.

– Gente, não precisa.

– Ele irá atrás de você. – disse Mac. – temos que evitar o pior.

– Eu sei me defender, tá legal?

– Como você se defendeu quando ele te jogou da janela? – ironizou Flack.

– Eu não pensei que ele seria capaz de fazer aquilo. – ela disse cruzando os braços.

– Não interessa, vamos colocar um policial na porta da sua casa você querendo ou não. – completou Flack.

– Ótimo. – ela bufou.

– Tem mais uma coisa que eu queria dizer a vocês antes de voltarem ao trabalho. – disse Stella.

– O que foi, Stella? – perguntou Lindsay, preocupada.

– Eu não faço mais parte da equipe.

– Como? Você tá brincando, não é? – perguntou Adam, indignado.

– Eu recebi uma proposta para ser supervisora em Orleans. Decidi que é hora de mudar os ares, sei lá. Eu vou sentir muita falta de vocês. Sempre serão minha família.

– Nós também iremos sentir saudades, Stella. – disse Sheldon.

– Eu tenho certeza que a nova contratada será muito competente.

Eles se despediram de Stella e ela foi embora. Era uma grande perda ao laboratório e todos ficaram muito tristes com sua ida à Nova Orleans. Na hora do almoço, Melanie recebeu um telefonema. .

– Mel?

– Savanah? Algum problema?

– Eu quero te avisar que o seu pai...

– O que tem meu pai, Savanah? – ela se desesperou.

– Ele teve uma parada cardíaca. Ele chegou agora no hospital. Vamos prepará-lo para a cirurgia.

– Ai meu Deus. Eu estou saindo daqui agora. – ela correu para o vestiário e pegou suas coisas.

– O que foi? – perguntou Flack quando ela trombou nele.

– Meu pai teve uma parada cardíaca e eu tenho que ir para o hospital.

– Tudo bem. Mais tarde eu passo lá no hospital.

– Obrigada. – ela foi para o estacionamento e deu partida na moto e acelerou. Com certeza iria receber uma multa por excesso de velocidade. Chegou no hospital e foi correndo para a recepção.

– Oi, meu nome é Melanie Lewis e o meu pai chegou aqui, ele teve uma parada cardíaca e está na cirurgia. Como ele está?

– Calma, senhorita. A doutora Pierce acabou de entrar na cirurgia. Ele estava consciente quando chegou. Aquele senhor que trouxe ele. – disse apontando para um senhor que estava sentado em uma das cadeiras da sala de espera. Melanie não o conhecia.

– Seu pai precisa cuidar mais da saúde, minha filha. Aquele velho está brincando com a sorte. – ele disse se levantando.

– O senhor estava com ele?

– Ah, sim. Estávamos pescando, bebendo uma cerveja e comendo umas porções de peixe. Ele começou a sentir dificuldade em respirar e a passar a mão no peito. Depois ele deu um grito e caiu. A sorte dele é que eu já presenciei muitas situações dessas e eu sei como reagir.

– O senhor é bombeiro?

– Oh, não! Eu era policial. Trabalhei com seu pai no NYPD uns três anos. Eu me lembro de você bem pequena.

– Desculpe, como é o seu nome?

– Ah, meu nome é Donald Flack, prazer. – ele disse estendendo a mão e Melanie se surpreendeu. – sente-se aqui, menina. – Melanie se sentou ao lado dele. – fique tranquila, ele vai sair dessa.

– Obrigada. Eu sempre disse pra ele se alimentar melhor. Ele só come porcaria!

– Acho que depois dessa, ele vai ficar longe de gordura.

– Não sei não, do jeito que ele é teimoso.

– O que você faz, menina?

– Eu sou perita criminal.

– Trabalha no NYPD?

– Sim.

– Deve trabalhar com meu filho. Ele é detetive da Homicídios.

– É, eu trabalho com ele sim. – ela sorriu.

– Sabe, o Don é um excelente rapaz. Um pouco rebelde, é verdade. Sempre foi. Mais muito disciplinado. Sinto muito orgulho dele. Depois que ele perdeu a namorada, ele ficou muito mal. Cometeu alguns deslizes, mas de uns tempos pra cá, parece que ele melhorou. Acho que ele está envolvido com outra mulher, ele e eu nos encontramos em um bar duas noite atrás. Ele estava feliz e me contando sobre uma garota que ele conheceu, ela parece ser uma boa moça. Espero que ela faça bem a ele como a Jessica fazia.

Melanie ficou em silêncio. Uma hora depois, Savanah apareceu.

– Oi Mel. Nós conseguimos desentupir as veias entupidas, ele está bem melhor agora. Mais vai ter que fazer muito repouso e uma dieta mais saudável.

– Obrigada Savanah. – disse dando um abraço na amiga.

– Sorte dele que este senhor o trouxe a tempo. – disse olhando para o senhor Flack.

– Posso vê-lo?

– Pode, mas ele não pode se esforçar muito.

– Tudo bem. – Savanah a levou até o quarto onde James estava e Melanie entrou. Sentou-se ao seu lado. Uns dez minutos depois, ele acordou.

– Mel? É você?

– Sim, sou eu. Não se esforce, está bem?

– Eu sinto muito, querida. Eu deveria prestar mais atenção no que você fala.

– Deveria mesmo. Você poderia ter morrido.

– Eu sei, eu sei. Acho que agora darei mais valor a minha vida.

– Fico feliz em ouvir isto. Agora, descanse. – disse dando-lhe um beijo e sua testa.

– Eu te amo, Mel.

– Eu também te amo, pai.

Enquanto isso, Flack chegou ao hospital e teve uma surpresa ao ver seu pai na sala de espera.

– O que você está fazendo aqui? – perguntou Flack.

– Eu te faço a mesma pergunta, meu filho.

– Sabe a garota que eu te falei? O pai dela sofreu uma parada cardíaca e foi operado. Vim vê-lo.

– Sério? Acho que conversei com a sua garota. Ela é bem baixa, cabelos castanhos escuros longos, pele um pouco morena e olhos verdes?

– Sim, é a descrição dela.

– Fui eu quem trouxe o pai dela pra cá. Nós trabalhamos juntos alguns anos no departamento. Não o via desde o funeral da esposa, anos atrás. Você tem bom gosto, filho. A Melanie é uma moça muito bonita e muito simpática também.

– Ela é. – nessa hora, Melanie saiu do quarto e foi andando para a cantina do hospital para tomar um café. Não viu Flack, por isso ele foi atrás dela. – Mel? – chamou.

– Oi Don. – ela sorriu ao vê-lo.

– Como seu pai está?

– Bem. O seu pai está...

– Ah, já o vi. Ele gostou de você. – ele sorriu.

– Que bom.

– Aonde está indo?

– Tomar um café.

– Eu te acompanho.

Os dois caminharam em silêncio até a cantina do hospital, pegaram um café e se sentaram em uma das mesas. Flack ficou olhando para Melanie durante um bom período.

– O que foi minha boca está suja? – ela perguntou, tirando um espelho da bolsa e checando se havia alguma sujeira em seu rosto.

– Não. – ele riu. – eu estava apenas te admirando.

– Eu estou horrível. Ontem eu bebi uma garrafa de vinho sozinha. Estou péssima.

– Por que não me chamou para beber com você?

– Não queria te perturbar.

– Você nunca vai me perturbar, Mel. – ele disse pegando em sua mão.

– É bom saber disso.

– Você está gelada, está com frio?

– Não, eu tenho uma blusa na bolsa.

– Vai ficar resfriada.

– Está se preocupando demais comigo, detetive.

– Sim, eu me preocupo. Me preocupo também com a sua segurança. Aquele maluco do Robert pode tentar te matar de novo.

– Eu estarei de olhos abertos, pode deixar.

– Não sei. Não confio.

– Não há o que temer, Don. Eu vou ficar bem.

– Você é muito teimosa.

– Não sou não.

– É sim. Vou te buscar em casa todos os dias. E te levar também. Não discuta comigo. Pode deixar sua moto de lado. Você terá carona todos os dias.

– Don, eu não sou uma garotinha.

– Eu não suportaria te perder, Mel. Você se tornou uma parte muito importante da minha vida, não quero que você vá embora assim. E mais uma vez, deixe de ser teimosa.

– Tudo bem, você venceu. – os dois levantaram e andaram até o elevador. Melanie foi um pouco na frente, então Don puxou seu braço e a beijou.

– Não sei como dizer isso, mas acho que eu estou me apaixonando por você.

– Eu já estou apaixonada, Flack.


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