Dracolândia escrita por malukachan


Capítulo 7
Capítulo 7 - O chá antes do chá da meia lua




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Sua barriga imediatamente começou a reclamar fazendo um barulho enorme ao sentir aqueles cheiros tão gostosos que vinham das comidas sobre a mesa. A fome apertou de tal forma que, esquecendo qualquer receio, aproximou-se imaginando se poderia comer um pouco daquelas guloseimas quando avistou uma lebre sentada à mesa. O mais interessante era que a lebre era ruiva. Quando finalmente conseguiu chegar perto o suficiente para analisar melhor o ser ruivo reconheceu Rony Pobretão Weasley e suspirou cansado.

"Eles ficam brotando do chão, só pode."

- Chapeleiro! – gritou a Lebre da 23 de Março colocando a mão em forma de concha na frente da boca para fazer a voz sair mais alta – temos uma visita!

Ao escutar o grito Draco ficou esperando essa outra pessoa, mas não viu ninguém aparecer até que um BU sonoro em seu ouvido o fez pular assustado. Virou pronto para brigar, sua mente se preparando com uma longa lista de todos os palavrões que conhecia (o que? Achou que a briga seria física? Arriscar a machucar a perfeição de seu rosto? Jamais faria isso com a futura oitava maravilha o universo), quando reconheceu a pessoa que o assustara.

- Harry? – perguntou, sentindo o coração disparar de alegria, sem esperar por uma resposta envolveu o pescoço do outro em um abraço apertado.

- Ui, que convidado mais atirado! – a lebre comentou colocando a mão sobre a boca fingindo embaraço alheio.

O loiro afastou-se sorrindo para Harry. Só então que notou a roupa que o "suposto" namorado usava. Um conjunto antigo de paletó, calças justas, botas e uma enorme cartola na cabeça. Percebeu então que apesar do Chapeleiro ser Harry não era definitivamente o "seu" Harry.

- Sou o Chapeleiro, – falou o moreno com um sorriso malicioso cheio de charme – encantando. Retirou o chapéu e fez uma mesura graciosa.

Nesse instante Draco podia ter desmaiado de emoção com tanta galanteria, mas não seria muito digno (um Malfoy não deve perder a compostura, jamais... Nem por um precioso Harry). Curvou-se levemente em cumprimento ao Chapeleiro e ficou em silêncio.

- Após essa efusiva demonstração de carinho – o Chapeleiro falou – queira, por favor, se juntar a nós para o chá três quartos de lua.

Arqueou a sobrancelha e olhou gulosamente para a mesa repleta de comida. Mesmo perdendo o interesse em continuar perto daquele falso Harry (apesar de seu coração doer cada vez que o olhava por causa da semelhança física), o loiro sentia muita fome e decidiu ficar.

Rony, a Lebre da 23 de Março ruiva, indicou que Draco se sentasse na cabeceira da mesa, na outra ponta sentou o Chapeleiro Harry, depois se dirigiu saltitante para o meio, onde se sentou em uma cadeira de encosto alto.

- O que seria chá três quartos de lua? – perguntou Draco puxando conversa. Apesar de não ser o legítimo ainda poderia matar um pouco de saudade ao ouvir aquela voz tão querida.

- Mas que pergunta boba, não é óbvio? – falou o Chapeleiro rindo – É o chá antes do chá da meia lua.

"É... eu perguntei..." Pensou o loiro rolando os olhos, sentindo a semelhança se esvair imediatamente. Nem o real Potter era tão tonto assim.

- Vocês sabem como eu faço pra ir embora daqui? – arriscou mesmo assim, afinal quem não arrisca não pega a vassoura mais rápida, ou algo assim. Definitivamente o local o estava afetando.

- Ir embora? – A lebre disse – Mas você acabou de chegar! – parecia horrorizado só de pensar que ao ir embora Draco perderia o próximo chá.

- Sim, fique mais um pouco, não precisa ir embora. – O Chapeleiro falou sorrindo charmoso, mexendo sugestivamente as sobrancelhas, com a ajuda dos dedos, para Draco que teve um acesso de riso com a visão.

- Você definitivamente não é Harry – falou no meio do riso – ele nunca faria isso.

Apontou para o Chapeleiro que continuava a mexer na sobrancelha com o dedo, agora tentando deixá-la erguida, para dar uma indireta irônica em Draco.

- Ora, mas que afronta. – falou o Chapeleiro, fingindo ter ficado ofendido, finalmente desistindo de moldar seu rosto com as mãos – Vou ter que contar tudo para o rato e ele vai roer seu dedo.

Draco ficou olhando para o Chapeleiro como se ele fosse realmente maluco, ao vê-lo bater no bule de chá, igual se faz em uma porta, teve plena certeza, não só era maluco, era biruta.

- Rato. – bateu de novo – Rato. – Bateu uma terceira vez – RATOOOO – gritou desta vez com a boca colada no bico do bule.

Uma cabecinha pequena e peluda saiu pela tampa de dentro do bule. Draco colocou a mão na boca para segurar a gargalhada que queria fugir por seus lábios ao ver o rosto de Neville com cara de sono. Era um pequeno ratinho com pelagem castanha e brancos dentinhos protuberantes.

- Sim? – falou bocejando e esticando os braços. Parecia ter acordado naquele instante. Pela cabeça de Draco ficou passando o pensamento de que o ratinho deveria estar molhado, afinal aquele não era o bule de chá? E se estivesse com chá de verdade lá dentro quem o tomaria sabendo que era caldo de rato? Olhou para a comida com suspeita agora.

- Ele me insultou – o Chapeleiro apontava para Draco com enfado – vá lhe roer o dedo.

- Agora? – Neville disse ajeitando a cabeça nos braços e caindo no sono. Mal conseguia manter os olhos abertos e pelo jeito não possuía a mínima vontade de se mover de onde estava tão confortavelmente empoleirado.

Sem conseguir aguentar mais Draco jogou a cabeça para trás e soltou uma sonora gargalhada segurando a barriga com os braços. A gargalhada explodiu alta e descontrolada, era uma mistura de desespero com descontrole.

- Oh, mas ele ri bem – a lebre ruiva falou impressionada – poderíamos até fazer um concurso. Boas risadas são como os conselhos gratuitos que nos empurram sem pedirmos. Apesar de parecerem inteligentes ao serem pronunciados raramente encontramos algum que realmente preste para passar adiante.

E tendo dito isso Rony da 23 de Março soltou uma risada estranha e alta, meio desafinada e cheia de altos e baixos, como se não decidisse que som deveria ter e decidira usar todos.

O rato Neville soltou uma leve risada no meio do sono fazendo a lebre balançar a cabeça em desgosto.

- Ótimo, minha vez – disse o Chapeleiro molhando os lábios se preparando para demonstrar toda a sua habilidade gargalhante.

Puxou um megafone debaixo da mesa, posicionou-o nos lábios e tomou folego. Em seguida soltou uma gargalhada que reverberou por todo local, parecia ecoar na cabeça de Draco muito tempo depois de ter parado.

- Acho que não há duvidas de que fui o melhor – o Chapeleiro falou convencido se reclinando na cadeira e levando uma xícara com chá fumegante à boca.

- Mas foi injusto. – Draco disse sem se conter, só depois se tocando que estava discutindo sobre um ridículo concurso de gargalhada com uma turma de desestruturados mentais, algo sem sentido nem importância, para começo de conversa.

"Esse lugar já esta mexendo com meus nervos" - finalmente admitiu, ao menos para si mesmo, mas jamais comentaria isso com ninguém decidiu. Parecia somente se esquecer que mesmo que comentasse, quem acreditaria?

Então viu um relógio de bolso, muito parecido com Sir Cadogan, que estava em cima da mesa levantar e andar até o Chapeleiro.

- QUINZE MINUTOS! – gritou e voltou para seu lugar na mesa deitando novamente.

- Mudando de lugar – o Chapeleiro disse levantando-se rapidamente de sua cadeira.

- Como? – Draco disse sendo empurrado para o lugar que era de Rony da 23 de Março sem conseguir impedir.

- São as regras – A lebre ruiva disse – mudamos de lugar de quinze em quinze minutos para que as cadeiras vazias não se sintam rejeitadas por não serem usadas.

Foi a explicação mais sem noção e ao mesmo tempo a melhor que já escutou desde que chegara ali. Sem ter o que falar sobre isso, Draco apenas aceitou mudar de lugar.

- Quer chá de menta rosa? – perguntou o Chapeleiro com o sorriso malicioso de volta.

- Menta rosa? – Draco falou aceitando com a cabeça ao ver que vinha de uma chaleira e não do bule onde estava o rato. Parecia que todos por ali tinham algum problema com essa cor, resolveu aceitar como natural beber um chá de menta rosa.

- Meu caro, até parece que não conhece a Rainha Rosa – disse o Chapeleiro Harry servindo o loiro.

- Já ouvi muito falar sobre essa Rainha Rosa, mas não sei quem é. – disse bebericando o chá e achando-o muito doce.

Não reparou as caras de espanto de seus anfitriões. Até mesmo o rato Neville acordara para encará-lo. Somente depois de comer um pão rosa com patê de alguma coisa (que realmente não queria saber o que era) que Draco notou os olhares que recebia.

- O que foi? – perguntou tomando outro gole do chá.

Quando o Chapeleiro ia responder Draco viu Hermione-Coelho passar pelo mesmo portão pelo qual havia entrado. Como foi por segui-la que se metera nessa confusão toda com certeza somente ela poderia lhe indicar o caminho para casa.

Agradeceu rapidamente e saiu atrás do coelho antes que o perdesse não escutando o Chapeleiro pedindo para que voltasse a qualquer momento.

Quando chegou ao portão ainda conseguia ver as grandes orelhas brancas não muito longe e correu atrás.

"Hora de ir embora!"


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