Quem É Você? escrita por Amanda Cunha


Capítulo 6
O Desafio do Conhecimento


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, peço desculpas pela demora!! Estava enrolada nas escolas em que dou aula, pois no final do ano sempre há apresentações para preparar e tal. Espero não demorar tanto novamente! Beijos e boa leitura!



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Eu simplesmente não conseguia acreditar que eu estava ali.

Naquele lugar sujo.

Com aquelas pessoas estranhas.

Não, apesar de parecer, eu não estou falando da família Weasley e da casa da família Weasley.

Estou falando da festa de faculdade que, eu juro que não sei que tipo de insanidade tinha me acometido, a Weasley tinha me convencido a ir.

Tudo tinha começado assim:

Na segunda-feira, às 19 horas em ponto, eu estava em frente à casa dela.

Disquei seu número.

– Alô.

– Já estou aqui.

– Alex?

– Já pode descer.

E então desliguei. Não queria dar muitas explicações.

Em alguns minutos, Weasley apareceu, usando um grande casaco de moletom que fazia com que ela parecesse menor do que era.

– Você não está de tênis. – eu disse.

– O que você está fazendo aqui?

– Vim para a nossa caminhada.

Nossacaminhada?

– Sim. Nossa caminhada, todos os dias às 19 horas.

Ela franziu a testa.

– Não é a nossa caminhada. É a minha caminhada.

– Você não sabe dividir as coisas? – reclamei.

Ela inspirou fundo e eu pude perceber que estava se controlando para não se irritar.

– Eu não estava esperando por você.

– Logo se vê... Seu cabelo está uma bagunça.

– Ah, cala a boca. – ela resmungou.

Segurei o riso. Eu adorava aquela reação.

– Vai lá colocar um tênis. Saímos em cinco minutos.

– Você é tão prepotente.

– Vou adicionar à minha lista de elogios.

Ela revirou os olhos e voltou para dentro do prédio, para calçar os tênis e sair comigo.

Isso que eu chamava de capacidade de convencimento.

Mas ela não voltou a descer.

Disquei seu número novamente:

– Alô.

– O que você está fazendo?

– Quem é?

– Eu estou te esperando aqui fora.

– E eu estou esperando que você fale direito comigo.

Comecei a me irritar.

– Eu vim até aqui para caminhar com você e você ainda reclama que eu não falo direito com você?

– Você veio porque você quis, Alex. Eu não mandei que você viesse.

– Até porque eu jamais obedeceria.

– Eu sei.

Ficamos em silêncio.

– Então por que você não desce?

– Como eu disse, eu não estava esperando. Você poderia ter combinado comigo.

– Gina, você caminha todas as noites.

– Mas hoje eu não posso. Tenho que ler alguns textos para a faculdade. Se você tivesse avisado que viria...

Eu revirei os olhos. Não estava acreditando que a Weasley estava recusando sair comigo.

– Vou desligar. – eu disse, e fiquei impressionado com o fato de estar avisando isso.

Então peguei o celular e joguei longe.

Era por isso que eu gostava daquele utensílio trouxa. Poderia tacar e quebrar quando eu me irritasse. Era uma ótima sensação.

E foi exatamente o que eu fiz.

Voltei para o hotel e quebrei os outros celulares que eu tinha.

Ou quase todos.

Por que ela agia assim? Como era capaz de negar um passeio comigo?

Mas ela não estava negando o Draco Malfoy. Estava negando o Alex Villard. E se ela achava que podia fazer isso com ele, é porque o Alex era legal demais. Diferente do Draco.

O que será que o Alex faria numa situação dessas?

Se fosse o Draco, ele... Bom, quebraria mais alguns celulares e depois... Faria a Weasley se humilhar e implorar para sair com ele.

Mas o Alex... Legalzinho como era... Provavelmente faria o que ela queria.

E se ela queria um convite...

Para isso serviria o celular que ainda não tinha quebrado:

– Alô.

– Bom, agora que você percebeu que eu sou um cara genial para desperdiçar, o que acha de fazermos uma caminhada amanhã?

Pude ouvir o riso dela do outro lado da linha.

– Você é inacreditável.

Eu também me peguei rindo.

– É um convite. E aí?

– Talvez... Se você aceitar o meu.

Essa é a parte que você começa a entender...

– E qual seria o seu convite?

– Meus amigos farão uma festa. Você gostaria de ir?

– Essa festa não inclui nenhuma exposição de arte inovadora, não é?

Ela riu de novo.

– Não. Nadinha de exposição de arte.

E eu entendi tudo. Ela estava caidinha por mim.

– Sendo assim. Negócio fechado.

E dessa maneira voltamos ao início.

Àquela festa dos infernos.

Vou descrever o ambiente, para que talvez você possa compreender a minha horrível situação:

– Era uma casa pequena – de gente pobre.

– Tinha comida ruim – como fritura – e bebidas destiladas ruins. Onde estava o vinho? O uísque? O champanhe?

– Música escandalosamente alta.

– Decoração péssima.

– Pessoas loucas – com papo cabeça ou... Bêbadas.

– E gays por todo lado, dando em cima de mim.

Viu?

O que podemos concluir?

Que seria a pior noite do ano. Com certeza.

– Sabia que beber desacompanhado faz mal para saúde?

O que denunciou aquele garoto não foi a voz afetada ou o jeito esquisito. Foi a péssima cantada mesmo.

– Eu não estou bebendo. – respondi.

– Pior ainda! Vamos resolver isso agora. Eu garanto que você não terá problemas de saúde nunca mais e... Ainda vai ter a oportunidade de ver a vida por um outro lado!

Era sério isso? Ele estava me convidando para o lado negro da força! Mas não o lado negro tipo Voldemort ou Darth Vader!

Então, eu apenas o encarei e disse:

– Com licença.

– Ui... Mas quanta classe!

E saí dali, indo para outro canto – tão entediante quanto qualquer outro – da casa.

– Então é você o amigo misterioso da Gina...

Uma garota se colocou a minha frente, e eu logo a reconheci. Era aquela jovem sem nenhum senso estético, que agora estava usando uma saia xadrez, meias e sapatilhas, como uma estudante colegial. Mas o mais esdrúxulos eram seus óculos de fundo de garrafa e os cabelos curtos presos em várias direções. Pareciam tufos saindo da cabeça dela.

– Eu não sei se você percebeu, mas não estamos numa festa à fantasia.

Ela riu:

– Bem que ela me disse que você era bem... Careta.

Weasley te disse isso?

Porém, durante meus pensamentos conflitantes, fui rodeado por um monte de jovens alienígenas.

– Ei, Giulia... Esse daí não é para o seu bico não, ta?

– Ah, ele até que é bem bonito. Mas não faz o meu tipo.

– Ele até que faz o meu tipo, mas homem de amiga é como se fosse mulher para mim!

Era o Vincent. Ok. Ele estava demorando demais para aparecer.

– E então? – ele me perguntou. – Já está se enturmando?

Eu disse pior noite do ano? Não... Era a pior noite da minha vida!

– Não sou um cara muito... Sociável.

Com pessoas sem classe e felizes demais. Eu deveria ter acrescentado, mas achei que isso fosse me causar problemas.

– Ah, deixa disso. – a loira bem magra e sorridente disse. – Nós somos legais.

Estou vendo.

– E divertidos! – Vincent comentou.

– Nós somos capazes de falar de religião e futebol na mesma conversa.

– Ah, mas isso é fácil demais. Os dois se resumem a um nível de fanatismo sem igual, em que se pretende atingir um determinado objetivo e não importam os meios para chegar ao fim. – eu disse.

– Alcançar a Deus?

– Ou fazer um gol. – completei.

Todos ficaram paralisados por um tempo e eu soube que estava num daqueles momentos em que todos se impressionavam com o meu discurso. Ah, sempre acontecia...

– Quer saber? – a estudante dos tufinhos disse. – Gostei de você.

E foi justamente aí que a dona dos cabelos mais vermelhos e escandalosos resolveu aparecer.

E naquela noite, ela estava... Como eu posso dizer? Chamando a atenção com aquela blusa que deixava as costas à mostra. Frente-única, como era chamada. Mas que, na minha opinião não fazia sentido. Só existe a frente e ela é única sempre, tenha tecido atrás ou não!

Enfim...

– Vejo que você já está entretendo os meus amigos. – ela disse.

E eu ri.

– Eu sou um cara legal.

Ela riu e jogou os cabelos para trás. Por que estava fazendo isso?

– Eu já sabia que você era um cara legal, mas até a Giu te achar legal é outra história.

Eu desviei os olhos rapidamente para a amiga esquisita dela, porém logo retornei para encontrar aqueles dois focos brilhantes próximos demais do meu rosto. Se havia uma coisa que me incomodava em sua cegueira era o fato de não saber que estava perto demais de mim...

– Essa sua amiga é meio esquizofrênica, sabia? Eu posso ser o mais idiota possível e ela ainda vai gostar de mim.

Ela jogou a cabeça para trás e eu fiquei com vontade de beijar todo o seu pescoço branco e macio.

– Você é muito convencido.

– Vou ter que anotar mais essa... – comentei, e mexi nos meus bolsos. – Ei, espera! Esqueci meu caderninho!

– Fica quieto, Alex! – ela disse e tateou por meu braço até encontrar a minha mão. – E vem dançar comigo.

A visão que veio a seguir fez com que a noite não fosse um total desastre.

Bom, eu já imaginava que a Weasley soubesse dançar. Ela jogava Quadribol em Hogwarts e eu esperava que tivesse uma boa coordenação motora.

Porém, eu não imaginava que ela fosse uma dançarina tão... Boa.

Weasley conseguia se mover com facilidade, mexer os quadris e os braços como se fossem realmente flexíveis, e manter o ritmo com segurança.

Além disso, ela parecia realmente adorar o que fazia. Bem... Quem não adoraria?

Em frente a mim, ela continuou a dançar, no meio da “pista de dança”, como se só existisse ela no mundo. Até porque eu estava completamente estático e não conseguia tirar os olhos de cima dela.

Weasley mantinha os olhos fechados. Não era como se precisasse deles, mas aquilo a deixava ainda mais... Impressionante.

Naquele momento, percebi que a coisa que mais me incomodava no fato dela ser cega não era o fato de me dar vontade de agarra-la pela sua proximidade de mim. Mas sim a ideia de que havia milhares de caras olhando para ela com vontade de fazer o mesmo bem ali, e ela não fazia ideia. Não podia fazer ideia.

Então, após contar três idiotas que estavam vindo em sua direção com garfos e facas para cair em cima da refeição, eu a agarrei.

Não. Eu não a beijei. Aquilo seria clichê demais (por isso que foi o que você pensou) e também previsível demais para um Malfoy. E Malfoys não eram previsíveis. A única coisa previsível num Malfoy era que seja lá o que fizesse seria genial.

Por isso, eu apenas a puxei para perto de mim e a abracei, colando meu nariz em seu pescoço e enfiando as mãos em suas costas nuas.

Pude senti-la se arrepiar de surpresa e, logo depois, seus braços enlaçando meu pescoço.

Com rapidez, verifiquei as expressões daqueles esfomeados sem noção murcharem e saírem em busca de outro prato, que já não tivesse um dono.

Depois, voltei a afundar o nariz no pescoço dela, fazendo leves desenhos pela lateral, aproveitando o cheiro maravilhoso.

– Hora da Verdade!

Aquela voz foi como um sino na minha cabeça e, imediatamente, eu e Gina fomos puxados cada um para um lado da casa.

Eu estava prestes a tirar minha varinha do bolso e estuporar todo mundo, mas achei que seria uma atitude um pouco... Chamativa demais.

– Como todos sabem, a Hora da Verdade é o jogo mais revelador de todos! – um casal berrava no microfone, no meio da sala.

Procurei por Gina e a vi rindo com outras meninas. Ao meu lado, uma fila de homens.

– Se você não sabe do que estamos falando, prepare-se porque você nunca vai esquecer essa noite!

Eu não conhecia o jogo, mas já estava começando a odiá-lo.

– Vamos começar pelo Primeiro Desafio! É o Desafio do Conhecimento!

Alguns gostaram, outros praguejaram. E eu fiquei quieto, desejando poder aparatar para longe dali.

Mas isso chamaria muita atenção. Sem contar que havia uma garota linda do outro lado que era literalmente cega para qualquer investida sexual.

– Não... Mas não é o que vocês estão pensando! Homens de um lado e mulheres do outro, certo?

– Você diz homem e mulher em termos biológicos ou...?

– Eu realmente me nego a responder a isso. – e pela primeira vez eu simpatizei com a “apresentadora”. – Eu quero que vocês olhem para frente. – e assim todos fizeram. – E vão encontrar a sua dupla da atividade.

Então percebi que a minha dupla se tratava de uma mulher oxigenada com enormes peitos falsos.

E que a dupla da Weasley era... Um dos caras que tinham acabado de tentar abordá-la quando estava dançando magnificamente na pista de dança.

Bom, havia uma única forma de resolver isso.

Ir até lá, estuporar o cara e assumir o seu lugar.

Ou... E foi o que eu fiz, encenar.

– Com licença. – eu disse e o idiota se virou para mim. – Está vendo aquela loira ali... – então apontei para a minha suposta dupla. – Ela era minha namorada, mas então me cansei dela porque queria fazer sexo toda hora e eu não tinha tempo nem para dormir. Eu não quero me envolver com ela de novo, entende? Você pode assumir o meu lugar?

Ele olhou para a Weasley, com os cabelos reluzindo como fogo, e riu:

– Não dá, cara. Já viu a minha dupla? Ela é muito gata. E depois que eu a vi dançando, tenho certeza que deve ser incrível na cama.

Ok. Agora era hora de estuporar aquele cara.

– Quer saber a verdade? – eu estava nervoso demais. – Além de ser cega, ela tem bafo.

Ele fez uma careta.

– Bafo?

– É muito ruim mesmo. É causado por uma doença de estômago, que impede a digestão dos ácidos. Mas ela é minha prima e eu tenho que protegê-la. A última coisa que eu quero é que ela passe por uma situação ridícula...

– Claro... Claro. Quer saber? Pode ficar com ela. Aquela sua ex-namorada ali até que não é nada mal.

– E é fácil. Se é que me entende.

Isso foi o suficiente para aquele canalha sair correndo em direção à outra garota. Pobre garota... Se eu tivesse coração, ficaria culpado.

Mas não.

Até porque ao olhar para frente vi que, pela lógica do jogo, eu e a Weasley éramos uma dupla.

– Duplas formadas? – a apresentadora perguntou. – Ótimo. Então vamos lá. O Desafio do Conhecimento é: Se conhecer!

– Você quer dizer tirar as roupas e ver como a pessoa realmente é, né? – uma garota disse, e eu fiquei surpreso. Era uma garota... E garotas não dizem essas coisas.

– Há, há... Muito engraçadinha você, Belly, mas é claro que não vamos fazer isso! Ainda...

O quê?

– O que vocês vão fazer agora é pegar um desses envelopes aqui e ler um para o outro! São perguntas, que devem ser respondidas com sinceridade, hein? No envelope das meninas, vocês vão encontrar o cômodo da casa em que ficarão... De preferencia, sozinhos.

Eu sorri, pela primeira vez. Dependendo das perguntas, isso até que seria divertido.

Logo que me entregaram um envelope, eu me aproximei da Weasley.

– Então, dupla... Você gostaria de começar?

O rosto dela se iluminou com certa surpresa.

– Eu não sei por que, mas acredito que não seja mera coincidência que você seja a minha dupla, sabia?

Eu ri e respondi:

– Não é.

Ela sorriu:

– Bom, vou aproveitar isso da melhor maneira. – ela abriu o seu envelope e ficou imediatamente vermelha.

– O que foi?

– Aqui diz que o nosso cômodo de conhecimento é... A suíte de casal.

– Espera aí... Como você...? – então tirei o envelope de suas mãos e tudo o que encontrei foram... Bolinhas em alto relevo. – Braile.

– A Giu sempre passa tudo para braile para que eu consiga participar das brincadeiras. – ela disse.

– Mas isso é... Completamente injusto!

– Por quê?

– Como eu vou saber se as perguntas que você fizer estão realmente aí?

Ela riu.

– Vai ser fácil, na verdade.

– Me explique.

– Eu jamais faria essas perguntas aí. Não teria coragem. – e ela ficou vermelha de novo.

Eu engoli em seco, curioso para abrir o meu envelope, onde as perguntas que eu faria para ela estariam.

– Não sei, não... – eu duvidei. – Você bem que deve estar louca para ficar numa suíte de casal sozinha comigo. Aposto que você inventou isso.

Então ela me estapeou de leve e fingiu estar brava:

– Como você pode dizer algo assim?

– Ei, casal! – a apresentadora nos chamou. – Já para o quarto!

Bom, ela sabia... E eu fiquei me perguntando se os trouxas também seriam algum tipo de ser mágico.

Mas isso seria demais. Seria como se nós fossemos os trouxas da relação, já que não saberíamos dos poderes mágicos deles. E isso, eu não podia aceitar.

Eu e Gina subimos para o segundo andar da casa e olhamos para as três portas no corredor. Elas estavam numeradas, e numa delas estava escrito: Suíte.

– É ali. – eu disse e segurei a sua mão. Pude sentir que ela estremeceu com o toque.

Abri a porta e vi a grande cama. Além disso, havia mesas de cabeceira e um armário. Do outro lado, uma janela.

– Acredito que a gente possa ir para a cama. – eu disse e a Weasley me olhou com os olhos arregalados. – Ei, calma. Vamos apenas sentar na cama. É isso ou o chão.

Por um momento, achei que ela fosse escolher o chão, mas então ela assentiu e eu a puxei até a cama.

Após nos acomodarmos, um de frente para o outro, ela voltou para o seu envelope.

– Aqui diz que nós temos que alternar as perguntas.

Ansioso, peguei meu envelope e o abri. Porém, me contive para só ler as perguntas na hora que fossem feitas.

– Ok.

– Primeira pergunta: - ela disse, e respirou fundo, passando os dedos sobre o papel. – Você é virgem?

Eu ri.

– Já? Onde está a parte do “Qual é o seu nome?” ou “Quantos anos você tem?”

Ela riu também, e deixou que o cabelo escorresse sobre o rosto. Eu sabia que ela estava bem envergonhada.

– Bom... – continuei. – Eu não sou virgem. Mas acredito que você já saiba disso.

– Sua vez.

Eu ergui o envelope para ler:

– Você se masturba?

Então sorri. Aquela pergunta era realmente um excelente começo. E vi que a Weasley era capaz de chegar a um vermelho muito mais forte do que eu imaginava.

– Isso é... Íntimo demais.

– Acredito que seja esse o propósito da brincadeira.

– Você responderia?

– Claro que sim.

– O quê?

– Não inverta os papéis, Gina.

Ela piscou os olhos, nervosa.

– Não é algo que eu faça com muita frequência.

– Mas faz.

– Sim.

– Com qual frequência?

– Isso não está escrito aí.

– Desde que idade?

– Também não está escrito.

– Ah, mas a pergunta não pode acabar aí. O objetivo é nos conhecermos! Acredito que as perguntas sejam só... Um ponto de partida.

– Ah, é? Então você vai ter que me contar sobre a sua primeira vez.

– Não, eu não tenho culpa se você deixou a pergunta passar.

– Não era para eu perguntar isso!

– Só porque você não quis.

– Você teria respondido?

– Claro que sim.

Ela inspirou fundo de novo e alisou o cabelo, nervosa.

– Eu faço duas vezes por semana e acho que desde os 15 anos.

Pude sentir as calças apertarem ao pensar na pequena Weasley em seu momento de prazer. E fiquei com muita vontade de que ela não precisasse fazer isso toda semana. Eu podia fazer para ela.

– A minha primeira vez foi com uma prostituta que o meu pai pagou para mim. – eu disse, e depois me toquei que eu estava falando a verdade. Não estava mais inventando...

Ela pareceu chocada.

– E foi... Muito ruim?

– Ruim? Não, foi ótimo e prazeroso. Só que eu nunca mais a vi, e nem tive vontade. Só se fosse para fazer sexo de novo.

Eu sei que garotinhas como a Weasley não conseguiam pensar em sexo que não fosse com algum tipo de sentimento forte.

– Minha segunda pergunta: - ela leu. – Você prefere loiras ou morenas?

– Ruivas.

– Eu estou falando sério.

– Eu também.

– Você já ficou com alguma ruiva?

– Antes de você, não.

Ela me fitou com os olhos arregalados novamente.

– Qual é o seu prato favorito?

– Eu gosto de comida japonesa. O que você faz no seu tempo livre?

– Eu pinto, faço esculturas, ouço música, corro...

– E se masturba. – conclui.

– Cala a boca.

– Qual é o seu filme favorito?

– Ei, essa é a minha vez de perguntar!

Eu sorri. Era divertido estar com ela.

– Ok, vai lá.

– Você gosta de música?

– Sim.

– Que tipo?

– Clássica.

– Só clássica?

– Gosto de alguns rocks também. Qual é o seu filme favorito?

– A Noviça Rebelde.

– Achei que você fosse responder algo tipo... Titanic.

– Eu gosto de Titanic.

– Eu odeio. Exceto pelo fato da Rose ser ruiva como você e do Jack ser loiro como eu.

– Você é loiro?

– Sim.

Eu imaginei que ela já soubesse... Quer dizer, que tivesse perguntado para uma de suas amigas... Ou amigos.

Então me dei conta de que ela não sabia o quanto eu era lindo. Que desperdício.

– Posso pular uma pergunta? – ela perguntou.

– Claro que não.

– Vai ser vantajoso para você, acredite.

– Eu duvido disso, Gina.

– Posso inventar outra no lugar?

– Se eu puder inventar uma também...

– Qual seria a sua pergunta inventada?

Eu pensei e então sorri:

– “Qual é a sua posição sexual favorita?”... Ou... “Você gostaria de fazer sexo comigo agora?”.

– Você é um canalha.

Eu gargalhei.

– Obrigado. Bom, ruiva, a escolha é sua. Vá em frente.

Ela suspirou.

– Vou ler a pergunta, então.

– Ok.

– O que você acha mais atraente em mim?

– É essa a pergunta?

– Eu sei... Você não precisa responder...

– Eu acho que... Você dança incrivelmente bem.

– Sério? – ela perguntou, duvidando de si mesma.

– Se é serio? Acho que foi o melhor momento da minha vida!

Ela sorriu e cobriu o rosto com o cabelo de novo.

– Não exagera.

– Não estou exagerando. Mas posso falar um monte de outras coisas que me atraem em você.

– Não precisa...

– O seu cabelo, por exemplo... E as suas reações quando eu te toco...

– Você pode parar, por favor?

– Tudo bem. Minha vez: O que você acha mais atraente em mim?

Ela franziu o cenho:

– Isso não está escrito aí.

– Como você sabe?

Ela apenas me olhou, indicando que era óbvio.

– Tudo bem. O que está escrito na verdade é: “Escolha uma pergunta feita anteriormente pela sua dupla”. E eu escolho essa.

Ela ficou quieta um tempo, pensando. Provavelmente, pensando se responderia ou não, ou se acreditava em mim ou não... Porque encontrar algo atrativo em mim não demoraria tanto tempo assim.

Eu era o cara mais atraente do mundo.

– Quer saber a verdade?

Eu sabia que estava prestes a ouvir algo muito importante, pois a Weasley tinha a mesma expressão de quando me dizia que estava com medo, mas que tinha sentimentos fortes por mim. Ou, na verdade, pelo Alex.

– Por favor. – eu disse.

– Eu adoro as suas piadas sem graça, porque você as faz de verdade. Gosto do fato de você não ter medo de machucar os outros, apesar de que muitas vezes isso pode ser perigoso. Gosto da sua voz, do seu cheiro... E nossa, eu adorei o som que você fez quando eu te toquei daquela vez... Gosto da sua humanidade, e não da sua perfeição.

Fiquei olhando para ela, tentando acalmar alguma coisa estranha que estava acontecendo dentro de mim.

Parecia um furacão... Que droga seria isso?

Era aquela mesma sensação de que eu fora pego. De que sabiam demais sobre mim... Mas não era ruim. Era dez vezes mais forte e dez vezes melhor.

– Você já se apaixonou?

Ela me perguntou.

Eu realmente não esperava por isso.

– Não.

– Nunca?

– Não sei...

Então, Gina se aproximou, ajoelhando-se na cama.

– Você me dá licença?

Eu ergui uma sobrancelha, mas o que eu ia dizer?

– Claro. – respondi, e então ela ergueu as mãos e, com todo o cuidado do mundo, tocou meu rosto.

A surpresa, eu diria, competiu seriamente com a maravilhosa sensação daquele toque.

Gina passeou os dedos devagar pelo meu queixo, bochechas, testa... E eu olhei para ela, que parecia estar curiosa, sentindo e... Vendo como eu era.

E fiquei mais surpreso ainda com a reação dentro do meu peito.

Fechei os olhos, percebi que tinha a respiração acelerada.

Ela passou por meus olhos, nariz... Boca.

E, assim que o fez, eu me ergui também e segurei o rosto dela.

– Eu não sou quem você pensa que eu sou.

– Eu sei. – os olhos dela estavam brilhando. – Você é muito mais lindo e especial do que eu jamais possa imaginar.

Diante do salto do meu coração, eu tive certeza de que estava... Finalmente... Me apaixonando.

– Fica comigo, Gina.


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