Era Natal. Morau, Novu, Netero e Dante resolveram, por insistência do próprio Dante, ficar por algum tempo na sala onde a habilidade de teletransporte de Novu os levava e atrasar o plano em apenas alguns minutos.

O garoto queria passar ao menos uma parte do Natal longe de inimigos, e logo telefonaria para os dois rapazes — Killua e Gon — para ver como estavam. No dia anterior, havia pego o número deles antes dos mesmos saírem do NGL, para contactá-los se havia ocorrido algo importante a ser dito.

Logo que chegaram à sala, Dante pegou o celular, discando o número. Após chamar poucas vezes, Killua o atendeu.

— Dante?

— Feliz Natal, garoto.

Killua riu do outro lado da linha, enquanto Gon, já acordado, perguntava-se se era realmente Dante.

— Feliz Natal pra você também.

— Como está o Gon?

— Ah, ele já acordou e está bem, felizmente… – pôde ser ouvido gritos de Gon do outro lado da sala, “Ah, é o Dante? Como ele está?”. - Acho que ele quer falar com você.

— Tudo bem, passe pra ele. - sorriu, enquanto ouvia o outro se aproximar pelos passos.

— Olá, Dante! – exclamou. Parecia alegre. - Feliz Natal!

O mais velho novamente sorriu com a frase.

— Pra você também, Gon.

— Como você está?

— Eu quem deveria perguntar isso, você que estava inconsciente da última vez que eu o vi. - Gon gargalhou com aquilo, enquanto Killua tentava ouvir a conversa aproximando seu rosto do celular.

— Eu estou bem. Desculpe por não termos o esperado perto do formigueiro, é que…

— Ei, o Killua já me explicou tudo um pouco antes de vocês saírem do NGL.

— Ah, sério?

— É. Eu também devo me desculpar, talvez se estivéssemos todos juntos, aquilo não tivesse acontecido. Eu também deveria ter ido com vocês.

— Não, tudo bem. Ah, Dante, o Killua me contou sobre a Mackenzie-san…

— Ah… - Dante logo fitou o chão. Tocar no nome da ruiva já o deixava um tanto sem reação, e aquela sensação de derrota lhe tomava novamente.

— Tenho certeza de que ela está bem. Ela é uma Hunter tão habilidosa quanto o Kaito, não é? Ele me disse também que ela foi atacada pela mesma criatura, e com certeza eles não iriam deixar aquele monstro derrotá-los…

— Gon… você não está pensando muito bem. Mackenzie foi atacada supostamente depois de Kaito, e isso quer dizer que o Kaito… bem, talvez exista outra explicação…

— Ele pode ter se escondido porque estava ferido! – Dante suspirou pacientemente com a persistência do garoto. Logo percebeu pelo som que Killua havia pego o celular de Gon. - Não precisamos discutir sobre isso agora.

— Killua, sei que não tivemos tempos muito legais quando estávamos vindo para cá juntos, mas eu vou dizer pra você que não sei o que pode acontecer a partir de agora.

— Vocês estão indo para o formigueiro?

— Exatamente… portanto, gostaria de falar com vocês antes de tudo.

— Entendi.

— Agora eu preciso desligar, garoto. Combinei que seria apenas alguns minutos de atraso, e acho que já deu a hora.

— Tudo bem… bom, até mais então, Dante.

— Até mais. Feliz Natal.

Dante desligou o celular, e logo Morau, atrás de si, se pronunciou:

— Pronto? Nós já estamos atrasando o plano!

— É só apressarmos o passo e com certeza compensaremos a demora. Pode deixar algo comigo então.

— Não.

— Cara, é Natal. Não vamos ficar discutindo, sim? Por que não voltamos para o plano logo? Quem está atrasando o plano agora é você.

— … - o mais velho bufou, revirando os olhos.

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No formigueiro, Mackenzie olhava ao seu redor. Sim, era Natal. Ela queria passar o Natal com sua mãe, mas infelizmente não poderia.

Ela olhou novamente para os pontos no seu braço. Estava inchado, e bastante dolorido. Parecia ter piorado naquele dia, e ela novamente não conseguia mexer o braço. A sua perna também não parecia ter melhorado.

Logo Neferpitou entrou na sala, com algo em mãos. A ruiva olhou-o curiosa.

— Achei que estivesse com fome. - a quimera jogou uma maçã para a Hunter, que a pegou com o braço que conseguia mexer facilmente. - Pouf disse que é bom para humanos comerem essa fruta. Disse também sobre os valores nutritivos e que tinha vitaminas… bom, eu não me lembro quais, nya…

— Er… Neferpitou. - ele olhou para a ruiva com o peculiar sorriso de sempre. - Feliz Natal. E obrigada pela maçã.

Pitou tombou a cabeça para o lado, e uma breve confusão formou-se em seu olhar.

— Natal?

— É. Hoje é dia 25 de dezembro. - Neferpitou ainda não parecia ter compreendido o que significava aquela data, piscando os olhos algumas vezes.

— Hm… esse nome me parece familiar.

Ele se lembrava que havia lido sobre aquilo em algum livro, mas provavelmente não havia considerado como algo importante para não se lembrar.

— Você não sabe o que é Natal? - a menina franziu o cenho, sorrindo de canto com a ingenuidade do outro.

— Não exatamente…

— Bom, na verdade é algo dos humanos. Comemoramos o nascimento de Cristo nessa data, e normalmente damos presentes para as pessoas queridas. - o outro novamente olhou-a confuso.

— E por que se presenteiam nessa data?

— Ah, Pitou, é algo bíblico. Não acho que com uma explicação você entenderia. - a quimera arqueou uma sobrancelha, logo murmurando:

— Se você diz…

Mackenzie logo se perguntou desde quando conversava livremente com o seu… poderia considerar Neferpitou como seu sequestrador.

Mordeu a maçã uma vez, saboreando-a. Estava realmente com fome — além de não achar que uma fruta a deixaria satisfeita, iria se conter. Neferpitou sentou-se ao lado da garota, indagando:

— O dia 25 é especial pra os humanos?

— Sim. Eu queria ter comprado algo para a minha família. - suspirou um tanto entristecida, fitando o chão. - Deixe-me perguntar uma coisa, o que fez com meu braço e perna?

— Seu braço e perna?

— É, quer dizer… você só costurou?

— É. - Mackenzie olhou para a quimera um tanto assustada. Talvez fosse por aquele motivo que estava doendo tanto.

Logo a porta se abriu novamente, e como no dia anterior, Shaiapouf entrou. A ruiva olhou para ele e logo sorriu fracamente.

— Feliz Natal para você também.

— Perdão? - Mackenzie suspirou pacientemente, arqueando ambas as sobrancelhas.

— Você também não sabe o que é Natal… ?

— Ela disse que é uma data especial para os humanos. - começou Pitou. - Isso se comemora no dia de hoje, e as pessoas se presenteiam…

— Por?

— Ela disse que eu não iria entender. - o loiro encarou Mackenzie reprovadoramente. Ela fez um sinal negativo com as mãos.

— Não, é que algo bíblico!

— Tudo bem, humana. - Pouf logo encarou Neferpitou e pronunciou: - Que idiotice. Humanos têm motivos insólitos para se presentear.

— Não é anormal se comemorar o Natal. Quer dizer, pra vocês deve ser, mas…

— Deixe-me adivinhar, essa data também seria um motivo de feriado?

— Quase todos estariam de férias, então—

— Também são mandriões.

— Mandri o quê?

— Não me surpreende que você não saiba. - Neferpitou balançou a cabeça negativamente, como se os mandasse parar de discutir.

— Pouf, está sendo grosseiro, nya… - o loiro apenas empinou o nariz, suspirando e desviando o olhar.

— Vocês não são tão monstruosos como eu pensei. - as duas quimeras olharam para Mackenzie interrogativamente. - Acho que colocaram coisas demais sobre vocês na minha cabeça. - Neferpitou sorriu com o comentário; afinal, ele não entendeu porque o chamara de monstro. Ele nunca se viu ou se sentiu como um monstro. Shaiapouf já pensava que as pessoas que haviam dito algo sobre eles com certeza eram humanos, porque eles eram tão tolos a ponto de julgar sem conhecer. Era típico, ao menos na sua opinião. - Coisas ruins.

Neferpitou resolveu então tratar aquilo como um elogio.

— …Obrigado, nya. - Pitou olhou para o loiro, como se esperasse que ele dissesse o mesmo.

Shaiapouf apenas ignorou.

— Pitou, esqueça isso. Quero falar com você.

A quimera olhou a ruiva, que sorriu.

— Desculpe ter de deixá-la aqui sozinha, eu queria fazer mais algumas perguntas antes, mas…

— Não, tudo bem.

Neferpitou logo seguiu Shaiapouf para fora do quarto, curioso com o assunto.

Mackenzie olhou para a janela, pensativa.

“Espero que Dante, Kaito, Gon e Killua estejam bem.”

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Antes de treinarem para lutar contra os assassinos mandados por Netero, Killua e Gon trocaram alguns presentes de Natal. Killua estava preocupado com Kaito e Mackenzie, mas permitiu-se relaxar enquanto estava com Gon.

Aquele garoto era a luz, e o clima do Natal acabou por deixar a amizade dos dois ainda mais forte. Aquele dia acabaria por ser especial. Foi a primeira vez que Killua realmente relaxou e não precisou se preocupar com quase nada.

A união. Era o símbolo do Natal, tanto para Gon e Killua, quanto para Mackenzie e Dante. A coisa que eles queriam naquele momento era passar o dia com suas famílias, talvez até mesmo todos juntos, mas infelizmente as coisas nunca aconteciam como o planejado.

De qualquer modo, eles passaram parte daquela data maravilhosa relaxados — até mesmo Mackenzie parecia estar em paz, e a ruiva era a mais afetada. Portanto, eles não estariam daquele modo por muito mais tempo, e temiam não terem tempo nem naquele dia.

Mas aproveitariam as horas como se não houvesse mais preocupações. E não haveria, ao menos ali. Naquela sala onde estavam Killua e Gon; no formigueiro. Ao menos por alguns minutos, eles puderam relaxar.

Finalmente, sem preocupações.

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