O Quarto Rosa escrita por Lótus


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

O ovo azul



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Apesar da dor de conviver sem Neguinha, a vida continuava e o sol não deixa de brilhar por isso, infelizmente. Meus dias nem de longe eram os mesmos, agora eu evitava brincar fora de casa, já não explorava mais o vasto quintal da fazenda, me recrutava quase sempre no meu quarto ou na cozinha, que era o lugar mais espaçoso da casa.

Certo dia estava sentada próximo à parede da cozinha, quando de repente sai uma galinha de penas cor creme, pulou de uma viga de madeira do teto, nisso minha mãe entrou e disse:

__ Hum! deve ter botado ovo. – Nisso foi fiscalizar se realmente ela tinha posto ovos, e esses eram  azuis, um azul claro, bem claro, fiquei muito admirada ao ver isso, pois não tinha ainda visto ovos azuis. Minha mãe notando meu interesse pela galinha que botava ovo azul, disse-me:

__Quer essa galinha para você? – Pensei um pouco e respondi: __Quero. – A partir disso toda vez que a galinha botava ovo ia chamar minha mãe para apanhá-los.

Mas meu interesse pela galinha assim como veio, foi embora, sem avisar, sem se importar, foi livre, sem nenhuma resistência, era fraco. O vazio ainda existia dentro de mim, eu falava menos, e confiava ainda nos adultos muito menos. Minhas noites eram regadas a pesadelos, onde se misturavam realidade e fantasia, via Neguinha ora viva, ora morta, todos se encontravam os periquitos, o gato, e outros seres.

Certa noite, enquanto voltávamos de um passeio, chegamos a nossa casa debaixo de uma grande chuva, estava tudo escuro, minha mãe me agasalhou em um banco enquanto ia atrás de fogo e vela. Quando olhei vejo uma mulher enorme, muito alta, magra ao extremo, com vestes brancas encardidas, cabelos engrenhados enormes, desajustada fisicamente, tinha enormes unhas, se aproximou de mim e fixou seus olhos em mim, pude vê-los eram vermelhos se assemelhavam a fogo, ela me segurou firmemente pelos braços e dizia em uma voz pastosa:

__Venha! – Eu gritava apavorada dela conseguir me levar. Meus gritos eram perturbados, apavorados, assustadores. Minha mãe veio a tempo de me socorrer. Todavia com o desenrolar desses acontecimentos tornei-me cada vez mais medrosa, desconfiada, um pouco mais calada.

Certa ocasião minha mãe me chamou para ajudá-la a certificar à limpeza que havia sido realizada nos manguezais da fazenda, as mangueiras haviam sido podadas e todo o material adquirido na poda foi descartado em um poço de mais ou menos de três metros de profundidade, era um poço inativo e vazio. A noite quando todo o trabalho tinha findado, colocou-se fogo nos galhos jogados dentro do poço inativo, e presenciamos uma enorme fogueira que se formou com labaredas enormes, mostrando-nos todo o poder contido no fogo, seu calor, a madeira crepitava incessantemente, era realmente lindo de se ver. Ficamos quase hora ali, observando o fogo consumir sem dó nem piedade todo o material a ele destinado.


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