Dracolândia escrita por malukachan


Capítulo 8
Capítulo 8 - A ponte que não existe




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Continuou correndo o mais rápido que podia, mas parecia que quanto mais perto chegava do coelho mais este se afastava. O suor já estava começando a porejar sua testa, resolveu chamar a atenção da Hermione-Coelho, pois sentia estar próximo de seu limite.

- Espere! – Draco gritou chamando o coelho. – Pare, só quero fazer uma pergunta. Me espera, droga, estou preso neste pesadelo por sua culpa. Juro que esta será a primeira e última vez que isto irá acontecer. – resmungava, mesmo sabendo que havia um grifinório que sempre conseguiria quebrar as defesas mais arraigadas de sua personalidade.

Não sabia se Hermione o havia escutado e acelerava o passo ou se simplesmente estava atrasada com algum compromisso o que a deixava cheia de pressa. Sentia-se mais forte depois de comer algo (se é que podia chamar de comida aquelas montoeira de coisas rosas feitas com só-Merlin-sabe-o-que), mesmo em companhias que só o fizeram sentir mais saudade de casa. Passar aquele tempo com o Chapeleiro, personagem tão parecido com Harry, havia cobrado muito de suas emoções. A saudade que já era grande apertava forte seu coração e, como um bom Malfoy, essa "fraqueza" o deixava muito aborrecido.

Depois de ter passado tanto tempo em um mundo completamente pirado, Draco começou a achar que o seu próprio mundo não era tão terrível assim. Talvez a reação de todos ao seu relacionamento com o insuportável menino-que-permanecia-vivo não fosse tão terrível assim, talvez muitos vendo o quanto Harry o modificara (na realidade somente trouxera para fora o que sempre fora e ninguém ainda havia notado, humpf) percebessem que haviam nascido um para o outro. Ao menos é o que ele estava desejando com ardor.

"Há quanto tempo estou nesse lugar?" Se perguntava enquanto corria. Preciso voltar para casa, tenho tantos assuntos para consertar, tanto para confessar. Só o pensamento de se abrir completamente com alguém fez seu coração acelerar mais ainda, o que acabou o deixando sem folego para continuar a corrida.

Felizmente notou o coelho parando e, reunindo o restante de suas forças, acelerou parando a poucos passos. Dobrando o corpo para frente e apoiando-se nos joelhos com as mãos, tomou folego chamando novamente com a voz entrecortada com a falta de ar.

- Ei... Coelho! – disse enquanto tentava puxar ar. Começou a se erguer, levou as mãos às costas sentindo o corpo doer. Estivera caminhando e correndo o dia todo, e apesar de magro e flexível, não era muito atlético.

- Que ousadia! – veio a irritante e conhecida voz feminina – eu sou uma coelha! CO-E-LHA!

- Certo... Tanto faz... – o loiro disse já respirando melhor – Como eu saio desse lugar maluco?

Notou a coelha cruzar os braços e levantar a sobrancelha sem compreender sobre o que ele estava falado. Draco estava cansado daquele lugar, daquelas loucuras e de ninguém nunca saber do que ele falava.

- Ah, por Merlin! – disse exasperado – eu segui você pela ponte gigante, mas depois não consegui voltar porque a ponte caiu. – explicou, ainda possuindo resquícios de paciência.

- Oh! – disse Hermione colocando a mão na boca surpresa – Você olhou para trás? Por quê?

- Como assim, por quê? – quase berrou - Eu queria voltar pra casa.

- Não pode. – disse simplesmente a coelha dando de ombros e se virando para continuar seu caminho.

Quase sem pensar Draco esticou a mão segurando seu braço peludo e achou aquilo muito estranho. Por mais que não tocasse a sangue-ruim sabia que ela tinha pele e não pêlo (branquinho e macio, mas ninguém perguntou). Afastou o pensamento inquietante e voltou sua atenção para a coelha que o encarava soltando chispas pelos olhos.

- Me solte! – disse Hermione em um perigoso tom baixo, com expressão de poucos amigos.

- Mas eu quero ir embora! – repetiu Draco, quase choroso.

- Não tem como. Você não podia olhar para trás ou a ponte se desfaria. – respondeu a coelha – o que por acaso, você fez.

Falou como se fosse obrigação de todos saberem o mesmo que ela sabia. O que, pensou Draco, lembrava muito a verdadeira garota. Sempre sabia tudo e se irritava quando os outros não haviam lido os mesmos livros que ela. Sabia disso pelas inúmeras discussões que ela travava com os meninos. Mas diferente da cabeça-de-cabelos-sem-controle aquela coelha não parecia disposta a compartilhar e ajudar os outros. Draco se surpreendeu ao entender a bondade inerente à menina.

- Então... – disse soltando o braço de Hermione e sentindo-se derrotado pela primeira vez – Estou preso nesse lugar pra sempre?

Hermione notou o rosto desanimado do rapaz e começou a sentir pena da situação dele. Começou a andar de um lado para o outro pensando nas possibilidades, batia em seu queixo enquanto dava pequenos passos, como se isso a ajudasse a pensar. Draco se assustou quando ela gritou, estava distraído prestando atenção nos seus maneirismos relacionando-os com a garota que ficara para trás. Talvez elas não fossem tão diferentes. Uma esperança começou a brotar em seu coração

- PANQUECA! Já sei! – gritou com os olhos brilhando de animação.

O loiro encarou a coelha imaginando o que panqueca tinha a ver com a situação, mas mais alegre e confiante agora que ela havia decido ajuda-lo.

- Tem uma maneira de você ir embora. – disse confiante. Conforme sua animação aumentava, Malfoy percebeu que o pequeno nariz rosado da coelha tremia de excitação.

- E tem a ver com panqueca? – perguntou, arriscando.

- Huh? Panqueca? – Hermione olhava para o rapaz imaginando se ele teria algum problema. – Você quer panqueca?

A coelha franziu a testa apertando os olhos e imaginando se não estaria perdendo seu tempo, afinal, tentando ajudar esse menino.

- Quê? Não, você que disse panqueca. – tentou explicar.

- É uma expressão – ela disse, olhando com dó o loirinho à sua frente, achando-o muito burrinho. – Vocês não tem isso de onde você veio?

- Sim, mas... – quando Draco se tocou sobre o que discutiam sentiu vontade de bater na cabeça com um pedaço de pau. Estava perdendo um tempo muito precioso. – Deixa pra lá. Como eu faço pra ir embora?

A esperança que começou como uma pequena brasa já estava brilhando com mais intensidade. A idéia de conseguir retornar para o castelo já não parecia tão impossível.

- Simples – falou a coelha – você deve encontrar a ponte que não existe e atravessá-la.

Draco sentiu um baque, seu coração simplesmente parou. Encarou a Hermione-coelho passando a mão pelos cabelos procurando se acalmar. Achava que tinha encontrado uma pessoa que não seria completamente maluca e se enganou. Estavam perdidos. St. Mungus para todos. E mesmo no famoso hospital para doenças e acidentes mágicos não haveria muita esperança de cura para ninguém, nem mesmo para ele, depois de toda esta experiência.

- E como – o loiro procurou falar devagar para não gritar, fechando as mãos com força para manter seu autodomínio – você sugere que eu encontre uma ponte que não existe?

Hermione olhou para o jovem agora com certeza de que ele não batia muito bem. A pena por seus dotes intelectuais tão baixos escorria dos olhos dela.

- Oras, que pergunta mais boba. – respondeu a coelha, sacudindo a cabeça e tentando explicar algo tão simples. – Procurando, é lógico.

Draco decidiu que bater em sua própria cabeça seria um desperdício de beleza (Malfoy = Perfeição) e achou que seria muito mais útil para a humanidade (ou o que quer que esses seres que ele encontrou fossem) se batesse a cabeça da coelha em uma pedra bem grande e dura até que ela funcionasse melhor.

Pensou em diversos palavrões que cairiam muito bem na situação que se encontrava e finalizaria mandando a coelha para um lugar que ela não gostaria de ir, que dirá de conhecer.

- Certo... – foi o que finalmente resolveu responder – Não tem uma dica melhor não? – perguntou com o máximo de ironia que pode.

Hermione, desistindo de explicar porque o vermelho se chama vermelho a alguém que jamais passaria do azul, puxou o relógio do bolso e deu um pulo assustada.

- Ah meu bom passarinho, estou atrasada! – guardou novamente o relógio se preparando para partir.

Largando-o perplexo e ainda perdido, se virou e começou a correr pela trilha em que estavam. Só então Draco reparou que estiveram o tempo todo em um caminho cor-de-rosa. As árvores eram da mesma cor e também os arbustos. Sentiu até um leve enjoo de ver tanto rosa.

A coelha ia longe e como sua única chance era continuar com ela, respirou fundo e resolveu seguir Hermione que já se afastava. Jamais admitiria que desta vez a seguia somente para não se sentir mais tão sozinho naquela terra estranha.

No final da longa trilha havia um castelo enorme, As paredes eram rosa claro, os telhados um rosa pink. A bandeira rosa escuro tinha um grande U em rosa claro com vários gatos brincando em volta da letra.

Sentiu um arrepio gelado lhe descendo pela espinha e não teve um bom pressentimento enquanto se aproximavam do grande portão pink. Aquele rosa todo e os gatos enviavam sinais para seu cérebro, só não conseguia ainda associá-lo a nenhuma memória.


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