Mamãe nos levou para sua nova casa, que porventura era em uma fazenda próxima a casa de meus avós, essa fazenda era muito diferente da que morei quando tinha cinco anos, essa fazenda era menor, e o dono dela o namorado de minha mãe senhor Bento, era um senhor de meia idade, calmo e parecia gostar muito de minha mãe, porque era ela quem ditava as ordens na fazenda.

La era um lugar legal, mas faltava algo, eu ainda não sabia o que, mas que faltava algo faltava. Minha mãe lembrou um dos meus maiores sonhos, ganhar uma festinha de aniversário, com bolo decorado, toda enfeitada e me disse:

__Filha se você quiser a mamãe faz um bolo no seu aniversário de 12 anos. – Fiquei muito feliz por sua atitude em me agradar e se preocupar em realizar os meus sonhos, então nesse clima meu coração começou a se abrir e aos poucos passei a aceitar a nova casa.

No dia do meu aniversário acordei muito animada, não tinha sequer ganhado ainda uma festinha de aniversário pelo que me lembro, essa seria a primeira, na minha família não tinham esse hábito, assim nesse dia minha mãe não deixou-me ver de forma alguma o bolo que ela mesma estava fazendo.

__Mãe alguém virá na nossa festinha?

__Filha eu convidei seus avós e seu primo, o Carlos.

Eu estava particularmente irradiante. O dia estava colorido. Senti-me pela primeira vez alguém importante. Arrumei-me o máximo que pude, coloquei roupas leves e claras, uma saia rodada rosa-bebe, e uma blusa branca. Às dez da manhã minha mãe chamou-me meio sem graça se desculpando, mas alertando-me:

__Filha me desculpe pelo bolo foi o melhor que pude fazer.

Quando olhei, meu mundo cor de rosa caiu... Mal consegui pronunciar devido ao tanto desânimo que se apossou de mim:

__Não tem nada não mãe, obrigada!

Quando olhei, vi três camadas de bolo caseiro sobrepostas, sem se qualquer vestígio de cobertura ou recheio era o bolo mais simples, e mais sem graça que vi, sem nada para agradar os olhos. Imediatamente senti vergonha do bolo, o que os convidados diriam? iriam rir, provavelmente.

A minha festa acabou mesmo antes de começar. Estava triste, puxa nada dava certo! Por que tive tantas expectativas? minhas expectativas foram altas demais...Não queria magoar minha mãe, mas também não conseguia esconder meu desapontamento.

Passou o tempo, e chegaram os convidados, eu fui e troquei minhas roupas, coloquei roupas que eu não considerava de festa, meus avós não puderam comparecer, mas meu primo amado veio, falei tudo para ele o quanto eu estava chateada, ele apenas um ano mais novo do que eu, parecia entender melhor a situação do que eu e disse:

__Não fique assim não, olha só o tamanho dessa fazenda, aqui você pode brincar andar a cavalos, não vai mais para a roça, pelo menos você agora mora com sua mãe e eu que nem mãe tenho, se alegre Bianca.

Com essas palavras eu acalmei mais o meu coração e pude perceber o quanto o Carlos era legal, simples e feliz. Por ele naquele momento eu não poderia ficar tão séria? Poderia?

__Então está bem, Carlos, vamos explorar a fazenda!

Chamei-o para brincar, era o que me restava, minha mãe vendo-me sair, perguntou se não iríamos cantar parabéns e comer o bolo, eu disse:

__Quando voltarmos, mamãe, obrigada!

Saímos mais ou menos animados, nisso olhei para o horizonte e descobri o que faltava ali naquela fazenda, faltava algo, sim, faltava eu, eu estar feliz.