Quem É Você? escrita por Amanda Cunha


Capítulo 8
A Família Weasley - O Início


Notas iniciais do capítulo

Uma semana de espera apenas! Beijos!



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Eu mal tinha acabado de sair do banho, quando os oficiais bateram à porta.

A recepção do hotel, porém, como todo hotel inglês, já me avisara dessa “visita repentina”. Eu estava preparado.

Então, vestindo meu roupão, abri a porta.

– Bom dia. – os oficiais revelaram suas identidades policiais.

– Bom dia, senhores. Em que posso ajuda-los?

– O senhor é o Sr. Malfoy?

– Eu mesmo.

– O senhor está sendo intimado a comparecer a delegacia de polícia no dia 3 de outubro, para interrogatório.

Eu poderia ter perguntado o que eu fiz de errado. Mas isso não era novidade para mim.

– Muito bem.

Eles apenas me olharam de cima a baixo, surpresos com a minha calma.

– O senhor pode assinar aqui, por favor. – um deles me entregou um papel e uma caneta.

Eu assinei.

Eles deixaram um papel comigo, com as informações e a... Como dizer? Acusação.

E então me deixaram sozinho com meus pensamentos.

E tudo o que eu conseguia pensar era que eu não podia comparecer. Não neste dia.

Seria o dia da exposição da Gina... Que, aliás, não saía um minuto da minha cabeça.

Após uns cinco meses, posso dizer que eu havia me transformado completamente em Alex Villard, o namorado da Gina Weasley.

Eu a levava para a faculdade todos os dias, almoçávamos juntos, eu a buscava na faculdade e depois íamos para o hotel, ou para a casa dela.

Muitas vezes, saíamos para museus, praças, restaurantes.

Na maioria das vezes, Gina cozinhava para nós. Outras vezes, eu comprava nosso jantar no restaurante do hotel. E alguma vezes, eu decidia me aventurar na cozinha, com auxílio mágico, claro.

Dormíamos juntos sempre. Algumas vezes, eu a seduzia. Outras – eu admito que era a maioria – ela me seduzia. E outras, Gina dormia no sofá enquanto víamos algum filme, e eu acabava desistindo do filme também e a levava para cama no colo, sabendo que estava exausta.

E eu admito que, apesar de querer fazer amor com ela todas as noites, a sensação de quando eu a pego no colo com todo o cuidado para que ela não acorde, e quando ela se encolhe em meu peito, é maravilhosa.

Ah, eu já ia esquecendo de mencionar. Nossa vida amorosa era repleta de discussões e brigas. Desde arte até comida, de se andaríamos ou iríamos de carro, de quem lavaria a louça...

E, é claro, passávamos boa parte do tempo discutindo sobre como os homens da faculdade olhavam ou assediavam descaradamente a minha namorada.

– Ele estava me pedindo ajuda no projeto final! – ela tentava se explicar.

– Eu não acho que seja necessário colocar as mãos nos seus ombros para pedir ajuda em trabalho de faculdade.

– Alex, eu sou cega, esqueceu?

– E daí?

– E daí que essa é a forma que as pessoas têm de demonstrar o que sentem. No caso, agradecimento.

– Agradecimento uma ova! O que ele sente por você é atração, Gina. Atração sexual!

– Como você sabe?

– Porque eu vejo! E eu vi a forma como ele olhava para você.

– Você está ficando louco...

– Ache o que quiser, mas você não vai mais falar com esse rapaz... Não vai mais se aproximar dele, ouviu?

Ela gargalhou:

– Escuta bem o que eu vou te dizer, Alex: você não é meu pai. Ponto final.

Eram suas últimas palavras. E eram as palavras mais irritantes do mundo porque eu não tinha como argumentar.

Geralmente, após essas brigas, nós passávamos duas horas sem nenhum tipo de comunicação. Depois, acabávamos não aguentando, e geralmente, eu a agarrava ou algo assim.

Depois do beijo, ela dizia:

– Você é bobo.

E eu respondia:

– Não é minha culpa você ser tão linda.

E enfiava as mãos debaixo da sua blusa.

– Você é tão ciumento. – ela dizia e agarrava meus cabelos num beijo de derreter qualquer sanidade.

E assim, aprendíamos a lidar um com o outro.

Sem que eu percebesse, estávamos juntos há dez meses. Eu nunca estivera com alguém tanto tempo. Tudo bem... Eu nunca estivera com alguém mais de um dia seguido.

Porém, aqueles dez meses eram mais do que o suficiente para eu saber que algo estava diferente em mim.

Para completar minha descoberta, naquele fim de semana, Gina apareceu com uma surpresa.

Eu disse surpresa?

Não... Foi uma bomba.

– Sua mãe?

– E meus irmãos.

– Seus irmãos?

– Eles estão vindo para o meu aniversário.

– Mas todos eles?

Ela me olhou como se eu tivesse problemas.

– Sim, Alex, todos eles. – então, colocou as mãos na cintura. – Você, por acaso, está com medo de conhecê-los?

Medo? Que tal pavor?

– Não é isso, Gina... É só que... Eu não esperava.

Ela sorriu e veio até mim.

– Eles são legais. Todos eles. – e então me abraçou e beijou meu rosto. – E quer saber? Eu acho que vocês vão se dar bem. Você vai adorar minha mãe. Ah, e eles estão loucos para conhecer você.

Eu continuei a fazer careta. Afinal, ela não podia me ver. Então fiquei mais meia hora fazendo caretas.

Grande vantagem.

~~~###~~~

Quando deixei Gina na Accademia, decidi que precisava de estrada.

E, sem dúvida... De velocidade.

Então peguei a Via Libertà, a cem quilômetros por hora. Era tudo o que eu precisava.

Eu estava prestes a ser aniquilado. Assim que a família de Gina me visse, tudo estaria acabado.

Eles jamais aceitariam.

Gina jamais aceitaria. Draco Malfoy em sua vida? E ainda por cima, a mentira. Alex Villard nunca existira. Era simplesmente uma fraude.

Era bem capaz que ela pensasse que eu a estava usando, afinal. Para o sexo... Para dominação.

Para vencer Harry Potter.

Sentindo a boca ácida, acelerei ainda mais e abri as janelas. O vento era refrescante.

Talvez eu não devesse voltar.

Porém, a imagem de Gina sorrindo para mim, os olhos brilhantes como se realmente pudessem me ver... Eu não sei se conseguiria me acostumar a não vê-la.

Aquelas mãos, concentradas em sua escultura de argila, desenhando cada detalhe... As mesmas mãos que fechavam os meus olhos para que eu analisasse suas artes... As mesmas mãos que me sufocavam a cada toque.

Eu não sei. Acho que eu não saberia viver sem ela mais.

Eu amava Gina Weasley.

Merda! Eu amava Gina Weasley! Eu! Draco Malfoy!

Eu nunca amara ninguém! Eu nunca quisera amar ninguém!

E agora... Por Merlim, eu seria deixado pela única mulher que eu fora capaz de amar.

Seria escorraçado por sua família de pobretões ruivos.

Por um momento, eu desejei que todos fossem cegos.

Realmente desejei.

~~~###~~~

Na sexta-feira, o dia fatídico, eu levei Gina para a Accademia.

E coloquei meu plano em ação.

Que plano? Você deve estar se perguntando.

E a única resposta que vem trava na minha garganta.

– Eu não acho que seja preciso que o seu motorista vá busca-los, Alex. Eles podem pegar um táxi ou algo assim.

– Eles são muitos. Terão que pegar dois carros. No meu tem espaço para todos.

– Mas...

– Gina, eu faço questão. – e dando um beijo em sua testa, ela entendia que eu era superprotetor.

E eu chegava à conclusão de que eu era um mentiroso.

Eu já tinha combinado tudo com o motorista.

Os Weasley chegariam à estação às dez e meia.

Ele diria a eles que era o motorista do Sr. Villard, os Weasley acreditariam, e então eu entraria em ação.

E foi exatamente assim que sucedeu.

Do lado de fora, observei as cabeças vermelhas saírem da estação em direção ao carro.

Uma, duas, três, quatro... E cinco com a Granger.

Eu deixei um sorriso sarcástico escapar. Vê-los ali me dava uma espécie de nostalgia terrificante.

Bom, até que, com as baixas da guerra, eles eram bem menos do que eu esperava.

Porém, havia outras duas... Uma mulher e uma criança. Desconhecidas para mim.

Quando o motorista deu partida, entrei no meu carro e, a certa distância, os segui.

O plano era leva-los direto para o restaurante.

Bem... Para o restaurante que eu havia fechado naquela tarde para... Uma recepção especial.

E até agora, tudo estava dando certo.

Assim que o carro parou e todos saíram, o recepcionista os guiou para dentro.

Olhando para o feixe de luz de sol que escapava das nuvens, pensei em Gina. Ah, se eu pudesse me despedir. Em poucos minutos, eu provavelmente estaria num caixão.

Entrando no restaurante, desejei que, ao menos, eles me dessem um enterro decente.

De longe, avistei-os à mesa.

Observei quando um dos mais altos – que se eu não me engano era um dos gêmeos – pegou o cardápio.

– Esse cara... Ele vai pagar por tudo? – ele perguntou, provavelmente se referindo a mim.

Então, a mãe o estapeou. E eu tive que segurar o riso.

Será que se a minha primeira frase fosse: “Podem pedir o que quiser, é tudo por minha conta”, eles me deixariam... Bem, viver mais um pouco?

Porém, com a risada de todos, percebi que ele estava apenas brincando.

Não. Os Weasley não eram tão interesseiros como eu. Não mesmo.

– São onze e meia, senhor. Devo fazer os pedidos? – o chefe de cozinha me perguntou.

Eu não tinha muito tempo. Gina logo terminaria as aulas e então... Estaria tudo terminado.

– Ainda não. Preciso falar com eles antes, e gostaria de privacidade total, por favor.

Diante do meu olhar de desespero, supus que minha solicitação seria cumprida.

Então, sentindo os olhos arderem, dei meu primeiro passo em direção ao fim.

Aproximando-me com toda a segurança possível, eu disse:

– Bom dia.

A mãe, Molly, como Gina tinha dito, se ergueu rapidamente, ansiosa para me conhecer.

Mas então, como todos os outros, sua boca quase chegou ao chão. Há. Sem exagero.

– Eu sou Alex Villard. – eu disse, diante do silêncio.

Os olhos se arregalaram ainda mais. Ah, então era coisa de família...

Todos se entreolharam.

– Villard, uma ova, Malfoy!

Ronald Weasley. Há. Meu favorito.

Todos já buscavam por suas varinhas.

– Gente, mas o que é isso? – a mulher morena que eu não conhecia perguntou, e segurou a criança, provavelmente sua filha, com ela.

– Nós é que queremos saber. – o gêmeo, que talvez não fosse mais gêmeo porque o outro não estava ali, perguntou. - Que palhaçada é essa?

– Não é palhaçada, é sério. – eu disse, as mãos a frente do corpo, em sinal de paz.

– Você pode explicar? – a Granger perguntou.

– É exatamente por isso que eu estou aqui. – eu disse, e fiz menção de sentar-me a mesa.

– Nem um movimento, Malfoy! – o mais velho, e cabeludo, disse.

Eu já esperava por essa reação. Afinal, chegar numa nova cidade, guiados para um restaurante vazio, e recepcionados por um Malfoy... É, realmente não era muito aconchegante.

– Ok... Ok... – eu ergui as mãos novamente. – Tudo bem se eu paguei tudo isso aqui para que pudéssemos... Bem, ter espaço, mas se vocês preferem assim...

– Cala a boca e fala logo, Malfoy. – Ronald disse e tanto eu quanto a Granger olhamos para ele como se ele fosse... Analfabeto.

Se eu calar a boca não terei como falar, então, acho que você acabou de criar um paradoxo.

Mas eu preferi deixar a piadinha de lado.

– Bem, sim, eu sou Draco Malfoy. – admiti e vi que alguns reviraram os olhos. – Mas uso o nome de Alex Villard.

– Alex Villlard? – Molly perguntou. – Mas esse não é o nome do namorado da Gina?

Todos me encararam ferozmente.

– Exatamente.

Foi tudo o que eu disse.

E foi tudo mesmo, porque no segundo seguinte, aqueles irmãos assassinos da Gina seguraram meus braços e me prenderam na cadeira, com um feitiço.

– Epo, acho que é melhor você tirar a Leah daqui. – o cabeludo disse e então a morena saiu, carregando a criança.

– Espera aí... Não é para isso! Eu não estou ameaçando ninguém aqui! Não vim para brigar!

– Isso é realmente muito difícil de acreditar. – o cabeludo disse.

– Se eu quisesse atacar vocês, eu jamais viria sozinho!

– E quem garante que não tem outros comensais escondidos por aí? – o ex-gêmeo perguntou.

Comensais?

– A Guerra acabou! Faz muito tempo!

– Ele tem razão. Os Comensais estão todos presos... – a Granger disse.

– Menos ele!

– Você sabe que muitas coisas não são simples assim, Ronald.

Eu não estava entendendo muito bem, mas pude perceber que o Weasley-melhor-amigo-do-Potter e a Granger-namoradinha-do-melhor-amigo-do-Potter compartilhavam informações que os outros não.

– Do que vocês estão falando? – o cabeludo perguntou.

– Não vem ao caso agora. – Ronald resmungou e se virou para mim. – Malfoy, explique-se. Se você não está aqui em ameaça, que porcaria está fazendo aqui?

Droga. Estava tudo indo por água abaixo.

E o que eu poderia esperar?

Inspirando fundo, comecei:

– Eu estou aqui para recebê-los. A Gina me avisou que vocês chegariam e eu fiz questão de busca-los na estação e traze-los para cá porque... Eu gostaria de conversar com vocês.

Ninguém disse nada. Estavam todos impressionados, acho.

– Então a Gina sabe que você está aqui? – a Granger perguntou.

– Sim.

– E você está usando esse nome falso...?

– Eu estou usando Alex Villard como nome porque... – eu já estava morto. – Porque a Gina... – Decididamente morto. – Ela não sabe quem eu sou.

Todos apontaram as varinhas novamente para mim:

– Seu canalha!

Eu fechei os olhos, imaginando que em poucos minutos, tudo acabaria de vez.

– O que você quer com nossa irmã, afinal, Malfoy? – o cabeludo perguntou.

– Não é óbvio? – o ex-gêmeo disse. – Ele quer se aproveitar da nossa linda Gina para... Ah, merda! Não consigo nem imaginar o que esse cara já fez com ela!

– Eu respeito muito a Gina, que fique claro! – eu afirmei. Estava começando a me irritar.

– Não abra essa boca para sujar o nome da minha irmã, Malfoy! – Ronald reclamou, e quase lançou um feitiço. Porém, a Granger o puxou com firmeza.

– Esperem! – ela disse, e todos ficaram imediatamente quietos. – Isso não faz sentido. Por que ele ia querer ficar com a Gina? Quero dizer, ele até poderia se aproveitar dela, como vocês dizem, mas por que ele viria até aqui para encarar todos vocês?

Os olhos se arregalaram novamente.

– Ah, seu canalha, você não engravidou a minha irmã, né? – o ex-gêmeo berrou.

– Não, a Gina não está grávida! – eu disse, e então voltei os olhos para a Granger. A única que tinha um mínimo de neurônios em funcionamento ali. – Eu estou aqui para... Fazer um pedido.

– Um pedido? Ah, era só o que faltava...

– Qual é o pedido?

– Eu quero que vocês não contem para a Gina quem eu sou.

Todos riram. E depois me amaldiçoaram novamente.

Então, enquanto eu me dava conta de que estava perdido, o rosto da Gina... Da minha Gina adentrou meus pensamentos.

Aquele lindo rosto, que ficava todo amassado quando ela acabava de acordar... Aquela boca, que me seduzia com um bocejo... O seu sorriso estonteante. Os cabelos flamejantes.

E, principalmente... A forma como me olhava. Sem ver... Mas me enxergando como ninguém jamais enxergara. Vendo em mim alguém que eu nem sabia existir. Mas que...

Será que existia? Será que o que ela era capaz de ver realmente existia? E será que era eu mesmo? E não apenas um fingimento?

Merlin... Eu não podia perdê-la. Eu não seria capaz... E era por isso que eu estava ali.

E a minha única chance estava bem ali, à minha direita.

– Por favor, me escute. – eu disse para a Molly, enquanto todos continuavam a praguejar.

Ao me ouvir, ela se aproximou e o silêncio tomou conta do ambiente.

Todos a olhavam, espantados.

– Mãe, o que você está fazendo? – Ronald perguntou.

– Estou dando a ele a chance que nenhum de vocês deu até agora.

– O quê?

– Eu gostaria de ouvir o que ele tem para dizer.

– Mas por que, mãe? Você sabe quem ele é... E se ele é mesmo o tal de Alex Villard, isso significa que ele está mentindo para Gina esse tempo todo!

– A Gina não é idiota, Ronald! – Molly elevou a voz. – Ela sempre soube se virar muito bem e eu sempre confiei nela e em suas escolhas.

– Ela não sabe quem ele é!

O olhar de Molly para o filho foi ameaçador, como uma mãe que avisa ao filho que a questão não está em negociação.

Então, sem mais palavras, ela se aproximou de mim.

– Eu vou te fazer uma pergunta. – ela disse. Eu assenti. – Por que você está com a minha filha? Ela é uma garota bonita, eu sei, mas você não precisa fazer isso, meu rapaz. Você pode ter quem você quiser. Por que você está com a minha filha?

Eu podia entender aquela pergunta. E me odiar com todas as forças por saber que jamais Narcisa se importaria em fazer uma pergunta como essa por mim.

Eu procurei bem no fundo por uma resposta. Uma resposta sincera, como poucas que eu dera na vida. E ela veio com toda a força, para a minha surpresa.

– Eu amo a sua filha.

– Seu pilantra! – Ronald disse.

Eu os ignorei e continuei a olhar para Molly:

– Eu não disse isso para ela ainda. Depois de quase um ano... Eu ainda não disse.

– Porque é mentira!

– Porque não é algo que eu estou acostumado a sentir!

Todos ficaram em silêncio. E meu coração acelerou.

Não porque havia cinco cabeças querendo me matar.

Mas porque eu acabara de perceber que a amava... E estava morrendo de medo de que esse amor fosse destroçado.

– Soltem-no! – Molly disse e eu ergui minha cabeça, surpreso.

– O quê?

– Eu disse para soltá-lo!

Um ponto de esperança se acendeu em meu peito.

– Mas, mãe...

– Eu estou ordenando: soltem o rapaz!

– Você ouviu o que ele acabou de dizer?

– Eu sei o que eu estou fazendo, por Merlin! Vocês me conhecem! Estou mandando soltá-lo!

Imediatamente, o cabeludo fez um feitiço e os meus braços e pernas estavam livres.

Todos começaram a reclamar.

Eu simplesmente não estava acreditando.

Ronald e o ex-gêmeo empunharam suas varinhas, prontos para caso eu reagisse. O cabeludo, porém, os afastou:

– Ele está dizendo a verdade. – o ouvi dizer para os dois.

– Você acreditou nele, Carlinhos?

– Olhem para ele! – o cabeludo, que agora eu sabia ser Carlinhos, disse. – Ele está destroçado. Eu lido com dragões todos os dias e eu sei dizer quando eles pretendem atacar. Não é o caso agora.

Ele estava me comparando com dragões? Ah, quer saber, dane-se! Ele estava me ajudando, afinal...

– Ouça bem, Draco Malfoy. – Molly disse. – Eu acredito em você. Mas, se por um instante eu duvidar, pode ter certeza que a Gina vai saber de tudo. Ela é uma garota especial e está sempre sobre a proteção de todos nós. Ah, e mais uma coisa: eu não acho que mentiras levem alguém para frente. Nós não vamos dizer nada à Gina, mas você deve contar toda a verdade para ela. E que não demore muito, pois ela tem o direito de saber.

~~~###~~~

– Você fechou um restaurante?

Eu não sei por que, mas eu suspeitava que a Gina fosse acabar... Não gostando muito.

– Eu achei que isso fosse deixar você e sua família mais a vontade.

– Você achou que isso fosse deixa-los impressionados, mostrando a enorme quantidade de dinheiro que você tem, isso sim!

Eu realmente não estava nem aí por ela estar me atacando e tal. Eu só queria saber da felicidade que eu estava sentindo pelo meu plano, apesar de tudo apontar o contrário, estar dando certo.

– Tudo bem, Gina. Você venceu. – eu disse, estacionando o carro, e a envolvendo em meus braços. - Eu queria impressiona-los sim. Quero que eles pensem que eu sou o máximo e que não poderiam encontrar um homem melhor para você.

Ela me estapeou, e logo depois me beijou.

Entre tapas e beijos – é óbvio que eu ia usar a expressão – entramos no restaurante.

Assim que avistei a mesa de Weasley’s, minha mão foi de encontro às costas de Gina. Por um momento, tive medo de que eles tivessem me enganado e de que a roubariam de mim a qualquer instante.

– Gina, querida! – Molly a abraçou e praticamente começou a chorar.

Logo depois, os irmãos vieram para abraça-la também.

– Que saudade da minha irmãzinha!

– Ai, Jorge! – Gina reclamou, quase sumindo nos braços dele. – Você está me apertando!

– Ah, pelo jeito continua a mesma reclamona de sempre.

Ah, eu poderia mesmo concordar com isso.

– Ei, Rony! – ela reclamou, assim que o outro irmão a atacou.

– Está chorando, Gina? Nossa... Eu sabia que você sentia saudades minhas, mas eu não fazia ideia de que era tanta... Ai!

Gina deu três bons tapas em Rony e eu quase gargalhei. Isso valia por todos os xingamentos que eu tinha recebido hoje.

– Rony, dá licença. – a Granger disse e afastou o irmão de Gina. – Eu também quero um abraço!

– Nossa, Hermione, seu cabelo está enorme! – ela disse, passando as mãos pelos cabelos cacheados.

– E você está tão linda! – ela disse.

E eu também podia concordar.

– Oi, Carlinhos! – Gina disse, assim que o irmão – o último que faltava – a puxou.

– E aí? – ele disse a abraçou. – Como está a minha pequena grande garota?

– Muito bem, e você?

– Estou ótimo! Pronto para aprender a falar italiano.

– Olá, Gina. – a mulher morena se aproximou.

– Eponine! – Gina a abraçou. – Eu não sabia que você vinha!

– Ei, você que é a tia Gina? – a mini-Eponine perguntou.

Gina segurou as pequenas mãozinhas.

– Sou eu. E você deve ser a Leah, acertei?

A baixinha meneou a cabeça e eu supus que aquilo fosse um “sim”.

– A mamãe me contou que você não enxerga. É verdade?

– Hum... Digamos que é quase isso. É só que eu não uso os olhos para enxergar, mas uso as mãos.

– Sério?

– Eu posso te ver? – Gina perguntou e ergueu as mãos.

– Como você faz? – ela perguntou.

– Assim... – e então, Gina tocou o rosto dela com cuidado.

Assim como tinha feito com o meu, tocou em cada parte.

– Agora eu sei como você é. – ela disse e a baixinha sorriu.

– Isso é bem gostoso...

Vendo que todos estavam mais relaxados com aquela cena, decidi entrar em ação.

– Viu? – eu disse, me aproximando. – Além de conhecer as pessoas, a tia Gina ainda faz carinho.

Gina sorriu para mim e procurou por minhas mãos.

– Oi. – eu segurei suas mãos.

– Oi. – ela disse de volta e então se virou para a família. – Pessoal, este é o meu namorado, Alex Villard.

Bom, posso dizer que olhos fuzilantes não eram exatamente a recepção esperada.

Mas era o que havia para hoje.

Para cortar a tensão, Molly se aproximou.

– Olá, querido. – ela disse e beijou meu rosto. – Como é bom finalmente conhece-lo. A Gina falou tanto de você...

– O prazer é meu, Sra. Weasley.

– Ah, não precisa me chamar de senhora. Molly está ótimo.

Eu apenas assenti.

– Muito prazer, Alex. – Carlinhos esticou a mão para mim. – Eu sou Carlos.

Eu apertei a sua mão de volta, tendo a certeza que a situação estava parecendo amigável.

– E eu sou Eponine.

– Eponine de Os Miseráveis? – perguntei.

Ela sorriu:

– Meus pais eram fanáticos por esse musical. Você gosta?

– Não sou muito fã, na verdade. Mas essa é uma personagem memorável.

– Essa é minha filha, Leah. – ela disse e puxou a baixinha para falar comigo.

– Sou Leah, igual a Princesa Leah. – ela disse, toda se achando.

Ta bom... Admito que era bem bonitinho.

Logo depois, o silêncio se fez.

– Eu sou Hermione Granger. – ela se adiantou e puxou Rony junto com ela. – E esse é o Rony, meu marido.

– E irmão mais velho da Gina. – ele acrescentou. – Ganhei méritos como Auror na Grande Guerra, e atualmente ensino Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts. E meu irmão Carlinhos treina dragões.

– Ronald! – Gina brigou.

– Tudo bem. – eu disse para ela. – Com um irmão Auror e outro treinador de dragões, já entendi que é melhor fazer todas as suas vontades.

Gina sorriu.

– Isso é maravilhoso de ouvir...

E fez Molly e Hermione darem um risinho.

Para quem esperava acabar estuporado, eu até que estava me saindo bem.

Então, após cumprimentar o Jorge, o ex-gêmeo, fiz o que eu achei que pudesse aliviar a situação.

Chamei o garçom.

A mesa era redonda.

Do meu lado esquerdo, estava a Gina. Do lado direito, a Granger.

Por enquanto, tudo ocorria a meu favor.

O garçom serviu a entrada, e depois distribuiu os cardápios.

Molly olhou seu cardápio e sussurrou alguma coisa para Gina.

– Alex, o cardápio não tem os preços. – Gina me disse.

– Ah, é. – eu disse, em alto e bom tom. – Eu pedi que eles tirassem os preços.

– O quê? – Gina perguntou, uma sobrancelha erguida.

– Eu não quero que ninguém se preocupe com os preços. Esse é um almoço de boas-vindas para a sua família, Gina. É um presente meu.

Por um instante, Gina me fuzilou com o olhar.

Tudo bem. Eu sei que tudo soava arrogante demais. Mas eu queria – e podia – agradar, oras. Eu estava desesperado para agradar.

Então, me surpreendendo, como sempre, Gina chamou o garçom:

– Por favor, eu gostaria de três garrafas de champanhe.

Eu quase engasguei.

– Mas, Gina... – Molly começou.

– O que é, mamãe? Ele disse para eu não me preocupar com os preços...

– Inclusive, tirou os preços! – Jorge comentou.

– Isso. Mesmo que eu quisesse, eu não teria como saber o preço do champanhe. – ela continuou.

Enquanto a observava, sabendo que Gina implicava comigo, eu controlava a minha vontade de esganá-la e beija-la ao mesmo tempo.

Então, a seguir, os irmãos decidiram escolher tudo o que houvesse de mais caro e bom. Às vezes, não tão bom, mas absurdamente caro.

Ok, eu admito que merecia essa vingança. Desde que eles me deixassem ficar com a Gina.

– Tudo bem, meu amor, você pode pedir o que quiser. – eu disse para ela e depositei um selinho em seus lábios.

Todos os Weasley me encararam de modo aterrorizante.

Ok... Aquilo era melhor do que eu imaginava.

Logo, logo, começamos a nos deliciar com os pratos.

– Então, Alex... – a Granger começou. – A Gina me disse que você trabalha com arte.

– Na verdade, não é exatamente com arte. – comentei. – São joias. Eu vendo joias. A Gina insiste em dizer que é arte porque, afinal, eu escolho o material a ser produzido. Nós temos ótimos desenhistas.

– É uma empresa?

– Sim.

Comecei a perceber que o repentino interesse da Granger por joias começou a irritar o Weasley. Quando digo Weasley, me refiro ao Ronald. É só que... Eu tinha passado tempo demais o tratando como Weasley em Hogwarts.

– E a sua empresa faz avaliações, certo? – ela perguntou.

– Com certeza.

– Você poderia marcar um horário para mim, então? Eu tenho algumas joias antigas, de família... Que eu acredito que sejam bem mais valiosas do que eu sempre achei.

– Você quer fazer uma avaliação?

– Isso.

Eu sorri, educadamente.

Joias antigas da família? Valiosas? Daquela família de trouxas da Granger?

Aquilo estava me parecendo...

– Claro. Quando quiser.

Ao verificar que estávamos entretidos, Gina sorriu e a Granger também.

Claro... Era apenas uma tentativa da Granger de tornar as coisas melhores para a amiga.

Eu não perderia essa chance:

– E você, Srta. Granger, o que faz?

Pude ver a cara de irritação do Weasley.

– Ah, eu dou aulas de Feitiços e História da Magia, em Hogwarts. Você conhece a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts?

– Claro... Já ouvi falar. A Gina já me falou muito sobre.

Tive que segurar o riso diante dos olhares irônicos de quase toda a mesa.

– Mas, que estranho... Na minha época de escola, um professor não assumia mais de uma disciplina.

Gina riu:

– Ah, mas você não conhece a Hermione. Era a melhor da turma em tudo. Acabou sendo escolhida como a melhor opção para três ou quatro disciplinas.

Inacreditável.

– E você, Gina? – perguntei.

– A Gina era a melhor artilheira da Grifinória! – Carlinhos comentou. – E depois a melhor Apanhadora.

Eu sempre achara que ela era boa... Não chegava a ser excelente... Mas com certeza era melhor do que o Potter.

– Venceu a Sonserina diversas vezes na final. – o Weasley disse. – Eles tinham um Apanhador fraco... Um tal de Draco Malfoy. Já ouviu falar?

Granger deu uma cotovelada nele.

Eu apenas o encarei por um tempo e depois olhei para Gina, que estava pensativa.

– É... Bons tempos, aqueles.

E eu fiquei na dúvida se ela estaria pensando em mim... No caso, Draco Malfoy... Ou no Potter.

Porém, meus pensamentos conflitantes foram interrompidos por uma baixinha metida a Princesa Leah.

– Leah, pede licença! – Eponine disse do outro lado da mesa.

– Ah, ta... Você pode me dar uma licença? – ela disse, e antes de qualquer resposta, se alojou no colo da Gina.

– Claro, querida. O que você quer?

– Tia Gina... Eu posso te ver daquele jeito com carinho também?

Gina sorriu.

Eu sorri.

Eu sorri?

– Eu vou adorar. – Gina disse e então as pequenas mãozinhas começaram a passear pelo rosto dela.

– Tia Gina? – a baixinha chamou de novo.

– O quê?

– Os seus cabelos são muito macios...

– Ah, obrigada.

– Mais macios do que o do tio Carlinhos...

Nesse momento, todos gargalharam.

– Ei, Princesa, eu estou ouvindo isso, hein? – Carlinho reclamou. – Da próxima vez, não te empresto mais meu shampoo!

A baixinha riu e disse naquela tentativa de sussurro que sai mais alto do que o ronco de um dragão:

– O shampoo não é dele... É da minha mãe.

– Se você quiser, eu empresto o meu shampoo enquanto você estiver aqui.

– Tia Gina?

– O que foi?

– Qual é o nome dele? – ela apontou para mim.

– O nome dele é Alex.

– Ele também tem um cabelo bonito.

– Você acha, Leah?

– Uhum... E os olhos também... E o nariz também.

– Então por que não diz isso para ele?

Ela se encolheu, envergonhada.

– Não posso... Ele vai querer namorar comigo.

Fiz um grande esforço para segurar o riso.

– Vai? – Gina perguntou e eu percebi que ela também se esforçava para não rir.

– Vai. Mas não pode.

– Por quê?

– Porque ele é grande, ué! – ela alisou o cabelo. – E também porque ele gosta de você. Ele é o seu namorado.

E sendo assim, ela saiu dali aos pulos para falar com outra pessoa.

Se a Princesa Leah tinha dito, quem ousaria dizer o contrário?


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Notas finais do capítulo

Dessa vez foi por pouco, Draco...
Nossa querida família Weasley está aí!

Ádria, obrigada pelos comentários! Também fico de coração apertado ao imaginar a Gina sabendo a verdade, mas isso é inevitável! Bom, eu não tenho lido muitas fics atualmente, mas posso recomendar uma autora incrível do Fanfiction.net. É a Biba Akizuki. Ela tem DG's maravilhosas! Eu recomendo, em especial a Eu Nunca Fui Beijada.

Beijos e obrigada por me permitirem compartilhar minhas palavras!



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