O Quarto Rosa escrita por Lótus


Capítulo 19
19


Notas iniciais do capítulo

A nova velha casa



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Após toda tempestade vem a calmaria. Assim a natureza tomou seu curso natural e as coisas se ajeitaram. Minhas tardes passaram a ser feitas de muito trabalho doméstico, agora eu ajudava minha avó em suas atividades diárias. Meu avô cultivava uma pequena roça, na qual meu primo Carlos, agora integrante da casa de meus avós, ajudava com toda pouca vontade do mundo.

A casa de meus avós era localizada agora em uma região suburbana, provinciana, rural, a casa era basicamente uma cabana, muito modesta, tínhamos conosco poucos vizinhos e muitos bichos, cachorros, cavalos, gatos, entre outros. Os animais mais queridos e especiais eram o Pacote, o cavalo branco de meu avô e Shake o cachorro de Carlos.

Nesse ambiente, encontrei novamente a liberdade, já tão desejada, de brincar, rir alto, comer do modo e o quanto bem quisesse. Voltei a sorrir, brincar e ser feliz de novo. Estava em uma época que me senti reconfortada pela família, minha família agora não era uma comum, com pai, mãe e irmãos, mas sim avós, primo, irmã e animais. Não poderíamos ser mais felizes.

Contudo apesar da boa energia encontrada dentro do nosso lar, tínhamos inúmeras dificuldades a ser vencidas, nesse local o acesso à água, luz e comida não eram fáceis, praticamente comíamos o que meus avós plantavam, e buscávamos água muito longe de casa, o que dificultava muito nossos dias.

Nossos maiores afazeres eram agrícolas, meu avô com paciência e muita energia passava as tarefas diárias na roça, como carpir, cuidar da plantação, debulhar milho, socar arroz no pilão para limpar e assim remover a casca, dentre outras. Brígida minha irmã que agora também morava conosco era muito esperta e sempre atingia as metas estabelecidas por meu avô, que do seu jeito quieto amava aquela criaturinha seria, de poucas palavras, e muito, mas muito sisuda. Brígida era a dona do coração de meu avô. Ela era a pequena perfeita dele. Quanto a mim e a Carlos éramos os mais travessos não recebendo elogios, pelo contrário, recebíamos sempre reprimendas.

Era comum irmos para a roça de manhã e a tarde dedicar para a escola. Em uma dessas idas, ocorreu-nos que após o árduo e difícil trabalho de carpir, ao retornar para casa tínhamos que trazer abóbora, pepino e maxixe, nisso, Carlos tinha inventando uma mini-carroça toda construída de bambu, uma material bem leve, e acoplou no Shake, colocamos as abóboras, os pepinos e os maxixes dentro dessa carrocinha e o cachorro todo feliz a puxava por ladeira abaixo e assim desfilamos nossa traquinagem, sorriamos a todos que cruzavam pelo caminho como se quiséssemos dizer:

Gostaram? fomos nós que fizemos.

Rimos muito até sermos pego em flagrante por nosso avô que imediatamente reprovou nossa invenção, preocupado em estarmos maltratando o cachorro, mas nós não estávamos, pois o cachorro abanava o rabo e não se rebelou em momento algum.

Como minha irmãzinha era bem mais comportada e quieta do que eu, Carlos era o meu maior e único parceiro nas travessuras que aprontava, fazíamos tudo junto e ríamos de tudo até um de nós ser punido. Uma de nossas aventuras foi quando um dos amigos de meu avô, velhos, que iam a nossa casa e ficavam horas conversando, e cuspiam na casa, pois eram fumantes e nossa casa não tinha piso, era somente o solo compactado, depois quem tinha que limpar o cuspe do chão era eu ou o Carlos, fazíamos isso com muito nojo, ecaaaaa.

Com isso bolamos um plano, o mesmo velhinho que cuspia no chão da casa, certo domingo pagou por todos os seus pecados, quando tivemos a oportunidade porque sempre tínhamos, de servir as visitas com café, foi nesse dia junto com Carlos que temperamos o café que esse senhor tomaria com uma bela pitada de sal. Eu mesma temperei e disse:

__Leve Carlos, entregue ao velho e não ria, permaneça sério, porque se eu for servir, não vou controlar-me e irei rir, e vão desconfiar na certa.

Assim aconteceu, Carlos levou e ficou observando sem nenhum pio, quando ele retornou para a cozinha eu já estava prostrada no chão me acabando de rir. Ele se juntou a mim, e rimos muito, até não conseguir mais. Nisso todas as vezes que víamos e oferecíamos café a esse senhor, ele recusava prontamente. Só não podíamos deixar que nossos avós descobrissem isso nem no sonho.

Passei um dos anos mais felizes da minha vida, com meus avós, o ambiente familiar, acolhedor, de amor, paz e muita diversão. Mas tudo o que é muito bom dura o que tem que durar. Minha mãe estava com um namorado há um tempo, e não sabíamos e nos visitou um dia, avisando-me e a Brígida que nos levaria para sua nova casa, começaria tudo de novo, deixaria meus avós, moraria em outra casa, só que dessa vez com minha mãe. Como seria a casa de minha mãe e minha futura casa? Meu aniversário de 12 anos estava próximo, seria isso um presente?


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Notas finais do capítulo

Me desculpem a demora.



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