Lágrimas De Sangue escrita por Shizuku Mizutani


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o primeiro capitulo. Aproveitem



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A sala de espera lá fora estava cheia, mas com certeza ninguém estava esperando para me ver. As únicas pessoas que estariam lá seriam minha irmã e minha mãe. Isto é, se minha mãe se lembrasse de mim. Keiko com certeza lembraria. Se Keiko me esquecesse, estaria esquecendo sua outra metade.

A porta se abriu e a enfermeira Suzuki entrou com uma menina ruiva, de olhos verdes e gentis. Por um segundo pensei estar me olhando em um espelho, mas lembrei-me da maca, das minhas roupas e etc.

- Por um momento achei que você tinha fugido do hospital. – disse a senhorita Suzuki, que estava com um sorriso no rosto.

A menina ao lado dela era Kimura Keiko, minha irmã gêmea. Ela é bonita, como eu. Seus olhos verdes são, além de gentis, muito acolhedores. Ela tem os olhos dignos de uma mãe carinhosa, mas não era apenas isso que a fazia ser especial. Seu olhar era tão gentil quanto os olhos em si e sua postura revelava sua preocupação.

Keiko correu para a minha maca e sentou-se na pontinha. Ela chorava loucamente, mas não conseguia definir se era tristeza por eu estar quase morrendo, ou se era felicidade por ainda estar viva. Keiko se inclinou um pouco sobre mim e me abraçou. Ela levantou a cabeça e eu enxuguei suas lágrimas, mas era inútil. Ela não parava de chorar.

Minha irmã desceu da maca e perguntou:

- Então? Qual o problema?

- Eu não sei bem, mas essa maldita doença custou-me um olho da cara – eu disse.

- O tratamento é caro? – ela perguntou, provavelmente pensando na pequena renda de nossa família.

- Não foi isso que eu quis dizer. – dei um pequeno risinho e levantei o tapa olho que cobria uma fenda preta onde devia estar meu olho. – A doença afetou meu olho e eu tive que arrancá-lo para que a infecção não se espalhasse. – relaxei meu sorriso e prossegui: - Enquanto eu não receber um transplante, não estarei livre daqui.

- Eu posso... – começou Keiko. Ela sacrificaria o próprio olho por minha causa?

- Não, Keiko! – eu disse, quase gritando. – Não quero que tire um olho por minha causa. Alem disso, pessoas com menos de quinze anos não podem ser doadoras.

- Entendo, Kimiko. – ela fez uma cara triste, mas se alegrou novamente. – Não se preocupe. Eu tenho certeza de que você encontrará um doador.

Kimura Keiko era muito espirituosa e positiva. O completo oposto de nossa mãe: Kimura Misaki.

Kimura Misaki é uma mulher fria e negativa. Ela mal se importa comigo e com minha irmã. Às vezes, ela chega a agir como se não estivéssemos lá. Isso é o que acontece geralmente. Eu e Keiko devemos juntar o nosso próprio dinheiro, pois nossa mãe não ganha muito em seu trabalho. Keiko e eu dividimos um turno na loja de brinquedos do nosso parque favorito. Nós duas meio que enganamos o patrão.

Nosso patrão não sabe da existência das gêmeas Kimura. No horário de lanche da Keiko eu assumo o lugar enquanto ela lancha e fico lá até a próxima pausa. Temos duas pausas cada uma, já que o trabalho é o dia todo. Mas temos que tomar cuidado para que nosso patrão não nos veja juntas.

Como o patrão acha que Keiko trabalha em dobro, ela recebe um extra pelo nosso trabalho. Com esse nosso pequeno salário mais a quantia extra, podemos pagar nossa alimentação e contas de celular. Quando uma de nós fica doente, renunciamos ao celular e à comida pronta e economizamos para os remédios ou tratamentos.

Nossa mãe se importa pouco. Nem ao menos sabemos se ela prestou atenção quando contamos do nosso emprego. Claro que ela não sabe da nossa trapaça, mas não ligaria se contássemos.

Um dia, a senhorita Suzuki invadiu minha sala de internação. Ela estava ofegante e feliz. Suzuki caminhou até o telefone e pude ouvir o som das teclas. O número que ela digitava era: 9973-0147. O número de Keiko.

Em todo esse tempo que estive internada, aprendi o som do telefone quando a senhorita Suzuki ligava para Keiko. Ela parou de tentar ligar para minha mãe ao perceber que ela nunca atenderia. A noticia parecia ser ótima, mas a paciente não deveria saber primeiro?


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