Quem É Você? escrita por Amanda Cunha


Capítulo 9
O Melhor Presente de Aniversário




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Diante dos últimos acontecimentos, eu achei que seria melhor deixar a Gina sozinha com seus familiares naquele dia.

Sim, eu só podia estar maluco.

Porém, eu sabia que era necessário me manter longe. E sabia também que não suportaria ficar no mesmo cômodo que tanta cabeça vermelha por muito tempo.

Mesmo assim... Quando, por volta das nove horas, minha comida chegou ao hotel, percebi que eu também não estava suportando ficar sem aquela cabecinha escandalosamente vermelha para me encher o saco.

E que fique bem claro que um Malfoy não usa esse tipo de expressão. Exceto em situações desesperadoras.

Eu sabia que se eu fosse até lá agora, teria que aturar todos os outros.

Então, decidi pela situação mais adequada: ir no meio da noite.

À meia noite, dirigi até a sua casa.

A porta estaria trancada. E feitiços seriam inúteis. Bruxos tinham feitiços de proteção contra outros bruxos invasores.

A minha única opção era a janela. E bom... Posso dizer que eu já tinha alguma experiência com janelas.

Com um feitiço, levitei até o parapeito da sua janela. Estava fechada, porém não trancada.

Com um feitiço antirruído, abri a janela e pulei para dentro. A sala... Ufa. Estava vazia.

Os dois quartos, porém, deviam estar lotados.

Eu tinha conversado com a Gina várias vezes sobre como seria melhor alugar quartos de hotel para todos eles. E o custo para mim seria ridículo. Mas ela insistia em dizer que eles jamais aceitariam. E que, também, ela queria todos eles perto.

Mas e eu?

Tudo isso estaria logo resolvido. Em poucos minutos, eu estaria com ela nos braços e nos aparataríamos para o meu quarto de hotel.

Ainda com toda a calma e silêncio, caminhei pelo corredor.

Ouvi roncos. Muitos roncos.

Merlin... Como alguém era capaz de dormir ali?

Encontrei a porta do quarto da Gina, rodei a maçaneta e entrei.

Tudo escuro, como eu adorava. Porém, era péssimo para o que eu pretendia agora.

Por um instante, me arrependi de não ter pedido à Gina para fazer um treinamento no quesito de locomoção para cegos comigo. Seria muito útil nesse instante.

Acostumando-me à falta de luz, vi alguns vultos no chão. Pessoas em seus colchonetes.

Pela lógica, o vulto sobre a cama da Gina seria a Gina.

Então, me esgueirando entre os colchonetes, cheguei até o meu alvo.

Agora, seria só tocar nela e aparatar... E tudo viraria mil maravilhas!

Porém, assim que a toquei, vi o mundo girar.

Quando voltei a ver, as luzes estavam acesas.

Esfreguei os olhos, tentando entender... E tudo o que eu vi foi a mãe da Gina de pijamas e toquinha de dormir.

– É o Alex? – ouvi alguém perguntar.

– Alex?!

Era a voz da Gina.

E quando olhei para trás, ela estava lá, com um travesseiro na mão.

– Ele mesmo! – a Granger, que estava mais atrás, usando um imenso roupão, confirmou.

Então, levei uma travesseirada na cabeça.

– Ai! Ei, Gina!

– O que você está fazendo aqui? – ela me perguntou.

O que eu ia dizer, afinal?

– Eu só queria te ver!

Outra travesseirada.

– Ei, quer parar com isso?

Eu ainda me perguntava como ela tinha tanta mira.

– Faz de novo, tia Gina!

Olhei para o lado e vi uma baixinha de cabelos bagunçados aplaudir e rir.

– Não faz, não! – reclamei. – Não é nem um pouco engraçado.

– É sim engraçado... – ela disse.

– Você sabia que toda a minha família estaria aqui! – Gina começou.

– Claro que eu sabia! Por isso fui direto até a sua cama. Queria acordar só você!

– Mas você acordou a minha mãe!

– Que, inclusive, deu um ótimo armlock voador nele. – Eponine disse, rindo.

– O que é um armlock voa? – Leah começou a perguntar, mas foi interrompida pelas batidas na porta.

– O que está acontecendo aí dentro?

Eram as vozes dos Weasley.

– Gina, abre essa porta!

– Com todo prazer. – ela fez um feitiço e escancarou a porta.

As três últimas cabeças vermelhas que eu queria encontrar naquela casa me encararam como se eu fosse o ser mais monstruoso do mundo.

E então, em meio a xingamentos, me levantaram em conjunto e me jogaram pela janela.

Nesse momento, eu estou numa horrenda cama de hospital, todo enfaixado.

Você não está acreditando nessa história toda, está?

Pois não devia!

Obviamente, nada disso aconteceu. A não ser nos meus pensamentos. Nos meus incessantes pensamentos de uma noite inteira.

No dia seguinte, eu estava com enormes olheiras.

O dia seguinte.

O aniversário da Gina.

Eu tinha garantido a ela que não me meteria nisso.

Fazer uma festa? Não.

Uma festa incrível? Nunca.

Bom, era uma mentira.

Mas eu também já tinha mentido para ela sobre meus pais. Eu disse que eles eram ricos e estavam viajando pelo mundo. Bom... Não era exatamente uma mentira se você considerar que estavam numa viagem sem volta.

Eu também tinha mentido sobre o meu nome.

Na verdade, eu sempre mentira. Mesmo quando eu era o Draco Malfoy e estava em Hogwarts, eu já mentia para ela. E para todos.

Mentir era a minha vida.

E a Gina também.

Por tudo isso, havia uma nota no jornal do dia de hoje.

“Empresário de joias faz festa inesquecível para a namorada”.

E uma foto dela... Linda, com sua boina azul...

Eu só esperava que, como eu tinha combinado com os Weasley, eles a mantivessem longe do jornal.

E, pelo jeito, estavam tendo sucesso porque quando entrei em seu apartamento, segurando uma única rosa, ela se jogou nos meus braços.

Ufa... Ela não sabia.

– Eu já estava com tanta saudade! – ela reclamou no meu pescoço.

– Eu sei... – respondi. – Eu também sentiria se ficasse longe de mim tanto tempo.

Ela me deu um tapa... Se é que podíamos chamar aquilo de tapa.

Então, antes que se afastasse, eu segurei sua cintura e a colei em mim.

– Eu tenho algo para dizer. – sussurrei.

Seus olhos ficaram imensamente curiosos.

– Pode dizer.

– Não agora. – e então a afastei um pouco, colocando a rosa entre nós. – Só no final do dia.

Ela fez uma careta:

– Eu só espero que não seja algo como “Foi o seu primeiro aniversário que passamos juntos”.

Ergui minhas sobrancelhas:

– Eu tenho cara de quem diria algo assim?

Ela riu.

– Você me trouxe uma rosa. Qual é a cor?

– Vermelha. – sussurrei, e quando estava quase a beijando...

– Parem já com esse negócio aí!

Ronald Weasley. Há! Meu favorito.

– Hermione, acho que você vai acabar ficando viúva antes da hora qualquer dia desses... – Gina disse com os dentes trincados.

A minha mulher era como uma rosa vermelha... Cheia de espinhos em meio a sua beleza estonteante.

E foi assim que o dia começou.

Nós almoçamos a excelente lasanha da Sra. Weasley. Eu jamais pensei que fosse dizer isso, mas para pobretões, a culinária era realmente muito avançada.

Depois, Carlinhos me desafiou para uma partida de xadrez.

E havia três coisas que um Malfoy não recusava:

Um desafio.

Uma partida de xadrez.

E uma oportunidade de se mostrar mais evoluído que os outros.

Era uma pura questão de genética.

Sendo assim, eu afirmo que só perdi aquela partida por que eu não estava, de forma alguma, acostumado a jogar xadrez com uma criança escandalosa do meu lado.

Mesmo que se tratasse da Princesa Leah, com H no final.

– É assim que se escreve o meu nome, sabia, tio Alex?

Ah... Agora eu era tio?

– Você sabia, tio Carlinhos?

– Sim, querida.

Várias vezes, Eponine vinha trazendo lanches, sucos... E, se não tivesse nada mais para trazer, vinha fazer uma demonstração intensa de carinho ao Weasley cabeludo.

Eu apenas me perguntava como ele conseguia se concentrar assim.

– Ela já sabe? – Eponine me perguntou, quando Gina (que estava conversando por horas com a sua mãe e a Granger) foi para o quarto.

– Não por mim. – respondi.

Ela sorriu, ansiosa.

– Eu e Hermione já escolhemos um lindo vestido para ela usar. – ela disse. – E se ela achar que é demais, vou alegar que eu só trouxe um vestido de festa, e que ele é realmente incrível para ser desperdiçado. E que, se ela não usar aquele, ficarei destoante demais.

Eu realmente ficava impressionado com a capacidade das mulheres de pensarem e resolverem coisas assim.

– Como eu sempre disse... – Carlinhos comentou. – Elas são impressionantes.

– E surpreendentes.

– Às vezes acho que são extraterrestres.

– Às vezes, eu tenho certeza.

Todos rimos. E a Leah também, apesar de não fazer ideia do que estava rindo.

Quando o sol se pôs, voltei para o hotel para me vestir.

Na teoria, íamos todos sair para jantar.

Na prática, íamos todos para a festa-surpresa incrível da Gina.

Quando eu voltei para busca-los, a Granger abriu a porta para mim.

– Ela está quase pronta. – ela disse.

– Oi, tio Alex! – Leah disse. Eu olhei para baixo e vi uma pequena garotinha usando um vestido branco com flores azuis.

Eu não sei dizer por que, mas ela se parecia com um anjo.

– Olá, baixinha. – eu disse e então me abaixei para falar com ela. – Posso te contar um segredo?

– Pode!

– Se eu não fosse grande, e se eu não namorasse a Gina, eu namoraria você.

Ela escondeu o rosto com as pequenas mãozinhas, me fazendo rir.

Porém, quando olhei para cima, foi como se o mundo tivesse parado.

Ela usava um vestido prateado que contornava o seu corpo com perfeição até a cintura, e depois escorria como brisa até seus pés.

Os cabelos vermelhos estavam soltos, caindo sobre as costas.

Magnificamente linda.

Toquei sua mão e a puxei para perto de mim.

– Eu não sei mais se eu quero sair para jantar. – eu disse, no ouvido dela.

– Por quê? – ela perguntou.

– Porque eu não quero que ninguém mais te veja assim. – respondi e pude sentir seu sorriso. – E porque eu preciso fazer amor com você.

Eu tive total certeza de que ela tinha me escutado porque, quando nos soltamos, seu rosto estava escandalosamente vermelho.

O caminho até a casa de festas foi tranquilo.

E esquisito.

Num certo momento, eu tive certeza que a Gina sabia. Num outro, achei que ela não fazia ideia.

A realidade é que eu estava muito nervoso.

Eu queria que ela gostasse.

Assim que entramos no salão, Gina segurou a minha mão:

– O que foi? – perguntei.

– Não sei. Está tudo... Muito silencioso...

E nesse momento, milhares de gritos de “surpresa” preencheram o salão.

Milhares era um exagero... Mas eu podia contar quinhentas pessoas...

Eu tinha convidado a Accademia inteira! Exceto aquele tal de Hector, que vivia assediando a Gina. E também o Marco, e o Ângelus. De anjo, ele não tinha nada...

Eu sabia que a primeira reação da Gina seria me bater, ou algo assim... Por isso, eu já tinha pedido para a Giulia que viesse abraça-la e a puxasse para o meio dos seus amigos naquele exato momento.

E como eu previ, aconteceu.

Em poucos instantes, Gina estava sorrindo e abraçando os amigos.

– Ela está muito feliz. – Molly disse, surgindo ao meu lado.

– É... Eu admito que estava com um pouco de... Medo de que ela não gostasse.

Eu estava com medo? E eu estava admitindo isso? Para a Molly Weasley?

Molly apenas riu.

– Você quer saber qual é o meu medo? – ela perguntou. Eu apenas a olhei. – Que a Gina descubra por outra pessoa.

Todos os dias eu morria de medo de encontrar um conhecido, com medo de que ela descobrisse.

Inspirei fundo:

– Você acha que ela... Entenderia?

Molly me deu um sorriso solidário:

– Eu não faço ideia. Mas tenho certeza de que não será fácil. E que se ela vier a descobrir por outros meios, você pode acabar perdendo a sua chance de fazer com que ela entenda.

Ela tinha toda razão. Ainda assim, eu não conseguia acreditar que a Gina fosse aceitar quando soubesse.

Namorar Draco Malfoy?

Bem... Era o que toda garota queria no mundo. Todas, menos Gina Weasley.

– Aqui está ele! – Giulia disse e então Gina estava bem a minha frente.

Não era possível... Era só tirar os olhos dela por um minuto para...

– Alex... – ela começou. – Me disseram que você é o responsável por tudo isso aqui. Por tudo, eu me refiro, como foi descrito para mim pela Giulia e pelo Vincent, a maior festa do ano. É verdade?

Eu fechei os olhos.

Tudo bem. Eu sabia que esse momento ia chegar.

O momento em que a Gina me mataria por ter dado a ela a festa mais incrível de todas.

– É a mais simples, única e derradeira... Verdade. – eu disse.

Dramatizando um pouco, admito.

E então, Gina abriu um sorriso de tirar o fôlego.

– Obrigada! – e enlaçou meu pescoço. – Eu sempre quis uma festa surpresa e... Está maravilhosa!

Ela me beijou.

Ok. Eu sabia que a Gina era surpreendente, mas... Por que tão surpreendente?

– Ela bebeu um pouco. – Giulia comentou.

– Ah... – eu entendi.

– Foi só uma tacinha ridícula de champanhe, mas a Gina é tão pequena, não é? – Vincent explicou.

– Eu não estou bêbada. – Gina disse.

– Essa é a primeira afirmação de um bêbado. – Giulia respondeu.

Eu não conseguia dizer nada. Ainda estava pasmo com aquela reação.

– Ah, eu adoro essa música. – Gina disse, assim que uma música dançante começou. – Vem dançar comigo?

Seus olhos estavam brilhantes como nunca e eu entendi que aquele pedido era irresistível.

Fomos juntos para a pista e a Gina dançou três músicas seguidas sem parar. Digo isso porque, obviamente, eu não dançava. Estava apenas embasbacado, olhando para ela e seus movimentos mágicos.

Gina dançava como profissional, e ainda assim como alguém que estava se divertindo muito.

Um tempo depois, Eponine apareceu.

– Consegui deixar a Leah entretida com alguns amiguinhos. – ela disse. – Agora posso aproveitar um pouco a festa.

– Eles estão sozinhos por aí? – perguntei, imaginando que em poucos minutos, teríamos louças quebradas ou senhoras idosas reclamando que a dentadura estava desaparecida.

– Não, o Carlinhos está com eles. – ela disse e começou a dançar. Conseguia acompanhar Gina sem dificuldades.

– Vou pegar uma bebida, ok? – eu disse para as duas.

Eu realmente estava precisando. A vontade de agarrar a Gina era algo constante na minha vida, mas vê-la dançar daquele jeito não ajudava. Nem um pouco...

Fui até o bar. Lotado.

Então, a Giulia apareceu. Dessa vez acompanhada por um homem alto cheio de tatuagens.

– O que vai pedir? – ela perguntou.

Mas que pessoas curiosas...

– Uísque. E você?

– Duas margarita, um coquetel de frutas e uma tequila.

– Tudo para você? – perguntei, espantado.

– E para os meus amigos.

– Esse pessoal da Accademia bebe demais, hein? E depois dizem que os artistas não precisam de bebida porque extravasam os sentimentos com as artes.

Ela ergueu uma sobrancelha para mim.

– Na verdade, nós, artistas, vivemos sempre intensamente. E a bebida ajuda.

– É sério, isso?

– Não. – ela riu.

– Ainda assim, é um bom argumento... Para pessoas bêbadas.

Ela gargalhou.

Então, peguei minha bebida e voltei para a pista de dança, a procura da Gina.

Do lado de fora, porém, a Granger me puxou.

– Olá. – eu disse, alisando o terno.

– Acho melhor você sair daqui. – ela disse, e diante da minha cara de “eu não estou entendendo e pode ter certeza que não vou obedecer a ordens descabidas”, ela me virou.

Diante de mim, há uns cinco metros, estavam Gina e...

– Aquele é o Thomas? – perguntei.

Ele me viu também.

– Ei, Gina... – o ouvi chamar. – O que é que o Malfoy está fazendo aqui?

– Exatamente. – Hermione disse. – Dino Thomas está aqui e é melhor você sair...

Ela me indicou uma porta de saída para o lado externo do salão, e nós fomos até lá.

– O que ele está fazendo aqui? – perguntei.

– Deve ter sabido da festa pelo jornal. Ele namorou a Gina na época de Hogwarts, então veio ao aniversário dela...

Namorou?

Esse foi um momento realmente crítico para mim. O momento em que eu quase desisti de tudo e fui até lá separar os dois.

– Eu vou até lá e resolver isso... – a Granger disse.

– O que você vai fazer?

– Vou dizer que te coloquei pra fora.

– O quê?

– Que coloquei o Draco Malfoy para fora. – ela corrigiu.

E saiu.

– Não! Espera! Granger! Você precisa tirar aquele cara de perto da Gina!

Mas era tarde mais para que ela me ouvisse.

Por que aquele idiota tinha que aparecer?

Ele achava o quê? Que ia chegar na festa e ficar com a Gina?

Ah, mas não ia mesmo!

Andei pela área externa, bebendo um gole de uísque. E mais um. E mais outro.

A noite estava refrescante, mas eu estava morrendo de calor.

Quem ele acha que montou tudo isso aqui?

Ou, melhor dizendo, quem ele acha que mandou montar tudo isso aqui?

Alex Villard!

Mas a realidade é que o Alex Villard tinha aparência de Draco Malfoy.

E quem seria expulso não era o Dino Thomas, mas eu.

Merda!

Eu ia entrar para mandar a Granger expulsar o Thomas, e não eu. Mas eu sabia que não haveria explicações. E sabia também que a Gina jamais a perdoaria. Ah, mas isso também não era problema meu.

Eu não precisava ajudar a Granger. Apesar de que ela estava me ajudando.

Mais um gole. E outro.

Então, me sentei.

É... Talvez eu pudesse passar a noite da festa incrível da minha namorada aqui... Do lado de fora... Enchendo a cara.

Deixando aquela mulher maravilhosa lá dentro, sozinha... Com o Thomas, ou qualquer outro cara que a queira como eu.

Bem, não como eu. Isso é impossível.

– Eu sabia que ia encontrar você aqui.

Olhei para trás. Era o Weasley.

– Eu sei que eu sou atraente, Weasley... – comentei. – Mas nunca achei que você tivesse uma atração por mim.

Ele fez uma careta. Eu apenas ri.

– A Hermione disse que você estava aqui... Ela pediu que eu te trouxesse isso, mas se você não quer... – ele mostrou um copo de uísque.

– Ok, ok... Vou te dar uma trégua. – eu disse.

Ele pareceu pensativo.

– Não sei se é uma boa ideia, na verdade.

– O quê?

– Te deixar bêbado.

Eu apenas ri.

– Você acha que isso vai me deixar bêbado?

– Eu não sei o quanto disso é suficiente para você fazer uma besteira.

– Por que você se importa, afinal?

Ele se sentou ao meu lado. Afastado. A duas cadeiras de distância. Mas ainda assim, ao meu lado.

– Bom... Tudo isso tem a ver com a minha irmã. E eu me importo muito com ela.

Eu ri.

– Por que isso é engraçado? – ele perguntou, e eu vi em seus olhos a mesma fúria que tantas vezes refletia nos olhos da Gina.

– Não é isso. – eu disse. – Só estou pensando em como todos se importam com ela... Inclusive esse intrometido do Thomas.

– Nós já falamos com ele. Dissemos que você estava acompanhando uma garota. E que não sabia nem de quem era a festa.

Eu virei o resto de uísque.

– Então o que eu faço?

– Fica aqui até ele ir embora.

– Você está falando sério?

– Você quer o quê? Ir cumprimentar a aniversariante e dizer: Olá, Gina. Eu sou Draco Malfoy. A minha voz é igual à do seu namorado, mas isso é porque nós descobrimos que somos irmãos gêmeos...

Eu gargalhei.

Claro que eu não faria isso, mas era genial.

– Nunca ouvi falar do seu talento para piadas, Weasley. – comentei.

– Você parece bem feliz para alguém na sua situação. – ele disse.

– Ah, claro! – zombei. – Minha namorada está linda e provavelmente dançando com um cara que é, por coincidência, o ex-namorado dela, enquanto eu estou aqui fora de mãos atadas. Estou radiante de felicidade!

Eu esperava que ele risse mais ainda.

Mas sem dizer nada, ele apenas me entregou o outro copo de uísque.

E eu entendi aquilo como... “Você realmente está na merda, cara”.

Antes que pudéssemos ficar dois minutos ali, sem silêncio, na companhia um do outro, a Granger retornou.

– Ele foi embora! – ela disse.

– O quê? – perguntei, me erguendo de supetão.

– O Dino... Ele tinha um compromisso. Então acabou de sair.

Eu apenas a abracei, em agradecimento, e saí correndo a procura da minha namorada.

Porém, antes passei no banheiro. Não queria que ela me visse como eu estava... Descabelado e bastante amassado.

Você deve estar pensando: “Ela não vê!”, mas então eu te digo que você é um idiota mesmo!

Ela vê sim! E muito melhor do que muita gente com os olhos perfeitamente saudáveis.

Assim que me arrumei, comecei a procura-la por todos os cantos.

Ela não estava em lugar nenhum.

Nem na mesa da família. Nem com os amigos. Nem no bar...

– Giulia! Você viu a Gina por aí?

– Ela estava procurando por você!

Então saí do meio da multidão e fui olhar as outras mesas.

Mas que maravilha... Depois de tudo isso, a minha namorada cega ainda some por aí e ninguém sabe dela!

Essa devia ser a minha noite de sorte!

Saí para a varanda... Cheia de casais se agarrando.

Nem um rastro de cabelos vermelhos.

Merlin... Onde essa garota tinha se metido?

Voltando a correr toda a pista de dança, me dei conta de que... Ela não estava na festa.

Correndo de volta para a varanda, me debrucei para olhar para baixo, e então a vi.

Cabelos vermelhos e vestido prata esvoaçantes com a brisa... Da praia.

Sem pensar, desci as escadas, saí do salão e corri em disparada pela areia.

Aqueles sapatos sociais não ajudavam nem um pouco. Então, os arranquei e voltei a correr.

Assim que a alcancei, agarrei sua cintura e a virei para olhar para mim.

– O que você está fazendo aqui?! – eu perguntei, um pouco alterado demais, admito.

Ela arregalou os olhos:

– Eu estava procurando por você!

– Aqui? Na praia?

– Você sumiu! Eu perguntei para todo mundo e ninguém sabia onde você estava... Eu achei... Eu achei que você pudesse... – seus olhos começaram a encher de lágrimas. – Sei lá... Ido embora.

Eu já tinha visto a Gina sorrir. Muitas vezes. Já a tinha visto gritar, de raiva, de medo... Já a tinha visto gargalhar de muitas formas. Já a tinha visto falar sem parar, já a tinha visto quieta, imersa em seus pensamentos. Já a tinha visto gemer e tremer nos meus braços...

Porém, jamais. Nunca eu a havia visto chorar.

Até agora.

E eu entendi que ela chorava de medo. Que eu a tivesse abandonado, ou algo assim. O mesmo medo que eu sentira duas vezes naquela noite. E várias vezes ao longo de todo esse ano...

Então, eu segurei seu rosto com firmeza e suavidade. E eu não sei como eu consegui juntar as duas coisas.

– Eu não fui embora. Eu não vou embora.

– Mas você tinha desaparecido...

– Eu precisei sair um pouco. Eu estava na varanda lá de cima.

– Ah... – ela disse, mas ainda chorava.

Eu tentei enxugar o rosto dela, mas ela meneou a cabeça.

– Me escuta, Gina. – eu puxei seu rosto de volta. – Eu nunca vou te deixar. Vou ficar para sempre com você.

Ela sorriu, mas eu percebi certa tristeza em seu sorriso.

– Como você vai fazer isso, Alex?

Como?

– Vou ficar com você. Enquanto você me quiser...

Ela balançou a cabeça.

Merlin... O que é que eu não estava entendendo?

– Por quê? – ela murmurou.

Porque eu não sabia mais viver sem ela. Porque éramos muito melhores juntos. Porque eu me sentia feliz...

E enquanto eu pensava tudo isso, ela simplesmente se virou para ir embora.

– Porque eu te amo!

Ela ficou parada, olhando para o outro lado.

O que mais eu ia dizer? Era verdade...

Então, morrendo de medo de que ela fugisse de mim, eu a agarrei novamente e a beijei.

– Eu te amo. – eu repeti e a beijei de novo. – Eu te amo.

Ela sorriu.

– Eu te amo. – sussurrou.

E então me beijou.

– Eu disse primeiro.

Ela gargalhou.

– Isso não importa. – e me beijou de novo.

Eu não sei se foi toda aquela declaração, ou o fato dela ter enlaçado meu pescoço, ou de ter colado o corpo ao meu, mas o fato é que o meu corpo já estava em chamas.

– Você gosta de areia? – perguntei.

– Não para isso... – ela disse e voltou a me beijar. – O que você está esperando?

Ao abrir os olhos, encontrei minha varinha mágica em suas mãos.

– Como você fez isso?

– Eu posso alcançar todos os lugares que você quiser. – ela disse e em um minuto, estávamos no meu quarto. - Você é rápido. – ela zombou.

Não sei por que, eu realmente tinha recuperado a minha varinha e feito o feitiço com uma rapidez espantosa.

Então eu a apertei contra a parede e senti o contorno do seu corpo no meu.

– Esse vestido é realmente lindo, mas... – e com mais um feitiço, abri o vestido e o fiz deslizar até o chão. – Você é muito mais.

E realmente era. A pele branca, o corpo torneado, as curvas...

Gina arrancou as minhas roupas e pulou no meu colo, me envolvendo com suas pernas e me beijando de novo. E de novo, e de novo...

Eu apertei suas coxas, sentindo a pele quente sob minhas mãos frias. Subindo mais, apertei as nádegas e a senti tremer.

Em resposta, Gina impulsionou os quadris para frente.

Eu senti o sangue esquentar e afundei o rosto no pescoço dela... Sentindo o seu cheiro inebriante de morango.

E então, num movimento rápido, a rodei no ar, fazendo-a rir.

Era o melhor som do mundo.

– Faz de novo? – ela disse, assim que parei.

Eu apenas ri... E a beijei, puxando o seu lábio inferior entre os meus.

– Você não prefere isso?

– O quê? – ela repetiu o meu gesto. – Isso?

Eu estava louco para tirar aquela lingerie e toma-la por inteiro.

Então, a coloquei sobre a cama e tirei o resto das minhas roupas, observando-a tirar as dela.

Eu já a tinha visto assim milhares de vezes... Mas eu não parava de me impressionar. Com o desejo... A vontade... A paixão que eu sentia por ela.

Então, me controlando ao máximo, eu a toquei profundamente, sentindo-a arfar e arranhar meu pescoço e minhas costas com as unhas...

Puxando o seu corpo para cima, enlaçamos nossas pernas, encaixando nossos corpos perfeitamente, como já tínhamos aprendido a fazer um com o outro.

E nos movimentamos em meio a beijos, carícias, gemidos... Nos movimentamos mais e mais rápido, e devagar e rápido até chegarmos ao clímax.

E não era sempre que acontecia. Na verdade, apesar de toda a minha habilidade, quase nunca acontecia.

Os dois alcançarem juntos o orgasmo... Era, com certeza, o melhor orgasmo do mundo.

Então, quando a senti estremecer e contrair todo o seu corpo, e senti que todas as tensões se liberavam de dentro de mim, eu a segurei junto a mim.

– Eu te amo. – eu disse.

E tive a sensação de que me sentia realmente confortável com isso.

– Eu te amo. – ela sussurrou de volta, acariciando o meu rosto. – Você é o meu melhor presente de aniversário.

Eu sempre soube que eu era valioso.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que estão lendo por me permitirem compartilhar minhas palavras com vocês!
E Feliz Ano Novo!

Amanda Cunha



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