Jason e Missy, de mãos dadas sobem as escadas, que pareciam degraus infinitos.

- Chegamos. – disse Missy, com um sorriso.

O andar era um grande corredor com muitas portas. Algumas feitas de madeiras, outras feitas com materiais que Jason não reconheceu. O piso era de madeira, que rangia aos seus pés. A parede, com grandes quadros, era de um tom vermelho. Da cor do sangue.

- Temos alguns andares aqui. Aqui é o “Inferno”. Aqui fica a biblioteca, a pequena sala de treinamento extra, banheiros, a sala de relíquias e de armas. - diz ela, com um sorriso.

Eles começam a subir novamente, chegando ao outro andar. Ele era idêntico ao outro, retirando que a parede era azul com manchas brancas.

- Aqui é...

- O “Céu”, não é? – interrompe Jason. Ele começa a andar no corredor, o piso rangendo sobre os seus pés. Ele vai até a penúltima porta do lado direito e a abre, por intuição. Quando ele abre, o quarto era idêntico o da sua casa. Com diversos instrumentos musicais, livros, revistas, plantas na parede. O piso de madeira que rangia aos pés de todos. A cama de casal e os criados mudos. As janelas, o sofá, a televisão, o computador... O piano preto de sua mãe.

- É idêntico ao meu quarto. – diz Jason, ofegante.

- Que quarto lindo. – diz Missy, com um gritinho. – Você sabe tocar violão e piano?

- É, sei.

- Que romântico. – disse ela, com um sorriso.

- Er... E então, oque você vai fazer comigo? – Ele mexe na gola da camisa, como se ela o tivesse sufocando. Ele estava com as bochechas coradas e com os olhos arregalados.

- Vou apenas te curar.

- Ah, entendi.

Missy se dirige até a cama de Jason, dando palmas no lugar ao seu lado.

- Vem cá. – ela diz, com um sorriso. Jason caminha até lá, vermelho como nunca.

- Oque você vai fazer comigo? – O seu tom de voz era de perigo e um pouco de malicia.

- Malicioso. Vou apenas te curar. Deite-se.

- Ok... – Hesitando, ele deita. O colchão era macio, como penas de ganso.

Ela coloca as mãos sobre sua testa e uma luz verde ilumina as mãos de Missy. Ela dá um sorriso satisfeito, olhando para Jason, que não estava mais pálido.

- Pronto. – Ela retira as mãos de sua testa, esfregando uma na outra. – Está se sentindo melhor?

- Muito. – disse Jason, com um sorriso branquíssimo. Seus caninos eram longos e pontiagudos, como de um vampiro nas histórias ou algo do tipo.

- Você é um vampiro? – diz Missy, reparando em seus dentes.

- Não... – fala Jason, ofendido. – Porque eu seria? Pelo menos, nunca gostei de carne mal passada ou algo do tipo.

- É... Você não me mordeu até agora. – Com uma risada, ela se levanta e vai até a porta e a abre. No mesmo instante, Adam entra com as bochechas coradas de tanto correr, ofegante.

- Jason... Missy... O treinamento vai começar agora. – Ele estava com uma sacola na mão, com roupas dentro. – Tome, esse é o uniforme. Se vista, Jason. – Ele joga a sacola para ele, dando uma meia-volta.

- Preciso falar com você, Missy. Venha. – Adam sai do quarto, com Missy atrás.

- Caramba... – murmura Jason, olhando a sacola.

Na sacola havia um uniforme preto, com um R no meio. Tinha listras douradas e cinzas, nos ombros. A calça era um pouco apertada, mas serviu em Jason.

- Pronto... – murmurou Jason. – Agora, aonde é?

Ele sai do quarto, descendo as escadas, chegando ao pequeno hall. Steven ainda estava jogando GTA, mordendo o lábio. Ele estava com o mesmo uniforme que Jason. Pelo canto do olho, ele vê Jason se aproximar, saudando-o.

- Você não vai para o “treinamento”? – perguntou Jason.

- Vou. Estou apenas esperando salvar.

- Ah... Pode me falar o caminho?

- Sim, sim. Depois de sair da casa, siga reto. Você vai ver a Grande Casa. Entre. Vai ter uma porta na escada, entre lá. Siga reto e vire à esquerda e suba as escadas, chegando ao topo da Casa Grande e então você chega a Sala do Perigo.

- Valeu... – disse Jason e atravessou a porta.

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Adam e Missy sobem dois andares da casa, em silêncio. Eles chegam ao sótão, com cara amarrada.

- Oque foi?

- Bem... – começa Adam. Ele conta toda a conversa que ele, Delancy e Sierra tiveram quando Jason e ela saíram.

- Nossa... Não tenho palavras. – murmura Missy. Ela amarra seus cabelos em um coque perfeito e fita Adam. – Vamos... Precisamos chegar logo lá.

- Espere. – Ele segura seu braço quando ela ia sair. – Tem mais uma coisa.

- Oque?

- Achamos que o demônio é Jason.

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Quando Jason chega a Grande Casa ele assovia. O lugar era gigante, era mais para uma mansão. Ela era feita de mármore, com grandes janelas. Não tinha telhado, apenas uma área vazia e aberta.

- Ok... Vamos lá... – murmura Jason, entrando na Grande Casa e se depara com uma menina loira. Seus cabelos loiros caiam sobre os ombros e as costas, com mechas rosa. O nariz era arrebitado e a boca fina, retirando o lábio superior, que era carnudo. Era alta e magra, meio punk. Estava vestindo a mesma roupa, mas, as listras eram laranja e brancas.

- Hm... Você é o novo garoto, não? Meu nome é Aisha, prazer. Está indo para o treinamento, não? – Ela tinha um tom como se fosse a dona do Instituto. – Se quiser uma dica para iniciante, não se meta com os The Night Demons.

- Hã... Mas... – tenta falar Jason.

- Venha comigo. Vou te levar lá. – interrompe Aisha.

Eles começam a caminhar por um caminho cheio de curvas e lugares. Idêntico o caminho que Steven falou, pensou Jason.

- Chegamos, loiro. – Ela faz uma reverencia, indicando a porta.

 A Sala de Perigo era um lugar gigante. Sem teto nem paredes, a brisa entrava pelo o vazio, refrescando todos. Ela tinha um piso preto, que parecia ser resistente. Nos cantos, tinham bancos de diferentes cores: laranjas, cinzas, pretos, vermelhos, dourados... E umas dez pessoas sentadas em cada um. Ali, tinham vários tipos de lugares: tatames de diferentes cores; ringues grandes; uma arena que flutuava; arenas com lava, água, um vazio, terra quente e coisas estranhas. Em um tatame, um garoto com pele morena e tinha os cabelos marrons espetados e bagunçados. Os lábios eram carnudos e o nariz fino. Os olhos grandes e pretos. Ele estava com um menino que era de sua ideia, porém, mais magro e menos forte do oque o mesmo. Ele pega seu braço, dando um golpe mortal. O garoto voa para trás dele, caindo no chão com um baque alto. Todos olham para ele com os olhos arregalados e desprezo.

- Hahahahaha! Fracote. – Ele olha para todos em volta dele e paira o olhar em Jason. – Alguém vai querer lutar comigo?

- Eu! – Uma voz feminina doce e dura, ao mesmo tempo, se destaca na multidão. Delancy afasta todos de sua frente, ficando de frente com o garoto. – Eu quero lutar com você, Daron.

- Você, Delancy? – Ele dá uma risada irônica, fitando Delancy dos pés a cabeça. – Acha que consegue ME vencer?

- Eu sou a rainha disso, meu querido. - Delancy manda um beijo para Daron, com um sorriso de vitória. - Eu vou te colocar na mão e te esmagar. Vai ser fácil te vencer nessa luta.

- Olha... Eu não machuco mulheres. Principalmente as bonitas. – Ele dá uma piscadela para Delancy. Uma menina familiar, Evanna, sai da multidão com uma expressão de raiva. Ela vai para perto de Daron, segurando seu braço.

- Eu vou te bater na próxima vez que falar que alguém é bonita, sem ser eu mesma. – murmura em seu ouvido. Por incrível que pareça, Jason escuta que Evanna fala.

- Vamos começar a briga, vampirinho? – Com um sorriso provocante, que deixa todos tontos, ela entra no tatame.

Seu rosto se transforma em um rosto felino. Os dentes pontiagudos, as orelhas pontudas, os olhos pequenos, a pupila fina... Suas mãos, quer dizer, patas eram brutas, com garras afiadas.

- Miaaau... Cai dentro, sangue-suga. – Ela ronrona que mais parecia uma risada.

- Ela é uma gata mesmo. – murmura Jason pra si mesmo.

Evanna que ainda estava do lado de Daron, com os braços cruzados e expressão brava, se dirige para fora do tatame, observado os dois.

- E então... – Um moço que aparentava ter 22 ou 25, se destacava na multidão. – Que a luta comece!